História Red Hair - Uma vida normal?

Pov. Akira on

          Acordo com leves empurrões no ombro esquerdo e uma suave voz adulta feminina, que repetia as mesmas palavras sonolentamente.

         -Acorde Kira...acorde…

          Abro meus olhos azuis muito claros e olho para a bela portadora daquela voz calma, era minha irmã, Victória (Vicky).

         -Venha tomar café, hoje começaremos...uma nova vida…-Vicky disse com um leve sorriso.

          Me levantei da cama de casal em que eu havia dormido sozinho e segui minha irmã até a nossa cozinha americana. Me sentei em um banco perto do balcão preto que contornava o local e observei Vicky cozinhar algo.

          Vicky tinha 22 anos, eu tinha 20. Nós morávamos sozinhos com alguns empregados, homens e mulheres, pois nosso irmão Jack (de 21 anos) havia sido assassinado na primeira semana de janeiro.

          Hoje é meu primeiro dia de aula no 3° ano do ensino médio, pois fui “afastado da escola” por cerca de três anos e nao pude completar os estudos. Já Vicky, está no primeiro ano na academia de música clássica mais concorrida do país (que conseguiu entrar pois seduziu alguns professores e o diretor). Acho que finalmente, eu e minha irmã podemos viver como pessoas “normais”, ou quase…

          (PLAC!)

          Me assusto ao ver um prato com ovos, bacon e torradas ser colocado no balcão a minha frente.

         -Calma Kira - Vicky riu um pouco - sou só eu, você está bem? -ela perguntou séria.

         -Estou sim, não se preocupe - eu respondi voltando para a realidade, ela depositou um beijo em minha testa e colocou um copo com suco de laranja ao lado do prato - Obrigada Vicky...de verdade…- ela sorriu suavemente em resposta.

          Eu amava quando ela fazia o café da manhã para mim, ela me confortou e cuidou de mim no começo do ano, pois fiquei muito abalado com a morte de Jack, eramos muito íntimos, espero que um dia, eu possa vingar a morte dele…

          Depois que eu tomei “café”, Vicky foi tocar seu piano de calda branco, ela estava tocando e cantando “Stronger than you (Chara Response parody)” perfeitamente, a bela melodia ecoava pela casa. Eu apreciava a música enquanto estava treinando minha pontaria com um belo e afiadissimo jogo de facas que papai nos deixou.

          Quando parei, me deitei num sofá de veludo de cor vinho que se destacava em nossa sala de estar branca e fechei os olhos, acabei tirando um cochilo.

          (...)

          -Kira! - Vicky me acordou de repente - se arrume! Está quase na hora de ir pra escola.

          Arregalei os olhos com o susto que ela me deu e corri para o meu quarto. Vi minhas roupas dobradas em cima de minha cama, que foram deixadas lá por Maggie (de 27 anos), uma “empregada” que cuidava especialmente de minhas coisas.

          Vesti as roupas de bom gosto que Maggie escolhera: calça preta, sapato social preto, camisa social branca com botões na frente e um relogio prateado de pulso. Coloquei minha bolsa preta pendurada no meu ombro esquerdo e apoiada do lado direito do meu quadril, nela eu escondi algumas das belas facas afiadas por precaução.

          Vicky estava perecida comigo, usava as mesmas cores, mas estava com uma saia colada no corpo que ia até um pouco acima do joelho e um salto baixo, além de seu colar e brincos prateados.

         -Vamos, eu deixo você dirigir - ela disse com um sorriso sério segurando as chaves de sua Ferrari vermelha penduradas em seus dedos. Olhei para ela com um sorriso bobo, Vicky parecia incrivelmente madura.

          Nossa casa (que estava mais para mansão), ficava em um lugar meio afastado da cidade, onde só haviam enormes propriedades, onde moravam senhores e senhoras muito ricos, éramos os únicos jovens de lá. Nossa fortuna, era herdada de várias gerações, várias gerações mesmo, de séculos, gerações de famílias com um emprego...um tanto peculiar…

          Dirigi até meu colégio, saí do carro e Vicky assumiu o volante.

         -Não me espere, um de nossos mordomos vem te buscar, tenho uma encomenda hoje - ela disse e se foi com um olhar sério.

          Eram 19:00 horas, e fui direto para minha sala, que ficava no terceiro andar, várias pessoas ficavam me olhando enquanto eu andava pela escola, mas eu já estava acostumado a chamar atenção.

          Todos os 50 lugares estavam reservados para cada aluno, o meu lugar era o penúltimo na fileira do lado de uma grande janela. Todos os alunos vieram para a escola, com exceção de um, alguém que se sentava atrás de mim.

          Passei a aula toda entediado, apenas dando atenção aos professores e respondendo de forma seca e ignorante as perguntas fúteis das garotas atiradas e ridículas da sala.

          Depois da aula, fui para casa ouvindo “Pierce the Veil - Caraphernelia”, fumei um charuto fino na varanda de meu quarto,tirei minhas roupas de classe e me joguei na cama sem colocar outra roupa para dormir.

          Nessa época...eu achava que nossa vida iria melhorar...eu achava que nada poderia me tirar do foco...eu achava, que aqueles belos cabelos cor de sangue, eram inofensivos...