História Reconstrução - Capítulo Oito

DANIEL

   Enquanto contemplo o horizonte esperando a próxima onda, a noite de ontem passa pela minha cabeça.
   Depois de sair da escola, e conseguir evitar um escândalo ainda maior, fui com Demi até a minha casa. Ela bateu intempestivamente todas as portas pelas quais passamos, até chegarmos ao meu quarto. Mesmo que eu ainda não tivesse passado por elas. Assim que cruzei a porta, ela jogou uma quantidade tão grande de ofensas e acusações em mim, que fiquei meio tonto. A conversa toda se resumiu a ela gritando comigo, sem me dar a menor chance de dizer qualquer palavra e depois saiu batendo todas as portas outra vez. Embora eu não tenha dito, ou feito nada nessa "discussão", foi realmente exaustivo.
   Fui dormir com minhas orelhas zunindo, tentando encontrar uma forma de resolver esse problema que eu mesmo criei, achar um jeito de me tornar indiferente ao que acontece com a Sarah. Quando finalmente caí no sono, tinha um plano totalmente formado, o primeiro passo era evitar tudo o que tivesse a ver com ela, o segundo era encontrar uma desculpa para mudar a mente da minha garota e, por fim, fazer algo que prove, para a escola toda, que não existe nada entre mim e Sarah. Se as fofocas não pararem, nenhum dos meus esforços surtiriam efeito.
    Pego minha ultima onda. Geralmente saio do mar mais cedo, mas com hoje estou me preparando para um dia daqueles, decidi ficar um pouco mais, e perder o primeiro horário. Entretanto, ao sair da água, vejo alguém sentado na pedra que fica no fim da praia. Eu a reconheço no memente em que o vento agita seus cabelos negros, e antes que eu me dê conta, estou me aproximando dela.
   Encontrar o motivo dos meus problemas, em uma praia deserta, não é a melhor maneira de começar o dia, principalmente se eu decidi evitar ela e tudo qua a envolve. Então porque estou andando até ela para conversar?
   Ela parece perdida em pensamentos, não me nota chegar. Fico parado um tempo, só a observando, e me perguntando porque essa garota mexe comigo. Tem que haver uma explicação, talvez ve-la chorando despertou um lado meu que eu não conhecia, o protetor. Mas porque ela, de todas as pessoas? Antes daquele dia éramos simples estranhos, que eram abrigados a conviver eventualmente. Não que algo tenha mudado para ela, sou eu que me pego a observando entre as aulas, me perguntando se ela está bem, se chorou hoje. Tudo isso não faz o menor sentido.
   Finalmente minha postura de stalker chama sua atenção, por um segundo parece que ela não achedita que eu realmente estou aqui, mas então seus olhos me analisam dos pés a cabeça, de uma maneira que me deixa inquieto. Quando seu olhar encontra o meu, tem um brilho que eu não consigo identificar, seu rosto fica corado e então ela desvia.
   - Só pode ser brincadeira...- eu a ouço murmurar.
   - Hey! - eu tento. Deus! Eu nem sei porque estou aqui.
   Ela demora um pouco, mas finalmente responde. - Olá.
   Depois disso, um silêncio constrangedor cai sobre nós, quase insuportável. Então, de repente, ela levanta e começa a ir embora e, antes que eu possa me parar, seguro seu braço e digo a única coisa que não deveria dizer, se realmente quero me livrar dessa confusão.
   - A gente precisa conversar.