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História Red Flames - Percepções acerca do bem e do mal


Escrita por: dudabraga_b

Notas do Autor


Tá tenso hoje! Espero que gostem!

Capítulo 11 - Percepções acerca do bem e do mal


Fanfic / Fanfiction Red Flames - Percepções acerca do bem e do mal

Mert County, arredores da Fazenda Greene — 2011.

 

Hershel colocou uma mãos sobre o ombro de Alec, mesmo ainda chocado com a situação, tentando conforta-la.

— Vamos voltar. — ele disse.

Rick se abaixou diante o corpo do homem e tomou a espingarda das mãos do morto, procurando também por munição dentro de seus bolsos, encontrando três balas, enquanto Glenn ia até o corpo de Dave e fazia o mesmo.

Os quatro começaram a andar em direção a saída do estabelecimento, porém foram impedidos quando viram luzes, e barulhos de freios do lado de fora. Rick mandou que todos se abaixassem, e eles correram até as paredes, se abaixando e se escondendo do carro que passava por ali.

— Dave? Tony? — uma voz chamou do lado de fora.

— Eles disseram aqui?

— É.

— Estou falando cara, eu ouvi tiros. Vi errantes, duas ruas abaixo.

— Está perigoso, temos que cair fora daqui.

Alec, Rick, Hershel e Glenn se mantiveram calados, tentando esconder suas respirações ofegantes e preocupadas, enquanto os homens do lado de fora conversavam mais e vasculhavam ali por perto o perímetro ao redor do bar e da farmácia.

Glenn e Rick se ergueram um pouco para olhar através do vidro das portas se os homens haviam ido embora, aparentemente não, eles ainda circulavam pelas redondezas, o que era extremamente preocupante, visto que os carros um de Rick, Glenn e Alec e outro de Hershel estavam do lado de fora, apenas esperando para serem descobertos.

— Vamos sair pelos fundos e ir correndo para o carro. — Rick sussurrou.

Porém quando estavam prestes a se levantarem, os barulhos de tiros atingiram seu ouvidos, fazendo com que eles voltassem a ficar sentados se escondendo dos homens que procuravam pelos amigos mortos.

Rick olhou para outros três ali. Eles estavam enfileirados, encostados contra a parede que possuía a porta de entrada. Rick, estava do lado esquerdo da porta, se espremendo contra a parede e a todo momento olhando através da janela. Do lado direito estavam Alec, bem ao lado da porta, Glenn e Hershel, que possuíam os mesmos olhares desesperados.

— Estamos atrás de Dave e Tony, e ninguém chega o maldito bar? — os quatro ouviram a voz de um homem dizer do lado de fora, enquanto passos se aproximavam.

Os barulhos de passos na varanda do bar atingiu os ouvidos de Rick, que desengatilhou a arma, pronto para agir caso os homens entrassem. A porta começou a ser aberta pelo lado de fora, quando Alec agiu mais rapidamente e deslizou pelo chão, bloqueando a porta de ser aberta com as costas.

Os homens do lado de fora pareceram se assustar com o jeito que a porta havia sido fechada novamente a força. Começaram a discutir se ela havia mesmo sido empurrada pelo lado de dentro, se perguntando se havia alguém no bar. Alec engoliu em seco, olhando de Rick, Glenn e Hershel, com os braços esticados e espalmados contra a madeira da porta.

— Ei, tem alguém aí dentro? — um homem disse, do lado de fora, fazendo os quatro arregalarem os olhos. — Não queremos confusão. Só estamos procurando pelos nossos amigos.

Rick olhou para Alec, mais especificadamente para uma das mãos dela que estava perto ao seu rosto. Olhou para a mulher em si, os cabelos emaranhados ainda com as flores de Sophia e a boca, e bochechas, assim como os cabelos também, machados de sangue. Foi assim que percebeu que ela olhava fixamente para os mortos.

— Se aconteceu algo, nos diga. — o homem do lado de fora insistiu. — Este lugar está cheio de corpos. Se nos ajudar a não sermos mortos, eu agradeceria.

Os homens voltaram a conversar entre si do lado de fora. Alec viu Rick ranger os dentes e colocar os dedos no rosto, na ponte do nariz entre os olhos. Arregalou os olhos, como se imediatamente entendesse o que ele pretendia. Negou com a cabeça freneticamente quando ele a encarou, pedindo silenciosamente para que não fizesse aquilo.

— Atiraram em nós. — a voz forte e cheia de sotaque de Rick Grimes ressoou pelo recinto, fazendo com que Alec revirasse os olhos e Hershel colocasse a mão sobre o rosto.

Houve algum silêncio, um intervalo de tempo de dez segundos de um silêncio assombroso.

— O Dave e o Tony estão aí? Eles estão vivos? — a voz do homem no lado de fora disse.

Rick abaixou a cabeça, cerrando o maxilar.

— Não. — ele disse enquanto ouvia mais uma discussão do lado de fora, um queria ir embora, outro não queria deixar barato o que acontecera aos dois homens no bar. — Seus amigos atiraram em nós! Eles não nos deram escolha! Tenho certeza que todos nós já perdemos pessoas demais! Fizemos coisas que não queríamos ter feito, mas é assim agora! Você sabe disso! Então vamos deixar as coisas como estão! Lugar errado, hora....

O discurso de Rick foi interrompido por uma saraivada de tiros invadindo pelos vidros da porta. Alec arregalou os olhos, se abaixando e cobrindo o rosto o máximo que conseguia com os braços, tentando se proteger dos cacos de vidro que caíram sobre ela. Viu Rick se levantar do chão e atirar para o lado de fora, através da abertura do vidro.

— Saiam daqui! Vão! — Rick berrou, enquanto atirava e se abaixava novamente contra a parede.

Alec se levantou junto a Hershel e Glenn, correndo para os fundos do bar. Viu o idoso parar no corredor dos sanitários e Glenn atrás do balcão de bebidas, enquanto ela apenas se ajoelhava no chão e habilmente deslizava para baixo de uma mesa, ficando deitada de barriga para baixo no chão e apontando a python para a porta, tentando dar uma espécie de cobertura a Rick que ainda estava na frente.

Sentiu algo arder insuportavelmente em seu braço e gemeu quando os tiros acabaram repentinamente. Olhou para o próprio braço e fez uma careta quando viu que ele sangrava um pouco abaixo do ombro esquerdo. Não sabia se era por causa de um caco de vidro ou uma bala de raspão, porém aquilo doía como o inferno.

— Você está bem? — Rick sussurrou, a olhando.

Alec apenas assentiu, se levantando do chão e se ajoelhando e desengatilhando a python, enquanto lançava os cabelos ruivos e duros pelo sangue seco para trás dos ombros.

— Ei! Nós todos sabemos que isso não vai acabar bem! — Rick gritou, tentando se comunicar com os outros do lado de fora. — Ninguém de nós vai ganhar nada com isso! É melhor vocês irem embora e ninguém mais vai se ferir!

Rick fez um sinal com a cabeça para que Glenn rumasse para a porta de saída dos fundos e checasse para ver o que estava acontecendo quando ouviram um barulho soar ao longe. Hershel se abaixou no chão e foi até Alec, examinando o ferimento em seu braço.

—Foi um tiro de raspão. — o idoso disse, alcançando uma garrafa de whisky que havia caído no chão durante a briga. Derramou o líquido alcoólico sobre o ferimento da mulher e pegou um lenço do bolso, amarrando sobre o local. Era máximo que podia fazer naquele momento. Teria que receber pontos quando chegassem a fazenda. — Deu sorte, moça.

Alec rangeu os dentes, sentindo o gosto da bile na boca enquanto Hershel derramava a bebida no ferimento.

— Parece que um bebê alienígena daquele filme Alien está irrompendo do meu braço. — ela resmungou.

Rick andou cautelosamente até Hershel e Alec, e se abaixou em frente aos dois, olhando seriamente de um para o outro, preparado para contar, e se possível ordenar seu plano. Hershel e Alec teriam que ir para a saída que Glenn tomara, para ajudar o coreano a ir até o carro, o dando cobertura, enquanto Rick ficava ali e os chamava atenção para que eles não o vissem saindo por trás.

Após isso tudo aconteceu muito rápido. Hershel, Glenn e Alec foram para trás do bar, enquanto o idoso e a mulher davam cobertura para que o coreano fosse e corresse até o carro. Um dos homens surgiu e tentou matar Glenn, sendo atingido rapidamente por Hershel, enquanto eles constatavam que havia mais um atirador no telhado da farmácia de frente para o bar, e que Glenn estava bem.

Os quatro viram ao longe dois homens em uma caminhonete se aproximarem do garoto que atirava no telhado e exigirem para ele que pulasse do prédio pois a rua estava cheia de walkers devido ao tiroteio. O resultado não foi muito agradável, o garoto pulou do telhado para uma grande lixeira de ferro no beco, porém se desequilibrou e caiu sobre a grade da farmácia, espetando a perna sobre o ferro da grade, enquanto seus parceiros apenas o abandonaram.

Hershel parecia bastante ocupado tentando não deixar com que o homem que ele havia baleado ser morto pelos walkers que já começavam a infestar as ruas, porém não havia tido sucesso. Rick, vendo o sofrimento do garoto que virara um espeto humano na grade, saiu correndo em direção a ele, matando os walkers que chegavam perto, enquanto Alec revirava os olhos e corria atrás dele.

— Rick! — Alec e Rick ouviram a voz de Hershel chamando por ele, enquanto tentavam olhar a situação do garoto que chorava histericamente. — Nós temos que ir agora. — Hershel colocou uma mão sobre o joelho do garoto que negava freneticamente, implorando para que eles não o deixassem. — Sinto muito, filho. Temos que ir.

O garoto se sentou com dificuldade sobre a lixeira.

— Não, por favor! — ele implorou.

— Temos que ir. — Hershel insistiu com Rick.

Alec rosnou de dor quando se impulsionou com os braços para cima da lixeira, enlaçando as pernas para cima, afim de ficar ao lado do garoto que ainda chorava e checar o ferimento dele. Mesmo sendo um inimigo, não poderia deixa-lo, ele era tão novo, quase uma criança.

— Não podemos. — Alec disse, indignada. — Ele é apenas um garoto.

Glenn arregalou os olhos ao constatar, olhando nos olhos de Rick, que o homem concordava com a ideia de Alexandra de salvar o garoto dali.

— Este lugar está cheio de walkers. — Glenn gritou.

Hershel se virou para o garoto, dando as costas para a discussão que se formava entre Rick e Glenn para examinar a perna do garoto que era atravessada e furava profundamente a carne na perna dele, um pouco abaixo do joelho.

— A cerca atravessou direto. — Hershel disse, olhando para Alec e Rick, respectivamente. — Não há como tirar a perna inteira daí.

Rick e Glenn se aproximaram da cerca, balançando o metal como se tentassem provar da teoria de Hershel sobre como o ferro havia atravessado direto em sua perna. A chacoalhada pareceu causar uma imensa dor no garoto, que no mesmo momento tombou sobre a lixeira e berrou de dor.

Alec revirou os olhos, tapando a boca do menino.

— Cala a porra da boca! A gente tá tentando te ajudar! — ela disse. — Vamos ter que cortar pelo osso.

Hershel assentiu, já tirando a camisa branca que usava, afim de usa-la como uma atadura improvisada. O procedimento seria feio e sairia sangue para todos os lados, e a situação apenas se agravava, enquanto o garoto se esgoelava de tanto gritar.

Alec sentou sobre o dorso do garoto, que se remexia freneticamente, o mantendo parado entre suas pernas e pegando no ar a camiseta que Hershel lhe atirava. O idoso pegou um graveto no chão, para que eles formassem uma espécie de torniquete.

Porém, o procedimento foi interrompido por causa de Glenn que, gritando, noticiou a chegada dos walkers, vindo em direção a eles. Os sons de tiros por meio de Rick e Glenn invadiram o ouvido de Alexandra que, em conjunto com Hershel, tentava efetuar seu trabalho, mas que com tantos gritos, desespero e pressa, não seria possível.

— Não temos tempo, Hershel. — Alec disse desesperada, olhando do idoso que a olhava preocupado. Encarou Rick que atirava contra os mortos e arregalou os olhos. — RICK!

O homem imediatamente a olhou. Alec o lançou um olhar preocupante e na mesma hora ele compreendeu. Rick correu até eles, enquanto Hershel e Glenn já se afastavam e o garoto implorava para que eles não o deixassem. O homem apenas pegou sua perna e, com um arranco para cima, a retirou da cerca, fazendo com que seu grito ecoasse e agitasse mais ainda os walkers.

Alec se levantou na lixeira, apontando para um walker que estava prestes a atacar as costas de Rick e atirou em sua cabeça, o matando imediatamente. Olhou para o homem que colocava o garoto sobre seus ombros e pulou da lixeira sem precisar de ajuda alguma.

Glenn foi o primeiro a chegar no carro, seguido por Hershel, e Rick carregando o garoto e então Alec que limpava a área ao redor do veículo para que eles pudessem sair dali sem atropelar tantos mortos. Quando a mulher finalmente entrou no carro, Glenn apenas pisou fundo no acelerador e os levou em direção à fazenda.

***

Já era dia quando eles finalmente chegaram a fazenda. Alec assistiu todos os membros do grupo correrem em direção a eles, enquanto Glenn estacionava o carro em frente à casa de Hershel. Rick foi logo recebido por beijos e abraços por Lori e Carl, enquanto Maggie, furiosa com o pai, passou direto por ele e abraçou Glenn.

Alec, ao contrário de todos, saiu do carro suavemente, caminhando para o lado de Daryl e Carol que estavam ali por perto. O arqueiro a olhou de cima a baixo, observando primeiramente seu rosto encardido com o sangue seco de Tony, e então seu braço enfaixado precariamente.

— Você está bem? — Carol falou por ela e por Daryl. — Parece estar ferida.

Alec sorriu para ela, a tranquilizando, enquanto passava uma mão sobre seus ombros.

— Preciso escovar os dentes. — ela disse, e se virou para Hershel. — Posso usar seu banheiro, Hershel? Talvez uma escova de dentes e pasta dental?

O idoso apenas a olhou, sorrindo levemente.

— Sinta-se a vontade. — ele disse. — A casa é sua.

Alec sorriu para Hershel, passando por ele e sem olhar para ninguém especial, apenas se virou e subiu as escadas da varanda da casa, entrando na residência logo em seguida, enquanto os outros a observavam partir, intrigados.

— Ela está bem? — perguntou Lori Grimes ao marido, preocupada.  

Rick a olhou durante alguns segundos, percebendo intrigado que nem ele mesmo possuía a resposta para a pergunta.

— Ela teve que matar alguém. — Rick contou, abraçando Carl.

Hershel ergueu as sobrancelhas grisalhas, cruzando os braços.

— Sim, — ele disse. — com os próprios dentes.

***

Shane Walsh havia ficado furioso com o fato de Rick ter salvado o garoto que se apresentara como, Randall. Rick porém, parecia mais esperto em relação ao amigo e havia imposto respeito, ele e Hershel ao que dizia a respeito das decisões que envolviam o prisioneiro.

Estava decidido, o tratariam, e então o mandariam para longe da fazenda, com comida e água o suficiente para que pudesse sobreviver por dois dias. Enquanto isso ficaria preso em um pequeno e inutilizado celeiro que ficava mais distante da casa e do outro celeiro maior.

O primeiro turno de vigia havia sido dado a Alexandra, não por pedido de alguém mas sim por insistência dela mesma, que com seus olhos observadores e particularmente implicados com certas pessoas, não deixaria por nada desse mundo que Shane Walsh se aproximasse daquela maldita cabana de madeira.

Alec já havia dado pontos no tiro de raspão e feito um curativo descente com a ajuda de Hershel, e também escovado os dentes pelo que parecia ser 30 vezes, não que havia contado, porém sabia que fora muitas, tantas que ela podia sentir suas gengivas um pouco esfoladas.

Viu a luz de uma lanterna ao longe vindo rapidamente em direção a cabana. A noite estava escura e as únicas formas de aquecimento eram dentro da casa e a fogueira do acampamento que estava a centenas de metros dali. Alec tentava se virar com um pequeno lampião, porém, perto do outono, estava cada vez mais difícil viver do lado de fora.

Alec percebeu que aquela lanterna se transformara em Rick Grimes, mais especificadamente vindo em direção a ela, a encarando seriamente. Acenou com a cabeça para o homem e Rick retribuiu, se sentando ao lado dela em um banco de pedra perto dali.

A mulher lhe estendeu a colt python, o entregando a arma com um agradecimento silencioso. Rick apenas sorriu levemente para ela e pegou a arma de volta, a colocando em sua cintura. Perguntou sobre Randall vagamente, e ela o respondeu da mesma forma, dizendo que ele estava bem e não havia reclamado de dor por estar sedado. Rick então assentiu, deixando com que o silencio reinasse durante longos minutos.

Rick a encarou de esguelha. A luz da lua incidia diretamente sobre seu rosto, destacando as maçãs do rosto e o nariz pequeno e empinado, assim como os lábios carnudos e rosados. Os olhos parecia terem adquiro um tom mais cristalino de azul como se fosse as águas do mar do caribe, e as sardas se espalhavam por todo seu rosto adquirindo um tom mais escuro do que o habitual ruivo sardento.

Alec o olhou, sentindo o olhar do homem queimar sobre ela, mordeu os lábios, esperando que Rick dissesse algo.

— Você está bem? — Rick perguntou, calmamente. Sabia muito bem que ele havia ido até ali preocupado em perguntar a ela essa questão e não em saber do estado de Randall apesar de admitir ser um caso importante. — Por causa de ... Tony.

Alec sorriu minimamente.

— Por que eu o matei? — ela perguntou, suavemente, juntando as pernas junto ao peito e as abraçando.

Rick assentiu, levemente.

— Sim, eu estou bem. — Alec disse. — Eu não me arrependo, ou me sinto mal por ter feito isso. Eu apenas pensei em como ele iria me violentar e então matar vocês, e então vir até a fazenda e estuprar Lori, Carol, Beth, Patricia, Andrea, Maggie... como ele mataria Daryl se tivesse a chance... — Alec disse, mordendo os lábios e encarando a lua. — Aquilo me assustou, como eu arranquei a garganta dele, podia sentir como se eu fosse uma sangue suga, pegando a vida daquele homem. Quando eu senti o gosto do sangue espalhando na minha língua...

Rick colocou uma das mãos sobre seu ombros, tentando a consolar, porém mal sabia ele que apenas piorava as coisas. Alec estremeceu sob o toque de sua mão, porém, mesmo tentando se afastar sem causar constrangimento, ela não teve sucesso.

— Eu não quero chorar, eu não me sinto culpada ou amedrontada pelo que eu fiz. — Alec disse. — O que me amedronta é a ideia de que eu possa estar virando uma psicopata justamente por não estar sentindo nada. — Alec disse, batendo a mão sobre o rosto, retirando uma lágrima da bochecha. — Eu não quero ser como eles. Mas eu sei que isso não importa mais, que eu não sou a mocinha e eles os vilões.

Rick passou as mãos pelos cabelos.

— Nós somos sobreviventes, Alec. — Rick disse. — Todos fizemos coisas horríveis e vamos fazer, somos obrigados a isso se queremos proteger a quem amamos.

Alec revirou os olhos, ironicamente ao ouvir a frase do homem. Proteger a quem amamos, Rick havia dito. Aquilo era horrivelmente cômico em seu caso, pois simplesmente não havia sobrado ninguém que ela pudesse proteger. Ela havia tentado, mas tentar não era o suficiente, não mais.

— Engraçado... proteger a quem amamos. — Alec refletiu. — Você ama Lori e Carl, Hershel tem as filhas e sua fazenda, Glenn... ele tem Maggie. Mas e eu? Você entende agora? Se eu não preciso proteger ninguém, porque continuo com sangue nas minhas mãos, Rick?

Rick tentou a encostar novamente, abrindo e fechando a boca várias vezes, em busca de alguma palavra de conforto a ela, porém Alec o enxotou bruscamente, dando um tapa forte em sua mão e se levantando do banco. Aquele era seu jeito de se manter longe dele, seu toque fazia com que todo o corpo da mulher ardesse de um jeito completamente errado que ela não poderia desejar. Ela estava se esforçando muito para não ser aquela vadia que Gareth falara que ela era.

— Alec...

— Eu matei Otis, Rick! Shane pode ter puxado o gatilho, porém eu estava lá e não consegui impedir que ele fizesse o que fez. — Alec disse. — Eu matei meu pai, eu não consegui fazer com que ele saísse do CDC, meu próprio pai preferiu morrer do que viver junto a mim, entende? Eu estou afundada em sangue! É tudo culpa minha! E eu nem ao menos sinto muito por isso.

Rick se levantou do banco, estendendo os braços ao alto e indo em direção a Alec calmamente como se tentasse encosta-la para assim ajuda-la.

— Não é culpa sua. Nada disso é culpa sua. — Rick disse. — As pessoas erram, e seu pai apenas fez a própria escolha. Isso não pode ser culpa sua. — Rick pegou sua mão.

Alexandra o empurrou para trás bruscamente, fazendo com que Rick desse dois passos cambaleantes. Havia começado a sentir aquela sensação novamente, não poderia senti-la. Não era certo.

— Saia daqui! — Alec gritou. — Saia daqui e vá para o inferno! Eu não quero você aqui! — ela tentou o afastar por meio da grosseria, o enxotando o mais bruscamente possível. — Apenas saia daqui, seu idiota! SAIA DAQUI AGORA!

Quando viu que o homem estava chocado demais para se mexer, apenas avançou sobre ele, dando socos em seu peito e o empurrando para trás. Não o queria ali, não o queria desejar daquela maneira, e tudo o que ele fazia por ela, tentando a ajudar e a consolar, estava a machucando mais ainda, enquanto ela reprimia aquela vontade dentro de si.

Rick pegou os pulsos da mulher no ar, enquanto ela ainda tentava o tirar dali, o empurrando e o socando. Porém percebeu quando os olhos delas se encheram de lágrimas e Alec deixou os braços amolecerem, enquanto ele ainda a segurava pelos pulsos.

— Eu não consigo. — ela sussurrou.

Alec o agarrou pelo pescoço e chocou seus lábios contra os deles, o surpreendendo, o paralisando. Rick precisou de alguns segundos para raciocinar que os lábios de Alec se moviam sobre os dele. Sabia muito bem que deveria a soltar, porém a sensação da língua da mulher invadindo sua boca o causara tremores, então apenas soltou seus pulsos e a agarrou pela cintura a aproximando mais de si.

Esquecidos do resto do mundo ao redor, os dois se chocaram contra a parede de madeira do casebre em que Randall era mantido. O homem a pressionava fortemente contra a parede, sugando seus lábios com gula, enquanto descia também até seu pescoço e o mordia, a fazendo arfar de dor e prazer.

Alec agarrou os cabelos do homem os desalinhando totalmente, assim como queria desde do dia em que o levara até seu quarto no CDC. Porém quando sentiu a mão de Rick acariciar sua bochecha entre os beijos desesperados, sentiu algo a queimar, um aro que estava entre os dedos do homem.

Alexandra se afastou dele ofegante, olhando de esguelha para o lado e vendo a mão com a aliança de casamento de Rick a encostar no rosto. Começou a hiperventilar de pavor e o afastou bruscamente, o olhando aterrorizada.

Rick a encarou sem entender por alguns segundos, porém quando percebeu o olhar de Alec, também saiu da nevoa de prazeres que o prendia a ela. Passou as mãos pelos cabelos, se perguntando o porquê de ter feito aquilo, porém quando viu o olhar no rosto de Alec, soube que havia se arrependido. Além de ter tecnicamente traído Lori, havia magoado a mulher a sua frente.

— Eu ... eu sinto muito. — Alec disse, entendendo a mão tremula em direção a ele, porém desistiu no último segundo. — Por favor, me perdoe.

Alec apenas se virou, correndo para dentro da cabana em que Randall estava, surpreendentemente dormindo, e ficou ali a noite inteira, velando pelo sono do garoto, sem nem mesmo consegui piscar o olho.

Em meio a toda sua dor mental, percebera que tinha razão sobre o que ele havia dito a ela a tanto tempo atrás, um pouco antes de terminarem, no mesmo dia em que ele a havia agredido, no mesmo dia que ela havia perdido o bebê.

Gareth tinha razão. Ela era mesmo uma vadia de quinta.  

 


Notas Finais


Genteeeee tenso né! Bom, essa última cena deu para ter um gostinho do que será o relacionamento do Rick e da Alec até eles se acertarem de vez, conturbado e mais selvagem! Vai dar merda? Vai, mas fazer o que.
Espero que tenham gostado!
Comentem e favoritem!
Até o próximo!
- Duda.


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