História (Re)Começo - Nono Capítulo:

Minha aula de distúrbios mentais já havia começado à um tempo, era a matéria que mais me interessava, mas naquela manhã nublada de quarta-feira minha mente procurava algo que aquietasse meu coração, queria que o motivo de tudo isso fosse o beijo roubado de Jimin, mas não, o que me deixava assim era Yoongi, aquele corte não podia ter sido acidental ao menos que antes que eu chegasse ele estivesse batendo a cabeça na parede ou coisa do tipo, mas acredito que ele não tenha ficado louco a esse ponto. Decidi que o melhor no momento seria prestar atenção na aula e ler o que a professora estava pedindo.

As primeiras aulas acabaram e confesso que meus olhos procuravam os de Jimin, mas nada, ele não tinha ido à aula o que implicaria na demora da finalização do nosso projeto, Jimin não parecia de tipo de pessoa que se arrepende do que faz, então tinha certeza que o motivo de sua falta não era o beijo.

Como de costume fui ao refeitório e me sentei a espera de Anne, que não demorou muito a aparecer.

– Incrível como você nunca traz algo para comer. 

– Eu só não sinto tanta fome quanto você. E outra, eu moro perto, então não espero tanto tempo para almoçar.

– Mas não é só agora, quando você morava no fim do mundo também não trazia comida e outra… – Anne parecia ter tirado a manhã para se comportar como minha mãe, deixei ela falando sozinha por algum tempo e me distrai com os alunos em volta, minha atenção não estava focava em algo específico até encontrar orbes pretas levemente fechadas cujo o dono vinham em minha direção. Me virei novamente para Anne fechando meus olhos e torcendo para ele não vir.

– … E você anda muito magra.

– Não não não… – Falei baixo para mim mesma.

– O que foi? – Olhei para ela com se dissesse que deveríamos ir para outro lugar.

– Ellen? – Mas já era tarde demais.

– Oi… Yoongi.

– Não vi seu amigo de trabalho hoje, significa que vai direto para casa, certo? – Realmente gostaria de entender, nós não viemos juntos de manhã, por que esse interesse em me acompanhar pós aula?

– Não, eu vou para casa dele depois das aulas. – Yoongi não mostrou nenhuma reação que já não conhecesse. A conversa foi encerrada nisso e ele voltou da onde tinha vindo.

– Ok, você vai me falar o que está acontecendo ou terei que usar outro meio para conseguir minhas respostas? – Digamos que não queria experimentar os outros meios de Anne, então contei o que estava acontecendo, claro que omiti alguns fatos, como sobre o abraço e o tapa dado em minha mão.

– Entendi… está bem claro o que temos aqui.

– Está?

– Está, um típico comportamento de ciúmes.

– Fala sério Anne, você não ouviu o que eu acabei de te contar?

– Ouvi sim, vai por mim, eu sei do que estou falando.

– Sabe… – Tive sorte de ser salva pelo sinal e então voltei para minha sala, ainda teria as últimas aulas o que me dava um tempo para pensar no que faria, pois ir para a casa de Jimin foi apenas um jeito de evitar Yoongi na volta, mas na verdade eu não havia combinado nada com meu colega de classe, talvez ele nem mesmo estivesse em casa.

Na saída vi Yoongi indo para a casa sozinho, não sei ao certo o que senti naquele momento, uma mistura de culpa e raiva talvez, acompanhei Anne até seu ponto de ônibus pois a casa de Jimin ficava no mesmo caminho.

– Vou ficar aqui até seu ônibus chegar.

– Não precisa.

– Como assim não precisa? Eu sempre te coloco dentro do transporte.

– Eu sei, mas você ainda vai para a casa daquele seu amigo, não quero te atrapalhar.

– Você sabe que não me atrapalha, vou ficar sim – Me sentei no ponto e olhei para direção da rua. – A não ser que você não queira que eu fique aqui.

– O que? Por que está falando isso?

– Por que não pergunta ao seu chefe que está vindo para cá. – Anne virou para a mesma direção que eu estava olhando, logo o veículo se aproximou e estacionou perto do ponto, que revelou um rapaz alto, levemente bronzeado, com os cabelos em uma tonalidade escura, arrumados para o lado e com um sorriso simpático que revelava algumas marquinhas em suas bochechas se aproximou de nós.

– Boa tarde moças

– Boa Tarde! – Anne me olhou de lado, apenas a olhei de volta – Anne, não vai apresentar o seu amigo?

– É… NamJoon, essa é a Ellen minha amiga, Ellen, esse é Kim NamJoon, meu chefe. – Me levantei do banco e estendi minha mão a sua frente, ele à segurou com firmeza e manteve seu olhar sobre o meu.

– Prazer, é bom finalmente conhecer a amiga que Anne tanto fala.

– Prazer, posso dizer o mesmo! – Anne, que até então estava atrás de mim, deu um beliscão no meu ante braço.

– Bem, todos apresentados, acho que podemos ir, certo NamJoon?

– Certo, até qualquer dia Ellen! – Ele se despediu e voltou para dentro do carro.

– Tchau NamJoon! – Anne ainda permanecia a minha frente – Adorei ele! Bem, vai lá, você não quer deixá-lo esperando. – A morena parecia querer falar mais alguma coisa, mas por fim fez o que eu disse e entrou no carro.

Segui pela calçada ainda pensando o que realmente faria, ainda dava tempo de dar meia volta e ir para casa, mas não, não queria e depois de falar para meu colega de apartamento que iria demorar a voltar, não tinha sentido aparecer agora em casa, então apenas continuei o caminho que havia aprendido a pouco tempo.

Depois de poucas quadras já me encontrava a frente da porta, sem saber se deveria tocar a campainha ou não.

– O que vou falar? … Ou melhor o que estou fazendo? – Disse para mim mesma, sem pensar duas vezes dei alguns passo para trás e saí de lá, mas assim que me virei ouvir a porta ser aberta.

– Ellen? – Jimin…

– Oi…

– Por que está aqui?... Estava indo embora?

– Eu… Bem, eu fiquei preocupada, você não apareceu na aula, mas parece ótimo, então estou indo, tchau.

– Espera! Você realmente veio até aqui por que estava preocupada? – Não exatamente.

– Sim… e já estou indo.

– Não, já que veio, bem… não quer entrar.

– Eu adoraria, mas…

– Jimin… – Minha fala foi interrompida por outra voz que vinha de dentro da casa.

– Você está ocupado, certo? Melhor eu ir…

– Não Ellen, espera…

– Jimin, minha cabeça ainda dói – De repente surgiu um menino na porta, com aparência de uns doze anos, um pouco pálido e todo enrolado em uma coberta estampada por algum herói de quadrinhos.

– Oi… – Me aproximei lentamente, ele foi para trás do ruivo. – Está tudo bem, qual seu nome?

– Jaehyun – Jimin respondeu por ele.

– Jaehyun, que nome legal – Ele saiu da proteção do mais velho e chegou mais perto, consegui passar a mão sobre seus cabelos num simples cafuné, mesmo sendo rápido pude perceber que sua temperatura não estava normal.

– Jimin, ele está quente.

– Sim, eu sei, na verdade ele não deveria estar fora da cama. – Jimin pegou o que parecia um enroladinho de Jaehyun e nós entramos.

Fiquei na sala enquanto ele o levava para o quarto que ficava na parte de cima da casa. Logo o ruivo voltou a sala principal.

– Me desculpe por isso.

– Não precisa se desculpar, mas e ele, como está?

– Eu lhe dei um remédio para a febre e a dor de cabeça, esse medicamento dá sono, então deve estar dormindo agora. Bem, vem, vamos beber alguma coisa. – O segui até a cozinha, me sentei ao lado do balcão.

– Então esse é seu irmão mais novo?

– Sim, Jaehyun e eu temos uns anos de diferença.

– Quantos anos ele tem?

– Treze, mesmo que às vezes parece ser o mais adulto da casa. – Jimin serviu um suco para nós. – Me desculpe por faltar e não avisar nada, acredito também veio por causa do nosso projeto.

– Confesso que também foi um dos motivos.

– Não estava nos meus planos faltar hoje, mas Jae acordou com febre, não podia deixá-lo assim.

– Mas e seus pais?

– Nem vi que horas minha mãe saiu hoje e meu pai está viajando. Realmente não sei como a Sra. Park não percebeu como ele estava quente de manhã.

– Mas você o levou ao médico?

– Sim, não sou doido o bastante para lhe dar qualquer medicação sem consultar um especialista antes.

– Que bom, então ele deve ficar bem. Vocês são muitos parecidos.

– Eu não acho, até porque sou mais bonito, não acha? – Não sabia o que responder, então apenas continuei bebendo meu suco.

– Acho melhor eu ir para casa.

– Já vai? Bem, estava pensando já que você veio até aqui, poderíamos fazer alguma parte do trabalho.

– Tem certeza? Não quero atrapalhar você nem seu irmão.

– Relaxa, acredito que ele vá dormir bastante e se acordar saberemos, pois é capaz dele fazer um escândalo já que fica super manhoso quando está doente.

– Está bem.

Voltamos para a sala, Jimin foi até o andar de cima para pegar seu material e dar uma rápida olhada em seu irmão, sua teoria estava certa, Jae estava dormindo profundo.

Com pouco tempo do início das coisas o silêncio foi instalado na casa, mas dessa vez tínhamos uma desculpa, já que não queríamos acordar o mais novo, eu não estava sentada muito próxima a Jimin e acredito que ele havia percebido, talvez fosse muito cedo para conversar sobre aquele beijo eu pensei, mas ele não parecia pensar o mesmo.

– Ellen…

– Sim?

– Eu queria pedir desculpas por ontem, acredito que passei do limite...

– Olha Jimin, está tudo bem e de qualquer jeito é passado – Ele me olhou por algum tempo.

– Ellen, não considere esse pedido de desculpas como arrependimento pelo o que fiz, pois não estou arrependido. Você sabe dos meus sentimentos por você e dúvido que não sentiu nada com aquele beijo. – Não tinha certeza, mas provavelmente estava vermelha.

– Jimin… eu gosto de você, mas não sei se consigo corresponder seus sentimentos por mim.

– Por que não? É por causa daquele cara com quem você divide o apartamento?

Aquela pergunta me pegou de surpresa, não por ser inesperada, mas sim porque até o momento não tinha pensado nos meus sentimentos perante a toda essa situação.

– Não que lhe deva satisfação, mas não tenho e nem sinto nada por Yoongi. Acho que já chega, terminamos essas coisas amanhã na aula. – Juntei meu material e me levantei da mesa de centro.

– Ellen, por favor não… não precisa ir, me desculpa por isso. Realmente não me deve satisfação. – Ele se aproximou e segurou em minha mão, me fazendo olhar para seu rosto. – Por favor…

– Está tudo bem Jimin, não estou chateada com você, mas realmente quero ir para casa.

– Pode ser, mas só vou lhe soltar se prometer me dar uma chance de me redimir.

– Como?

– Saia comigo nesse sábado.

– Jimin, eu não curto muito essas baladas que você frequenta.

– Não, podemos ir a um café e depois um cinema, o que acha? – Estava tentando pensar, mas seu olhar brilhante sobre mim não deixava, então apenas respondi o que veio a mente.

– Ok…