História RECOMEÇO - Reconhecendo o Óbvio

Nova York,
Sábado,
08h30.

(N) abriu os olhos e se moveu na cama, logo percebendo que ainda estava com o vestido da noite anterior. Bucky.  Depois de mais alguns minutos lembrando da noite agradável que teve, ela levanta e vai até o celular que ainda estava dentro da bolsa.

‘Seis chamadas perdidas? Do James?’

Ela tenta ligar de volta mas o telefone estava desligado. Mexendo mais um pouco no celular, (N) acha uma mensagem de Bucky e senta na poltrona para ler.

(N),

como pôde ver eu tentei ligar e me despedir direito.
Surgiu uma missão urgente e eu fui escalado para ir.
Não sei ao certo em quanto tempo vamos voltar, mas prometo que vou dar o meu melhor e manter a sanidade mental. Acho que o segredo disso é manter você em mente, assim eu tenho um foco.
Se algo me acontecer, saiba que você me salvou e eu sou eternamente grato por ter você por perto.

James, Bucky.


Nova York,
10 horas antes.

POV BUCKY

Eu acabei de deixar uma (N) desacordada em casa e honestamente eu não lembro qual foi a última vez que me senti tão bem perto de alguém. Definitivamente eu preciso trocar de médica. Metade de mim quer fugir dela, quer que esses pensamentos sem sentidos parem, outra metade quer apertar ela contra a parede e mostrar exatamente como me sinto. Mesmo depois de conhecer a verdadeira (N), eu ainda mantenho a mesma imagem dela em minha cabeça. Ela é como uma rainha. Sabe exatamente quando falar, o que falar, tem uma elegância própria e muita leveza. Eu penso que ela poderia mandar um indivíduo para os lugares mais obcenos da face da terra mas sem perder a classe. Classe. Eu não mereço esse tipo de garota, não agora. Eu não sei se estou pronto pra isso, pra ela. (N) merece mais do que um homem com sérios problemas psicológicos, um paciente. Cada vez que a imagem de uma (N) comprometida vem na minha cabeça, ela está com um cara tipo Stark ou Steve, alguém do mesmo nível que ela. (N) merece tudo que eu infelizmente sinto que não posso dar.

Quando eu cheguei no apartamento de Steve já passava da meia noite mas ele ainda estava na cozinha, mais precisamente assaltando a geladeira.

‘’Hey.’’ Eu faço um gesto com a mão, simplesmente anunciando minha presença.

A cabeça loira de um Steve sem camisa emergiu na luz da geladeira, ele parecia um fantasma.

‘’Hey Bucky!’’ Ele serve um copo de leite enquanto me olha de um jeito estranho, eu só consigo revirar os olhos.

‘’Pare.’’

‘’A terapia hoje foi longa. Intensa.’’ Ele provoca, um sorrisinho pretensioso.

Eu não quero responder, pego uma cerveja e me atiro no sofá, ignorando um Steve todo humorístico.

‘’Bucky, okay, eu parei agora.’’ Ele fica sério de verdade, mas ainda interessado. ‘’Eu fico feliz em te ver feliz, só isso.’’

‘’Eu pareço feliz?’’

Essa pergunta pareceu ofender meu amigo de alguma forma, embora esta não tenha sido minha intenção. Ele tomou o lugar no outro sofá acompanhado do copo de leite.

‘’Eu estou preocupado, Steve. Bem preocupado.’’ Eu passo a mão nos cabelos e arrumo para trás, antes de beber minha cerveja quase inteira. Talvez eu precise de algo mais forte.

‘’O que aconteceu, Bucky?’’ Na verdade ele parecia já saber a resposta. Às vezes é um saco quando se conhece alguém a tanto tempo, as coisas não precisam ser ditas com todas as letras, basta alguns olhares.

‘’Eu só vou machucar ela, Steve…’’

‘’Fisicamente? Eu duvido.’’ Ele faz um gesto com a mão como se não fosse grande coisa.

‘’Eu não sei! Eu sou imprevisível.’’ Eu percebo que estou me alterando e suspiro, passando a mão nos cabelos mais uma vez. ‘’Eu me sinto melhor, eu estou melhor, mas… não é o suficiente. Não pra ela.’’

‘’Eu acho que essa decisão só cabe a ela.’’ Steve e toda a postura Capitão. Às vezes eu odeio este idiota. ‘’Você está muito melhor, Bucky, vocês dois merecem parabéns por isso. Ela por ter ajudado tanto e você por ter se esforçado e deixado que isso acontecesse. Aliás, vocês formam um casal e tanto.’’

Internamente eu agradeço ele por não usar os termos ‘o velho Bucky faria de tal forma’ porque sim, o velho Bucky já teria dado um jeito de adicionar (N) à lista de conquistas. Eu não sou mais aquela pessoa, ou melhor, eu sou, mas não com toda aquela confiança. Não com (N).

‘’O que diabos aconteceu hoje?’’ Steve me tira dos meus devaneios.

‘’Ela me levou num encontro.’’ Eu não consigo segurar o sorriso idiota que insiste em me denunciar, eu me odeio agora. ‘’Fomos pra casa dela, comemos pizza, assistimos filme e cá estou.’’

‘’Foi isso?’’ A testa de Steve forma três rugas, ele estava me analisando.

‘’Sim, foi isso. Ela dormiu e eu saí do apartamento sem que ela notasse.’’

Steve levantou do sofá com um longo suspiro, no rosto uma expressão tranquila, leve. Quando ele passou por mim pousou a mão direita no meu ombro,

‘’Bucky, não complique as coisas. Deixe que ela decida quem é bom ou não pra ela.’’

Eu nem precisei dizer, Steve sabia. Ele sabia que eu estava apaixonado por (N). Eu não consigo admitir isso ainda, mas nós dois sabemos. Ele me lançou um olhar que durou uns três segundos e anunciou que ia dormir.

‘’É tudo questão de tempo.’’ Ele diz, cruzando o corredor para o quarto, logo eu ouço a porta fechar.

É isso. Steve tem razão. Eu decido que amanhã vou mostrar pra (N) minhas intenções e ela vai decidir o que quer ou não de mim.
                                                         __________________

Minha mão humana está escalando do alto das costas até a nuca de (N), puxando o cabelo dela gentilmente enquanto minha mão mecânica escorrega devagar da cintura até o quadril. Eu aperto ela contra meu corpo em um reflexo possessivo e intuitivo para que ela não consiga sair, para que ela seja minha, só minha. As mãos dela estão segurando firme nos meus ombros como se ela tentasse se equilibrar ou me sentir melhor, eu ainda não entendi, só sei que um gemido gostoso escapa do fundo da garganta de (N) quando nossas línguas se encontram. Eu sinto tudo: os seios dela pressionados contra meu tórax, o perfume inebriante dela me deixando mais tonto a cada segundo que passava, a boca macia e envolvente. Ela se arrepia quando minha mão de metal chega até a barra do vestido dela e levanta devagar, se encontrando com a pele sensível da coxa. Eu não consigo tirar minhas mãos desse corpo que parece ter sido feito perfeitamente para mim, encaixando em todos os sentidos.

‘’BUCKY!’’

Eu acordo dando um pulo em cima da cama, Steve gritando no outro lado da porta.

‘’BUCKY, QUAL É, CARA… EU NÃO VOU ARROMBAR A PORTA.’’

‘’QUE DIABOS, STEVE?’’ Eu grito de volta, espantando o sono dos meus olhos. frustrado por tudo não ter passado de um mero sonho.

Eu vou até o hall mas não apareço totalmente, deixo só minha cabeça a mostra para a sala e Sam já estava lá, todo acordado, vestido. Steve já ligado no ‘modo Capitão’, sentado no sofá arrumando as botas de combate.

‘’Você tem dez minutos. Estamos indo para a Finlândia.’’ Diz Steve, lançando um olhar rápido na minha direção.

Eu ainda estou sob efeito do sonho que tive com (N). Em todos os sentidos. Um volume desconfortável dentro das minhas calças, o Capitão América me pressionando a vestir meu traje e ir trabalhar, Sam rindo da minha cara.

‘’Finlândia? É sério? O que esses psicopatas da Hydra estão fazendo desta vez? Nossa, esses filhos da mãe não dão sossego…’’ Xingando mais um pouco eu volto para meu quarto, tirando minha roupa de combate do armário. ''Porra de 10 minutos... Eu preciso é de um banho gelado.''