História Reciprocal - Quatro

– Você o quê?! – JunMyeon perguntou pasmo, levantando-se em um pulo.

– Isso mesmo que você ouviu. Fui convidado para jantar na casa do SeHun no aniversário dele. – disse BaekHyun enquanto atacava o pote de sorvete.

– E-e você vai?

– Não pude dizer não! Quando eu vi os olhos dela brilhando eu... Eu simplesmente fiquei com pena. – BaekHyun suspirou.

– BaekHyun! Você tem que parar de ser tão bonzinho com as pessoas! Você é altruísta demais! – Suho disse reprimindo o amigo. – Inventava uma desculpa, um compromisso, pelo amor de Deus!

– M-mas eu gosto muito dela. Não queria que ficasse triste. – BaekHyun encolheu os ombros, na defensiva.

– E agora? – JunMyeon colocou as mãos na cintura.

– E agora... Eu terei que ir... – BaekHyun falou sem ânimo.

– Nossa, muito legal. Você vai jantar na casa de uma das pessoas que você mais odeia no mundo, no aniversário dela, e vai ter que fingir que vocês têm uma relação amigável. Olha onde você se meteu. – Suho parecia mais um pai dando uma bronca no filho.

– Me meti numa roubada, né? Eu sou um idiota. – BaekHyun riu.

– Só você mesmo para se meter numa dessas, Baek. Nossa Senhora! – Suho revirou os olhos, voltando-se a sentar.

– Às vezes você até parece que é meu pai. – BaekHyun ria.

– Pois é. Você tá precisando de um decente.

– Eu não preciso de um pai. Eu queria uma mãe.

– Não posso ser sua mãe. Sou um homem.

– Não quero outro pai. O que eu tenho já me dá dor de cabeça por mil. – foi a vez de BaekHyun revirar os olhos.

– Você podia vir morar aqui. Eu seria um pai bem melhor pra você e você ainda teria uma mãe. E também outro pai. – JunMyeon riu e apontou para um retrato de sua família. BaekHyun riu.

– Quem me dera morar aqui.

– Sério. Qualquer dia desses, você morre enfurnado naquele quarto e aquele velhaco nem vai notar. Vou lhe sequestrar antes que ele realmente te mate ou coisa assim. – BaekHyun riu de novo com as palavras do amigo.

– É mais fácil eu matar aquele cara. E ficar com a casa só pra mim.

– Tá ai... É uma boa ideia. Aí poderíamos todos morar juntos e sermos felizes vivendo em brotherhood. Eu, você, o MinSeok e o WuFan.

– E o SeHun. – brincou BaekHyun, fazendo JunMyeon rir e sem querer derrubar um pouco de sorvete na toalha da mesa.

 

 

BaekHyun estava na aula de física quando sentiu uma bolinha de papel acertá-lo nas costas e cair no chão. Ele olhou para a bolinha e depois procurou quem a tinha jogado. Fora SeHun. SeHun apontou para o papel, indicando que BaekHyun devia pegá-lo. Ele apanhou e desembrulhou, lendo o que havia nele.

 

“Minha mãe mandou te passar o nosso endereço. Beijos carinhosos do seu BFF ♥”

 

E embaixo estava o seu endereço.

– Muito engraçado. – BaekHyun sussurrou, e SeHun fez um coração com as mãos. BaekHyun revirou os olhos e voltou a prestar atenção na aula.

– Então o Baekkie realmente vai jantar na sua casa hoje? – ChanYeol. Perguntou com um sorriso sarcástico no rosto.

– Pois é. – SeHun riu. – Minha mãe tem cada ideia.

– Não precisamos mais contratar uma putinha. Leve o Baekkie à minha casa mais tarde. – ChanYeol falou fazendo o amigo rir.

– Não vou deixar você abusar dele. Baekkie agora é meu novo miguxinho forever. – SeHun fez de novo um coração com as mãos, e os dois começaram a rir, levando olhares de reprovação do professor.

 

 

Baekhyun já estava pronto para sair de casa quando seu pai apareceu no seu quarto, olhando-o desconfiado.

– Vai sair? Para onde vai?

– Desde quando se interessa por minha vida? – BaekHyun perguntou frio.

– Só queria saber, calma.

– Não é da sua conta.

– Não vim aqui apenas encher seu saco. – o Sr. Byun disse, sentando-se na poltrona de BaekHyun.

– O que você quer? – BaekHyun perguntou impaciente, porém desconfiado. Nunca conversava com seu pai.

– Eu consegui um aumento. – BaekHyun o encarou, surpreso. – Não é muita coisa, mas... Pode resolver seu problema. Nosso problema, digo.

– Não precisa. – BaekHyun falou rapidamente. Seu pai o encarou um tanto perplexo.

– Já conversamos sobre isso e...

– E eu deixei bem claro que não me importa mais o que pode acontecer. – Baekhyun o interrompeu, se direcionando a porta do quarto, mas fora impedido de sair pelo seu pai, que o segurou pelo braço.

– Eu não vou deixar você jogar toda uma vida fora.

– Eu não quero sua ajuda.

– Independente de tudo, eu sou o seu pai, e não lhe desejo o mal. Vou fazer o possível para resolver isso tudo.

– Eu já disse que não dou a mínima com o que pode acontecer comigo. Para mim tanto faz ou tanto fez se você pode me salvar ou não.

– BaekHyun, não vamos ter essa discussão de novo.

– Isso mesmo, até porque estou atrasado. – BaekHyun falou se soltando da mão de seu pai.

– BaekHyun, volte aqui! BaekHyun! – o Sr. Byun ordenou, mas BaekHyun ignorou e apenas seguiu seu caminho.

 

 

 BaekHyun foi até o endereço dado. Tocou a campainha e enquanto esperava, ficou pensando que talvez tivesse sido melhor se ele realmente tivesse recusado o convite, como o Suho havia dito. A sua professora logo abriu a porta e ao ver BaekHyun, seus olhos brilharam.

– BaekHyun! – ela exclamou, puxando o garoto para um abraço.

– Boa noite, Sra. Oh. – BaekHyun falou tímido.

– Vamos, entre! Vou chamar o SeHun. – a mulher puxou o garoto envergonhado e o fez sentar em um dos sofás da grande sala de visitas. Enquanto esperava, seus olhos passearam por todo o cômodo, impressionados com a casa tão grande e luxuosa. O que era de se esperar, já que se tratava da casa de um dos caras mais ricos do colégio.

– BaekHyun! – Baek ouviu a voz do SeHun o tirando de seu devaneio. SeHun sorria simpático, e quem o visse naquele momento não diria que era o mesmo garoto chato e antipático que Baekhyun conhecia.

– Boa noite, SeHun. Meus parabéns. – BaekHyun se levantou e o reverenciou. SeHun riu.

– Obrigado, mas não precisa de tanta formalidade. Afinal, somos amigos. – SeHun falou divertido, e o sarcasmo em sua voz enojou BaekHyun, que apenas concordou com a  cabeça, forçando um sorriso, o qual SeHun retribuiu, cínico.

Em pouco tempo, o seu pai chegou e a família ficou por um tempo conversando sobre o colégio e vários outros assuntos com BaekHyun.

– Bem, acho que o jantar já está pronto. Vou dar uma olhada. Querido, pode me ajudar a colocar a mesa?

– Claro. – disse Sr. Oh e os dois se levantaram.

– Com licença, podem conversar por enquanto. – a Sra. Oh disse, levando o marido para a cozinha. SeHun esperou os pais desaparecerem e desviou a atenção para BaekHyun.

– E então, Baek? Está curtindo ser meu miguxo? – ele falou com deboche.

– Você sabe que estou aqui só por causa da sua mãe, não sabe? – BaekHyun disse aliviado por finalmente poder tratar SeHun como ele merecia. Este fez cara de ofendido.

– Poxa, Baekkie! Pensei que fossemos amigos, cara! – ele falou, levando uma mão ao peito.

– Você não abre mão de ser um babaca nem no dia do seu aniversário, não é? – BaekHyun revirou os olhos.

– Ah, Baekkie. Mas admita que está divertido. Formamos uma boa dupla. Devíamos virar BFFs. Seríamos tipo o Batman e o Robin. Ou se você preferir, tipo o Sr. e a Sra. Smith. – SeHun disse rindo da própria piada.

– Você é idiota demais pra ser humano. – BaekHyun disse olhando para o outro com desprezo.

– Garotos, venham jantar! – a Sra. Oh chamou.

– Finalmente! – Disse SeHun se levantando. – Vamos, BFF!

SeHun puxou BaekHyun pela mão, passando o braço pelo seus ombros, indo até a cozinha junto com um BaekHyun de sorriso forçado.

 

O jantar fora tranquilo. BaekHyun começou a achar que o dia não fora tão ruim assim. Gostava da companhia de sua professora, o Sr, Oh era legal e SeHun estava se comportando. Depois de comerem e conversaram mais um pouco, BaekHyun achou melhor ir.

– Bem, a noite foi bastante agradável, mas infelizmente está na minha hora. – ele falou olhando para seu relógio de pulso.

– Ah não, Baek! – fique mais um pouco! – pediu a Sra. Oh.

– Infelizmente não dá, Sra. Oh. Mas a noite foi ótima.

– Tudo bem, Baek. Também está na hora de ir me encontrar com os meninos. – disse SeHun.

– SeHun, por que não leva o BaekHyun com você? – sua mãe sugeriu. BaekHyun se engasgou e tossiu algumas vezes para disfarçar.

– B-bem, a-acho que o Baek não pode, ele precisa ir pra casa e…

– SeHun, leve-o com você. Qual o problema? – sua mãe o olhou feio. – Vá, Baek! Você tem algum compromisso agora?

– Bem, n-não, mas é melhor…

– Viu, SeHunnie? Por favor, Baek! Eu dou uma carona pra vocês!

– V-vamos, Baek. Vai ser divertido. – SeHun falou com  um sorriso amarelo.

– A-acho melhor não, SeHun. Não quero incomodar.

– Não é um incômodo! Vocês pareceram se dar muito bem hoje. É até uma boa oportunidade de ficarem mais próximos! – a Sra. Oh tinha os mesmos olhos brilhantes, para os quais BaekHyun não conseguia dizer um não.

– V-vamos, Baek! – SeHun falou. BaekHyun não viu outra escolha, então engoliu seco.

– O-okay... – BaekHyun se esforçou para dar um sorriso, enquanto na verdade o que ele queria no momento era um buraco para enfiar a cabeça.

 

 

“Isso não está acontecendo.” Pensou BaekHyun. “Isso é apenas um pesadelo.”

– Chegamos! – a Sra. Oh falou animada ao chegarem na frente da grande casa de ChanYeol. Se é que aquilo pudesse ser chamada apenas de casa. – Vão, e divirtam-se! Até!

SeHun saiu do carro, sendo seguido por um BaekHyun hesitante. Este lançou ao outro um olhar suplicante, pedindo ajuda. SeHun apenas deu uma risada mínima, como se achasse engraçado a situação em que o outro se encontrava. SeHun passou os braços pelos ombros de BaekHyun e acenou para sua mãe que foi embora com o carro, em seguida tocou a campainha. Em pouco tempo ChanYeol apareceu na porta, com um sorriso de orelha a orelha para o amigo.

– CHEGOU O ANIVERSA... Riante... – a voz de ChanYeol morreu ao ver SeHun com um sorriso maroto no rosto, com o braço pelos ombros de um BaekHyun com uma cara desagradável.

– Baek-BaekHyun?! – ele perguntou abobado. – O-o que...

– Você não queria uma putinha? – SeHun falou sorrindo, e BaekHyun o afastou com um empurrão, o mandando ir se foder baixinho.

– O-o que o BaekHyun está fazendo aqui? – ChanYeol perguntou com um sorriso confuso.

– Minha mãe me fez trazê-lo. – SeHun puxou BaekHyun de volta ao abraço. Este tentava o empurrar, lançando-o uma sequência de xingamentos baixos.

– Baek! É uma grande honra tê-lo em minha humilde residência! – ChanYeol falou, com os olhos brilhando de empolgação.

– É claro que não vou ficar. Só estava esperando sua mãe entrar na outra rua. – BaekHyun tentou se afastar.

– Não, não! Que má educação sair da festa sem ela nem ter começado! – ChanYeol disse puxando BaekHyun.

– Que porra está fazendo? Deixem-me ir. – BaekHyun tentou se soltar.

– Aonde pensa que vai, Baek? Vem, vamos curtir a noite. Tá todo mundo aqui! – ChanYeol falou animado. BaekHyun riu sarcástico.

– Okay, eu não sei o que você pretende, mas pode deixar de palhaçada porque eu quero ir pra casa. – ele falou ríspido.

– Você não vai embora. Você vai ficar com a gente. Vem. – foi a vez de ChanYeol passar o braço pelos ombros de BaekHyun, levando o garoto para dentro da casa.

– Eu nem queria trazê-lo. Mas você sabe, minha mãe... – SeHun explicou.

– Não há problema algum. É até bom temos o Baekkie em um dia tão especial, não é, Baekkie? – ChanYeol sorriu para o menor.

– Com certeza. – BaekHyun falou irônico.

A sala de estar da casa estava cheia de bebidas e comidas variadas, e YiXing e Tao estavam sentados no sofá, cada um com uma latinha de cerveja na mão, rindo alto de alguma coisa que haviam falado antes. Os dois pararam de rir e olharam para os amigos, se assustando ao verem BaekHyun.

– Olha quem veio junto! – ChanYeol falou cantante, com um sorriso largo. Para ChanYeol, ter BaekHyun em pleno território inimigo era bastante hilário.

– O que ele tá fazendo aqui? – YiXing perguntou confuso.

– Minha mãe. – SeHun revirou os olhos.

– Mas ele não só ia jantar na sua casa?

– Minha mãe. – SeHun repetiu. Tao e YiXing riram.

– Sente-se, Baekkie. Pegue uma cerveja. – ChanYeol forçou BaekHyun a sentar, sem dificuldade alguma.

– É sério, ChanYeol. Me deixa ir embora. – BaekHyun falou impaciente. ChanYeol ignorou e abriu uma latinha de cerveja, oferecendo-o. BaekHyun afastou sua mão.

– Você prefere vodka? – ChanYeol pegou uma garrafa de vodka em cima da mesinha de centro e a abriu.

– Eu não vou deixar você me embebedar, eu não sou idiota. Me. Deixa. Ir. Embora. – BaekHyun estava perdendo a calma.

– Você nunca bebeu na vida, não foi?

– Claro que já bebi, seu idiota. Mas eu não sou babaca igual a vocês, que ficam bêbados todas as festas e depois não se lembram de nenhuma das merdas que fizeram na noite anterior.

– Awn, você nunca ficou bêbado. – YiXing falou debochado.

– Tenho uma ideia. Vamos ver o quanto ele aguenta beber antes de cair duro. – Tao falou se animando. Todos riram, menos BaekHyun.

– Sem chance. – Ele falou se levantando. Porém, ChanYeol logo o puxou e o prendeu em seu braços, enquanto SeHun segurava a sua boca, o obrigando a beber  grandes goles de vodka. Tao e YiXing riam alterados enquanto BaekHyun se engasgava, tentando se soltar de ChanYeol que o prendia, mesmo com toda a sua resistência, com muita facilidade.

– Sempre quis fazer isso! Corromper algum metido a santinho! – SeHun falou afastando a garrafa que agora estava pela metade. ChanYeol soltou BaekHyun, que tossia freneticamente. O garoto tentou se levantar, mas caiu assim que retirou as mãos do chão, tonto.

– Quanto tempo vai levar para ele se soltar? – Tao se perguntou.

– Ele é chato, precisa de mais. – ChanYeol pegou uma garrafa de tequila, abrindo-a.

– Misturar bebida? Não acho que ele aguenta. – SeHun falou.

– Aguenta. – ChanYeol derramou uma grande quantidade de tequila dentro da garrafa meio cheia e vodka.

– Vamos matar o menino. – YiXing riu.

– Morre nada. – ChanYeol puxou BaekHyun de volta. Dessa vez nem precisou prendê-lo, pois o garoto tombava a cabeça para os lados, tonto. ChanYeol apenas segurava a cabeça do garoto, enquanto SeHun posicionava a garrafa novamente na boca do menor, o obrigando a beber novamente. ChanYeol soltou BaekHyun, que tentou levantar e se afastar, mas caiu de novo. ChanYeol ria da cena até um tanto humilhante em que BaekHyun se encontrava, tossindo freneticamente e com a blusa e o pescoço completamente molhados de bebida. A cabeça de BaekHyun rodava e ele sentia a boca dormente, devido ao gosto das bebidas. Ele via os garotos à frente dele meio embaçados, e as risadas ecoavam em sua cabeça, como se estivesse em um sonho.

– E agora?

– Agora esperamos. Daqui a pouco ele se solta. – ChanYeol falou com um sorriso malicioso.