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História Red Contract - E eu era


Escrita por: brawleyschool

Notas do Autor


primeiro de tudo desculpa por ficar tanto tempo sem postar, eu estava em época de provas finais e vestibular e não tinha tempo literalmente PRA NADA. Mas agora eu estou lindamente de férias e vou postar com muito mais frequência, vou até postar um novo trailer pra red contract!!!! hahahah to empolgada. Espero que gostem do novo capitulo
ps: em uma das partes me inspirei na obra além do ponto, simplesmente porque acho esse texto incrível
bjokas e boa leitura


vai sem capa msm pq to postando de madrugada e dai depois arrumo kk

Capítulo 36 - E eu era


CATHERINE’s P.O.V

Eu podia sentir o que estava por vir subindo pela minha espinha: uma crescente e interminável dor que rastejava bem debaixo da minha pele, um parasita o qual não conseguia tirar do meu corpo. Meu coração se tornou algo pesado e oco, e eu podia senti-lo tocar o chão, como se fosse uma âncora me arrastando para o fundo do mar. Quem imaginaria que eu me sentiria tão fria? E tão sem vida? Achei que doeria quando eu visse Cameron, mas não imaginei que seria tanto e eu o odiava por ter esse efeito sobre mim. Não era para nós nos apaixonarmos, era para ele ser meu segurança e ponto final, era assim que as coisas deveriam ser: simples. Mas ele foi entrando em meu coração, mesmo com seu jeito grosseiro e irritante Cameron me tirou da minha zona de conforto e me desafiou todos os dias e agora não sei se consigo ser a mesma pessoa sem ele. Imagino-me em um quadro branco sem sua presença. Vê-lo parado em minha frente com sua mesma pele morena e com seus mesmos olhos castanhos sendo reluzidos pelo pequeno poste que iluminava o mirante fez tudo se tornar ainda mais doloroso. Senti uma mistura de rejeição, desilusão e humilhação, e a cena da minha mãe me deixando se repetiu mais uma vez em minha cabeça, comecei a me perguntar se era algo em mim que faziam todos que me amavam irem embora. Senti meu coração acelerar quando a brisa bateu no corpo de Cameron e me fez sentir seu cheiro, uma mistura de colônia com álcool. Quanto mais eu o olhava, mais insuportável isso se tornava: era como um grito preso dentro de mim, uma sensação sufocante. Não sei se era o frio daquela noite ou se era a dor em meu corpo que me impedia de respirar. Cameron foi se aproximando e eu permaneci imóvel, senti cada músculo do meu corpo se paralisar. Senti uma dor física no peito e não tinha ideia do que fazer, mas precisava sair de perto de Cameron antes que eu desse um tapa em seu rosto. Minha raiva era surreal. Eu me virei e passei por ele com um empurrão, sentindo seu músculo rígido sobre o moletom. O mais engraçado é que não tinha percebido que estava chorando. Ele aproximou sua mão e me segurou e eu fiz menção de me afastar, mas não antes que seu polegar tocasse em meu pulso, me impedindo de ir. Minha boca se abriu com a surpresa de seu toque gelado.

— Não encosta em mim!— gritei, tentando me livrar dele. Fui invadida por uma sensação de claustrofobia, com dificuldade para respirar. Só seu toque me causava enjoo.

— Não dá as costas para mim, porra! Eu posso explicar!— Cameron virou-me e envolveu-me fortemente com suas duas mãos, me segurando pela cintura, forçando-me a olhar em seus olhos. No seu olhar tinha uma mistura de raiva, dor e mágoa. Não conseguia decifrar direito o que era. Quando me olhou assim tentei bloquear a eletricidade que existia em nós dois.

— Quem me deu ás costas foi você!— apontei o dedo em sua cara. Nunca me senti tão humilhada na vida. Soltei um soluço e dei um passo para trás, perdendo o equilíbrio.

Você ainda me ama?— Cameron me perguntou de súdito e meu sangue esfriou, parecia que eu estava caindo em queda livre. Olhando para seus olhos arregalados só o que consegui ver foi desespero e confusão. Sua pulsação começou a ficar mais rápida e eu sentia isso em seu toque — É que…— ele começou a explicar,  mas então parou— Eu preciso saber.

Queria dizer o quanto ainda o amava, mas ele não merecia isso de mim. Eu não merecia mais isso. Não merecia amar alguém que era como um veneno para mim. Cameron era essa reação química instável, tudo está bem em uma hora e no outro segundo ele explode, me deixando em pedaços.

—Isso é baixo até mesmo para você!— bati em seu peito e seu rosto se contorceu de dor —Você me abandonou e vem me perguntar se ainda te amo? Caramba! Você é doente!— gritei para ele, afastando meu corpo do seu, agora nós estávamos a centímetros de distancia um do outro. Cameron se encolheu em seu moletom de capuz preto, escondendo seu rosto. E eu me virei de lado, segurando as lágrimas que ameaçaram surgir nos meus olhos. Fiz força para controlar o turbilhão de sentimentos que tomou conta de mim.

Porque ele me deixou? Porque ele parecia tão confuso? Tão perturbado?

Um silêncio enlouquecedor tomou conta do segundo seguinte. Conseguia ouvir a respiração ofegante de Cameron, como se ele estivesse prestes a dizer algo mas desistisse. Já não conseguia segurar mais as lágrimas que vinham, soluçava de chorar e ele me olhava de lado, com dor nos olhos, como o olhar de alguém que se culpa pela minha dor.

Como se ele realmente se importasse comigo. Eu era mesmo uma idiota.

— Eu precisava de você — eu comecei a falar, destruindo o silêncio e Cameron permaneceu com o rosto enfiado embaixo do capuz preto — De todas as pessoas no mundo eu achei que você fosse o único que estaria lá por mim e você simplesmente sumiu—nunca senti uma dor tão grande. Não sei como vou conseguir suportá-la, e não tenho certeza se um dia serei capaz de fazer isso— Sabe como foi acordar esperando que você estivesse ao meu lado e de repente eu vejo o rosto de Nate? Isso me destruiu!

—Catherine… — ele se aproximou devagar, como se pedisse permissão para chegar mais perto. Fiz que sim com a cabeça, embora a raiva que sentia eu precisava de seu toque, eu precisava de sua presença. Cameron me olhou nos olhos e eu podia jurar que ele estava em pânico. Ele estava pálido e todo o sangue de seu corpo parecia ter sido drenado — Diz que ainda me ama, por favor, eu preciso ouvir você dizer isso— ele implorou, tocando em meu rosto. O seu efeito sobre mim era de imediato, senti meu coração acelerar e tentei lutar contra isso. Suas mãos eram tão grandes que cobriam meu rosto inteiro, e sentia a ardência de seu toque contra as lágrimas que caiam. Ele me olhou por alguns segundos e limpou uma lágrima que ousou cair e então sussurrou um desculpa. Mas eu neguei com a cabeça. Seu rosto se contorceu em desespero, era como se ele quisesse me contar algo, mas não conseguia ou não podia. Sentia esse conflito que Cameron estava tendo com suas emoções e isso estava me sufocando. Em cada toque, em cada olhar eu conseguia sentir sua confusão e dor, ele queria que eu dissesse que o amava porque algo o assustava muito. 

—Não… Nun‑ ca mais vou falar com você!— gritei e senti uma pontada no estomago, como se estivesse prestes a vomitar. Não sei o que era mais difícil: a dor, a agonia de não saber a verdade ou a mentira de tentar me convencer que eu não amava Cameron.

Quando ouviu essas palavras, ele apertou seu toque sobre minha pele e sua Iris diminuiu.

—Você disse que me amaria pra sempre! — ele segurou meu rosto mais forte e meu corpo todo se arrepiou— Porque não consegue me dizer isso? Você é tão mentirosa! Aposto que já abriu as pernas para o Nate!

Cameron estava sendo tão egoísta e meu sangue fervia com isso.

—Como você tem a coragem de colocar a culpa em mim?— eu o olhei, empurrando seu corpo tão forte que ele desequilibrou-se. A tristeza ainda estava em meus olhos, mas havia algo a mais agora também, raiva.

—Me desculpe, eu... eu não quis dizer isso— ele levantou-se e tentou acariciar meu queixo mas eu recusei. O seu rosto murchou de imediato.

— Eu te amava tanto e eu me odeio por isso... — falei, com a voz trêmula.

Ele abaixou a cabeça.

Droga, Cath. Você fala como se me amar fosse uma coisa ruim.

Meu peito dóia só de olhar para ele, então afastei o olhar, virando para o horizonte.

— E é... eu me tornei alguém que nem conheço, dependente de alguém tão podre como você!— a raiva se apoderou dentro de mim — Mas isso não faz mais diferença porque agora tudo que sinto por você é desprezo!

Cameron suspirou e passou as mãos pelos cabelos.

— Como? Como, Catherine? Você ainda me ama! Eu sei disso, porra! Para de mentir para mim!— Cameron se aproximou em um pulo e segurou meu queixo, apertando-o com tanta força que ficou uma marca vermelha.

— Me larga! Você é louco!— eu gritei, esfregando as lágrimas e arrancando suas mãos de mim— Você podia ao menos ter dito que não me queria mais!— minha voz se elevou em um grito estridente e eu comecei a dar socos no peitoral do Cameron. Ele ficou calado enquanto em me debatia em seu corpo. Ele respirou fundo e olhou para o lado, como se segurasse um sentimento que estava pedindo para sair. Não estava lutando contra mim— Em vez de me largar, você podia ter tido a decência de terminar comigo!

— Eu não planejei nada disso... eu queria te contar mas... mas eu— ele disse, com a voz trêmula.

—Mas o que?!

Cameron ainda não olhava para mim.

— Não esperava que as coisas fossem terminar desse jeito— ele então me olhou e havia lágrimas acumuladas no canto dos seus olhos.

—Mas terminou! E agora você perdeu a única coisa que prestava na sua droga de vida!— tentei me convencer que ele havia me perdido e não o contrário.

—Não diz isso, Cath. Não diz que eu te perdi.

— Você é louco, só pode!

— Não me chama assim, porra!— ele avançou para cima de mim, como se estivesse prestes a me atacar.

— O que você vai fazer, vai me bater?

— Você sabe que eu nunca faria isso, que eu nunca te machucaria— ele segurou minha mão e dessa vez eu não consegui recuar ao seu toque.

Sinto lágrimas vindo. A única forma de conseguir segurá-las é encontrar a raiva que está presa e empurrá-la para fora.

— Eu te odeio!

Cameron apenas ficou calado, piscando e segurando minha mão, enterrando os com tanta força que parecia que nunca ia me soltar. Balançou a cabeça e disse baixinho “não, não, não” seguidamente. Seus olhos se tornaram cheios de intensidade, medo e dor. Ele agarrou minhas mãos. Elas estavam congeladas. Minhas próprias mãos estavam congeladas agora, agarrando as suas.

—Você não pode estar falando sério.

—Fica longe de mim! Para sempre — exijo.

Fico em silêncio e caminho na direção para ir embora. Cameron abre passagem e eu passo por ele.

—Fala comigo — ele implora.

— Me conta porque você me deixou, me dá uma explicação!— Me viro de braços cruzados, sentindo o frio daquela noite. A verdade é que eu queria um motivo, eu queria saber o porquê, eu sei que se talvez se ele tivesse um bom motivo eu poderia perdoa-lo e nos podíamos voltar a ficar juntos.

— Eu...e-eu —Cameron abriu a boca, mas não conseguiu dizer nada. Os olhos dele estavam implorando perdão.

— Me fala porque você me abandonou ou me deixa em paz, Cameron. Pois eu estou muito feliz com o Nate, ele não me deixa louca que nem você, ele faz bem para mim— depois de um minuto de silêncio, eu fiz menção de sair e ele entrou em minha minha frente, bloqueando minha passagem com seu corpo alto — Então tudo bem, não fala comigo, não quero ouvir mais nada. Não aguento mais.

Eu te amo.

De repente eu senti minhas estruturas sendo desestabilizadas. Toda postura que tentei ter até agora foi destruída. Foram poucas as vezes em que Cameron disse que me amava, apesar de sentir o seu amor todos os dias. Quando essas palavras saíram de sua boca eu percebi que um peso foi tirado de suas costas e eu senti toda a raiva que existia dentro de mim sendo dissipada. Eu não sabia o que era mas senti um frio percorrer meu corpo, senti que estava mais leve e meu coração começou a bater mais rápido, como se minhas pernas fossem me trair ali mesmo e ceder.

Cameron começa a dar risada e eu fiquei confusa. Seu rosto se tornou algo frio e sombrio e seus olhos me transmitiam tanta dor que podia sentir isso em minha pele.

—É isso que basta? Um te amo e você já está aos meus pés? — Cameron se aproximou de mim e eu tive medo da imagem que via— Você é realmente patética— ele dá uma risada alta e meu coração se contorce— A verdade é que você sempre volta para mim e sabe por quê? Você estava entediada com sua vidinha de merda. Já está na hora de começar a parar de culpar os outros por irem embora e começar a culpar a si mesmo. Você não passa de uma pobre coitada, que culpa a vida por tudo que te acontece, quando a maior culpada é você. Catherine, você é a garota mais fraca que eu conheço, só me bastou ir embora para seu mundo desmoronar. Você se viciou em mim como droga e isso é hilário porque eu nunca precisei de você da mesma forma. Olhar agora para seu rosto de derrotada é um tanto cômico.

—Você só pode estar brincando —eu disse, e em meio a um soluço.

Esse nível de humilhação e fracasso é pior que qualquer coisa que eu poderia imaginar. Não podia acreditar que aquelas palavras estavam saindo de sua boca, porque ele me dizia tudo isso se havia dor em seus olhos? Cameron é um bom ator. Ele estava só brincando comigo esse tempo todo, no fim era mesmo tudo um joguinho para ele. Isso machuca mais que qualquer outra coisa no mundo. Estava tudo planejado desde o inicio.

Cameron não esboçou reação. Ficou ali parado, como se meu mundo não estivesse desmoronando ao meu redor enquanto ele me humilhava.

— Como teve coragem de fazer isso comigo? Você… eu não acredito... como que... —eu mal tinha ar para respirar— …só me diz o motivo. Por que?!

—Porque é divertido.

Senti a bile subir pela minha garganta e quase vomito.

—Você é doente. Você é a muito doente! — gritei antes de sair correndo. Não aguento mais isso. As mãos de Cameron seguram meu braço. Eu me desvencilho dele, viro-me e dou um tapa em sua cara. 

Me sintei humilhada e enganada.

CAMERON’s P.O.V

Não queria que Catherine percebesse que eu estava meio bêbado e drogado, não queria que ela pensasse que eu andava bebendo e fumando, e eu andava, todo dia um bom pretexto para esquecer que sentia a falta dela mais que tudo, e fui percebendo também que não queria que ela pensasse que eu era um monstro sem coração, dizendo todas aquelas palavras horríveis para ela, palavras que tive que lutar contra minhas próprias forças para dizer, e eu era, um criminoso que não pensava duas vezes antes de tirar a vida de alguém. Eu não queria que ela pensasse que eu era um egoísta, que nunca colocou os sentimentos de ninguém em primeiro, mas eu era, e também não queria que pensasse que era um louco, problemático, tão instável quanto uma reação química, mas eu era, e tudo que eu andava fazendo e sendo eu não queria que ela visse nem soubesse, mas depois de pensar isso fui percebendo que talvez eu não quisesse que ela soubesse que eu era eu, e eu era. E foi aí que percebi que eu não queria Catherine com alguém como eu, então eu a deixei ir. E é mais fácil para ela me deixar se me odiar.



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