1. Spirit Fanfics >
  2. Recovery >
  3. O Bêbado

História Recovery - O Bêbado


Escrita por: thecamren1975

Notas do Autor


Oe gente, desculpem a demora, tive uns imprevistos.
Aproveitem o capítulo :)

Capítulo 4 - O Bêbado


POV CAMILA 

Eu estava uma bagunça, com todos os pensamentos em uma desordem total. Na verdade, estou assim desde Lauren Jauregui decidiu voltar.

Ah, aqueles olhos verdes, como senti falta… mas agora eles estavam diferentes. Pareciam mais… frios. Sua postura estava extremamente imponente. Lauren nunca foi do tipo que se abala, mas sua postura não era nem um pouco relaxada e a coluna reta passava um ar de superioridade. Antigamente, ela não era assim. Lauren costumava passar um áurea tranquila, e agora parece que ela está tensa a todo momento. Mas talvez seja só a atual situação em que ela está.

Quando Dinah me disse o que havia acontecido, eu congelei. Primeiro que ouvir o nome dela sempre costuma me causar uma breve distração, mas saber que ela estava em coma, machucada, e ainda assim, de volta a cidade, quase me desequilibrou. Tantos anos após nem uma notícia, e a primeira que recebemos é essa.

Disseram que não poderíamos ir vê-la, e foi quase impossível segurar Dinah, até a baixinha da Ally deu trabalho, mesmo já sendo difícil para ela vir devido a rotina da sua faculdade que era em outra cidade. Dinah sentia uma falta absurda de Lauren, mas dizia a todo momento o quanto queria bater nela. Eu não a culpava, elas eram boas amigas antigamente, mas a loira estava lá quando eu desmoronei por causa de Lauren, quando a mesma disse que já não me queriam mais. Dinah também estava lá quando Lauren disse que ia embora da cidade. Ela sempre sempre esteve comigo, e viu tudo o que Lauren me causou, tanto as alegrias quanto as tristezas. Também sentiu a dor de perder uma amiga da maneira que perdeu, e isso a chateava demais, além de irritá-la.

Tanto tempo se passou e as coisas mudaram tanto. Eu a superei, e estava em um relacionamento estável com Dave, mesmo o começo tendo sido bastante complicado.

Esses anos longe de Lauren foram ótimos para seguir em frente, mesmo no começo tendo sido bem difícil, isso é óbvio. As vezes eu estava indo super bem, mas então alguém dizia o nome dela e isso era o suficiente para que eu perdesse o foco, o coração acelerasse e eu fosse para o quarto chorar por horas consecutivas.

Quando recebi a notícia de que Lauren estava melhorando de seu acidente de carro devido a uma tal falha no automóvel, me senti aliviada.  Mas quando me disseram que iríamos todos ver Lauren, quase não consegui lidar. Eu sabia que não a amava mais, mas que a filha da mãe ainda me deixava desorientada, ah… isso deixava. E como eu odiei perceber isso! Quando a vi, com as roupas pretas e o cabelo bagunçado, viajei por breves minutos. Quando ouvi sua voz rouca depois de 7 anos, foi como se, ainda, nenhum som fosse tão bom quanto aquele. Eu percebi o quão sua presença estava me afetando, e quando me abraçou, o desespero me consumiu. Ela me olhava tão intensamente; olhava meu rosto, meu corpo… mas ao mesmo tempo que ela causava esse feito irritante em mim, ao lembrar das coisas que ela fez, é mais fácil ignorar essas coisas.

Mesmo assim, procurei ficar com Dave o tempo todo, seria um jeito de não dar nenhuma abertura para ela.

Ao verem que iam conversar, me preocupei; e ao ouvir seus gritos, não resisti a ir correndo até lá junto com os outros. Com as palavras de Lauren, uma dúvida surgiu… será que ela se referia a mim? A nós? Será que ainda não havia nos superado? Eu queria saber, mas sabia que não devia ir atrás disso. 

Ela saiu correndo e Vero foi atrás dela. Ficamos todo lá em baixo, ainda no escritório. No começo ficamos completamente quietos, até que Dave se pronunciou: 

 - Ela está tão diferente… sei que não deve ter sido fácil perder os pais ou qualquer coisa, mas não devia agir assim. - disse baixo, mas firme, olhando para qualquer lugar no chão de forma perdida, enquanto suas mãos estavam apoiadas na cintura. 

 - Não quero que falem dela nesse momento. - Taylor disse séria e Chris estava do mesmo jeito, encarando Dave firmemente. 

 - Ela nos abandonou Tay, como pode não ligar para isso? - indagou extremamente afetado, a olhando boquiaberto. 

 - Nós só vamos ser capazes de julgar Lauren quando soubermos de todo o lado da sua história, e acabou. - Taylor respondeu. 

 - Ela não quer contar, não ouviram? - disse um pouco mais alto. 

 - Não importa. Nós vamos conversar com ela, e parece que de acordo com Lauren, não lhe diz mais respeito. - Chris disse sério. Ele nunca falava muito, ao menos conosco, desde que seus pais morreram e Lauren foi embora, portanto o ouvir falar nesse tom calou todos na sala. Eu olhei aquele ambiente, o escritório do grande Michael Jauregui. Faziam anos que eu não entrava naquele lugar, e percebi que eu não era a única observando aquele ambiente.

 - Todos para a sala, por favor. - Chris disse procurando dizer de forma educada, mas evidentemente todos perceberam o quanto ele estava incomodado. Desde que seu pai se foi, Chris não permitiu que ninguém mais entrasse aqui, por isso ninguém exitou em atender seu pedido. Sabíamos que era uma questão pessoal. Taylor nunca ligou muito para isso, mas sempre respeitou a escolha do irmão.

Chegamos na sala e todos continuaram com expressões apreensivas. Aquele tal de Roger tinha subido com Lauren e até agora não voltou. Ele me deixou bastante intrigada, o que será que ele era mesmo da Lauren? Somente amigo de trabalho mesmo?

Ele era muito bonito, não podia negar. 

Após breves minutos, Roger e Vero voltaram. Ela disse para irmos embora, que era o melhor. Dinah não queria ir de jeito nenhum, mas Vero a convenceu dizendo que se Lauren não tivesse um tempo para ela, iria acabar brigando com alguém de novo. Todos se retiraram sem 'mas'. Eu estava preocupada com Lauren, assim como sabia que todos estavam da mesma maneira.  

E assim minha noite acabou, com meus pensamentos, após tanto tempo, voltados para Lauren. 

Pensei em como ela estava mais magra, seus olhos verdes com uma tonalidade mais escura, suas roupas pretas com uma aparência bastante desgastada. Mas continuava linda, isso é fato.

(...) 

O dia amanheceu e eu mal havia dormido, fiquei inquieta a noite toda. Me sentia ansiosa e não sabia exatamente porque não conseguia dormir. Dave notou como eu estava aérea e eu disse que era apenas muita coisa do trabalho. Eu havia aberto um estúdio de dança, era um sonho sendo realizado, sempre adorei a forma como eu podia me expressar na dança, e ter um estúdio, poder me apresentar e ensinar os outros é a minha profissão dos sonhos. Meu pai nunca apoiou a ideia e quando eu percebi que não teria seu apoio, me virei e acabei abrindo meu próprio estabelecimento com uma garota que conheci a dois anos chamada Normani. O estúdio abriu a pouco tempo e antes eu era apenas uma professora de dança de outra escola. Quando Normani e eu compartilhamos nossos sonhos, percebemos como daria certo abrirmos juntas um estúdio de dança, e assim conseguimos. A mesma adorava dançar,  e criar coreografias completamente novas é como uma passa tempo. 

Eu saí o mais rápido possível da casa dos meus pais, logo quando comecei a ganhar um dinheiro que fizesse com que eu conseguisse me sustentar. Morar com meus pais era meio complicado porque meu pai vivia tentando controlar minha viva, como se eu ainda tivesse 15 anos de idade. Eu também não via a hora de ter meu próprio espaço, e assim batalhei para que eu conseguisse isso. Dave vive insistindo para que moremos  juntos, mas, não sei, gosto de ter um espaço só para mim. Temos muitas discussões por isso, mas nada que uns beijos não resolvam. 

Chegando no estúdio que tinha a decoração moderna, cumprimentei os alunos e a secretária que estavam lá. Normani ainda não havia chegado, seu horário era mais tarde assim como o meu, mas como queria ocupar a cabeça e me livrar de Dave, cheguei relativamente cedo. Ele costuma dormir bastante vezes por semana em casa, mesmo eu querendo muitas vezes apenas dormir tranquilamente sozinha.

Cheguei ao meu escritório em tons vermelho, preto e branco e, como o resto do estúdio, moderno. Eu estava há um tempo já em meu computador, até que a porta é aberta rapidamente. 

 - Quero que me conte tudo que aconteceu ontem. - minha amiga Normani entrou gritando em minha sala. Odeio que façam isso, mas quem disse que ela respeita?

 - Normani, não estou em um bom dia. - disse colocando as mãos nas têmporas enquanto ela já sentava na cadeira a minha frente e se debruçava sobre a mesa. 

 - Nem adianta Camilita, você vai me contar tudo, e é agora. - respondeu rapidamente. - Me conta, como foi reencontrar o amor de sua vida? Ela ainda continua gostosa? - perguntou levantando as sobrancelhas de forma maliciosa. Eu sabia que ela estava, ao menos um pouco, fazendo uma brincadeira tentando evitar o pesado clima que sempre se instalava quanto falamos de Lauren. Eu havia contado minha história para ela a pouco tempo, quando levei a para sair com minhas amigas e Dinah acabou mencionando o nome de Lauren. 

 - Foi estranho. - suspirei, sabia que teria que falar, e, no fundo, acho que era isso que eu queria mesmo. Falar costuma colocar meus pensamentos em ordem. - Quando soube que ela estava internada, eu não soube o que sentir, foi tudo muito confuso. Mas quando a vi, não sei explicar… eu não sei o que pensar Mani. - encarei minha amiga e percebi como eu devia estar com um olhar perdido. 

 - E eu não sei o que dizer, Mila… você sentiu que ela mexeu com você? 

 - Não digo que ela mexeu, mas bateu uma nostalgia, lembranças de tudo, do que foi bom e ruim. Mas não quero pensar nela, porque isso me lembra toda a situação em que eu, ela e Dave ficamos. Me culpo um pouco, sabe?! Ele sempre foi tão maravilhoso comigo esses 7 anos. Eu só sei que… é melhor eu não conviver muito com ela… não faz bem para minha saúde mental, consegue entender? 

 - Acredito que sim. - respondeu suspirando, me olhando de forma carinhosa. Esse breve desabafo já colocou meus pensamentos um pouco em ordem. O que senti quando vi Lauren foram a nostalgia e dezenas de lembranças. O que tenho que fazer é não me aproximar muito dela, e tudo ficará sob controle. 

Só espero não fazer isso de forma evidente, não quero criar um clima estranho quando estivermos juntas dos outros. Sei que Vero e todos os outros sabem de muitas coisas, ela por exemplo deve ter sido o suporte de Lauren quando ela ficava mal por minha causa. Apesar  de que não sei se Lauren ficava mesmo mal, porque se ela realmente se importasse teria me explicado sua decisão de ir embora, e se me amasse como dizia amar, não teria me largado quando eu disse que a queria.

(...)

O dia passou rapidamente. Dei várias aulas e Dinah apareceu quando eu estava fechando a escola, dizendo que queria passar em um pub. Eu sempre terminava o dia cansada, mas já imaginei que Dinah queria era conversar, só por ter chegado assim do nada. Fomos lá e no fim ela queria ter a mesma conversa que Normani, lhe disse basicamente a mesma coisa. Sabia que ela iria insistir caso eu me negasse a ter essa conversa. Cheguei em casa e recebi uma mensagem de Dave. Meu namorado reclamou de eu não ter ligado para ele o dia todo, e me senti horrível por muitas vezes o ignorar. Sabia que andava um tanto quanto distante ultimamente, e tentaria fazer o possível para que isso mudasse. Ele já estava abalado com toda a situação com Lauren, sei que devo estar com ele nesse momento.

 

POV LAUREN

No dia que se seguiu à minha noite com Vero, eu fui até a central de Miami realizar os exercícios fisioterapêuticos e conversar com meu psicólogo, Dr. Downey. Confesso que fiquei receosa para a consulta que tive com ele. Era estranho eu ter que falar da minha vida para um total desconhecido e esperar ouvir dele bons conselhos. Obviamente eu não queria ir, mas sabia que teria grandes dores de cabeça causadas pela ira de Simone, e, provavelmente, minha demissão. 

Roger me acompanhou na fisioterapia e aguardou na sala de espera do consultório de Downey. Eu estava começando a suspeitar que Simone mandou ele vigiar meus passos, para saber se eu realmente estava me 'tratando'. Se for isso, teria que arrumar um jeito de despistar Roger, porém, em alguns momentos ele parecia estar ali tão verdadeiramente que eu preferia ignorar essa hipótese. Sua presença me fazia bem, afinal.

Quando voltei para casa na hora do almoço, Taylor e Chris estavam nos esperando para comermos. Eles não sabiam a minha versão da história, mas acredito que Vero deve ter conversado com eles, pedindo talvez um pouco de paciência em relação a mim, já que não chegaram nem perto do assunto. É óbvio que conversaria seriamente com eles, mas não achava que já era o momento.

No resto do dia não fiz muita coisa a não ser sair para dar uma volta pela cidade (eu percebi como sentia falta de lá) e ficar no escritório de meu pai. Passei muito tempo pensando sobre várias coisas ali, eu via os whiskys antigo de meu pai expostos para mim em seu mini bar, mas procurei evitar olhar para eles. Eu queria muito beber até ir para outra realidade, mas parecia completamente errado fazer isso dentro daquela casa. Não sabia explicar de onde aquele sentimento vinha, mas simplesmente os sentia, e por enquanto os mesmos me faziam ficar sóbria. Eu não queria sair pra isso, estava me sentindo confortável naquele ambiente, mesmo que não fosse assim em relação ao resto da casa.

Queria resolver todas as desavenças nesse breve tempo em que eu  estiver em Miami, para que minha consciência ficasse limpa e eu finalmente conseguisse voltar para o trabalho com a consciência mais leve. E, essa ideia, obviamente, envolvia Camila. Eu sabia que ela seria a parte mais difícil de ser resolvida e eu sabia que não havia chance de voltarmos. Mas ter apenas a oportunidade de poder conversar com ela pode, talvez, matar 1% da saudade que tenho dela. Apenas não quero ela com raiva de mim ou qualquer outra coisa, já deve ter sentido bastante disso nesses 7 anos e acho que agora é um bom momento para me redimir ao menos um pouco. 

Porém, duas semanas se passaram e eu não falei com ela. O que aconteceu na verdade foi apenas idas monótonas a fisioterapia e ao psicólogo, andadas aleatórias minhas pela rua, acompanhada de Roger. Eu vivia entediada, mas os remédios que eu estava tomando me davam tanto cansaço que eu não fazia questão de acabar com isso. Harry veio bastante até a casa nesse meio tempo, e assim até que nos aproximamos um pouco. Ele não aprecia ter mágoas minhas nem nada, e isso ao mesmo tempo que me intrigava, me deixava menos tensa ao conversar com ele.

Dinah também vinha até a casa e conversava comigo, porém vive dando patadas direcionadas a minha pessoa sempre que pode. Ela com certeza estava brava por eu ter feito o que fiz, e exatamente por isso eu me encontrava em uma situação bastante constrangedora agora. Estávamos todos na minha casa, e hoje Dinah já tentou tocar nesse assunto comigo duas vezes, até que disse que iria subir para meu quarto alegando estar cansada, mas na verdade estava querendo acabar com aquele incômodo. Porém, logo após eu fechar a porta a mesma reabriu abruptamente. Olhei e por ela passava Harry e Dinah. 

 - Você não vai fugir mais. - disse a loira parando na minha frente cruzando os braços. Harry parou logo ao seu lado, mas com uma pose mais relaxada. 

 - Não quero falar sobre isso, Dinah. - eu estava na defensiva, com certeza. 

 - Ah, mas vai falar sim. Nem adianta fazer essa cara de valentona que não caio nessa. - a mulher disse apontando o dedo em minha direção. Aquilo me incomodou bastante. 

 - Relaxa, Lauren. Dinah só quer a verdade, e eu também. Já faz duas semanas que todo mundo está em um clima estranho. Dave e Camila se afastaram absurdamente, Dinah e eu não sabemos muito como agir e Chris, Taylor e Vero são únicos que parecem estarem mais acostumados.  

 - Eu prometo que conversaremos, só me deem um espaço, ok? Só quero que fiquemos de boa por um tempo, sabe? Aproveitar um pouco. - Dinah e Harry me olharam um pouco surpresos, até que me lançaram belos sorrisos.

  - Ótimo, agora podemos ir na balada nova que abriu na cidade. - Harry animado. 

 - E tem aquela casa de campo dos Jauregui, lembra? - Dinah com os olhos brilhantes. 

 - Estou ansioso para darmos uma festa louca logo. 

 - E chamar alguns strippers. - me encaram maliciosamente. Não consegui evitar e ri da cena. Senti os músculos das minhas bochechas meios travados, pelo fato de haver muito tempo que eu não sorria de verdade.

 - É esse sorriso que a gente queria ver, branquela. - Dinah disso tirando uma com minha cara, mas agora sem sarcasmo. 

 - Mas, agora, a pergunta que não quer calar. - Harry disse e eu já comecei a ficar nervosa novamente. 

 - Quando que vai conversar com Camila? - Dinah completou o que Harry disse. Eu queria desesperadamente falar com ela, mas…

 - Não pode ficar esse clima estranho. Tente ao menos se acertar com Camila e Dave, só para ficar todo mundo bem. Os laços vocês constroem com o tempo. - o garoto de cabelos enrolados me olhava compreensivo. 

 - Não sei se quero criar laços com eles. - desviei os olhos, envergonhada.

 - Sabe que terá que superar isso, não sabe? - a pergunta de Harry foi como um tiro. Mal sabe ela que ainda amo Camila, deve achar que é apenas pelo fato de Camila ter "o escolhido". Dinah permaneceu quieta me olhando. Eu sinto que ela sabia de algo, mas mesmo assim não falou nada. Seria estranho se Camila não tivesse contado todos os fatos para ela.

 - Bom, conversamos sobre isso depois, estou realmente cansada agora.  - eles saíram do quarto após um tempo, mesmo realmente não querendo ir embora. 

(..)

Uma semana se passou e eu não precisei mais usar a muleta. Como a mediação estava sendo bem intensa e a fisioterapia avançada, meu progresso foi rápido.

Em um noite, acordei com meu celular tocando estridentemente. Olhei na tela e vi no visor o nome "Dave". Gelei. O que será que ele queria comigo às 2:46 da madrugada? Será que era algo grave? Será que havia acontecido algo com Camila? Esse último pensamento me fez atender rapidamente o celular. 

 - Alô? - minha voz saiu mais rouca que o normal. 

 - Laaaaaauren. - meu Deus, essa não era a voz normal de Dave. - Agora você atende, né? - bêbado, completamente bêbado. Era assim que Dave estava. 

 - Onde está, Franco? - perguntei já levantando da cama. 

 - Ah, e você quer saber? Por que? Decidiu aparecer? - soltou uma risada no final. 

 - Por favor, me diga onde está. - eu já estava colocando uma roupa. 

 - Ah, você sabe onde eu estou… - ele ria sem parar. Eu odiava bêbados… exceto quando eu era um deles. 

 - Dave, me diga onde está. Agora. - minha voz soou firme. Eu já havia amarrado o sapato e estava descendo as escadas. 

 - Ah, você sabe, naquele bar que costumávamos ir quando éramos jovens. E você pegou a guitarrista da banda, lembra? - mais e mais risadas. - Tivemos bons momentos juntos, até você ir embora. Droga, Lauren, você é muito filha da puta, sabia? Agora até Camila vai me deixar. Acho que nasci para isso, para ser deixado. - sua voz agora era triste, mas eu não prestei muito atenção no que ele falou depois que disse que Camila o deixaria. O que isso quer dizer? Por que ela o deixaria? Parecem tão apaixonados...

Enrolei Dave no celular até que eu chegasse no antigo bar que eu costumavam frequentar quando mais novos. Mesmo vendo apenas por fora, vi como o lugar estava ainda mais desgastado que antes, mas o ar rústico dava um clima a mais para ambiente. Encontrei Dave deitado no estacionamento e, quando o mesmo me viu, disse que era bom me "rever depois de 7 anos". Foi difícil colocá-lo no carro, não acreditava que estava fazendo novamente esse tipo de coisa por ele, depois de tantos anos. Era óbvio que eu sentia falta de Dave e me preocupava com ele, mas tudo parecia tão diferente agora...

 Após conseguir colocar ele no carro, pedi que me passasse o endereço de sua casa e ele me passou, após muito enrolar, um localizado no centro de Miami. Eu ouvia ele falar coisas sem sentido enquanto se mexia de forma inquietante no banco de trás. Procurei ignorar o que ele dizia, querendo chegar o mais rápido possível no endereço que ele me passou.

 Depois de um tempo, o endereço me levou em um prédio em que ficava o apartamento e o porteiro me ajudou a levá-lo até o elevador quando apareci com ele na entrada. Neguei qualquer tipo de ajuda e disse que estava indo para o apartamento número 42, de acordo com o que Dave havia dito.

Chegando em frente ao apartamento que ele me passou, perguntei:

 - Onde está a chave? - o rapaz apoiava um braço em meus ombros e eu segurava sua cintura. 

 - Ah, eu não tenho. Acredita que ela não quis me dar? - perguntou completamente indignado.

 - Ela quem? - fiquei confusa. 

Até que a porta se abre e eu assusto com quem a abriu, mas ainda percebo como tenho uma das visões mais maravilhosas possíveis. 

Camila estava lá, com uma cara de sono, mas com a expressão extremamente preocupada. 

 - Camilaaaa. - a voz embargada de Dave soou, porém eu estava inerte demais encarando aquela mulher. Ela ainda continuava linda mesmo com uma regata branca e uma calça com vários desenhos de pedaços de pizzas. Meiga, aburdamente meiga. Ela me encarava de volta, e acredito que estava tão surpresa quanto eu. 

 - O que está acontecendo? - se pronunciou desviando o olhar do meu e olhando para Dave completamente apoiado em mim; ele sorria bobamente para ela. 

 - Oi amooor. 

 - Você está completamente bêbado… - ela olhava para ele indignada. 

 - Me desculpe, Camila. Ele me ligou, estava bêbado em um bar então fui buscá-lo. Pedi que me dissesse o endereço da casa dele e disse que era aqui. - finamente saí do meu transe. Ver que eles moravam juntos me incomodou demais, mas sabia que não tinha o direito de ficar assim. Mas ainda era extremamente estranho ele não ter uma chave de seu próprio apartamento. 

 - Meu Deus…

 - Ah amor, não fica brava. Vem cá me dar um beijo. - então ele tentou se aproximar de Camila, mesmo mal se mantendo em pé. 

Eu ia ver mais uma cena que ia cortar o meu coração, mas Camila desviou dele. 

 - Você está fedendo a bebida e mal se mantendo em pé, Dave. - ele se apoiou nela e entrou com ela no apartamento. Camila o colocou no sofá quanto eu fechava a porta. 

 - Você vai direito para o banho. - ela disse firme. 

 - Pare de ser tão careta Camila. Eu só quero ter sua atenção pra mim. Ultimamente você só trabalha e trabalha, mal responde minhas mensagens. - ele parecia uma bebê resmungão e eu riria se fosse uma cena de qualquer outro casal. 

 - Dave, você vai direto para o banho e amanhã conversaremos sobre isso. - Camila disse firme e tentou fazer ele levantar. Quando vi que Dave ia contra isso e ela estava tendo dificuldade, corri para ajudá-la. 

 - Com licença, deixa eu que faço isso. - pedi me aproximando. Ela se afastou e eu puxei Dave, apoiando novamente o mesmo com um braço no meu ombro e passei o meu pela sua cintura.  - Onde que é o banheiro? - perguntei olhando para Camila. 

Ela parecia meio perdida, mas pediu que eu a seguisse. Chegando em um corredor, o coloquei em baixo do chuveiro na água gelada com suas roupas mesmo. Nunca vi um bêbado reclamar tanto, mas ele estava tão mole que não conseguia evitar com que fosse guiado. 

Saí do banheiro para que Camila o ajudasse, Fiquei um tempo na sala e comecei a reparar no lugar. Um sofá simples em frente a uma TV de plasma. A cozinha era dividida com a sala e a decoração era bem moderna e descontraída. Atrás do sofá havia um escada e do lado esquerdo o corredor que levava aos banheiros e, provavelmente, quartos. 

Fiquei tentada a subir para o segundo andar, mas decidi ficar ali em baixo mesmo. Eu já achava que devia ir embora devido a demora, e estava quase indo quando Camila voltou com uma roupa moletom. Provavelmente se molhou toda cuidando de Dave. 

 - Ele melhorou depois do banho e foi mais fácil colocá-lo na cama. - anunciou se aproximando e sentando no sofá, não muito próxima a mim. 

 - Que bom então, eu… acho que já vou. - disse sem saber o que fazer. Eu disse isso, mas não me levantei para sair. Eu tinha muitas coisas para falar a ela, mas não parecia que eu era capaz de dizer algo.

 - Hum, você está bem? - perguntou meio receosa, provavelmente notando como fiquei estática de repente. 

Me virei para ela e Camila me analisava. Eu não conseguia decifrar seus pensamentos… droga, eu nunca conseguia. 

 - Eu queria dizer umas coisas. - finalmente me pronunciei. 


Notas Finais


Se quiserem dizer algo, vou adorar ler :)


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...