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História Amor Que Muda - Recíproco - Garota Bonita


Escrita por: Kauuhh

Notas do Autor


Estou modificando algumas coisas, para finalmente poder postar algo novo. Uma das grandes foi nome da história que para mim soou melhor do que o anterior, estou fazendo adaptações que achei necessárias desde 02/01/21.

A história tem trilha sonora, frases próprias (crio de acordo com a necessidade) e banners, que dá um certo trabalho para serem feitos, julgando o fato que tudo é criação minha. Talvez eu demore mais do que eu esperava para concluí-la, mas até o final desse ano estará finalizada.

Lembrando que a ambientação, contexto e local da história não seguem um padrão real, eu pesquisei algumas coisas e encaixei o que melhor me agradava. Então, sobre a idade legal da protagonista, títulos reais, entre outras partes do enredo são meras adaptações.

Agradeço a todos os comentários e o carinho de vocês. Até breve! xx

P.s: a música do capítulo é a pretty hurts - beyonce

Capítulo 2 - Garota Bonita


Fanfic / Fanfiction Amor Que Muda - Recíproco - Garota Bonita

Garota Bonita

 

Mama said, you're a pretty girl 

What's in your head it doesn't matter [...] 

"Ser uma garota bonita custa caro. Um valor que o dinheiro não pode cobrir" 

 - Frase própria. 

 

A dança... talvez a única coisa que realmente me fizesse viajar em meus próprios sentimentos, a única coisa real que me cercava, que me fazia olhar para o mundo de uma forma diferente, quase uma utopia. Cada passo, cada movimento. É como deixar a alma livre para escrever uma poesia bonita com o corpo, algo quase celestial.  

— Ainda não está bom. — a voz dura de Kurenai despertou-me dos pensamentos. Seus olhos meticulosos observavam cada movimento do meu corpo, cada ação procurando a mínima imperfeição. — Ande, esforce-se mais! 

Ajeitei a postura, focando em um ponto específico na parede, alinhando-me em um círculo quase perfeito. Realizei o Rond de Jambe novamente, havia perdido a quantidade de vezes que havia feito aquilo. Kurenai não aceitava menos que a perfeição, seu nível de exigência era tanto que ela não importava-se em esgotar todas as minhas forças em um único movimento.  

— A sua ponta não está correta.  

Suspirei, ela parecia querer entortar meu pé com o olhar.  

— Curve mais o pé quando girar.  

Respirei fundo, observando meu reflexo no espelho: fios de cabelo escapando pelo coque, o collant grudando principalmente em minhas costas e o suor escorrendo pelo rosto. Realmente, meu estado não era dos melhores.  

Ingeri uma quantidade de água aceitável e tentei outra vez, eu faria aquilo até obter a aprovação nos olhos de Kurenai. Concentrei-me o máximo que pude, era necessário atingir meu equilíbrio corporal. Vamos lá, Sakura. Fechei os olhos, visualizando o movimento mentalmente. Apenas uma vez, contei quantos passos e a precisão que precisaria para realizá-lo.  

     Um, dois, três... Abri os olhos, completando o giro e senti uma satisfação inexplicável. Parecia que eu estava voando sob meus próprios pés, uma sensação única. Como Kurenai havia descrito: “Esse movimento, traduz pela sua beleza a poesia da dança em sua máxima plenitude elevando a alma do bailarino ao encanto da plateia”. Com certeza nada descreveria melhor o que eu sentia, o encanto, a beleza. Finalizei parando imóvel no ponto demarcado mentalmente e meu sorriso foi inevitável. Consegui.   

         Virei-me para ela e pude contemplar um vislumbre de contentamento em seu olhar. Claro que ela não falaria abertamente, não era do seu feitio. Contudo, desde pequena aprendi a interpretar seus olhares.  

        Eu estava quase feliz. Era um dos poucos momentos que eu podia me sentir assim, com um sorriso frágil, mas verdadeiro. Aproximei-me do espelho, secando meu rosto com a toalha branca e logo depois desfiz o coque, amarrando os cabelos longos em um rabo de cavalo. Fiquei alguns segundos mirando-me, a expressão suave e o brilho nos olhos não eram comuns.  

    Aquele sorriso também não. 

     — Está liberada, seus seguranças estão esperando-te. — Kurenai lançou em meus ouvidos, num tom fechado.  

      Assenti, quase melancólica. A dura realidade estava à tona.  

      Are you happy with yourself? 

** 

“Você deve ser sempre perfeita.” 

     O quão familiar isso soa? Uma frase tão curta, mas de tão grande impacto. Exigências, imposições, deveres, condutas, normas. Tudo isso encaixado dentro de uma única frase. 

     A frase mais falada, desde meu nascimento, qualquer coisa que já tenha ouvido se torna relativo perto disso. Ser um modelo, um exemplo a ser seguido. Jamais errar, jamais ser deselegante, jamais ser grossa. Não posso listar a quantidade jamais que compõem minha vida, tudo o que não estou autorizada a fazer.  

     Os sempres também tem seu lugar especial: sempre comportar-se, sempre estar na moda, sempre ter as melhores notas, sempre ser educada, sempre ter a pele impecável, sempre estar belíssima. Sempre, sempre, sempre.  

      Todos os dias as mesmas frases, as obrigações, os deveres. Tudo para estar perfeitamente impecável diante da sociedade tradicional japonesa, por ostentar o honroso sobrenome Haruno: o maior fardo que pesa em minhas costas. Ser como uma boneca manipulável é o preço a pagar, ter desejos, fazer minhas próprias escolhas, ser... livre é uma afronta para o meio que me rodeia, que sobrevivo. É quase um pecado ter algum tipo de pensamento que não se enquadre no padrão altamente “nobre”. 

     Por ser filha única e herdeira dos Harunos, uma das famílias mais influentes da sociedade, fui criada para ser um modelo para todos. Às vezes, ou na maioria delas, sinto que meu papel é somente esse: ser concebida para ser o fantoche que eles podem controlar e despejar suas expectativas com êxito. Vivo para servir os caprichos de meus pais. Amo eles de todo coração, são meus pais, me deram a vida. Mas não me lembro de alguma vez ter recebido um “eu te amo”, um gesto de carinho ou apenas um abraço.  

      Até a liberdade, a única coisa que deveria controlar, não possuo. Sou cercada por seguranças, que me tiram qualquer tipo de privacidade, independência. Quando não são eles, tem a imprensa, paparazzi dispostos a nunca me deixarem respirar. Eles me sufocam.  A ironia maior é que grande parte da população deseja a “vida dos sonhos” que levo, desejam a minha vida tão perfeita e sem preocupações. Como eu gostaria de poder trocar de lugar com qualquer um deles, não me importaria de levar uma vida simples, de estudar e trabalhar, não ter uma casa tão grande ou tanto dinheiro, eu apenas queria poder me reconhecer. Poder ser eu mesma.  

     Se eu pudesse ser apenas Sakura, sem Haruno, sem a perfeição falsa. Daria tudo para ter uma vida simples, mas que fosse verdadeira, honesta, real.  

Infelizmente, o sobrenome me priva de coisas tão importantes como liberdade e honestidade. Essa é a vida que todos fora dessa sociedade desejam. Eles têm tudo o que eu gostaria e não sabem. Já perdi a conta de quantas vezes chorei, pedindo a Deus algo que me trouxesse a felicidade. Alguma coisa que me salvasse dessa eu falso que criaram para mim.  

Pretty hurts 

We shine the light on whatever's worst 

Perfection is a disease of a nation [...] 

 

Odeio não ser real.  

** 

             O teto rosa e dourado do meu quarto se tornou meu principal foco ocular, porque em pensamentos era alguém. Sentimentos, emoções não são coisas comuns que acontecem comigo. Eu nunca tinha me apaixonado, no máximo um interesse superficial ou uma admiração boba. Nunca soube o que é frio na barriga, borboletas no estômago e ficar horas pensando em um futuro, casar, ter filhos.  

Apesar de ser uma das práticas mais comuns entre nós, os "nobres", talvez eu fosse muito nova para pensar em constituir uma família... Ou eu me negava a seguir esse costume sem sentir um amor profundo como nos livros de romance, nunca havia me interessado por nenhum dos rapazes da minha idade, não havia me apaixonado, tido um encontro, beijado ou tocado alguém do sexo oposto. A demonstração de afeto era considerada uma falta de educação e aliado a isso, ainda tinham as proibições da minha classe social.

Aquilo nunca foi minha realidade, até ele. Até Sasuke.  

 O único que havia conseguido me tirar do chão, furar a minha bolha de fragilidade e insegurança, penetrar meu coração da maneira mais profunda e intensa possível. Ele me fez sentir coisas que nunca pensei que existiam, me fez entender o que era amor. O tão famoso amor. Ainda me questiono sobre o que ele viu, como ele conseguiu enxergar através de mim; não sobre a filha perfeita, a garota modelo, mas sim quem sou aos olhos dele. Sasuke nunca me viu como a personificação de perfeição, para ele eu era apenas Sakura. Apenas a adolescente, com cabelos tingidos de rosa e esguia pelos anos de ballet.   

     É claro que ele poderia conseguir as mais belas mulheres do mundo, não duvido que todas cairiam aos seus pés num simples piscar. Ele tem olhos encantadores, porte másculo, é um deus grego. Um sorriso delineou meu rosto. Mas não... não era aquilo que me chamava atenção nele. É quem ele é, o que ele representa para mim, seu sorriso, seu jeito, seu olhar. A sua beleza física era apenas uma de suas muitas qualidades.  

    Ele me permitia ser honesta, ser verdadeira. Me permitia ser eu e não poderia estar mais  grata por isso. 

  O toque do celular assustou-me.  

  “Você estará na festa? U.S” 

 Sorri, era ele.  

  “Sim, estarei. Papai jamais perderia a oportunidade de se exibir para todos.” 

“Sei bem que como ele gosta expor-se desnecessariamente. E você principalmente, como eu gostaria de poder tirá-la desse inferno que te impõem.” 

Suspirei. Como ele poderia me tirar do meu inferno se mal conseguia sair do próprio?

“Eu estou bem, Sasuke-kun.” - a resposta digitada apenas para tranquilizá-lo. 

“Não minta para mim, sabe que detesto mentiras” 

“Não se preocupe, eu apenas gostaria de dizer algo... muito importante” 

Talvez a decisão mais importante que já tenha tomado em minha vida, por escolha. Era a coisa mais importante que eu poderia oferecer a ele, algo plenamente meu.  

“Estou aqui” 

Seu jeito monossílabo de dizer que estava aqui para mim, me fez sorrir, ainda que de nervoso.  

“Eu quero me entregar a você” 

Mordi os lábios, com força. Era um assunto delicado, porque era minha decisão, a primeira vez que poderia fazer algo assim. Sasuke sempre foi paciente, nunca ultrapassou meus limites, me dando comando total das ações. Ele sabia que eu era pura, que jamais havia me entregado a ninguém. E ele me respeitava, acima de tudo, mas eu não me imaginaria sendo de mais ninguém que não fosse ele porque eu o amava. 

E como eu o amava, acho que mais do que eu poderia descrever. Ele é meu primeiro amor, meu primeiro beijo e eu desejava que fosse o primeiro a tocar-me. E mesmo que uma das mais duras condutas fosse a castidade, imposta por papai, eu passaria por cima de sua autoridade para ser de Sasuke. Completamente dele. 

“Tem certeza? É uma decisão muito importante”  

É claro que eu tinha certeza, por toda minha vida. Qual seria o maior passo da minha vida senão entregar-me ao meu grande amor?  

“Por toda minha vida, Sasuke-kun. Você é minha maior certeza.” 

“Eu tenho algo para ti também, apenas não esqueça-se que você é minha melhor escolha.” 

Meu coração falhou uma batida. 

 

We shine the light on whatever's worst

You're tryna fix something

But you can't fix what you can't see

** 

— Princesa, comprei um vestido lindo para ti! — mamãe entrou afobada em meu quarto e suspirei internamente. Ela carregava uma sacola de uma loja caríssima que ela comprava.  

A olhei pelo espelho, enquanto ela tirava a peça exuberante para fora. Eu penteava meus cabelos longos, em meu ritmo e se dissesse que fiquei animada com a peça estaria mentindo.  

— Que bom, mamãe. — falei, baixo.  

— Você causará inveja em todas as garotas mimadas. — ela referia-se às filhas das outras famílias da alta sociedade. — Todos ficarão de queixo caído, esfregaremos nossa nobreza na face daquelas espurcas*! 

Os insultos de mamãe continuavam e eu fingia ouvi-la, apenas para evitar discussões. Ofensas e fofocas não faziam meu perfil, apenas passavam pelo “filtro das boas coisas” e caíam no esquecimento.  

— Claro. — disse, no automático. 

Mamãe continuava a falar do quão ruins eram as esposas dos sócios de papai. E fingia que ouvia, porém, meu pensamento estava em Sasuke. Somente nele eu podia ter um pouco de paz de espírito, pensava de que forma ele me surpreenderia, não que isso fosse difícil. Tudo que vinha dele era especial para mim.  

Eu via nele minha válvula de escape, um ponto de paz em meio ao caos que me cerca. Algo como uma luz no fim do túnel, meu amor por ele me mantinha firme em acreditar que dias melhores viriam.  

Algum dia tudo aquilo acabaria e eu poderia ser livre.  

Eu gostaria que meus momentos com ele fossem um sonho, da qual não precisasse acordar. Gostaria de viver no meu conto de fadas para sempre, com um “felizes para sempre.” Bem, como dizem, o amor é algo maravilhoso e mais ainda quando é recíproco, quando se tem certeza que é correspondido. 

Parei de pentear os cabelos por alguns minutos e observei meu próprio reflexo, meus olhos brilhavam, a cor mais acentuada e em minha boca um sorriso frágil. Era a representação física do amor, de estar apaixonada.  

 — Sakura, está prestando atenção? — o tom irritadiço de mamãe despertou-me dos devaneios.  

— Perdão, mamãe, me distraí. — virei-me para ela com o mesmo sorriso.  

Ela me fitou, seus olhos pareciam procurar algo.  

— Você está diferente. — a sua afirmação era clara. — O que há? 

— Oh, não estou... Definitivamente não, mamãe. — voltei a pentear os cabelos, para esconder o rubor do rosto.  

— Há algo com você, conte-me o que é.  

A sua ordem fez um arrepio subir à espinha.  

— Estou contente, só isso. — retruquei, rapidamente. 

— E por qual motivo?  

 Se tivéssemos uma relação maternal comum, poderia lhe contar minha experiência de estar apaixonada pela primeira vez, sobre meus sonhos, meus anseios. Mas claro que aquilo nunca iria acontecer, então apenas disse: 

 — Meu contentamento não depende de algo ou alguém... 

Then you break when the fake facade 

 leaves you in the dark 

You left with shattered mirrors  

and the shards of a beautiful past [...] 

 

** 

Observei meu reflexo no grande espelho do closet, estava satisfeita com minha aparência. Consegui convencer mamãe a deixar-me vestir da maneira que me agradava, pela primeira consegui me identificar no que via. Meu próprio eu. Apesar de vestir o vestido que ela comprara para mim, ele era bonito; um tomara que caia com renda na parte de cima e solto embaixo. A sua cor era verde, como meus olhos.  

Ele coube como luva em mim, me senti bonita, não extremamente magra como aparentava. Os meus cabelos caíam em ondas leves até a cintura, com duas mechas torcidas e presar a um acessório floral de ouro branco, com pequeninas pedras de esmeralda. Uma das poucas heranças de família que me deixavam com orgulho, era da minha avó Tsunade. A maquiagem leve assentava-se em meu rosto, um delineado discreto, pouca quantidade de máscara cobrindo meus cílios longos, blush salmão para afastar a palidez e um batom nude. O calçado era por conta do meu sapato nude favorito, estilo boneca.  

Mas meu ponto fixo era o colar que Sasuke me dera um ano antes, nunca havia tirado, gostava de sempre me sentir próxima dele. Como um amuleto. Meu coração descompassava-se para vê-lo, para senti-lo.  

— Princesa? — mamãe chamava-me do outro lado da porta. — Está pronta? 

— Sim, sim.  

Peguei a bolsa de mão em cima da mesinha e abri a porta, deparando-me com os olhos minuciosos dela. Coloquei a língua no céu da boca, torcendo por sua aprovação.  

— Bom trabalho, tenho certeza que corroerão de inveja de ti.  

— Vamos então? — disse, ansiosa.  

— Sim, seu pai já está impaciente.  

Entrelaçou os braços aos meus e descemos a escada de vidro, papai já nos esperava no andar de baixo. Apesar de sua impaciência, ele nos fitava satisfeito, estendeu seus braços, colocando-nos de cada lado de seu corpo. 

      — Estão belíssimas, como esperado.  

     A limousine nos esperava na entrada principal da casa, entramos sem cerimônias e partimos em direção ao tão cobiçado Palácio Imperial. Durante o caminho, me distraí pegando no pingente em ponto de luz do colar, todos os meus pensamentos voltados a Sasuke. Quando dei por mim, Hiro, o motorista estendia-me o braço para ajudar-me a descer.  

 — Venha, princesa. Temos que estar todos juntos. — entrelacei meus braços aos de papai novamente. 

   Os flashs eram disparados constantemente em nossos rostos, o sorriso, a postura, a expressão, todos ensaiados para esses momentos. Por fora, éramos dignos das capas de revistas, sempre impecáveis. Mamãe e papai exibiam-se com naturalidade, eu colocava o meu sorriso ensaiado para fora.  

     Meu coração se aqueceu ao ver Sasuke na entrada da mansão principal – havia dezenas delas dentro do Palácio do Clã Uchiha -, ele estava em sua postura séria e indiferente, mas no fundo, assim como eu ele odiava tudo aquilo. Para ele era um fardo ainda maior, Sasuke não só era de uma família tradicional, ele pertencia à linhagem nobre do nosso país, herdeiro direto do Imperador Madara.   

      Mikoto-sama, que também não gostava de títulos reais, o acompanhava na porta. Sempre muito gentil e encantadora, ela conquistava a todos com seu jeito de ser, não era à toa que ela conseguiu a admiração e respeito dos cidadãos de forma natural, sem intervenção de seu marido, Sua Alteza Imperial Fugaku. Apesar de dispensar reverências, a conduta obrigatória de todo cidadão é curvar-se diante dos Uchihas, papai e mamãe o fizeram primeiro, diante de Sasuke e da Senhora Uchiha, como era o costume. Eu, como filha, deveria esperar que meus pais terminassem a saudação, por respeito.  

   Evitei contato visual com Sasuke e me curvei delicadamente, como ensinada. Um sorriso doce estava nos lábios de Mikoto-sama, sua personalidade gentil ultrapassava qualquer costume tradicional.  

— Sejam bem-vindos, é uma honra tê-los conosco. — seu tom calmo anunciou.  

Papai agradeceu em nome de todas nós, como patriarca.  

— Bem-vindos. — o tom rouco de Sasuke fez meu coração bater mais rápido, ainda que eu evitasse olhá-lo nos olhos.  

— Você está cada dia mais linda, minha querida. — o rubor em minha bochecha se fez presente. — Sempre tão graciosa e exuberante. — sentia o apreço de Mikoto-sama pelo tom voz, porém em uma conversa não-formal, pessoas não pertencentes à família nobre, eram proibidos de manter contato visual com os monarcas.  

 — Agradeço muito, majestade. — preferi usar o título, por respeito a ela e temendo qualquer reação evasiva de papai.  

 — Por favor, Sasuke querido, leve-os até o salão.   

— Não é necessário, majestade. — papai tomou à frente. — Não queremos incomodá-los.  

— Como desejar, Haruno-san. Peço-te que deixe Sasuke acompanhar Sakura então. — quebrei o protocolo ao olhar assustada para a Senhora Uchiha, seu olhar me incentivava a cumprir seu pedido.  

— Claro, majestade. — papai jamais negaria um pedido vindo de Mikoto-sama.

Sasuke-kun estendeu-me seu braço e hesitei, com a respiração entrecortada, temendo repreensões de papai. Porém, provavelmente pelo pedido da Senhora Uchiha, ele estendeu minha mão a Sasuke. Papai então foi para o salão com mamãe ao seu lado, eles haviam estado algumas vezes aqui, senti o aperto discreto em volta da minha mão que Sasuke fazia, ele queria tranquilizar-me de alguma forma. Eu estava envergonhada, mas confiei nele. 

Encolhi-me ao sentir os olhares dos presentes na entrada sobre nós, se queríamos ser discretos, aquela não era a maneira. Ele elegantemente me conduziu a um lugar longe da vista de todos, mas ainda sim, poderíamos ser vistos. Era uma das diversas mesas de chá, postas para que os moradores da mansão, desfrutassem. Convidados eram bem-vindos, porém não havia ninguém pois estavam entretidos demais com a festa no salão principal.  

Ele, como um verdadeiro cavalheiro, puxou a cadeira para que eu sentasse e ele repetiu o ato à minha frente. Eu ainda não o olhava nos olhos, estava tão envergonhada e temerosa que apenas brincava com meus dedos sob meu colo.  

— Você está linda.  

Um frio na barriga, coração acelerado e rubor na face. Reações que só ele poderia causar com uma simples frase. 

— Obrigada, você também está impecável. — teci o elogio, tomando coragem para fitá-lo pela primeira vez naquela noite, seu olhar era firme, profundo e parecia ler minha alma.  

— Está nervosa. — não era uma pergunta, ele me conhecia bem demais.  

— Um p-pouco, talvez. — minha fala denunciava meu estado de nervosismo.  

— Confie em mim. — calmo, ele deu-me um pequeno sorriso, era o jeito de dizer-me que estava tudo bem. — Gosto como vestiu-se, está mais... Você.  

Meu coração aqueceu-se. 

— Foi especialmente para ti. — confessei, como um segredo.  

E a sua resposta foi pegar minha mão e depositar um beijo delicado, Sasuke falava através de suas atitudes. Apesar de minha insegurança, que não era provocada por ele, e sim por mim mesma. Dúvidas, incertezas e a vulnerabilidade afetavam minha mente, não me achava autossuficiente para preencher o cargo de “mulher” para ele. Mas ao olhar em seus olhos, ver sua firmeza e a segurança que eles me passavam, decidi dar um voto de confiança ao meu amado. Eu confiava nele, em suas intenções, em seu amor. Confiava sim. 

O silêncio entre nós não era desconfortável, mas a minha inquietação era evidente.  

— Você realmente me ama? — assustei-me ao pensar em voz alta, não era para aquela frase ter saído de meus lábios.  

Sasuke então entendeu tudo, a vontade de chorar batia à minha porta. Por que eu me sentia tão insegura? Ele estava ali por mim, não é? O temor pela sua resposta afetava-me drasticamente, como uma avalanche de emoções.  

— Vem comigo. — ele levantou-se, sem dizer mais nada. 

Sem entender, esperei alguns minutos antes de segui-lo pelos imensos corredores da mansão. Discretamente, o acompanhei um pouco distante. Aos poucos pude sentir o ar mais leve e dei-me conta que estávamos no Jardim Dourado, um dos pontos mais bonitos e interessantes de lá, foi especialmente construído para a Senhora Uchiha, como uma homenagem de Fugaku-sama para ela. Ela cuidava pessoalmente de cada detalhe, de todas as plantas e flores que habitavam ali. Mas o que caracterizava-o assim era a estufa dourada, que carregava plantas mais exóticas e centenárias que existiam, era uma biodiversidade incrível.  

    Sasuke ainda andava para chegar até a estufa, eu estava mais encolhida, pensando. Não era sobre ele, era sobre mim mesma. Era diferente dos vários livros de romance que li, era diferentes dos filmes, era diferente de tudo. Amar alguém a ponto de sua felicidade depender dela.  

   Paramos.  

— Sei que sente medo, mas por que, Sakura? — ele virou-se para mim, com as mãos enterradas no bolso do terno.  

— Eu... sinto medo dos meus próprios sentimentos, sinto insegurança... — os olhos marejados denunciavam meu estado de nervosismo. — Tenho medo de onde esse amor pode nos levar.  

Sasuke aproximou-se, tocando meu rosto de forma gentil.  

— Ouça-me. — atentei-me à sua fala, mirando seus olhos gentis. — Sei que está inquieta, insegura sobre tudo isso e não te culpo. Não sou do tipo aberto para falar de sentimentos, mas com você é diferente. Eu quero cuidar de você, quero libertá-la de dessa maldita pressão psicológica te submetem, quero vê-la bem, feliz. — ele acariciava meu rosto, lentamente. — E quero tudo isso porque eu te amo.  

Minha respiração ficou mais aguda, meu coração queria saltar para fora do peito. O turbilhão de emoções atingia-me com a força de um furacão, o impacto daquelas palavras poderia ser sentido em cada veia, em cada artéria que compunha o meu ser. Ele me amava. Amor. Aquilo era real? Era a coisa mais linda que já havia escutado, a coisa mais real e viva que poderia ter me acontecido. Já não podia controlar as lágrimas que insistiam em descer, não era sobre dor, não havia peso. Mas uma sensação tão única, tão inexplicável. O estado de plenitude de um ser humano, o estado de ser amado.  

E seus lábios alcançaram os meus, como uma fonte de água para um necessitado. Naquele dia eu era apenas uma garota bonita, beijando seu grande amor.  


Notas Finais


Corrigido.


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