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História Amor Que Muda - Recíproco - Efêmero


Escrita por: Kauuhh

Notas do Autor


Geralmente me baseio em músicas para escrever os capítulos, então terá letras por todo o capítulo. Os flashbacks são um meio de vocês entenderem o que ocorreu antes de chegarmos ao presente momento, não me utilizarei muito desse meio a partir daqui.

* Capítulo corrigido em 12/11/2021

༺ ❀ ༻ (isso significa flashbacks, que também estarão em itálico)

** (isso é a passagem de tempo)

Capítulo 4 - Efêmero


Fanfic / Fanfiction Amor Que Muda - Recíproco - Efêmero

 

Efêmero 

 

How many times can I tell you

You’re lovely just the way you are

Don’t let the world come and change you

Don’t let life break your heart

Don’t put on their mask, don’t wear their disguise

[...]

- The Way That I Love You

"Sinta-me junto de você enquanto pode, pois a alegria é tão efêmera quanto uma estrela cadente cruzando o céu, algo que pode se apagar a qualquer instante. "

- Adaptado.

Tóquio, Japão. 

Desde o episódio do jantar, haviam se passado dois meses. Eu estava muito feliz, na verdade, poderia me classificar como a pessoa mais feliz do mundo inteiro. As sensações que tive e senti são coisas que eu nunca havia imaginado na vida, às vezes eu sentia que tudo poderia ser um sonho do qual nunca queria acordar. 

Nesse tempo haviam acontecido muitas coisas, Kurenai finalmente havia me dado a chance de me apresentar em um palco de verdade, em um dos teatros mais importantes do nosso país. Desde então, tenho me dedicado a aperfeiçoar a a coreografia que ela havia criado. Sasuke e eu estávamos mais apaixonados que nunca, se é que era possível, todos os dias ele me surpreendia de uma maneira diferente, seja me trazendo flores ou até mesmo assistindo um filme romântico debaixo dos cobertores. De todas as formas, procurávamos estar juntos. E só de estar com ele, me sentia a garota mais feliz do universo. Eu orava todos os dias a Deus pedindo que Ele abençoasse o amor que sentíamos. Nosso relacionamento havia amadurecido de forma surpreendente também, nós conversávamos e nos entendíamos de outra forma. Parecia que nossa relação havia dado um salto.

Mas isso era uma consequência da forma que nos amávamos acima de tudo e de todas as coisas. 

Naquele momento, eu me encontrava em seu apartamento, longe de títulos e de tudo de ruim que nos cercava. Ao observar o travesseiro, acabei achando um fio de cabelo de Sasuke-kun e ri, lembrando-me do dia que o havia convencido a me deixar cortar seu cabelo...

༺ ❀ ༻

"Passei as mãos por entre os fios negros, sentindo a maciez destes. Apesar de Sasuke não ter nenhum cuidado especial com os cabelos, eles permaneciam macios e brilhosos, certamente por causa da genética maravilhosa da senhora Uchiha. Ergui uma mecha do cabelo dele, notando o comprimento um pouco exagerado dos fios. Mordi os lábios. Será que Sasuke-kun me deixaria cortar seus cabelos?

— Sasuke-kun...? — falei, manhosa.

— Hm? — disse, sem prestar muita atenção.

— Seus cabelos não te atrapalham? — perguntei, tentando parecer casual.

— Não. — respondeu, concentrado na TV.

— Ah, estão um pouco compridos... 

Seus olhos desviaram do aparelho de televisão para meu rosto. 

— O que você quer? — arqueou uma das sobrancelhas, seu tom não era rude. Nunca foi. 

— Me deixa cortar seus cabelos? — pedi.

— Não mesmo. 

— Por favor... — fiz um biquinho, e ele suspirou, mas negou.

Abaixei-me, segurando seu rosto e dando beijinhos.

— Eu tomo cuidado, hm... — beijei seu nariz. — Mas deixa, por favor...  — beijei sua bochecha.

— Não me provoque, Sakura. — avisou, de olhos fechados e eu sorri.

— Vai deixar? — dei um selinho em seus lábios. — Hein, Sasuke-kun? — dei outro selinho.

Ouvi seu suspiro e ele abriu os olhos, encarando-me.

— Tudo bem. — bufou, virando o rosto.

Abri um sorriso e pressionei nossos lábios outra vez, num selinho demorado. E num movimento rápido, ele levantou-se, puxando-me junto. Sorri, segurando em seus braços fortes, nos olhamos e sorrimos como bobos apaixonados, ele beijou minha testa e escorregou para meus lábios. Entreabri-os e lhe correspondi. Beijá-lo era sempre tão bom quanto estar no céu, assim que nos afastamos, o abracei. Se eu pudesse ficaria ali para sempre, poderia morar naquele abraço.

— Eu queria muito amar você agora... — ele sussurrou em meu ouvido, sensualmente.

Senti os pelos da nuca arrepiarem-se.

— Eu adoraria, Sasuke-kun.... Mas eu vou cortar seu cabelo primeiro! — afastei-me dele, rindo.

— Hmpf! — bufou, a contragosto.

— Não seja assim... — dei um beijo em seu rosto e o puxei em direção ao quarto.

O fiz sentar-se na cama e peguei uma toalha, pondo em seus ombros. 

— Isso é ridículo. — ele reclamou, enquanto eu pegava a tesoura no banheiro.

Ri e comecei a cortar as pontas, aparando o excesso. Sasuke-kun reclamava a todo tempo e eu somente dava risada. Alguns minutos depois, o cabelo dele ficou do jeito que eu amava: rebeldes e incontroláveis. Ele ficara tão maravilhoso com aquele corte que parei para admirá-lo. Quando passei para as duas mechas da frente que formavam a franja que emoldurava seu rosto, Sasuke-kun segurou meu pulso delicadamente.

— Não corte na frente.

Sorri.

— Só irei aparar as pontas. — disse. — Confie em mim.

Então, ele soltou meu pulso levemente e fechou os olhos, dizendo:

— A tenho desde criança. — referia-se à franja. — Já me acostumei a tê-la sobre o rosto. 

— Você fica lindo de qualquer forma. — sorri. — Posso? — ele assentiu, abrindo os olhos.

Com bastante cuidado, comecei a aparar as pontas da franja dele. Não fiz muita coisa, apenas a deixei mais curta e mais certa. Sasuke-kun havia fechado os olhos outra vez, e eu quis rir. Ele poderia estar sem cabelos que eu iria amá-lo da mesma forma, porque eu amava sua essência, quem ele era.

— Prontinho! Não estraguei seu cabelo, Uchiha-san!

Ele me olhou desconfiado. Tirei a toalha cheia de fios de seus ombros e comecei a recolher alguns tufos que caíram no chão, Sasuke-kun levantou-se e foi até o banheiro, depois de recolher tudo, fui até ele jogar no lixo. Ele ainda observava cada detalhe para ver se eu não havia feito besteira.

— Viu? Não fiz nada demais! — mostrei língua.

Ele virou-se para mim com a sobrancelha arqueada. O encarei com o encantamento que nunca havia se quebrado, eu podia fitá-lo mil vezes e sentir-me como na primeira vez que nos vimos.

Ele abriu um meio sorriso e eu fiquei aliviada. Ele tinha gostado. 

— Ficou bom... — foi tudo o que disse.

Ri e abracei seu tronco;

— Eu sei, fiz um ótimo trabalho. — brinquei.

— Hm. — resmungou, abraçando-me de volta.

— Não seja assim... 

Ele nada disse, apenas pegou-me no colo, imprensando-me contra o azulejo frio. 

— Você fez o que queria... Agora vou fazer o que nós queremos. — disse, sensualmente. E tomou meus lábios urgentemente." 

༺ ❀ ༻

Ri comigo mesma daquela lembrança, aquele dia ficou marcado em minha memória. Também pudera, era muito fácil imaginar uma vida toda com Sasuke-kun, era fácil me imaginar sendo a esposa dele, mesmo sabendo que isso era praticamente impossível. Era fácil imaginar-me acordando todos os dias ao lado dele, apoiando-o em suas escolhas e vendo aquele sorriso irresistível todos os dias.

Com ele era tudo mais fácil, a vida se tornava mais colorida e mais bela. 

Don’t let them dim the light that shines in your eyes

If only you could love yourself the way that I love you

How many times can I say

You don’t have to change a thing

Don’t let the tide wash you away

Don’t let worry ever clip your wings

Discard what is fake, keep what is real

**

Sasuke sentia-se relaxado enquanto os jatos de água batiam contra suas costas e cabelos. Ele se mantinha absorto em pensamentos, na verdade, o único foco deles era sempre a mesma pessoa: sua doce Sakura. Todas as vezes perguntava-se como uma garota tão jovem havia transformado sua vida. Casar e ter filhos nunca fora seu foco, ainda que fosse um dever, era uma tradição de sua família, onde todos os Uchihas homens deveriam constituir família e principalmente ele que se encontrava na linha direta de sucessão. Porém, com ela, esse pensamento de construir uma família era contínuo, mais do que nunca queria-a como esposa, queria que ela fosse só sua para sempre. Somente sua.

Seu maior medo era perdê-la, era nunca poder estar junto com ela, de fato. 

Sakura era o amor de sua vida, a dona do seu coração. Por ela que experimentava sensações nunca sentidas por ele, o mais sublime dos sentimentos, por ela quem se dedicava a ser melhor a cada dia. E sorriu consigo mesmo, nunca teve dúvidas que a amava, mas agora queria torná-la sua para todos. Faltava alguns anos para que Sakura completasse sua maioridade civil, estava decidido a jogar tudo para o alto por causa dela. Se fosse preciso fugiria do país, levando-a consigo. 

Teria sua felicidade consigo. 

Desligou o chuveiro e ficou alguns minutos encarando o azulejo, lembrando-se do dia mais feliz de sua vida, quando a pediu que fosse sua namorada. 

༺ ❀ ༻

" — Sabe, Sasuke- kun, ainda não entendi como você pode não gostar de sorvete! É, provavelmente, minha sobremesa favorita no mundo. — a Haruno descrevia empolgada enquanto saía da sorveteria. O Uchiha de mãos vazias enquanto Sakura, adoravelmente, tentava equilibrar-se e não se lambuzar com o copo imenso contendo duas bolas sabor cereja e calda extra de chocolate.

— Não gosto de doces em geral, Sakura. — disse, com um meio sorriso que ela adorava e a fazia corar, porém, foi inevitável que ela inflasse as bochechas com a resposta dele, o que fez Sasuke ter vontade de apertá-la.

Sakura parecia uma boneca de porcelana aos olhos dele, e na maioria das vezes e a cada dia mais, o Uchiha se via ficando encantado por ela e por cada pequena coisa que a garota fazia.

— Mas não creio que você não goste de sorvete! É tão gelado e derrete na boca, o gosto docinho para mim chega a ser viciante! Além disso, há tantas opções de sabores, que me pergunto se você ao menos já experimentou algum, Sasuke-kun? Provavelmente, um vai se adaptar ao seu paladar... Vem, vamos voltar e encontrar um sabor para você. — Sakura estava prestes a se levantar do banquinho no parque em que tinha se sentado, dar meia volta e retornar até a sorveteria, mas foi impedida por ele que a segurou.

— Existe um sorvete com sabor de tomate? — perguntou, no modo sarcástico que adorava usar com ela, erguendo uma sobrancelha no processo, a Haruno torceu uma expressão incrédula.

— Tomate, Sasuke-kun? Isso não é um sabor normal, mas deve existir em algum lugar... — disse, pensativa, pondo a mão no queixo. — Tenho certeza que vou encontrar algum dia para você. — ela sorriu, lindamente, animada com a ideia, porém já desistindo de retornar, não teriam aquele sabor que ele queria na sorveteria em que foram, com certeza.

— Hm, obrigado, Sakura. — se permitiu sorrir inteiramente, a meiguice dela, de fato, conquistava e mexia com ele, chegava a agitar e aquecer até mesmo uma parte que ele já tinha considerado inexistente dentro de si mesmo: seu coração.

 O Uchiha tinha certeza que estava gostando dela, Mikoto era a única que já tinha lhe tirado um daqueles sorrisos. A Haruno, por sua vez, também sentiu seu coração disparar freneticamente com aquele vislumbre do que ele lhe permitia ver, ela sabia que amaria ainda mais aquele sorriso de Sasuke, porque aquele seria só dela.

Tentando não demonstrar que estava descaradamente fascinada com ele, procurou desconversar e rezar para que a vermelhidão em suas bochechas não a denunciassem.

— B-bom, Sasuke-kun, não sei se sorvete de tomates é bom, mas esse aqui, por exemplo, tem pedacinhos de cereja. Tem certeza que não quer experimentar? — perguntou, erguendo a colherzinha um pouco.

Sasuke arfou. O desejo de beijá-la já tinha surgido diversas vezes e ele nunca encontrava o momento certo, ou era o local em que estavam que não permitia, ou o fato de que ele tinha que se controlar para não assustá-la. Sabia que era o primeiro homem com quem Sakura se envolvia, e que era tão inocente que nem nunca mesmo tinha sido beijada, mas ele sentia que explodiria se não fizesse isso agora. Já tinha sido paciente demais, o que não era feitio de um Uchiha.  

— Estou mesmo tentando a fazer isso... Posso mesmo provar? — disse, baixinho, com os olhos fixos nos lábios tão rosados quanto os cabelos dela, eles pareciam ainda mais convidativos naquele momento.

— Claro, Sasuke-kun! — Sakura não parecia perceber a real intenção do Uchiha com o pedido.

— Foi você que insistiu, então não vá se arrepender quando eu o fizer. — entoou, divertido, sabendo que ela nem ao menos desconfiava de sua intenção.

— Fazer o quê? Afinal, é só sorvete e... — começou, mas foi prontamente interrompida.

— Isso. — ele sussurrou e, no segundo seguinte, seus lábios estavam colados aos dela.

A incredulidade tomou conta de todo o seu ser. Não acreditava que estava tendo seu primeiro beijo, e melhor ainda com Sasuke... O coração dela estava tão acelerado que ela mal podia acreditar, mas não deixaria que a surpresa estragasse aquele momento. Ele a estava beijando como ela secretamente desejou que ele fizesse, e agora iria aproveitar.

Entreabriu os lábios quando a língua dele pediu passagem e quando a mesma tocou a sua, um choque térmico percorreu todo o seu corpo, a língua quente em contato com a sua gelada era maravilhoso e Sasuke também parecia aprovar já que ofegou baixinho.

Ele a apertou mais contra si de maneira desesperada, queria sentir toda ela naquele beijo, era possesivo e sabia que depois daquele momento Sakura Haruno seria inegavelmente sua.

Ela passou os braços por seu pescoço, arrepiada da cabeça aos pés, apreciando a sensação dos lábios dele e a maneira como o beijo se desenvolvia. Inicialmente copiou os movimentos dele, mas agora arriscava os seus próprios... Junto com algumas mordidinhas, que ele admitiu pra si mesmo, gostar mais do que deveria. Era mágico beijar Sakura, seus lábios eram os mais macios que ele já tinha provado, sua língua era aveludada e seu gosto era doce de uma maneira que ele adorou ao invés de odiar... Foi perfeito, lento e o melhor beijo de todos.

Separou-se dela totalmente a contragosto, quando o ar se fez necessário e ele partiu o beijo, sorrindo de canto logo em seguida, se colocou a observá-la. Suas bochechas estavam extremamente vermelhas e ela ainda o olhava espantada, como se não acreditasse no que havia acabado de acontecer entre os dois.

Ele havia acabado de prová-la e já queria mais dela... O que diabos Sakura estava fazendo com ele? Não sabia! Mas estava disposto a descobrir passando o máximo de tempo que conseguisse com ela. Estava certo do que faria.

— Gosto de você, Sakura. Aceitaria namorar comigo? — perguntou, sincero, encarando os belíssimos olhos verdes que ela possuía. 

Estava louco, sabia perfeitamente que ela era jovem demais para ele que havia completado há pouco seus 23 anos, sabia que era proibida para si e que nunca sua família permitiria um relacionamento entre eles. Mas aquilo era um mero fator para ele, se ela o quisesse, estaria disposto a lutar por ela.

— Também gosto de você, Sasuke-kun, isso está mais do que claro para mim, mas... Por que exatamente eu? Sabe que poderia ter qualquer outra mulher que desejasse. — bradou, insegura.

— Não vou mentir para você Sakura, sabe que detesto mentiras. Sim, eu já tive diversas mulheres, e todas certamente mais experientes que você, afinal você ainda é muito jovem... Mas estou apaixonado, nenhuma delas fez com que eu me sentisse da maneira como você faz, se não for você, não será mais ninguém, Haruno. E então? Vai me dar a imensa honra de ser o seu primeiro namorado? — ela piscou os olhos, emocionada, com o que ele havia dito.

— Sim, Sasuke-kun! É claro que eu aceito você. – disse, se jogando no mesmo em um abraço apertado. — Será o primeiro e certamente o único. 

Afastaram-se lentamente e ele acariciou sua bochecha, e então por fim levou sua mão a nuca da rosada, a puxando para mais um beijo, agora apressado, cheio de desejo. Suas línguas travavam uma batalha intensa e se moviam em perfeita sincronia, aquela sensação era ótima. Encerraram o beijo com um selinho demorado, e fitaram-se mais uma vez encantados. Então, era assim estar desesperadamente apaixonados?

— Sabe, Sasuke... — começou Sakura, se aconchegando ao namorado. — Tenho medo de toda essa situação, nossa relação é impossível para nossas famílias. Tenho medo do que meus pais irão dizer, acho que devemos manter em segredo por enquanto... Não quero perder você! — terminou, receosa, ele suspirou.

— Vai ser complicado, mas também acho que é o melhor, no momento. Vamos dar tempo ao tempo, não é? —  disse, apoiando sua cabeça na dela.

— Algum dia, quando for a hora certa, seremos capazes de contar... — sentenciou, por fim, pegando na mão do moreno. "

༺ ❀ ༻

Na época achou-se imprudente e que estava cometendo uma loucura, mas com certeza fora a melhor escolha da sua vida. Hoje sabia que tinha alguém por quem lutar e que se encaixava perfeitamente naquilo que queria. Sasuke enrolou-se na toalha e saiu do banheiro, e então mirou o ser mais belo que já havia visto. Sakura era belíssima, era um anjo. Seu anjo.

— Você é tão linda. — proferiu, assustando-a. O desejo que sentia por ela era de outro mundo, nunca se cansava de tê-la para si. 

— Oh, Sasuke-kun! — sorriu lindamente, aquele sorriso era de tirar o fôlego. — Linda, é? 

— A mais bela de todas. — aproximou-se dela, com a respiração pesada. 

— O que deu em... — ele a silenciou, pegando em sua cintura e tomando os lábios dela. 

A Haruno segurou nos braços do Uchiha e correspondeu ao beijo de forma apaixonada. Como dois desesperados. 

Assim que separaram-se, Sasuke segurou em seu queixo e lhe fitou os lindos olhos verdes.

— Eu amo você. — era sempre uma surpresa ouvir aquelas palavras, ainda que fossem ditas todos os dias.

— Eu também te amo... — sorriu.

Encostou sua testa a dele, ainda que ele estivesse curvado para isso. Ele faria de tudo por ela. 

Pursue what you love, embrace how you fee

If only you could love yourself the way that I love you

And if you ever choose a road that leads nowhere

All alone and you can’t see right from wrong

**

Teatro Hi no Ishi 

Aquele era o grande dia da minha apresentação, eu havia me preparado tanto para aquilo e tentava arranjar forças apertando o colar que Sasuke me dera. Por ser um vínculo entre nós, eu pensava que pudesse me dar a segurança que eu não tinha naquele momento, mesmo com toda a preparação e dedicação que tive, eu sempre ficava ansiosa por causa de uma apresentação. Papai e mamãe como sempre não estariam presentes, o sonho de ser uma bailarina era partilhado apenas por mim e vóvo Tsunade. O  Teatro escolhido foi o mais antigo do Japão, e eu estava muito feliz por estar tendo aquela oportunidade de me apresentar como um dia minha belíssima vó Tsunade havia feito, eu queria muito seguir seus passos e me tornar uma bailarina algum dia.  Meu celular vibrou na bolsa em cima da penteadeira do camarim, o peguei e havia uma mensagem de Sasuke.

"Dará tudo certo. Estarei com você sempre, meu amor"

Senti meu coração aquecer-se e sorri, pondo o celular contra o peito. Que melhor sensação do que ter que alguém que te ama e te apoia nos seus sonhos? Minha insegurança naquele momento havia ido embora. Sasuke-kun acreditava em mim e eu deveria fazer o mesmo. 

— Você está pronta, Sakura? — Kurenai perguntou, na porta do camarim.

— Sim. — respirei fundo. 

— Você tem se esforçado, Sakura, com certeza se sairá bem. — Kurenai sorriu, entrando e pondo a mão em meu ombro.

Pus a mão em cima da dela e sorri também. Para mim, aquele incentivo foi muito esperado, por isso significava bastante. 

— Obrigada pelo apoio, Kurenai-sensei. — agradeci, sincera. 

Surpreendi-me ao receber um abraço dela.

— Dê o seu melhor. — sussurrou. — Vou avisá-los que está pronta! — soltou-me rapidamente.

Conferi se estava tudo certo, maquiagem, roupas, cabelo. Logo ouvi anunciarem que eu já iria me apresentar, respirei fundo e levantei-me, saindo do camarim.

— Tudo certo, Haruno-san? — o diretor de artes perguntou. 

— Sim, Yoshida-san. — confirmei. 

— Fique atrás das cortinas e se prepare. — assenti.

Posicionei-me atrás das cortinas, esperando abrirem-nas. Quando o fizeram, senti borboletas em meu estômago ao fitar a plateia que dirigia olhares concentrados para mim, fiquei em posição, aguardando o início da música, procurando Sasuke-kun com o olhar. O encontrei na primeira fileira. 

Ele me fitou, dando um meio sorriso e sussurrou um impactante "eu amo você". Meu coração disparou, ele estava ali por mim, estava ali torcendo para que eu desse o meu melhor. E eu o faria, por ele e por mim. Fechei os olhos, ouvindo a melodia clássica começando a soar. Concentrei-me e iniciei com passos simples e bonitos. Sempre quando se está dançando, ballet em especial, precisa-se de um foco... Algo ou alguém para que não perdêssemos a direção nem a concentração. Foquei-me nos olhos de Sasuke que não desgrudavam de mim. 

Então, fingi que não havia ninguém, só eu e ele ali, como se o tempo tivesse parado. Deixei-me levar pelo ritmo leve da música e dancei para ele. Quando dei por mim, estava chorando, recebendo aplausos da plateia. Curvei-me agradecendo e as cortinas fecharam-se, respirei fundo, sorrindo. Sentei-me na cadeira, fechando os olhos. Aquela sensação era tão maravilhosa, como estar em êxtase.

Pus a mão no peito e sorri. Finalmente meu sonho estava concretizando-se, pela primeira vez eu pude experimentar a sensação de ser independente. 

— Senhorita Haruno? — ouvi uma voz feminina do outro lado da porta.

— Sim? — respondi, abrindo os olhos.

— Desculpe atrapalhar, mas é que deixaram um buquê de flores para a senhorita! 

Um buquê de flores? Seriam de Sasuke? Levantei-me da cadeira e abri a porta, dando de cara com uma garota mais ou menos de minha idade segurando um buquê de rosas vermelhas.

— Oh, arigato... — agradeci, envergonhada. 

— Por nada! — sorriu. — Nossa, são flores lindas!

— São mesmo... — concordei, abrindo um sorriso.

— Foi aquele moço que ficava te olhando? — juntei as sobrancelhas. — O moreno. — arregalei os olhos. — Desculpe a curiosidade, mas é que ele te olhava de um jeito... Tão apaixonado...

Senti minhas bochechas esquentarem. Kami, como ela havia notado? Sasuke era sempre tão discreto. 

— N-não... — disse, incerta. Eu não sabia mentir. — Nós somos só amigos...

A moça gargalhou e eu corei mais ainda. 

— Você gosta dele, não é? —  ela falou, baixo, com se fosse um segredo.

Apertei o buquê em mãos. 

— Não se preocupe, eu não vou falar nada para ninguém, prometo! — sorriu. — Mas sabe, eu nunca vi um olhar tão apaixonado quanto o dele pra você...

— Jura? — sorri, como uma boba. 

— Sim! Sério, vocês formam um casal lindo... 

— Obrigada. Por favor, eu te peço, mantenha isso em segredo... — pedi. — É perigoso...

— Claro! Seu segredo tá seguro comigo. — piscou. — Posso saber apenas por que é segredo?

Fitei o chão.

— Ele é um Uchiha.— sussurrei, chorosa.  A moça então me olhou, assustada. Todos sabiam que membros da realeza não se relacionavam com quem não fosse permitido. 

A moça então pegou em minha mão.

— Olha, eu não entendo muito dessa coisa de amor... Mas eu vi que vocês se amam muito, então, tenho certeza que vai tudo certo! — sorri. — Vocês já tem a principal coisa pra dar certo: a reciprocidade, depois disso, o resto é fácil de vencer. — piscou outra vez. 

Ouvi um grito lá dos fundos.

— Ihh, tão me chamando! — ela disse, saindo correndo. 

— Ei, moça! — gritei. — Obrigada! 

— Por nada! — riu. — E meu nome é Tenten!

**

Eu estava nos fundos do teatro, onde o movimento era menor esperando Sasuke-kun chegar. Meu celular vibrou na bolsa e eu sorri ao ver no identificador de chamadas o nome da minha avó Tsunade, como eu gostaria que ela tivesse visto minha primeira apresentação pública. 

— Oi, vovó! — minha voz era animada, minha avó era meu maior exemplo e inspiração na vida, eu a admirava muito. 

— Sakura, minha querida, para você é apenas Tsunade! — esbravejou, mas era perceptível o divertimento em sua voz. — Já disponibilizaram a apresentação na internet e eu a vi. Liguei apenas para lhe parabenizar, você estava incrível, querida.  

Meus olhos marejaram-se, eu amava tanto minha avó e eu ansiava com o dia que pudesse trazer orgulho a ela.  É tão maravilhoso quando alguém reconhece seus esforços, principalmente, quando essa pessoa é sua maior inspiração para continuar se esforçando. 

— Obrigada, Tsunade — murmurei, com a voz embargada. — Você é minha maior inspiração, meu maior exemplo. Graças a você, eu estou aqui hoje. Todo mérito é seu. 

— Meu orgulho é você, querida. Mas o mérito é completamente seu, você esforçou-se para estar onde chegou, Sakura. — eu podia sentir seu orgulho na voz. — Diga-me, como você tem estado? 

— Eu estou bem. Tenho me sentido cada vez melhor. — sorri, derretida com as flores.  

—  Tenho sentido você diferente, sua voz, seu jeito...  

— Oh, não é nada, Tsu... — eu confiava em vovó, mas queria lhe contar tudo pessoalmente. . 

— Diga a verdade, Sakura. Você está gostando alguém, não é?

Suspirei, para ela eu era como água cristalina, um espelho. Ela havia me ensinado as melhores coisas que pude aprender, inclusive o fato de não saber mentir ou esconder nada.  

— Promete não contar pra mamãe? — pedi, temerosa. Ela sequer poderia desconfiar. 

— Sua mãe não fica ciente de nenhuma de nossas conversas, Sakura. Até porque você sabe que eu detesto os ataques de histeria dela! 

— Sim, eu estou apaixonada... — falei, baixo.

— Oh, querida... Isso é maravilhoso! Ele a faz feliz? — Tsunade disse e nesse momento, avistei Sasuke parado à minha frente com um sorriso maravilhoso.

— Mais do que eu poderia imaginar...  Eu sou a pessoa mais feliz desse mundo! — respondi, sorrindo. — Tsunade, eu preciso desligar... Foi muito bom falar com você! 

— Tudo bem. Cuide-se, Sakura. — advertiu.

— Está bem. Eu amo você, vovó. — murmurei, aproximando-se de Sasuke.

— Eu também te amo, querida. — desligou. 

— Sasuke-kun... — chamei-o, sorrindo e o abraçando.  

— Era sua avó? — perguntou, abraçando-me de volta. 

— Sim. — meu sorriso era imenso.  

Ele colocou seu queixo sobre o meu.  

— Você falou sobre nós? — seu tom não era preocupado, apenas cauteloso.  

— Ela perguntou-me se eu estava apaixonada e eu confirmei. — sorri. — E se você me fazia feliz. 

Senti que ele deu um meio sorriso. 

— E eu faço?   

Afastei meu rosto do seu peito e toquei seu rosto, em um sorriso diferente do anterior, era um sorriso de confirmação. Eu sou imensamente feliz com ele.  

— Você tem alguma dúvida? 

Ele me encarou com aqueles olhos tão profundos quanto a noite e negou.  

— Você me surpreende todos os dias. E eu te amo cada vez mais. — confessei.  

Ele pegou minha mão e depositou um beijo, não era necessário palavras.  

**

Bangkok, Tailândia.  

Depois de dias fazendo seu papel de diplomata, representando seu país e seu reino, Itachi havia tido um momento de descanso. Estava há seis meses longe do Japão, viajando por toda a Ásia. Ele gostava muito de ficar meses longe de toda pressão política que lhe cercava, por ser filho mais velho. Na Tailândia, eram 6h da manhã e sentiu seu paletó vibrar constantemente. Quem raios o ligaria àquele horário? 

Ao ver o nome otou-san brilhar na tela, sentiu-se surpreso. Fugaku Uchiha não costumava ligar para si, algo extremamente grave deveria ter acontecido. Talvez até com Mikoto.  

— Fugaku? — Itachi, proferiu.  

— Preciso que volte imediatamente ao Japão, Itachi. — a voz dura do pai não o surpreendia. 

— Impossível, tenho uma reunião com o ministro de relações exteriores da Tailândia amanhã. — argumentou, bebericando um café expresso. 

— Não me importa o que esteja fazendo, Itachi! Preciso que esteja no Japão essa semana. — disse, nervoso.  

— Pai, entenda, não posso abandonar uma negociação assim... É totalmente ilógico que me peça para voltar quando estou fazendo o melhor pelo Império e... — Itachi fora cortado pelo pai. 

— É urgente, é sobre seu irmão. — falou, pois sabia que aquela era a única maneira de convencê-lo.  

Itachi então largou o café em cima da mesa, por Sasuke, seu irmãozinho, faria qualquer coisa. Relações diplomáticas poderiam esperar.  

— O que há com Sasuke? — preocupou-se.  

— Você saberá quando estiver aqui, venha o mais rápido possível. Darei um jeito de falar com Izuna para que ele assuma a reunião. — decretou, Fugaku.  

— Pegarei o primeiro voo.  

Não obteve resposta, apenas ouviu a chamada ser interrompida. Itachi suspirou e encarou a janela. Sabia que não conseguiria trabalhar aquele dia, a preocupação com seu irmão sobreporia seu foco no trabalho. Itachi tinha consciência de que, se seu pai havia telefonado para falar de Sasuke, algo grave havia acontecido. Primeiramente, porque Fugaku não metia-se em problemas relacionados aos filhos, principalmente de Sasuke, porque a relação de ambos não era boa. Segundamente, porque quem sempre tomou conta de Sasuke fora o próprio Itachi. E por último, Fugaku jamais ligaria para si se não fosse algo extremamente urgente.  

Como um irmão preocupado, Itachi bufou e tentou não pensar em Sasuke; mas a dúvida que não queria calar: O que seu irmãozinho querido havia feito? 

**

Sasuke se encontrava no quarto, o mesmo que tivera o primeiro encontro com Sakura, na mansão principal do Palácio. Estava mexendo em seu notebook e conferia os imensos compromissos imperiais que tinha aquela semana, uma das coisas ruins de ter voltado ao Japão. Fugaku cuidava da OujiU, a empresa comercial independente da Família Uchiha e Sasuke o fazia por detrás das cortinas. Ambos dividiam os deveres, já que Itachi se encontrava no exterior, apesar de que Fugaku internamente desejasse passar o total poder à Sasuke, pela competência que o Uchiha mais novo demonstrava. 

Batidas na porta interromperam o trabalho do mesmo, e este bufou. Quem raios poderia ser? Todos os empregados estavam cientes de que não deveriam interrompê-lo quando estava concentrado em seu trabalho.  

— Estou ocupado. — disse, friamente. 

— Me perdoe, querido. Preciso falar com você, teria um minuto? 

Sua mãe lhe chamava, para Mikoto teria todo o tempo do mundo. 

— Mãe, sabe que para você, sempre tenho tempo. — disse, abrindo a porta e pegando gentilmente a mão de sua Mikoto para colocá-la para dentro do quarto.  

A senhora Uchiha então sorriu docemente para o caçula, adentrando o quarto. Ela sentou-se em uma das cadeiras estofadas e Sasuke sentou-se ao lado dela, aguardando para que ela começasse o que queria lhe dizer. O sorriso então dissipou-se e deu lugar a uma face talvez séria demais para Mikoto Uchiha.  

— Há alguns dias tenho notado que você está diferente, filho. — começou, o olhando. — Eu sinto dentro de mim que algo em você mudou. 

Sasuke ficou surpreso, era claro que sua mãe notaria sua repentina vontade de ficar no Japão, seu bom humor e sua concentração nos deveres do Palácio. Abriu a boca para falar algo, mas não conseguiu.  

— Eu quero que saiba que fiquei feliz que você tenha decidido ficar e assumir seu lugar, seja o que for que tenha acontecido. — Mikoto por algum motivo, não o fitava nos olhos como sempre fez. — Eu te peço apenas que nunca a machuque, Sasuke. Um coração quebrado nunca volta a ser inteiro novamente.  

Ela sabia, claro que sabia que ele estava apaixonado.  

— Mãe...  

— Você a ama, seja quem for. Cuide desse amor, Sasuke. — Mikoto beijou o rosto do filho e sorriu levemente. — Seu pai pediu que eu lhe dissesse que ele está esperando-o na biblioteca.  

A postura fria de Sasuke então voltou. 

— O que ele quer?  

— Eu não sei, querido. Só te peço que não se desentenda com seu pai. — pediu, antes de sair do quarto.  

Odiava ter que lidar com Fugaku, preferia lidar com os problemas imperiais do Palácio do que enfrentar seu pai. Tudo sempre acabava mal entre eles. Sasuke bufou, fechou o notebook e dirigiu-se ao escritório para ver o que seu pai queria. Não bateu na porta, apenas entrou, como sempre. Lá estava ele, fumando seu charuto e sentado na poltrona como um lorde. 

— Deveria ter batido na porta. — Fugaku disse, friamente. 

— O que você quer? — falou, tão friamente quanto o pai. 

— Feche a porta. — tragou o charuto.  

Sasuke estreitou os olhos, mas o fez, cruzando os braços. 

— Está passando da hora de você constituir família. Você sabe que assumirá o lugar de Itachi logo. — disse, o mais velho, gélido. 

— Não, não assumirei. Itachi voltará logo e assumirá a posição de direito. — rebatou, ácido.  

— Não me desafie, garoto. — rosnou, entredentes.  

— Diga logo o que diabos você quer. — Sasuke disse no mesmo tom. 

— Arranjei um casamento para você com Ino, do Cã Yamanaka. Ela vem de uma família extremamente tradicional e respeitada de Konoha, é neta do Hokage de Konoha, Hiruzen. Meu pai aprovou seu casamento. — soltou de uma vez.  

Sasuke encarava o pai incrédulo, como ele havia planejado um casamento sem consultá-lo e ainda meter seu avô no meio? Como ele poderia querer casá-lo com uma desconhecida sem lhe consultar? Ele só poderia estar ficando louco! 

— Como diabos você planeja um casamento sem me consultar? Você só pode estar ficando louco! — rugiu, Sasuke, no fundo estava indignado com tal ato.  

Fugaku apertou as mãos em punho. 

— Moleque inconseqüente, estou falando sério. — Fugaku levantou-se, batendo na mesa. — Você se casará com Ino!  

— Há muito tempo deixei de seguir suas ordens. — retrucou, virando-se para ele com ódio. 

— Você pode não querer seguir minhas ordens, Sasuke, mas não pode quebrar a tradição do seu Clã, imposta pelo Imperador. — Fugaku disse, num tom de superioridade. — Você sabe bem que as ordens de Madara são incontestáveis.  

Sasuke estava ciente de todos os protocolos e tradições que deveria seguir, contestar Madara, o Grande Imperador, era como cometer suicídio.  

— Você não pode ser tão baixo assim.  

Fugaku então riu, com escárnio.  

— Se você ousar me desobedecer, farei pior. Eu jogarei a imagem da sua namoradinha Haruno na ruína. — ele sabia que havia tocado no ponto fraco do filho, quando viu sua postura desmoronar.  

— Como sabe sobre ela?  

— Isso não importa, quero saber onde estava sua maldita cabeça para se envolver com aquela garota. Sabe que sua relação com ela é proibida e você poderia até parar na cadeia por isso! Arruinaria nosso nome por uma ninfeta, Sasuke — ralhou, furioso. — E para piorar, ela sequer possui maioridade civil!  

— Eu a amo, não me importo com questões puramente políticas. — disse, determinado.

— Está chamando uma atraçãozinha ridícula de amor? — o mais velho disse, irônico. 

— Não estou somente atraído por ela! Eu a quero para ser minha esposa! 

Nesse momento, Fugaku teve certeza do período de loucura que seu filho estava. Ele nem havia pensado em como isso refletiria na sociedade japonesa, na própria família imperial ou na própria garota, se isso viesse a público, Sakura poderia ser banida do país. As tradições eram milenares e nunca haviam sido mudadas.  

— Você pensou em algum momento na garota, ou foi egoísta o suficiente para pensar somente em você?   

Sasuke o olhou, claro que havia pensado em Sakura... a todo momento era o que mais pensava, em protegê-la. Por isso não havia jogado tudo para o alto. 

— Eu só não a assumi publicamente para protegê-la, Fugaku.  

O mais velho passou a mão nos cabelos, descontrolado.  

— Você só pode estar louco. Mas não importa! Vou tirá-lo desse mar de ilusão, casando-o com a Yamanaka. 

— Eu jamais me casarei com essa mulher! — rebateu, o mais novo.  

— Você está duvidando do meu poder, Sasuke. — Fugaku disse, perigosamente baixo. — Sabe que sou a pessoa mais  influente desse país, garoto. Posso erguer uma pessoa tão fácil como posso fazê-la rastejar ao chão. — o Uchiha mais velho dizia, friamente, enquanto sentava-se na poltrona outra vez. 

Os lábios de Sasuke formaram uma linha reta. Sim, ele mais do que ninguém sabia o poder que sua família, mais precisamente seu pai, tinham no país. Toda a Família detinha todo o poder de controle do país, eles eram a realeza, podiam tudo. Tudo o que ditavam, assim seria. Mas Fugaku, era o primogênito do Imperador Madara, ele poderia fazer o que quisesse, sem ser questionado.  

—  Você não poderá fazer nada a Sakura. Os Harunos são poderosos, com certeza não irá querer começar uma guerra entre os Clãs. — Sasuke jogou, seu pai não poderia arruinar Sakura dessa forma, jamais permitiria isso. 

O Uchiha mais velho deu um meio sorriso frio. Como se zombasse do que o filho havia acabado de dizer.  

— Crê que os Harunos a apoiarão? Crê que a protegerão quando tiverem seu tão precioso renome e a impecável imagem jogados na lama? — zombou, jogando o charuto no lixo. — Não seja tolo, garoto. Kizashi Haruno faz de tudo para manter a imagem impecável da família, será um escândalo quando souberem do casinho que você e a filhinha perfeita possuem. Acredite, ele a renegará, jamais a apoiará.   

Sasuke apertou o punho, sentindo os olhos marejarem. Não se perdoaria jamais se algo acontecesse à Sakura. Não poderia arruiná-la. Não poderia deixar que a tocassem. Mesmo que isso significasse quebrar seu coração. Mesmo que ela o odiasse para o resto da vida. Jamais permitiria que fizessem mal a ela.  

Fechou os olhos, sentindo as lágrimas riscarem suas bochechas. Fugaku olhou a cena surpreso. O que diabos aquela garota fez com seu filho?  

— Pai... — começou, abrindo os olhos brilhantes pelas lágrimas. — Eu a amo. — o choque estava presente nas feições de Fugaku. — A amo mais do qualquer coisa. — pisando em seu orgulho, Sasuke ajoelha-se diante do pai. — Por tudo o que mais ama, por minha mãe, deixe-a em paz! — O mais velho fitava Sasuke com desgosto e desprezo. 

— Essa garota nunca será sua esposa! Olha o que diabos ela fez com você, tornou-te um maldito fraco! — gritou, furioso. — Um Uchiha, um filho meu, ajoelhando-se e implorando por uma criança! Isso é inaceitável! Você é uma vergonha, Sasuke, uma desonra para mim! — aos gritos, Fugaku pegou-o pelo braço e o ergueu. 

Jamais suportaria ver seu filho humilhado diante de ninguém, nem de si mesmo. Porque um Uchiha não se rebaixa a ninguém.  

— Não é fraqueza e nem vergonha demonstrar sentimentos, pai! — Sasuke rebateu, com a voz embargada.  

— Ouça bem, Sasuke. — o progenitor falou, duramente. — Se não casar-se com Ino Yamanaka, eu cumprirei o que lhe disse, arruinarei a vida da sua preciosa Sakura, ela será banida e Kizashi e Mebuki serão mortos.  

— Não... — disse, derrotado. — Farei qualquer coisa por ela, mas a deixe fora disso.  

— Eu deixarei... — proferiu. — Me obedeça e a deixarei.  

Recompondo-se, Sasuke endireitou a postura e voltou à expressão fria e inexpressiva. 

— Dê-me sua palavra que não fará nada a Sakura. — exigiu.  

Fugaku fitou-o tão friamente quanto o próprio.  

— Você a tem. Case-se com Ino e se afaste de Haruno Sakura.  

 Com um suspiro profundo e doloroso, Sasuke assinou seu destino:  

— Como quiser, pai. — sua voz não saíra trêmula, mas por dentro estava como um gatinho assustado.  

Virou-se para sair do escritório, mas uma frase de pai o fez parar por alguns segundos. 

— Esse é o preço de carregar o seu sangue Uchiha, a sua vontade nunca será maior que a minha.  

**

Naquela tarde, passei mais uma vez no apartamento de Sasuke-kun, Kurenai havia me liberado dos ensaios. Eu estava deitada, em sua cama, fitando o teto cor creme e ele estava na cozinha, preparando alguma refeição para nós, há alguns dias havia notado sua mudança de comportamento, estava distante, aéreo, sempre parecia nervoso quando eu lhe perguntava se estava tudo bem e também desconversava ou desviava o assunto quando eu lhe questionava o que havia de errado. Por mais que eu confiasse em Sasuke, havia uma ligeira impressão de que ele estava me escondendo alguma coisa. Eu costumava sempre confiar em minha intuição. Ela era certeira, quase nunca falhava. E ela me dizia que ele estava me ocultando algo, além de quê essa semana, ele estava bastante protetor. Nunca me deixava só mesmo estando com ele, abraçava-me a todo o momento, como se eu fosse fugir. Dessa hipótese, eu quis rir. Como eu poderia fugir dele se o que eu mais queria era estar em seus braços?  

Respirei fundo e decidi ir até ele. Eu precisava saber o que estava acontecendo, precisava entender porque essa repentina mudança. 

— Sasuke-kun? — o chamei, ele parecia concentrado na cozinha e estava sem camisa. 

Ele apenas fitou-me por longos segundos. Para outras pessoas, Sasuke era uma incógnita. Para mim, como um livro aberto. Comigo, ele permitia que seu sentimentos refletissem em seus olhos, mas o sentimento que estava ali não era bom; a culpa parecia consumi-lo. Mas por que Sasuke sentiria culpa? Ele não havia feito nada de errado, não comigo. Talvez ele esteja passando por problemas em sua família ou na empresa, e não quer contar-me.

— Precisa de ajuda? — ofereci-lhe.

Seu olhar estava em meu rosto, mas ele não parecia olhar para mim. Parecia perdido em pensamentos. 

— Você precisa de ajuda? — repeti, aproximando-me. Ele pareceu sair do transe e negou. 

— Já estou acabando. — murmurou, desviando o olhar. 

— Você está bem? — perguntei, ficando ao seu lado. 

— Sim. — foi só o que disse, monossílabo.

Suspirando, não me contive e peguei em sua nuca. Ele pareceu surpreso e nos olhamos. 

— O que está acontecendo, Sasuke? — perguntei baixo. 

Ele fechou os olhos, respirando lentamente. Então, envolveu-me em seus braços em um abraço caloroso. 

— Nada, Sakura. — sussurrou. 

O abracei de volta, colando meu rosto a seu peito. 

— Eu fiz algo? — disse, baixo.

— Claro que não. — afastou-se um pouco e segurou meu queixo. — Eu é que sou um idiota.

Juntei as sobrancelhas, não entendendo. 

— O quê? Por quê? — falei, confusa. 

Ele não respondeu. Apenas curvou-se, tomando meus lábios, fechei os olhos e lhe dei permissão para beijar-me. Mas aquele beijo era diferente, Sasuke beijava-me com uma pressa que não era dele. 

E por dentro, perguntava-me: O que estava acontecendo?

Pursue what you love, embrace how you feel

If only you could love yourself the way that I

1 hora depois

Depois que cheguei do apartamento de Sasuke, me tranquei no quarto. Ele não falou muito depois que me beijou, apenas comemos em silêncio, nos despedimos e vim para casa. Não queria pensar em nenhuma besteira enquanto não soubesse do real motivo pelo qual ele estava agindo assim, nem quando havia pouco tempo que havíamos nos conhecido, ele chegou a ser tão seco comigo. A face que eu conhecia dele era sempre gentil, ele nunca deixou suas preocupações afetarem nosso relacionamento. Até uma semana atrás, eu tinha certeza que ele me me amava, mas e agora?

Eu sei que devia racionalizar ao menos um pouco, tínhamos mais de um ano de relacionamento e muita confiança, então por que ele iria me esconder algo? Porém, me peguei a pensar, o que eu sabia sobre Sasuke-kun além do que ele ele me dizia? Eu sabia o nome dos seus pais  - coisa que todos no Império também sabiam -, sabia da sua linhagem e sabia toda a história dos Uchihas e fundação de Konoha através de livros. Mas eu não sabia dos seus amigos, não sabia se ele carregou alguém no coração além de mim, o que ele fazia na China. Eu ficava feliz apenas com o que ele me mostrava, contudo, será que o havia idealizado demais? 

Mamãe logo surpreendeu-me anunciando que recebemos um convite da senhora Uchiha, para uma tarde de chá na mansão principal do Palácio Uchiha Teitaku, como era chamada em nossa língua materna, segundo mamãe, ela queria nos apresentar a alguém muito importante. Mamãe como sempre estava empolgada com isso, afinal, ser convidada pela Majestade era um orgulho e tanto para qualquer Clã, ela tinha uma afinidade em especial com a senhora Uchiha. E eu também compartilhava de um sentimento bom por ela, não só por ser a mãe de Sasuke-kun, e sim por sua bondade e ternura. Mikoto-san sempre tratou todos com muita igualdade e respeito, ela era uma mulher admirável. Eu tinha a impressão de que a senhora Mikoto sabia sobre meus sentimentos por Sasuke, embora nunca tenha falado nada.  

Bom, confesso que já havia imaginado várias vezes a Senhora Uchiha como minha sogra. Se ela me trataria da mesma forma gentil e me receberia bem. Eu só lembrei do pedido estranho de desculpas que Sasuke me dera antes de eu partir, meu peito estava apertado. Eu queria saber o que realmente estava acontecendo. 

O chá era às 17hrs. Mamãe disse-me para arrumar às pressas porque já eram 16hrs. 

Tomei um banho rápido e não lavei os cabelos, apesar de adorar a senhora Uchiha, eu não estava com a mínima vontade de comparecer ao Palácio, onde tudo me lembrava do próprio Sasuke, mas mamãe não me deixaria ficar em casa. Penteei os cabelos e os prendi em um rabo de cavalo. Como estava um dia ameno, vi a oportunidade de usar um dos meus vestidos preferidos: um modelo tubinho de cor coral, eu havia ganhado-o de minha avó Tsunade. Vesti-o e sorri. Ele destacava em mim pela minha pele e também pela cor de meus cabelos. Calcei uma sapatilha nude, na pele só passei um corretivo abaixo das olheiras porque eu havia chorado, sem que Sasuke percebesse, e um blush cor pêssego para afastar a palidez. Nos lábios, um batom nude que era meu preferido. Depois de pronta, conferi o horário no celular; 16h39. Mamãe ainda não deveria estar pronta, senão já deveria ter gritado meu nome. Retirei o anel que ganhara de Sasuke, Mikoto-san poderia desconfiar da peça que esteve por gerações em sua família. 

— Sakura? — ouvi a voz de mamãe do outro lado da porta. — Está pronta, querida?

— Só um minuto, mamãe! — murmurei, pegando uma bolsa preta e pondo o celular dentro.  

Abri a porta do quarto e me surpreendi ao ver mamãe de forma simples, sem nada muito exagerado. 

— Nossa, mamãe, como está bonita. — comentei, dando um sorriso leve.

— Não estou muito simples? — sua preocupação era a imagem. 

— Claro que não, está linda! — sorri. 

 — Arigato, querida. — quase arregalei os olhos. Mamãe nunca agradecia a um elogio. — Você também está, vamos?

— S-sim... — falei, meio confusa. 

A confusão paraiva em minha mente, mamãe e Sasuke estavam agindo estranho. Em silêncio, seguimos até ao Palácio, incrivelmente, mamãe estava calada aquele dia. Quando chegamos, a Senhora Uchiha veio os receber pessoalmente, fizemos as costumeiras reverências e ela nos recepcionou em sua sala impecavelmente branca, a casa dos Uchihas era um palácio dos sonhos. Morar ali deveria ser quase viver num conto de fadas, as raízes do Clã estavam presentes em cada canto.

— Yumi, traga o chá e alguns biscoitos, por favor. — ouvi Mikoto-san pedir à empregada que ficava de prontidão.

Observei que ela nos fitou um pouco ansiosa, o que não era característico dela. 

— Vocês sabem que tenho muito estima pela Família Haruno. — começou, sorrindo e o sorriso de mamãe se alargou. Mikoto Uchiha era o símbolo feminino mais importante do país, ter seu apreço nos elevava a uma categoria maior. —  E gostaria de anunciar em primeira mão, algo que mudará nosso Clã a partir de hoje. 

Concentrei-me no que ela dizia, o que poderia ser tão importante assim para mudar o Clã? Poderia arriscar que seria um novo acordo político ou financeiro, mas eu tinha ciência que a Senhora Uchiha não se envolvia nessas questões. Não conhecia muito da Família Uchiha além do que era apresentado.

— Majestade, perdão o interrompimento, mas aqui está. — Yumi aproximou, estendendo a bandeja com os gyokuros e senbeis. 

— Sirva as convidadas, Yumi. —  A mulher nos serviu gentilmente.

— Oh, obrigada. — agradeci pelo ato.

— Obrigada, Yumi. Por favor, chame a senhorita Yamanaka para mim.

— Sim, majestade. Com licença. — a mulher fez uma reverência e saiu.

— Majestade, não sabe como ficamos lisonjeadas pelo seu apreço por nós... — mamãe começou a bajular a Senhora Uchiha e eu me concentrei em comer em silêncio. 

— Me chamou, Majestade? — ouvimos uma voz fina e charmosa. 

Senti o olhar da Senhora Uchiha para mim, embora não devesse, a olhei de voltar, seu olhar era culpado. Tanto eu quanto mamãe dirigimos o olhar à moça que estava parada na entrada da sala. Ela era linda, com os longos cabelos loiros presos em um rabo de cavalo, um vestido vermelho tomara que caia e um salto preto. Ela possuía pose muito elegante e esbelta e olhos tão azuis que eram o destaque de seu rosto. 

— Ino, querida, venha até aqui. 

A moça caminhou em passos delicados se sensuais até nós, ficando lado a lado da senhora Uchiha. Se ela não fosse íntima de Mikoto-san, não poderia tomar aquela atitude. Só membros da realeza podem ficar tão próximos, ela não parecia uma Uchiha, a característica principal de todo o Clã eram os cabelos e olhos negros, como Sasuke e Fugaku-sama, e também não ostentava o símbolo do Clã em nenhum lugar, como o kimono de Mikoto. Meu coração pareceu querer saltar pela boca, não eram meros detalhes. O que estava acontecendo?

Seu olhar fixou em mim, avaliando-me de cima a baixo com superioridade. Juntei as sobrancelhas. 

— Querida, eu a chamei aqui para apresentar-lhe a elas. — sorriu. — Essa é Mebuki do Clã Haruno, eles são amigos de longa data da Família Uchiha. 

A loira se inclinou para frente como era costume, assim como nós. 

— É um prazer, Haruno-san. — ela disse a mamãe. — Amigos de Mikoto-san são os meus também. 

Mamãe sorriu, falsamente. A confiança que aquela mulher emanava era fora do comum, fora que ela se dirigiu à senhora Uchiha como seu primeiro nome... Ela deveria ter algum parentesco com eles. 

— O prazer é meu, senhorita Ino, não é? — mamãe dizia, com grau elevado de falsidade.

— Sim, isso mesmo, em breve será senhora. 

Mikoto sorriu como se não percebesse a tensão que formou-se entre mamãe e a moça.

— E essa daqui. — Mikoto-san aproximou-se de mim, pegando minha mão. —  Essa moça formidável é Sakura, filha de Mebuki, a quem temos em grande prestígio. 

A mulher arqueou a sobrancelha loira e fitou-me de cima a baixo outra vez. 

— É um prazer conhecê-la, Yamanaka-san... — tentei ser gentil. 

— Igualmente, Sakura-san. — meu nome se tornou muito mais lento em sua voz. 

Mikoto então desviou sua atenção de Ino para mim. 

— Sakura, você é a pessoa que eu mais gostaria que conhecesse Ino. — falou, docemente. 

Minha expressão deveria ser a mais confusa do mundo. 

— É mesmo, Uchiha-sama? — eu dizia, sem entender absolutamente nada. 

— Claro, porque Ino é noiva de Sasuke-kun! 

Noiva... noiva de Sasuke-kun! Aquelas palavras soaram como se uma pedra caísse sobre mim, o choque foi tão grande que eu não conseguia enxergar nada à minha frente, apenas senti as lágrimas grossas descerem sem permissão, minha visão ficou turva e a cabeça começou a girar. A última coisa que lembro foi ouvir meu nome sendo gritado.

— Sakura! 

Foi a última coisa que ouvi antes de perder os sentidos. 

Don’t let the world come and change you

Don’t let life break your heart


Notas Finais


* Nome do teatro fictício.

Hokage aqui seria um líder político da cidade, como uma espécie de senhor feudal moderno, que tem ligação direta com a Família Real. É o mais importante título de cada cidade, assim como no mangá. Percebam que eu misturo elementos do universo naruto à minha maneira.

Pretendo desenvolver melhor a relação entre Tsunade e Sakura.

Capítulo corrigido.


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