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História Red Garden (hiatus) - School of Tears


Escrita por: yejiapsa

Notas do Autor


Bom, agora sim o primeiro capítulo! O Prólogo, como sabem, é um "tchan" a mais que mostra o que virá lááá pra frente na história.
Não sei se quem visualizou antes e favoritou gostou do que leu, espero que sim :c

Capítulo 2 - School of Tears


Taehyung descansava a cabeça no vidro da janela do carro. Casas, comércios e outros tipos de construção passavam velozes conforme Daegu ficava para trás. Seus olhos já não estavam inchados e ele havia se acalmado. Os últimos três dias haviam sido apenas caos, mas ele conseguira enfim achar um ponto de equilíbrio, algo que somente o Prozac conseguia fazer por ele naquele momento.

Fechou os olhos, lembrando dos últimos acontecimentos da semana. Sua mãe, após ter sido mais uma vez espancada pelo companheiro, havia tido um ataque cardíaco. No hospital, ela não conseguiu resistir à cirurgia e faleceu de madrugada, 10 horas depois da briga. Taehyung tinha acompanhado a mãe, ele mesmo com seus próprios ferimentos.

Quando o companheiro dela ficava bêbado (mais do que o costume), ele descontava as suas frustrações em mãe e filho. Chamava Taehyung de vagabundo e a mãe dele de puta. Distribuía tapas nela e sempre sobrava para Taehyung, que tentava defender a mãe. O homem era mais alto e mais forte, um "gordo nojento", como Taehyung o xingava. Isso só deixava o homem mais possesso e violento.

Durante anos, Taehyung pediu para a mãe abandonar aquela casa e fugir junto dele para bem longe dali. Aquele homem nunca fora como um pai para ele, e há anos não a tratava bem. Na única vez em que mãe e filho tentaram fugir, o gordo nojento os ameaçara de morte com uma faca na mão, dizendo que os perseguiria até o quinto dos infernos. E ali estava Taehyung, depois de ter passado pelo inferno naquela última semana, agora sem a mãe.

O senhor ao lado de Taehyung dirigia o carro em alta velocidade, pois já haviam alcançado a estrada que os levaria a Busan.

- Não vamos demorar, só mais uma hora e meia até chegarmos em casa. - Taehyung assentiu.

Aquele homem era seu tio, irmão de seu pai. Ele estava acolhendo o sobrinho que não via há mais de 10 anos, e que agora era um órfão. Assim que a mãe de Taehyung falecera, o hospital entrara em contato com algum parente vivo do garoto, para ajudá-lo com os preparativos do funeral. O pai de Taehyung havia falecido quando o garoto tinha apenas 5 anos, e ali fora a última vez que ele vira o tio. Desde então a mãe de Taehyung o criara sozinha, mudando-se de endereço o tempo todo, conforme as suas necessidades, até quando conheceu o gordo nojento, 5 anos após a morte do marido. Novamente tio e sobrinho se encontravam em um funeral.

Aos 5 anos, Taehyung era uma criança, crescendo sem figura paterna na sua vida. Mãe e filho continuaram morando em Daegu mesmo após a morte do marido, pois ela não possuía parentes vivos e nem queria incomodar os parentes do marido falecido com seus problemas financeiros. Quando ela conheceu o gordo nojento (que na época não era nojento, e muito menos gordo), Taehyung, então com 10 anos, achou que a vida de ambos mudaria para melhor.

Anos antes, o homem tratava bem a mulher e aparentava gostar de Taehyung, sempre lhe agradava dando calçados da empresa onde trabalhava. Mas foi só ambos se mudarem para a casa dele, um ano depois, que os problemas começaram. O homem bebia muito e chegava em casa depois de um dia de trabalho sempre reclamando. Reclamava da comida, da falta de bebidas, da roupa mal lavada, da sujeira em sua poltrona, do carro que Taehyung não havia lavado como lhe pedira. Dia após dia, semana após semana, mês após mês. E as brigas só pioraram.

Naquela época, Taehyung começou a ficar depressivo. Suas notas caíram, já não tinha mais facilidade para se concentrar e se afastou dos amigos. Acabou perdendo um ano no colégio, tendo que repetir de série. Fazia bicos pela vizinhança para juntar dinheiro e ajudar nas despesas da casa. Não queria ver a mãe se matando de tanto trabalhar para sustentar tudo sozinha.

No segundo ano morando juntos, o gordo nojento foi demitido porque já não mais trabalhava, e quando ía, arranjava problemas por causa da bebida com todos os outros funcionários da fábrica de sapatos. Passou a ficar 24 horas por dia dentro de casa e reclamando da vida. Dependiam apenas do dinheiro de garçonete e da pensão que ela recebia do falecido marido.

Taehyung cresceu revoltado, mas contido. Não conseguia entender por que sua mãe continuava naquela casa. Era uma boa casa, sem dúvidas. Espaçosa, bem localizada. Apenas com o dinheiro dela conseguiriam no máximo uma kitnet. Mas aquilo não era um lar. Taehyung nunca chamava os amigos ali, desde que o gordo nojento o fizera passar vergonha diante eles. Era uma situação desgastante e que colocava à prova todo o psicológico de Taehyung.

Quando o garoto cortou o pulso direito e a mãe o encontrou desmaiado no banheiro, aos 14 anos, foi a primeira vez que ele teve que ir a um psiquiatra. Tudo escondido do gordo nojento porque sabe-se lá o que ele faria se descobrisse o que o garoto havia feito. Talvez cortasse os dois pulsos do menino só de castigo.

O psiquiatra recomendara Prozac e assim começou o tratamento. "Uma cápsula da felicidade por dia", era o que Taehyung se dizia sempre. Quem sabe aquele remédio mascarasse o desastre que era a sua vida.

Ajudar, ajudava. Mas não fazia milagres. Naquela época, o homem já agredia fisicamente a mãe de Taehyung, e não apenas com palavras. Ora com um tapa no rosto, ora torcendo o braço dela até quase quebrar. Certa vez, enquanto estava muito bêbado, ele havia a cortado com uma faca no ombro após ela se recusar a fazer um sanduíche para ele, coisa que ela ocutou de Taehyung, porque o gordo nojento nunca a havia feito sangrar daquela forma. O menino só descobriu meses depois, após ver a cicatriz e muito sondar para descobrir o que tinha acontecido.

Fora no último ano que os atos violentos pioraram. Ele já batia não apenas na mulher, como em Taehyung também. Certa noite, Taehyung havia chegado tarde em casa, e a preocupação da mulher com o filho foi o suficiente para enraivecer o velho gordo. Ele havia dado um tapa tão forte, que deixara os lábios da mulher sangrando. Quando Taehyung chegou e tomou satisfações, levou uma surra. Ficou sem poder ir ao colégio durante 3 dias.

Taehyung sempre dizia que denunciaria o gordo nojento, mas a mãe implorava para que ele não fizesse aquilo, o que só deixava o garoto ainda mais irritado.  Não conseguia entender aquela relação doentia da sua mãe com o padrasto. Ela dizia que o gordo nojento os ameaçava de morte, que deveriam se comportar mais e fazer tudo que ele exigisse, assim não haveriam mais problemas. Mas o gordo nojento era muito agressivo devido à bebida. Jamais se livrariam daquele ciclo vicioso se não partissem logo.

Mas os planos de fuga de Taehyung foram por água abaixo com a morte precoce de sua mãe. Ela havia se descoberto cardíaca apenas cinco meses antes, e nada puderam fazer para evitar o fim trágico.

Agora tudo aquilo passava pela cabeça de Taehyung enquanto estava no carro, vendo casas e vegetações passando como riscos no horizonte. Todo um flashback de eventos que ele queria esquecer para sempre. Queria ficar apenas com as imagens felizes ao lado da mãe, principalmente as de quando ainda era bem pequeno.

Enxugou uma lágrima atrevida que rolara pela sua bochecha e caíra salgada em seus lábios machucados, sem nem perceber, torcendo para que o tio não tivesse reparado também. Estava cansado de chorar, de se culpar, de ficar pensando nos infinitos "e se...", caso sua mãe tivesse aceitado escapar desde a primeira vez em que ele sugerira aquilo. Nos últimos dois dias, seu tio havia o ajudado com os preparativos. O garoto quis algo rápido, cremar a mãe e guardar as cinzas dela em Daegu mesmo. Não quis receber amigos, conhecidos, ninguém que fosse chorar somente agora e que não tivesse a ajudado antes quando ela mais precisara.

Desencostou o rosto da janela do carro e ligou o celular. 22h10. As horas estavam passando devagar. Pelos cálculos, ainda tinham mais meia hora de estrada pela frente até Busan.

Reparando no garoto, o tio disse:

- Espero que goste de Busan. Temos algumas atrações turísticas e o pessoal é acolhedor, além disso, terá seu primo para ajudar na mudança de escola. Sei que você perdeu dois anos de estudos, mas enfim é seu último ano e ele pode te dar alguns conselhos.

Taehyung podia perceber que o tio estava tão sem jeito quanto ele, então apenas assentiu com um "uhum", e o silêncio constrangedor voltou a se instalar no veículo. Nenhum dos dois diria mais uma palavra até entrarem em Busan, ambos perdidos em seus próprios pensamentos.

22:52 era o que o visor do celular de Taehyung marcava no momento em que o carro parava na frente da residência do tio. Espiando pelo vidro, percebeu que era um imóvel de dois andares, aparentava ser o dobro mais espaçoso do que sua antiga casa. Parecia muito com as residências que ele via em filmes americanos.

- Bonita, não é mesmo? Na época em que a compramos fomos informados pelo corretor de que era uma boa vizinhança, um bairro seguro. - O tio parecia orgulhoso. - Nunca nos arrependemos de ter gasto mais do que devíamos. Hoje em dia valorizou bastante.

Taehyung maneou a cabeça concordando com o homem. Depois desceu do carro e pegou sua única mala no banco traseiro. Nela estavam apenas suas roupas e calçados. Não era muita coisa. O tio havia prometido levá-lo a Daegu na próxima semana para empacotar o resto e guardar suas últimas lembranças da cidade natal.

- Você pode abrir o portão da garagem para mim? Está destrancado, esqueci o controle remoto, então é só puxar para cima. - Taehyung jogou a mala sobre os ombros e obedeceu o tio, que começou a manobrar o carro.

Entraram pela garagem mesmo. O tio lhe mostrou a cozinha e perguntou se Taehyung estava com fome, ao que o mais novo negou, dizendo que havia comido um sanduíche com suco antes de embarcarem.

A casa estava um breu, e o homem prometeu mostrá-la amanhã, pois agora ambos precisavam descansar porque o dia fora cheio.

- Esse é o quarto do seu primo. - Apontou para um quarto com a porta entreaberta. - Ele ia te esperar acordado, mas a viagem demorou mais do que o planejado. De manhã cedo ele precisa estar de pé e você o verá. Tem um colchão ao lado da cama dele, tudo bem?

- Tudo bem.

- Bom... Agora... Tente descansar, Taehyung. - O homem abraçou-o de lado, meio sem jeito, e indicou o seu próprio quarto, avisando que já ia se recolher também. - Amanhã terminamos de organizar o quarto de hóspedes para que seja o seu.

O garoto assentiu mais uma vez e esperou o tio sumir de vista, para então entrar no quarto do primo. Estava escuro, apenas uma iluminação vinda da janela deixava os móveis do quarto visíveis para que ele não tropeçasse. Era uma suíte. Precisava usar o banheiro, tomar um banho, escovar os dentes. Havia esquecido da última vez em que fez certas coisas que o faziam se sentir humano.

Quando terminou tudo, voltou para o quarto já com uma camisa e um shorts confortáveis. O primo dormia que nem uma pedra, mal podia distinguir sua silhueta dos montes de colcha e travesseiros. Não lembrava-se do rosto dele, porque afinal há mais de 10 anos que não se viam.

Taehyung jogou-se no colchão e, abraçando a si mesmo, pela primeira vez em três dias, conseguiu dormir.


Notas Finais


Preciso saber o que estão achando :c
Então se alguém leu até aqui, please não seja fantasminha!


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