Kai POV ON
“Uau” e “que lugar lindo”, eram as únicas palavras que Eun dizia por todo o caminho desde o aeroporto até o hotel, sem falar que eu adorava observar sua reação a paisagem já que seu rosto não desgrudava da janela do taxi.
Quando finalmente descemos do carro, saí do mesmo e dei a volta abrindo a porta para a garota que me agradeceu timidamente e fui ajudar o motorista com as malas.
Eun parecia uma criança de cinco anos fascinada com a decoração, então pedi para que ela me esperasse no hall enquanto eu faria o check-in.
-Ola, quero confirmar a reserva de dois quartos feitos na semana passada. –Falei olhando para a mulher ruiva e de olhos escuros postada do outro lado do balcão em minha frente.
-Nome por-favor.
-Kim Jongin. –Falei e enquanto ela olhava algo na tela do computador virei-me e procurei Eunbi pelo hall, sorri ao ver a garota olhar para o lustre de cristal situado no centro do teto como se estivesse olhando para a obra de arte mais fascinante do mundo.
-Há a reserva de apenas um quarto no seu nome senhor Kim. –A mulher falou quando parou de digitar freneticamente no computador.
-E o outro quarto? –Perguntei desentendido, eu tinha certeza que havia reservado dois dos melhores quartos do hotel.
-Aqui diz que recebemos um telefonema hoje pela manhã, dizendo que não teria mais a necessidade da reserva dos dois quartos pois houve um imprevisto.
-Vocês devem ter se confundido.
-Não senhor. Aqui diz que o telefonema foi feito as nove e quinze da manha pela senhorita Kim.
-Certo, mas eu preciso desse segundo quarto.- Falei quando finalmente entendi o que estava acontecendo.
-Sinto muito senhor, mas estamos lotados. –Ela falou deslizando um cartão sobre o balcão que julguei ser a chave, então peguei o mesmo e me afastei suspirando fundo.
A única certeza que eu tinha no momento é que havia dedo da minha mãe nessa história e eu descobriria isso, então peguei meu celular no bolso da calça e disquei o número de minha omma sendo atendido depois da terceira chamada.
-Oi querido, como está a viagem? –A mais velha perguntou animada do outro lado da linha.
-Pode me dizer o porque de ter cancelado a reserva de um dos quartos? –Perguntei direto e escutei a risada de minha mãe do outro lado da linha, o que apenas confirmou minha suspeita de que fora ela que havia ligado para o hotel e causado essa confusão toda.
-Considere isso como um pequeno empurrão, estou cansada de vê-lo babar em cima de Eun e não contar a ela o que sente. Espero que volte dessa viagem no mínimo dos mínimos namorando com essa garota. Yuna está bem, aproveite bem seu final de semana, beijos.- Ela falou despejando aquele monte de comentários sobre mim e desligando o telefone logo após sem me deixar responde-la.
Suspirei fundo guardando meu telefone no bolso e caminhando em direção a Eunbi que agora me encarava curiosa.
-Quem era? –Ela perguntou assim que parei ao seu lado.
-Minha mãe.
-Esta tudo bem com a Yuna? -Ela perguntou e vi um resquício de preocupação em seus olhos o que me fez abrir um sorriso discreto.
Eu havia ficado muito receoso e com medo quando percebi que gostava de Eun, ela parecia ser o tipo de pessoa que era leal e que colocava a necessidade de outros na frente das suas, mas ainda sim senti medo pois não sabia como seria a relação dela com Yuna. Bom, acho que agora não existem mais duvidas, será que se fosse qualquer outra mulher ali o primeiro pensamento dela seria preocupar-se com minha filha?
Acho que você sabe essa resposta, então agora que eu não tenho mais dúvidas está na hora de investir e conquistar essa garota.
-Jongin, está tudo bem? –Ela perguntou me tirando do mundo da lua.
-Sim, desculpa eu estava no mundo da lua. –Falei e sorri constrangido.
-Percebi. – A mais nova falou com um sorriso zombeteiro nos lábios.
-Yuna está bem, mas acho que nosso problema no momento é outro. –Falei e vi a morena arquear as sobrancelhas e me olhar curiosa.
-Que seria?
-Aparentemente houve um erro e o hotel reservou apenas um quarto em meu nome. –Falei e vi os olhos da garota se arregalarem levemente.
-E não há como reservar outro?
-Estão lotados, mas se você quiser podemos procurar por outro hotel ou até mesmo voltar para casa.
-Não mesmo, estou muito cansada para a primeira opção e faz tempo que não me dou uma folga então voltar para casa está fora de questão, não vejo problema em dividir o quarto com você, mas vou logo avisando, se você roncar eu te jogo pela janela. –A garota falou divertida me fazendo rir.
-Qual o número do nosso quarto? –Ela perguntou pegando sua mala e seguindo em direção ao elevador.
-380. –Falei a seguindo logo após.
(...)
-O que quer fazer hoje? –Perguntei enquanto tomávamos nosso café da manha.
-Turistar. –Ela sorriu alegre e ah, eu não cansava de admirar aquele sorriso.
-E para onde?
-Vi um lugar que parecia realmente legal, fica aqui perto e chama-se Jeju Glass Castle, parece ser muito bonito e aparentemente quase tudo é feito de vidro. –Ela falou tomando um gole de seu café logo depois.
-Então depois que terminarmos nosso café nos arrumamos e vamos, pode ser?
-Sim, mas eu tomo banho primeiro. –Ela falou e eu apenas ri concordando.
Era engraçado o fato de estarmos dividindo um quarto, eu não sou acostumado com isso o que me fez passar um bela vergonha já que aparentemente Eun não tranca a porta do banheiro e eu quase a vi nua além do fato que ela usa a cama inteira e puxou todo o meu lençol durante a noite.
(...)
-Esse lugar é lindo. –Eun falou e eu sorri pois provavelmente essa era a milésima vez que ela repetia essa mesma frase só no dia de hoje.
Já havíamos caminhado por pelo menos metade do parque e a morena parecia fascinada por cada detalhe e eu não irei mentir, também estava. 90% de todo o lugar era feito de vidro, rosas de vidro, esculturas de vidro, vasos coloridos pendurados pelas árvores, era um lugar encantador.
-Espere até você conhecer a jeongbang waterfall, é maravilhoso, simplesmente meu lugar favorito na terra. Ela é a única cachoeira em toda a Ásia que desagua diretamente no oceano e próximo a cachoeira tem um inscrição chamada de “Seobulgwacha,” que se refere a passagem de Seobul por aquele lugar, ele era um servo do imperador da dinastia Qin que foi ordenado a achar uma fórmula ou algo que tornar-se o imperador imortal. E no topo também há um observatório que possibilita ter a visão do mar. Desculpe, acho que me empolguei. –Falei coçando a nuca envergonhado por ter virado uma enciclopédia humana e despejado milhares de informações sobre Eunbi.
-Não se preocupe. –Ela sorriu para mim. –Se você não tivesse me contado eu nunca saberia da história desse lugar e é sempre bom aprender algo novo além de que acho que já decidimos o próximo ponto turístico que vamos visitar, apesar de aparentemente você já conhece-lo bem. –Ela falou com um ar de deboche e foi nesse momento que eu revirei os olhos e me xinguei mentalmente por ter achado que sairia dessa sem ser zoado por Eun. -Mas me responda uma dúvida.
-Sim?
-Seobul descobriu a fórmula da imortalidade?
-Acho que você já sabe a resposta. –Falei e a ouvi gargalhar. –O que acha de um sorvete?
-Acho que seria uma ótima ideia.
-Nem pensar eu pago. –Falei ao ver a garota levar sua mão até a bolsa e pegar sua carteira. –Espere aqui que volto em alguns minutos. –Apontei para um banco branco de madeira no meio de um enorme gramado e me dirigi em direção a sorveteria que havia visto a pouco tempo enquanto caminhávamos.
No caminho acabei por passa novamente por um lojinha que vendia lembrancinhas para os visitantes e por impulso acabei entrando na mesma para comprar um sapatinho de vidro azul, era provavelmente um item de decoração (algo que percebi que Eun gosta muito) e eu havia percebido a forma que a mais nova havia olhado para ele da vitrine mais cedo.
Depois de pagar o presente me dirigi para a sorveteria e pedi dois sorvetes, um de morango, que eu sabia ser o favorito de Eun e outro de chocolate que era o meu sabor favorito.
Quando voltei até onde deixei a garota vi a mesma sentada no banco, ela olhava para o horizonte mas não parecia focada na paisagem e sim perdida em pensamentos.
-Troco um sorvete pelos seus pensamentos. –Falei me sentando ao seu lado e ouvi a garota rir e me encarar.
-Eu estava pensando o quanto não aproveitamos as coisas o suficiente.- Ela falou pegando o sorvete da minha mão. –Eu sou um exemplo disso, tenho 23 anos e passei metade deles morando fora sem nem mesmo conhecer meu próprio país, quando falamos em viajar pensamos sempre em lugares como a Disney, Nova York ou Londres, mas nunca pensamos em conhecer lugares em nosso próprio país, que são igualmente bonitos.
-Uau, vejo que essa vista te tornou uma filósofa. –Eu falei e a garota acabou por rir junto comigo.
-Obrigada.
-Pelo que? –Perguntei e encarei-a.
-Por ter me trazido aqui, fazia tempo que eu não aproveitava tanto ou me dava uma folga, era sempre da faculdade para casa e de casa para a faculdade.
-Não foi nada, eu achei que seria um forma legal de agradece-la por tudo que está fazendo e já fez por mim e por Yuna. –Falei e vi um tímido sorriso surgir em seus lábios.
-Eu gosto, é bom você ter algo para se ocupar. Não que vocês sejam apenas um passatempo, aish eu nem consigo explicar as coisas direito sem ofender alguém . -Ela disse tampando o rosto com as mãos.
-Acho que entendi o que você quis dizer, não há como explicar uma sensação como essa, você apenas se sente... bem.
-Exatamente.
-Tenho um presente para você. –Falei e Eun olhou para mim.
-Outro?
-Desculpa, eu me empolgo demais. –Sorri envergonhado mas mesmo assim entreguei o embrulho para ela.
-Uau, é lindo. –Ela falou tirando o item do embrulho e sorriu maravilhosamente para mim. -Eu fiquei encantada com ele e estava pensando em voltar naquela loja apenas para compra-lo.
-Eu percebi como olhou/babou nele. –Falei e recebi um belo tapa pelo comentário. -Aish, isso dói.
-Obriga, sério, nem sei como agradecer por tudo isso.
-Eu sei. –Falei sorrindo e a encarrei.
-Sério? Como. – Ela perguntou e eu conseguia ver a curiosidade em seus olhos.
-Assim. –Falei antes de me aproximar e juntar nossos lábios.
Continua...
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