Bill estava sentado, todo encolhido e coberto em sua mantinha no sofá, assistindo algo na sua tão amada TV. Fazia um bom tempo que ele simplesmente não parava e arranjava um tempo para si, apenas para descansar um pouco. Trabalhar no asilo Arkham não era uma tarefa fácil, era um lugar estressante, cheio de criminosos que se quer lembravam do próprio nome, além de brutos, eram perigosos. O menor vacilo era uma sentença de morte, mas ele gostava, gostava porque lutou muito para ter tudo o que possuía, suas roupas, suas joias, sua casa, tudo foi ele mesmo que comprou, e não havia satisfação maior para o moreno do que aquela.
Mais uma vez estavam noticiando a respeito do cara mascarado, o tal de Batman que sempre salvava ou ajudava a prender alguém, Bill olhava meio entediado para a imagem do morcego na TV, ele não achava que o Batman era realmente um "super-herói", era mais para um cara metido que estava passando por problemas mentais, e, para variar, mandava os caras loucos para o asilo onde ele trabalhava.
- É, e o dia foi salvo, graças ao "cara de morcego". - Bill soltou uma leve risada para logo soltar um suspiro pesado, o rapaz procurava pelo controle para mudar de canal, e assim que o achou, algo naquela reportagem o chamou a atenção, Batman tinha capturado o criminoso mais famoso de todos, conhecido como "The Joker". Bill observou o palhaço que ria descontroladamente para a câmera, enquanto era empurrado para dentro de seu "amado" asilo, um arrepio horrível começou a percorrer pelo seu corpo, de baixo para cima, aquele cara era macabro! Mas no fundo surgiu uma curiosidade, ele estava um tanto curioso para saber quem dali cuidaria daquele louco. Riu do azar do ser que teria, porque aquele caso era difícil, teria que ser alguém bem forte para lidar com o temperamento do palhaço, sabia que era perigoso, mas não se importaria muito com quem cuidasse daquele ser, odiava quase todos os funcionários do asilo, por o verem como apenas um pedaço de carne. Mas por outro lado, ele adoraria ser capaz de tratar um assassino como aquele, que tipo de situações o levaram para tal vida? Ele espantou tais pensamentos e resolveu assistir um filme de romance.
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- Olá Bill, bom dia! - Martins, a velha faxineira, sorria de forma gentil enquanto o psiquiatra entrava no asilo, se assustando com o movimento das pessoas andando pra lá e pra cá em busca de alguma informação, havia repórteres do lado de fora e o pessoal da imprensa do lado de dentro, Bill retribuiu o sorriso para a senhora e foi logo se aproximando da mesma a manter sua atenção nas pessoas a sua volta.
- Marti, tudo isso é por causa daquele palhaço?
- Sim, senhor Quinzel, todos estão assim desde que o nosso novo hóspede chegou.
- Entendo, sabe onde eu posso encontrar o senhor Arkham?
- Oh, sim! Ele está na sala de observação.
- Muito bem, me deseje sorte para enfrentar os meus "queridos" pacientes. - Bill fingiu uma careta de cansaço, arrancando algumas risadas da senhora a sua frente.
- Boa sorte, doutor Bill.
O jovem esperou um pouco antes de procurar o velho Arkham, agora observava os seguranças tirarem todas aquelas pessoas quase a força, provocando pequenas risadas em seu interior, todos queriam mais relatos do que o palhaço havia feito na noite anterior, e pelo o que Bill escutou, quando o morcego trouxe o palhaço para o asilo, o senhor Joker havia se irritado, matado trés policiais e um dos psiquiatras que tentaram encostar nele, dizem que ele mesmo caminhou pelos corredores até chegar na ala mais segura do asilo, reservada especialmente para ele. Aquilo o deixou meio pensativo, seria realmente difícil de tratar alguém com um comportamento violento desses, isso o animava cada vez mais.
- Doutor Bill, estava te procurando... - O velho de cabelos grisalhos se aproximou meio casado, demonstrando o quanto a noite foi degastante. Bill sorriu levemente a seguir o senhor até a sala dele, o moreno tomava um certo cuidado com aquele cara por saber que, em alguns momentos, o senhor Arkham vinha com segundas intenções para cima de si.
- Senhor, os meus horários já estão prontos? No sistema ainda não aparece os pacientes que teremos durante a semana.
- Oh, quero conversar com você sobre isso, como sabe, está tudo uma bagunça, os pacientes estão agitados, há gritaria para todos os lados e isso está gerando uma bagunça sem fim... Então, haverá uma grande mudança aqui no asilo, por isso o sistema está temporariamente cancelado.
- Cancelado? Mas senhor, e meus pacientes? - Bill perguntava preocupado, seus pacientes já estavam acostumados com a sua presença, colocar outra pessoa no seu lugar poderia ser perigoso.
- Como sabe, ontem o velho Joker veio para cá, e nenhum dos psiquiatras querem pegar o caso, ainda mais depois do ocorrido. Você sabe o que aconteceu, não é? - Bill encarou o velho a sua frente e sentiu seu coração quase sair pela boca, seu corpo tremia sutilmente, o deixando um tanto nervoso, logo tratou de perguntar.
- Sei sim, mas senhor... O que quer dizer com isso?
- Quero dizer que você é o novo psiquiatra do Joker.
- Eu o quê?! - Bill abriu sua boca em formato de "o", ele não esperava por isso.
Hmmm, isso vai ser ótimo.
Aquela estranha voz em seu interior o fez voltar a realidade.
- É uma ótima oportunidade para sua carreira, pense comigo, caro Bill, e pense bem, você sempre foi o melhor em lidar com aqueles loucos, todos eles te respeitam, de uma forma estranha, mas respeitam. Não acho que será diferente com o senhor Joker. Fora que você terá toda a segurança que podemos lhe oferecer, e minha palavra de que vai ficar tudo bem.
Bill ficou encarando o senhor a sua frente totalmente paralisado, tentava assimilar tudo o que estava ouvindo e assim que caiu a ficha, o moreno concordou com a cabeça a manter sua postura.
- Certo, senhor Arkham, dei-me os papeis e todos os relatórios sobre ele, irei analisar tudo para a primeira consulta.
- Era justamente isso que eu queria ouvir.
- Mas com uma condição.
- E qual seria? - O moreno suspirou de leve a olhar um pouco tenso para Arkham.
- Eu quero continuar atendendo os meus pacientes, principalmente os de longa data.
O senhor abriu um sorriso pervertido, comendo o moreno com os olhos enquanto o observava, Bill engoliu em seco.
- Muito bem, que assim seja. O caso é seu, doutor Quinzel.
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Bill nunca havia ficando tão horrorizado com uma ficha criminal quanto ele tinha ficado com a do Joker, aquele cara era certamente o mais horrível que ele já viu na vida, estava pensando seriamente se ele seria capaz de cuidar de um ser tão desagradável quanto aquele, estava preocupado consigo mesmo, era arriscado, mas aquela dúvida o deixava atentado a continuar, a ir atrás e saber mais, saber o motivo de tudo aquilo, seria apenas por diversão? Ou seria somente por vontade? Eram muitas coisas para serem respondidas, por isso, passou horas elaborando algumas perguntas que, certamente, não irritariam o palhaço, afinal, não era intenção dele o irritar, e sim compreender, ajudar de alguma forma, o moreninho passou alguns bons minutos observando a foto daquele palhaço tão estranho, apesar da forte maquiagem, havia uma beleza exótica em si, os traços do rosto dele eram lindos, mas não podia dizer muito apenas analisando uma foto, e muito menos julgar pela aparência, o Joker já era assustador demais, não gostaria de ter outra impressão errada. Assim que estava pronto, Bill se levantou e saiu rumo a sala de segurança máxima.
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Andryel, o melhor amigo de Bill e "vigia" das celas estava extremamente estressado com a agitação daquele lugar, os prisioneiros estavam mais agitados do que o normal, tudo por culpa daquele louco que matou seus amigos na noite passada, ele avistou o moreno e logo se pôs a andar ao seu lado para o acompanhar até a sala onde Joker já estava.
- Eu não gostei dele. - Dizia o loiro todo emburrado do lado do psiquiatra, chamando a atenção do outro com o seu jeito todo nervoso.
- Não tem como gostar dele, Dryel, não sei como vai ser a nossa primeira consulta... Mas temos que manter a calma. - Bill suspirava pesado ao reconhecer aquele corredor.
- Batman não podia escolher outro asilo não? Tinha que ser justamente esse? - O moreno riu do beicinho que o loiro fazia, mas tinha que concordar que o Batman tinha a sua preferência com Arkham . - Sério, aquele cara tem problemas! Aqui já tem até o Pinguim! Ninguém merece mais um fantasiado.
Ambos andaram por vários corredores que davam acesso a ala de segurança máxima, onde ficavam as celas dos criminosos mais perigosos e logo chegaram para a cela de consultas, onde o Joker estaria. Bill sentia um leve nervosismo a parar em frente do seu destino, haviam dois seguranças do lado de fora, ambos abriram a porta de metal para que o moreno entrasse.
- Olá doutor Quinzel. - Um deles começava a falar. - O senhor Arkham pediu para te informar que seu paciente está com camisa de força, para a sua segurança, caso precise de algo, basta gritar ou bater na porta.
- Ok, muito obrigado. - O moreno sorria levemente para aquele segurança e logo notou o nervosismo de seu amigo. Bill suspirou mais uma vez antes de entrar naquele lugar, percebendo como era ao seu redor, Bill nem havia notado que Andryel havia entrado junto. O loiro fez uma careta de desgosto ao observar o olhar de Joker sobre eles, mas logo o olhar de Joker se focou somente em Bill, que não demonstrou nenhuma emoção ao homem que o esperava. O loiro se aproximou sutilmente e logo sussurrou apenas para que o moreno ouvisse.
- Sério Bill, toma cuidado com esse palhaço, e não se preocupe, você está seguro. - O moreno olhou para Andryel em reprovação e logo fez um gesto para que ele fosse embora.
- Ok, thank you, Aldryel... Agora deixa comigo, sim? - Andryel ficou emburrado e, quando estava prestes a sair, um alarme foi ativado, fazendo todos ali ficarem mais tensos, Bill olhou rapidamente para o palhaço, que permanecia quieto enquanto o olhava um tanto curioso, ele não tinha nada a ver com aquele alarme, mas seria interessante descobrir o que estava acontecendo, seus pensamentos se foram quando três guardas entraram no local e logo em seguida o senhor Arkham apareceu, gritando entre ofegos.
- Pinguim fugiu! Bill, Andryel, não é seguro vocês ficarem aqui, levem o Joker de volta para a cela dele, vocês dois, me acompanhem! - Bill ficou paralisado, como assim o Pinguim fugiu? Ele tinha que fugir justo quando todos ali estavam a flor da pele?
Bill olhou para tudo sem entender nada, simplesmente fez um gesto para Joker, em sinal de que depois ambos conversariam e logo saiu, acompanhado de seu chefe.
Joker abriu um sorriso malicioso para os três guardas que estavam ali que se afastaram com o olhar do palhaço que agora ria descontroladamente, então o nome do seu novo doutor era Bill, ele estava ansioso para testar o seu novo "brinquedinho".
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