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História Reciprocal - Vinte e três


Escrita por: Exospirit

Notas do Autor


Yaaaaay olá pessoal!
Qual a sensação de estar postando o penúltimo capítulo?? Aish, é muito triste T3T
Eu já concluí a história e me senti muito vazia ao escrever a última palavra. Muito, muito vazia. Mas enfim, vamos focar nesse capítulo e deixar para falar sobre o final sexta que vem. Enfim, é isso. Não vou ficar enrolando porque além de saber que vocês estão doidos para ler isso, acho que não há muito a se falar. Apenas quero que leiam e sintam todas as emoções que eu quero passar com esse capítulo, e que reflitam bem sobre a mensagem que a história quer passar, independente de um final feliz ou triste okay? Espero que não fiquem com raiva de mim independente do que aconteça ao longo do capítulo.
Okay vou parar para não dar spoiler! Vão ler!
Enjoy!

Capítulo 24 - Vinte e três


“BaekHyun, sorria!“ BaekHyun levantou o rosto ao ouvir seu nome ser chamado pela voz familiar, e a forte luz repentina machucou seus olhos por um segundo. Ele piscou algumas vezes, o flash de luz ainda o incomodando. Ouvia barulhos de pessoas rindo e conversando ao seu redor e ao abrir os olhos, percorreu com eles por todo o local. Estava em um grande jardim, usando um chapéu de festa e em frente de uma mesa onde havia um bolo extravagante e colorido. Várias pessoas sorriam para si e havia vários rostos conhecidos entre a multidão.

Os olhos de BaekHyun pousaram em um rapaz em especial. Ele ainda olhava através da máquina de fotos cujas cordas estavam envoltas em seu pescoço.  Ele abaixou a máquina e com um grande sorriso, olhou na direção de BaekHyun. Nesse instante, ele sentiu seu coração falhar em uma batida.

Como sempre acontecia quando ChanYeol sorria para si.

 

 

– Acorde, BaekHyun. – ele ouviu seu nome ser chamado novamente. Quando abriu os olhos, dessa vez, estava deitado em uma cama de um grande quarto de hospital. – Bom dia.

BaekHyun piscou algumas vezes antes de sentar sonolento e esfregar os olhos com os punhos fechados. Uma bandeja foi colocada no seu colo contendo algumas torradas, frutas e suco de laranja. Levantou o rosto e seus olhos se encontraram com os de um ChanYeol sonolento e de cabelos bagunçados, com um grande sorriso no rosto.

Do mesmo jeito que sorrira em seu sonho.

– Você tá bem? – ChanYeol perguntou de forma carinhosa, ainda sorrindo.

– A-acho que estou. – BaekHyun deu um pequeno sorriso, desviando o olhar.

– Acha, hm? – ChanYeol aproximou-se mais do menor, selando seus lábios brevemente em uma carícia. BaekHyun deu um pequeno sorriso triste, desviando o olhar e começando a comer silenciosamente.

ChanYeol estava sentado na beirada da cama observando o menor receoso, com um pequeno sorriso gentil nos lábios.

– Então... Hoje é o grande dia. – ChanYeol sussurrou depois de um tempo, tentando não mostrar-se abalado na frente do menor. – Sua cirurgia está marcada para as dez horas.

– E que horas são?

– Sete. – ChanYeol sorriu. – Temos algumas horas ainda.

O sorriso de ChanYeol era forçado. Tentava não demonstrar, mas só de pensar na possibilidade de aquelas serem as últimas horas que passaria com BaekHyun fazia seu estômago revirar de medo. E se sua intuição estivesse errada? E se tudo desse errado e BaekHyun não voltasse da sala de cirurgia? E se voltasse... Como voltaria? Tentou afastar os pensamentos que tanto o incomodavam, pois sabia que esses mesmos pensamentos incomodavam BaekHyun, e a última coisa que o menor precisava no momento era vê-lo fraquejar. Precisava ser forte e corajoso. Precisava demonstrar-se otimista e tranquilizar BaekHyun.

Alargou o sorriso, levantando-se e recolhendo a bandeja quando BaekHyun terminou de comer, dando-lhe um beijo na testa e colocando a bandeja no balcão da pequena cozinha que tinha no quarto. Voltou a se aproximar da cama e se sentou, alisando o rosto cabisbaixo do garoto à sua frente.

– Está tudo okay mesmo? – ChanYeol perguntou de forma carinhosa, encarando BaekHyun com ternura nos olhos.

– Eu já disse que sim. – BaekHyun forçou um sorriso.

– Você não está com uma carinha muito boa. – ChanYeol se aproximou mais do menor, encarando-o preocupado.

– Eu só estou... Não sei. – BaekHyun suspirou, encarando o próprio colo. Uma tristeza abateu ChanYeol naquele momento, ao ver o medo estampado no rosto pálido de BaekHyun. Queria saber como fazê-lo sentir-se melhor, mesmo quando não sabia como tranquilizar nem a si mesmo.

– O que você acha de sair do quarto? – perguntou ChanYeol – Você mal saiu da cama desde que foi internado... Seria bom você sair para relaxar um pouco... Antes da cirurgia.

BaekHyun deu um sorriso triste.

– É... Seria bom. Afinal, eu deveria aproveitar cada uma dessas horas como se fossem as últimas, não é? – o garoto sussurrou, sem encarar o maior nos olhos. ChanYeol suspirou triste, alisando o rosto do menor com as pontas dos dedos.

– Não diga essas coisas.

– Para quê fingir que tudo acabará bem, ChanYeol? – BaekHyun perguntou com a voz trêmula, mesmo que já não tivesse mais forças para chorar.

– Você fala como se já estivesse fadado a morrer. Você não está morto, BaekHyun. Você tem chances, e se tudo der certo, terá uma vida toda pela frente.

– Que tipo de vida terei? – BaekHyun perguntou encarando o maior com o rosto sério. ChanYeol suspirou novamente, cansado.

– Você deveria ser mais otimista.

– Ser otimista é desgastante, ChanYeol. É preciso muito esforço.

– Ser pessimista também é desgastante.

– Por favor, não vamos discutir. – BaekHyun segurou a mão de ChanYeol e entrelaçou os seus dedos. – Não agora.

– Você tem razão. – um pequeno sorriso brotou nos lábios de ChanYeol. Ele encarou o pequeno garoto à sua frente encostar os pés no chão e colocar-se de pé com certa dificuldade. ChanYeol o segurou e o ajudou a trocar seu pijama por uma roupa casual. BaekHyun parecia, mais do que nunca, tão frágil, tão quebrável e indefeso. Vê-lo segurar-lhe o braço firme para poder andar fazia seus olhos encherem-se de lágrimas. Porém, não se permitiria chorar novamente na frente de BaekHyun. Ele precisava de sorrisos, não de lágrimas. Ele precisava alguém que sorrisse e o fizesse sorrir, na incerteza de que esse sorriso permaneceria em seus rostos pelo resto de suas vidas. ChanYeol sorriu, então, segurando firme o seu namorado, deixaram o quarto.

BaekHyun sentiu-se bem quando os raios de sol tocaram-lhe o rosto. O garoto fechou os olhos e sorriu enquanto ChanYeol o guiava pelo grande jardim do hospital. Os dois ficaram em silêncio. ChanYeol admirava o semblante tranquilo do menor enquanto caminhavam devagar e a luz iluminava seus rostos pelas brechas das folhas das cerejeiras.

– Eu te amo, Park ChanYeol. – BaekHyun disse de repente, com um pequeno sorriso no rosto. ChanYeol sorriu, surpreso.

– Por que diz isso agora? – perguntou abraçando o menor enquanto andavam.

– Por nada. Só acho que devia saber. – disse BaekHyun simplista. ChanYeol riu.

– Eu sei disso. E também te amo, meu amor.

– Para mim você é como o sol. Tão essencial quanto os raios que tocam a minha pele. Ou até mais. Com você nem deles preciso, pois o único calor do qual necessito exala de você, e de mais nada. – BaekHyun disse de olhos fechados, sentindo o sol tocar-lhe o rosto, trazendo-lhe um calor do qual sentira falta. – Sei que sempre estará aqui por mim, para me salvar. Até nas noites mais sombrias, sei que você não tardará a vir iluminar minha vida, como os raios de sol.

Pararam de andar embaixo de uma cerejeira e BaekHyun encostou a cabeça do ombro do maior, enroscando-se mais no seu braço.

Você é o meu sol, ChanYeol. Porque meu mundo gira em torno de você. –BaekHyun sussurrou em tom de segredo, com um pequeno sorriso. ChanYeol apenas encarava a paisagem à sua frente, com os olhos molhados e um sorriso bobo no rosto.

– Você sabe que eu te amo e não vou te abandonar não importa o que aconteça, não sabe? – o maior perguntou com a voz embargada, apertando mais o menor contra si.

– Claro que sei, meu amor. – BaekHyun sorriu. – E é isso que me dá forças. Você. Apenas você.

– Você me disse que eu te dei um motivo para querer lutar... Mas você que me deu um motivo para viver. – confessou ChanYeol, abraçando o menor por trás. BaekHyun deitou a cabeça em seu ombro, com um pequeno sorriso no rosto. – Minha vida era completamente vazia, porque não tinha ninguém que pudesse amar, e que me amasse também.

– Achei que você fosse amado por todos. – disse BaekHyun em um tom divertido, fazendo ChanYeol rir.

– Eles me “amam” pelo o que eu demonstrava ser, não pelo que eu sou de verdade. Acho que se eles conhecessem quem eu verdadeiramente sou, dificilmente teria toda essa admiração exuberada. Na verdade eu sou uma farsa. Não entendo como uma pessoa como você pôde se apaixonar por um babaca como eu. – BaekHyun riu indignado com as palavras do maior, fazendo-o franzir a sobrancelha.

– Penso que você não tem noção do que verdadeiramente é. Você não é um babaca.

– O que sou, então? – ChanYeol arqueou uma sobrancelha.

– Você é especial, ChanYeol. Alguém que apenas demorou para aprender a amar, um garoto que não tem noção do quanto é doce e carinhoso. Você é um herói, ChanYeol. Meu herói. – sem separar o abraço, BaekHyun ficou de frente ao maior, e o abraçando pela cintura, afundando o rosto em seu peito. ChanYeol o apertou contra si, fechando os olhos e respirando fundo.

– Eu te amo, BaekHyun. Eu queria te dizer isso todos os dias da minha vida. Eu te amo tanto... – uma lágrima silenciosa escapou de seus olhos, e ChanYeol mordeu o lábio inferior, com raiva de si mesmo por demonstrar tanta fraqueza. Não deixou que o menor se afastasse para que não visse que chorava. Mas não sabia que uma lágrima silenciosa também escapara dos olhos de BaekHyun.

– Será como deve ser. – o menor sussurrou com a voz abafada pela blusa de ChanYeol. – Se eu morrer, é porque tinha que ser assim. E se eu viver, é porque é nosso destino ficarmos juntos.

– Nós vamos ficar juntos. – ChanYeol deu um meio sorriso fraco, alisando o braço do menor carinhosamente.

– Não importa o que aconteça, ou para onde eu for, saiba que eu sempre estarei com você. – BaekHyun sussurrou enquanto algumas lágrimas abandonavam seus olhos.

– Do meu lado ou não, uma parte de você sempre estará no meu coração. – ChanYeol sussurrou contra o ouvido do menor, que sorriu ao meio das lágrimas que ainda escorriam pelo seu rosto.

Eu tenho tanto medo, ChanYeol. – BaekHyun sussurrou. Embora suas lágrimas escorressem silenciosas, seu rosto continuava suave e cansado. ChanYeol sorriu e enxugou suas lágrimas.

– Não tema. Eu estou com você. – disse ChanYeol calmo.

Não falaram mais nada. Não havia nada mais a ser dito. Só restava para os dois ficarem juntos pelas poucas horas que ainda lhes restavam para sentir um ao outro, para tocarem um ao outro. BaekHyun sentia que aquele momento era uma despedida do amor de sua vida. As últimas horas que poderia respirar seu perfume e sentir seus braços protetores ao redor de seu corpo. ChanYeol sentia que era uma despedida de todo o sofrimento pelo qual estavam passando. Davam adeus às dores e às lágrimas e a todo o desespero daqueles dias banhados de incerteza. Independente do que aconteceria, ChanYeol sentia em seu coração o alívio de ver todos os problemas sendo deixados para trás, e uma nova fase em sua vida estava prestes a começar. E ele sentia tão intensamente eu seu coração a certeza de que tudo acabaria bem, que mais nenhuma lágrima escapou de seus olhos. Seu coração batia forte contra suas costelas como se lhe avisasse que podia confiar nele. Não havia porquê chorar.

Tudo estaria bem no dia seguinte.

 

 

 

Eles caminharam de volta ao quarto depois de um tempo, o mais devagar possível. ChanYeol ficou com BaekHyun no quarto até que, às nove e quarenta, finalmente alguns enfermeiros entraram no quarto receosamente, avisando que BaekHyun começaria a ser preparado para a cirurgia.

BaekHyun apertou forte a mão de ChanYeol, impedindo que o menor se levantasse da beira da cama. O maior o olhou com os olhos marejados e um pequeno sorriso no rosto. Os olhos de BaekHyun também estavam molhados e o garoto segurava a mão de ChanYeol entre as suas.

– Está na hora. – ChanYeol sussurrou sem abandonar o sorriso. BaekHyun não o respondeu e apenas segurou sua mão mais forte. ChanYeol aproximou o rosto de sua testa e lhe deu um beijo demorado, levantando-se logo em seguida, sentindo seu coração apertar dolorosamente ao soltar-se das mãos de BaekHyun.

– Estarei esperando por você. – ChanYeol alargou o sorriso, afastando-se sem desviar o olhar do menor até chegar à porta. Reverenciou a enfermeira e fechou a porta.

 

 

ChanYeol esperou no corredor até que o menor aparecesse deitado na maca, sendo levado até a sala de cirurgia. O maior o acompanhou até o seu destino, segurando em sua mão trêmula e gélida. BaekHyun não falou nenhuma palavra. Apenas encarava ChanYeol com os olhos marejados, como se tentasse gravar cada traço e cada detalhe do rosto do maior. Olhava-o como se fosse a última vez que fazia aquilo. ChanYeol encarava o menor da mesma forma, com um pequeno sorriso tranquilo nos lábios, embora sua mão estivesse igualmente trêmula e gélida como a de BaekHyun. As mãos se acariciavam enquanto percorriam todo o caminho. Ao chegarem em frente à sala de cirurgia, os enfermeiros pararam para que BaekHyun e ChanYeol pudessem trocarem suas últimas palavras antes da cirurgia.

– ChanYeol-ah... – BaekHyun começou com a voz embargada. O maior se aproximou mais de BaekHyun, entrelaçando seus dedos. – Eu queria te fazer um pedido.

– Faça-me.

– Seja o que aconteça comigo hoje... E-eu quero que você me prometa uma última coisa. – BaekHyun apertou a mão de ChanYeol contra a sua.

– O que? – ChanYeol segurava as lágrimas.

– P-por favor, independente do que aconteça comigo, prometa-me que nunca vai deixar de viver sua vida. Prometa-me que vai ser feliz e seguir em frente.

– B-BaekHyun, e-eu não posso prometer isso. – ChanYeol não conseguiu mais segurar as lágrimas ao ouvir as palavras do menor. Todo seu esforço até o momento para não fraquejar na frente de seu amado foi completamente em vão, e as lágrimas escorriam pelo seu rosto novamente, e ChanYeol as enxugou rapidamente com a mão livre. – S-se você partir, minha vida estará acabada.

– Por favor, não diga isso. – uma lágrima silenciosa caiu dos olhos de BaekHyun. – Eu quero que você siga em frente. Siga com sua vida e seja feliz. Por favor, você tem uma vida toda pela frente, ChanYeol.

Não há mais vida para mim sem você do meu lado. – ChanYeol soluçava baixo, agarrando a mão de BaekHyun como se temesse soltá-lo.

– Sim. Há sim, ChanYeol. – BaekHyun enxugou os olhos do maior. – Você é jovem, ainda tem tanto o que viver... Por favor, não jogue isso fora.

Não! Não sem você aqui. – ChanYeol levou a mão de BaekHyun até seu rosto, apertando forte entre as suas.

– Você vai conhecer outras pessoas...

Eu não quero ninguém além de você!

– ChanYeol, me escute! – BaekHyun exclamou, fazendo o maior olhá-lo com os olhos embaçados. – Você foi a melhor coisa que já me aconteceu. Toda a minha vida passou a valer a pena, simplesmente porque você me amou, e ficou comigo até o último segundo.

BaekHyun...

– Mas agora está na hora de você seguir em frente.

Não...

– Obrigado por ter cumprido todas as suas promessas, ChanYeol.

BaekHyun, não...

– Obrigado por não me abandonar.

B-BaekHyun...

– Eu só te peço para me prometer mais uma coisa...

Eu não posso viver sem você...

– Se eu partir, por favor, seja feliz.

Eu não posso ser feliz sem você, BaekHyun.

– ChanYeol, por favor... – as lágrimas escorriam pelos rostos dos dois garotos, enquanto os enfermeiros e os médicos esperavam calados e cabisbaixos, tristes pela cena que presenciavam.

Eu te prometo... – ChanYeol começou. – Que quando você sair desse hospital... Eu farei de você a pessoa mais feliz do mundo.

BaekHyun suspirou, enquanto ChanYeol enxugava suas lágrimas. Ele não respondeu. ChanYeol deu um pequeno sorriso quando uma enfermeira tocou-lhe no ombro, avisando-lhe que precisava se afastar agora.

– Te vejo depois, meu amor. – ele sussurrou com um sorriso. ChanYeol pensou que BaekHyun não responderia, mas antes que a porta da sala de cirurgia fosse fechada, ChanYeol viu o menor dar um pequeno sorriso enquanto uma lágrima descia de seus olhos.

Te vejo depois. – disse BaekHyun, antes de desaparecer atrás da porta.

 

 

 

 

ChanYeol sempre se perguntava como seria o inferno.

Ele nunca foi religioso ou árduo frequentador de igreja, e nunca tinha lido a Bíblia. Mas sempre se perguntou o que teria além da vida na terra. Simplesmente morremos? Há algo além da capacidade humana de compreensão quando nossa jornada na terra termina? O que acontecia? Existiria realmente um céu e um inferno?

ChanYeol só sabia que se realmente existisse um inferno, era aquele hospital.

De todos os momentos ruins que viveu ou que viveria, ChanYeol tinha certeza que aquele era o pior momento de sua vida. Ficar ali, sentado na recepção do grande hospital particular, parado e completamente incapaz de fazer qualquer coisa. Naquele momento em que pensava angustiantemente em BaekHyun há alguns andares acima de si, ele soube que aquilo era o inferno.

As últimas palavras do menor corriam pela sua cabeça em uma tortura angustiante. Como BaekHyun podia pedir que ele fosse feliz sem ele? Tirar BaekHyun de si era como tirar sua alma. ChanYeol não via sentido em viver se não fosse para compartilhar a felicidade e todos os dias de sua vida com BaekHyun. Com o seu pequeno BaekHyun. Não teria motivos para acordar se não fosse para ver o sorriso sonolento do menor deitado ao seu lado, tomar café da manhã sem discutir por besteiras como o jeito desleixado que deixava seu cabelo ou por ser tão avoado e ter esquecido alguma coisa, rir se não fosse para ouvir a risada doce do menor junto à sua, nem respirar, se não fosse para sentir o peito de BaekHyun subindo e descendo colado ao seu. Viver sem BaekHyun não era vida, seria apenas sua existência vazia e desnecessária.

Seu coração ainda apertava em seu peito como se avisasse que não havia motivos para temer, como se avisasse para não perder o otimismo a essa hora quase inexistente. Junto a esse aperto reconfortante estava o aperto do medo, da dor. As coisas eram assim tão simples quanto pensou? E se BaekHyun tivesse razão, e esse tempo todo ele estivesse alimentando esperanças perdidas e se iludindo com um otimismo idealizado sobre uma realidade que não era a que estavam vivendo? Havia subestimado demais o destino e a vida? Mas ChanYeol não podia  abandonar as esperanças, que tanto o ajudaram a superar tudo e permanecer forte ao lado do menor por todo aquele tempo. Devia haver alguma razão para sentir tão forte em seu coração que sua história com BaekHyun não terminaria ali. Ele gostava, e precisava acreditar que era algo que lhe dizia que não estava acabado. Seja lá o que fosse, dizia que todo o sofrimento acabaria e uma nova fase em sua vida estava prestes a começar.

E ele sentia isso tão vivo dentro de si.

 

 

 

Não demorou muito para que os outros se juntassem a ele. Às onze horas todos eles estavam lá, sentados na sala de espera protagonizando uma cena bastante semelhante à da noite em que BaekHyun fora internado, porém o medo e a angústia parecia triplicada dentro dos garotos. SeHun também fora, e sentou-se ao lado de ChanYeol para dar-lhe apoio moral, e segurava a mão do seu hyung com força, como se quisesse mostrá-lo que não estava sozinho. Todos estavam calados a maior parte do tempo, apenas esperando aquelas horas, que mais pareciam se arrastar contra a vontade deles, passarem. Era tão angustiante que eles mal conseguiam respirar compassadamente. ChanYeol sentia uma agonia muito grande por estar ali parado, pelo que pareciam ter sido muitas horas, quando não era mais do que meio dia. JunMyeon insistiu para que o maior fosse comer alguma coisa e, depois de muita insistência, SeHun conseguiu arrastá-lo para algum restaurante.

Fora aquela, ChanYeol não saiu da sala de espera mais nenhuma vez.

 

 

 

ChanYeol pareceu definhar a cada segundo que passava como se fosse uma hora. Por mais que tentasse manterá mente calma, conversar sobre outros assuntos com os outros e até mesmo tentar descansar um pouco no ombro de SeHun, de nada adiantou. Aquelas horas tinham sido as piores de toda a sua vida e ChanYeol realmente sentiu que aquilo era o inferno. Quanto mais ele respirava, mais as horas pareciam se prolongar e a espera se tornava cada vez mais angustiante e desgastante. Já passava de uma da manhã quando o Dr. Kwon finalmente apareceu.

ChanYeol praticamente pulou da cadeira e foi preciso que SeHun o segurasse pelo ombro para que não voasse em cima do médico, que mantinha um semblante cauteloso.

Todos os outros se levantaram rapidamente, esperando aflitos um pouco mais atrás de ChanYeol e SeHun. MinSeok já deixava algumas lágrimas de nervosismo escaparem e JunMyeon tinha os olhos marejados e as mãos trêmulas, uma delas segurada pela igualmente trêmula mão de WuFan, enquanto a outra acariciava gentilmente o ombro de MinSeok, tentando acalmá-lo.

ChanYeol nem nenhum outro teve coragem de perguntar alguma coisa. Ficaram apenas calados, encarando o médico, paralisados e nervosos. ChanYeol sentiu que poderia desmaiar tamanho era sua angústia e seu nervosismo.

– Bem... Foi uma cirurgia bastante complicada. Não quero assustar vocês e nem quero que fiquem sofrendo mais do que já sofreram. Por isso serei bem direto e peço que não se alterem. – o Dr. Kwon começou em um tom cauteloso. ChanYeol tremia, e queria fazê-lo dizer logo se BaekHyun estava bem. Mas ao mesmo tempo não podia evitar ter medo de ouvir a resposta. Não conseguiu dizer nada, e apenas esperou o Dr. Kwon respirar fundo antes de prosseguir. – A cirurgia foi concluída com êxito.

Foi ouvido um coro de suspiros aliviados no mesmo instante em que o médico concluiu suas palavras com um pequeno sorriso no rosto. ChanYeol segurou no braço de SeHun, sentindo seu corpo tão fraco que poderia cair a qualquer momento. Sorriu abobalhado enquanto seus olhos enchiam-se de lágrimas de alívio. Pôde ouvir atrás de si MinSeok começar a soluçar enquanto abraçava-se forte em JunMyeon, e os soluços baixos  dos outros. Riu abobado, abraçado a SeHun.

Sua intuição não falhara, no final das contas.

– Mas, por favor, entendam que não é como se o BaekHyun estivesse completamente fora de riscos. Ele está na UTI agora. Levará em média três ou quatro dias para acordar.

– Posso vê-lo? – ChanYeol perguntou rapidamente, com a voz trêmula.

– Não agora, ChanYeol. Ele acabou de fazer a cirurgia. Vá para casa, descansem devidamente, todos vocês. ChanYeol poderá vê-lo através da janela de vidro rapidamente amanhã, mas apenas ele. – o Dr. Kwon disse. ChanYeol quis lutar e ficar no hospital até BaekHyun acordar, porém SeHun e JunMyeon não queriam deixá-lo ali por mais tempo, naquele sofrimento.

– Vá para casa e aproveite esses dias para descansar, ChanYeol. Você está exausto. Precisa estar bem para quando BaekHyun acordar. – disse SeHun depois que todos agradeceram ao Dr. Kwon e este foi embora.

– Eu não quero ir. – ChanYeol enxugou os olhos enquanto soltava o braço da mão de SeHun. – E se ele acordar e eu não estiver aqui?

– Ele não vai acordar agora, ChanYeol. Não ouviu o que o Dr. Kwon disse? Vai demorar um bom tempo, e você deveria usar esse tempo para cuidar de si próprio. Você está precisando. – disse JunMyeon recebendo uma aprovação de SeHun. – Vá para casa e descanse. Depois, vamos todos voltar e esperar o Baek acordar, okay? Não se preocupe, nada vai acontecer se você for descansar um pouco.

ChanYeol concordou de má vontade depois de um tempo, aceitando ser levado para casa por SeHun.

 

 

 

Ficara tantos dias no hospital que desacostumara-se com a própria cama.

Acostumou-se a dormir ao lado de BaekHyun, que mesmo estando de volta à sua grande e confortável cama, não conseguia dormir.

Sentia falta do menor ao seu lado. Falta da sua mão envolta da dele e de sua respiração calma enquanto dormia. Sentia falta dos murmúrios indistinguíveis que soltava durante a noite e de acordar várias vezes para garantir que tudo estava bem com seu pequeno BaekHyun. Aquela sensação de vazio por não tê-lo ao seu lado era horrível e ChanYeol se arrependeu de ter voltado para casa. Devia ter ficado no hospital, já que não dormiria de qualquer maneira. Remexia-se de um lado para o outro na cama e tentava manter a mente vazia. Mas sentia paz. Uma paz enorme apoderava-se do seu coração. Tudo dera certo até ali, BaekHyun continuava vivo. Porém, certo medo também se apoderava de si. Por mais que tudo tivesse dado certo até agora, e mesmo que BaekHyun estivesse livre de todo aquele pesadelo, temia o que os aguardavam quando o menor acordasse. Os médicos sempre deixaram bem claro que o sucesso da cirurgia não era a única questão em jogo. Tinha tanto medo do que poderia acontecer com BaekHyun que aquela sensação de receio em confiar na sua intuição ainda martelava em seu peito. Não abandonaria BaekHyun por nada nesse mundo, ele tinha certeza disso. Mas, como ele ficaria? Será que se lembraria dele ao acordar e ao olhá-lo nos olhos? Será que BaekHyun poderia ouvi-lo, vê-lo, ou até mesmo levantar a mão e tocá-lo no rosto? Será que ainda poderia ouvir a voz harmoniosa do menor chamando por seu nome e sua risada agradável mesclando-se à sua? Como seria suas vidas a partir de agora? Iria serforte o suficiente para passar por qualquer coisa que o destino os tivesse preparado?

Pela primeira vez na vida, ChanYeol fechou os olhos e orou. Nem ao menos sabia como fazer aquilo decentemente, e nem sabia se realmente existia algo que pudesse ouvi-lo naquele momento. Não acreditava de fato em algo divino que pudesse atender às suas preces, mas lembrou-se de que todos os adultos o falavam quando era criança que orar nos faz sentirmo-nos melhor, e faz todos os nossos problemas parecerem menos difíceis quando pedimos a ajuda de Deus. A vida mostrou-lhe da pior maneira que tudo aquilo não passava de uma grande bobagem. Se existisse um Deus, que tipo de Deus era esse que o dera uma vida tão miserável como aquela? Que Deus era esse que sempre lhe arrancava as coisas e pessoas mais preciosas de sua vida? Uma lágrima escapou de seus olhos com esses pensamentos e ChanYeol escondeu o rosto no travesseiro para abafar os soluços, lembrando-se do dia em que BaekHyun dormira com ele pela primeira vez, deixando seu cheiro inebriante impregnado no travesseiro, como uma lembrança constante para ChanYeol do que fizeram e de tudo que considerava errado e proibido. Se naquela época soubesse do quanto o menor significaria para si... Se desde o começo soubesse o quanto BaekHyun seria importante em sua vida as coisas teriam sido tão diferentes. Culpou-se por todas as vezes que humilhou e machucou o menor, de todas as vezes que desprezou aquele que veio a tornar-se o seu mundo.

Chorou mais um pouco e dormiu. Um sono sem sonho.

Um sono vazio, da mesma forma que se sentia sem BaekHyun.

Completamente vazio.

 

 

 

 

 

 

– Já se passaram quatro dias e ele ainda não acordou! – ChanYeol exclamou irritado para JunMyeon, no quarto dia em que se preparavam para passar mais uma tarde no hospital, para esperarem por alguma reação de BaekHyun. – Daqui a cinco dias começam as aulas e eu não tenho condições para voltar à escola desse jeito.

– Calma. Não é como se o Dr. Kwon não nos tivesse avisado sobre isso, esqueceu? – JunMyeon respondeu bebericando seu Starbucks.

– Eu não consigo dormir! Mal consigo pensar ou raciocinar! Ele precisa acordar! – ChanYeol reclamou com o cenho franzido.

– Mantenha a calma, homem!  Apenas confie na sua intuição. Algo forte dentro do meu peito também me diz que todo o pesadelo já ficou para trás. – JunMyeon sorriu confiante para ChanYeol, que coçou a nuca impaciente. O maior suspirou fundo e apenas sentou-se em uma das cadeiras da sala de espera. Conversaram por mais ou menos vinte minutos até que o Dr. Kwon apareceu um tanto afobado e os chamou.

– Está tudo bem com o BaekHyun? – perguntou ChanYeol preocupado pelo semblante indecifrável do médico.

– Por favor, peço que mantenham a calma e não se alterem com o que eu falar. – ChanYeol engoliu em seco e trocou olhares nervosos com JunMyeon, que parecia segurar a respiração.

– O-o que houve? – JunMyeon perguntou com a voz trêmula de nervosismo.

– BaekHyun acordou. Faz algumas horas. – o doutor disse breve.

ChanYeol sentiu seu coração parar e o ar parecia não entrar em seus pulmões.

Ao mesmo tempo em que queria perguntar se BaekHyun estava bem, se tudo tivera dado certo, as palavras pareciam não se formar em sua cabeça e foi como se ChanYeol tivesse perdido a capacidade de falar, pensar, se mover. Não sentia nada. Era como se seu coração tivesse parado e todo o seu corpo e sua mente também. Ouviu JunMyeon falar alguma coisa que não conseguia distinguir direito. Todos os sons ao seu redor pareciam distantes e ao menos conseguia mais entender o que estava acontecendo ao seu redor. Apenas sentiu JunMyeon segurá-lo pelo braço e fazê-lo andar, seguindo o Dr. Kwon. A cada passo que dava seus sentidos pareciam voltar um pouco, até que recuperasse uma parte da noção da situação em que se encontrava. Seu coração parecia voltar a bater e logo estava acelerado, batendo dolorosamente contra sua costela.

Os barulhos ao redor que antes não conseguia mais distinguir agora invadiam seus ouvidos de uma forma incômoda. Angustiava lhe as batidas em seu coração, os barulhos ao redor, o cheiro característico de hospital e até mesmo a pressão que a mão de JunMyeon exercia em seu braço ao segurá-lo. Até mesmo sua franja caindo sobre o seu olho e a forma pesada como seus pés chocavam-se contra o piso a cada passo que dava rumo ao quarto em que BaekHyun se encontrava. Tudo lhe incomodava. ChanYeol queria poder fugir daquela realidade em que se encontrava e poder se ver livre de todo aquele sofrimento. Por um momento quis fugir, correr, ir embora. Não queria ver como estava BaekHyun. Não queria saber como ele tinha medo do que o aguardaria no fim de sua caminhada. Pela primeira vez quis desistir e fugir de todos os problemas. Pela primeira vez sentiu vontade de abandonar o hospital. Seus passos foram diminuindo a velocidade aos poucos, e ChanYeol encarou o chão com um semblante indecifrável. Queria fugir. Não podia seguir em frente. Então JunMyeon apertou a mão em seu braço, aproximando do ouvido do maior.

Ele está esperando por você.

Assim que ouviu as palavras do menor, ChanYeol levantou o olhar, encarando o médico parado à sua frente, que o encarava de volta com um olhar compreensivo. As palavras de JunMyeon entraram pelos seus ouvidos e pareceram ir direto ao seu coração, esquentando-o e o confortando, como se o lembrasse de quem estava o esperando no fim do caminho, e de todas as promessas que fizera à BaekHyun. Por um segundo todos os momentos em que passara com ele vieram à sua mente.

Desde o momento em que o vira pela primeira vez, à quase três anos, de quando ele e seus amigos o emboscaram pela primeira vez em um corredor vazio da escola, do aniversário do SeHun, do dia anterior, de quando prometeu nunca mais incomodá-lo, de quando se esbarraram no meio do corredor antes da aula de biologia, de quando o menor o encontrou no banheiro chorando, de todos os dias que estudaram juntos, de quando BaekHyun repentinamente o beijou, de quando finalmente tornaram-se um novamente, de quando o menor revelou sua doença, de quando o procurou e se declarou, de quando BaekHyun foi internado e por fim, das últimas palavras que trocaram.  Seu coração encheu-se novamente de toda a coragem e determinação de antes. Precisava ser forte, precisava seguir em frente. Por BaekHyun. Não podia abandonar BaekHyun agora.

Afinal, ele havia feito uma promessa, não tinha?

ChanYeol respirou fundo e fechou os olhos por alguns segundos, antes de voltar a abri-los e encarar o Sr. Kwon com determinação e voltar a andar, segurando forte a mão de JunMyeon entre a sua, como se quisesse juntar a coragem dos dois para ambos seguirem em frente.

E seguiram.

 

 

Eles chegaram ao fim do caminho que parecia mais longo no momento, de frente à UTI. Entraram e o Dr. Kwon os levou até um quarto com uma grande janela de vidro. ChanYeol olhou pra dentro do quarto e pôde ver o pequeno corpo deitado na cama, com o rosto virado ao lado oposto. Seu peito subia e descia tranquilo, porém o menor não se movia. ChanYeol tremia violentamente e suas pernas pareciam que iriam falhar a qualquer instante. Segurou-se à mão de JunMyeon com mais força, que retribuiu o aperto como se tentasse confortá-lo, embora estivesse tão trêmulo quando o maior. O Dr. Kwon abriu a porta e deixou que entrassem.

– BaekHyun-ah, você tem visitas. – o doutor disse em um tom amigável, e BaekHyun virou o rosto lentamente, encarando os dois garotos parados à sua frente, segurando a respiração inconscientemente.

E novamente ChanYeol sentiu seu coração parar de bater aos poucos.


Notas Finais


Uwaaaaaaaaaaaaaaaaaah boooooooooooooooooooooooooooom!!
Okay, quem está mais aliviado agora? O pior já passou, não é? O que será que aguarda Chanyeol no próximo capítulo?
Sexta que vem concluiremos a história, e terei uma boa surpresa para vocês! É algo que eu queria ter falado antes, mas estava esperando o momento certo de contá-los. Mas por agora deixarei vocês curiosos até semana que vem, haha! Beijos, e nos vemos na sexta c'=


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