História Red Smoke: Rupture (Segunda Temporada) - Parte 9: Colapse - This Is What Make Us Girls - 05

Hayashida P.O.V’s On

   - E então, JYP falou que vamos ter que morar com eles de novo, dá pra acreditar nisso? – questionei, colocando um biscoito na boca.

   - Que absurdo. – falou HongBin, visivelmente irritado – Sério, eu não acredito nisso.

    - Bem, mas temos que ter em mente que não é culpa do JYP-oppa. – eu disse, de boca cheia – O contrato foi fechado muito tempo atrás, quando as coisas ainda iam bem. – completei, bebendo um gole de café.

   - Uhum – concordou HongBin, limpando a boca com um guardanapo – e o BaekHyun?

   - E o que? – perguntei, travando por um momento.

   - E o BaekHyun? – questionou novamente HongBin, falando pausadamente.

   - O que tem ele? – indaguei.

    HongBin desviou os olhos, o rosto levemente corado. Ciúmes.

    Por um único instante o tempo pareceu parar. Aquela pergunta, aquela pequena demonstração de possessão não era algo comum. Na verdade, nem um pouco comum. Mas pareceu tão surreal, pelo simples fato de ele estar falando do Baek. Tipo, O BAEK. Byun BaekHyun, o garoto que parece uma garota e que aliás, fica uma diva de delineador.

   Para evitar maiores constrangimentos, fingi não ter percebido os ciúmes de HongBin e apenas larguei um:

   - BaekHyun continua sendo o BaekHyun, Covas. Não é como se ele fosse ficar do nosso lado, meu e das garotas, nessa briga toda.

   - Por que não? – perguntou.

   - Simples: o Exo também é a família dele. E é muito difícil alguém ir contra a sua família.

   HongBin apenas deu de ombros.

    - Continuo não gostando da ideia de vocês dois sob o mesmo teto. – ele disse com desdém.

   - Como assim? – falei, me inclinando para a frente e batendo com minha caneca na mesa.

   - Não gosto de vocês dois juntos. Simples.

   - Por que não? Não tem nada demais! – reclamei.

    - É claro que tem! Não ‘to falando que você vá me trair ou algo assim. Sei que você não é esse tipo de pessoa. – ele apaziguou a situação e segurou minha mão por cima de mesa – Mas acho que rola uma atração natural entre vocês, não sendo culpa nem de um nem de outro.

    Olhei para HongBin  por um instante. Agora, ele sorria para mim. A covinha visível na bochecha, o rosto amigável e amoroso. Fala sério, eu amo esse garoto.

   - Você é maluco, Covas. – falei, me esticando por cima da mesa e depositando um pequeno beijo naquela boca que tanto gosto.

Lola P.O.V’s On

   Eu estava deitada na minha cama, virada para a parede. Sinceramente, eu estava fingindo que estava dormindo. No novo dormitório do Red Smoke, eu divido quarto com G.B, o que é muito legal. Nosso quarto é laranja e com luzinhas pisca-pisca e fotos pelas paredes. Eu gosto dele. Mas não nesse momento. Estou estressada e sem ver nenhuma opção do que fazer. Então apenas me deitei na cama e rezei para que o sono viesse.

   Acontece que Ace e G.B estão aqui e, sinceramente, a conversa delas me preocupa.

    - Não faça barulho, Lola está dormindo. – falou G.B, quando elas entraram.

    Consegui ouvir quando elas se sentaram na cama de G.B e se mexeram até ficarem confortáveis.

   - Eu realmente não gosto dessa situação. – falou Ace.

   - Eu também não. – comentou G.B, suspirando – Temos o que? Uma semana antes de o programa começar?

    - Exatamente isso. – confirmou Ace.

    - Ahh, vai ser uma merda. – comentou G.B, ao mesmo tempo em que as molas do colchão rangeram. Ela provavelmente se atirou na cama.

   - Não acredito que vou ter que ficar morando na mesma casa que o Chen! – reclamou Ace – Tipo, ele realmente acredita que eu trai ele. Como ele pode pensar isso, sabendo de todo meu drama com SunHee e a traição que sofri por anos?! – ela enfatizou o “anos”.

   - Eu sei! Chen é um idiota, não ligue pra isso. – aconselhou G.B – Lembre-se de se manter de boas, você não fez nada. Não tem nenhum motivo pra se meter em confusão.

   - Eu? – Ace riu – Tome cuidado você! Não quero ouvir de você dando um tapa na cara do Tao, ok?? – mandou Ace.

   - Isso é injusto, ele merece. – reclamou G.B.

   - Eu sei que merece. – afirmou Ace – Mas você não pode fazer isso na televisão.

   - Você bateu no SunHee. – acusou G.B.

   - Eu não era famosa, nem ele. – justificou a outra.

   - É tanto faz. – retrucou G.B  e eu juro que a visualizei por um instante dando de ombros – Eu só preciso me controlar. Temos um contrato a cumprir.

   As duas suspiraram ao mesmo tempo e isso fez com que as duas tivessem crises de gargalhada. Abafando as risadas entre os travesseiros e almofadas, as duas se estapearam até que parassem de rir.

   - Mas sabe, – disse Ace, fungando, provavelmente tinha chorado de tanto rir – talvez nós até que estejamos bem.

   - Por que diz isso? – perguntou G.B.

   - Pense bem, – começou HyoNa – nossa dor é recente. Como vai ser pra Lola?

   Houve um tortuoso segundo de silêncio, eu conseguia sentir os olhos das duas em mim.

   - Nós não falamos sobre isso. – admitiu G.B – Sinceramente, não acho que precisemos. Ela sentiu algo forte pelo Sehun, acho que mais profundo do que ela gostaria de assumir.

    Houveram pequenas risadas. Risadas tristes.

   - Mas não acho que isso seja vital no curso da vida dela daqui pra frente. – continuou G.B – Lola não é do tipo que se apega ao passado, se for para o Sehun ser algo na vida dela, cedo ou tarde tudo vai ficar para trás. Acho que o que importa é o que acontece daqui pra frente.

   Houve mais um silêncio. Mas dessa vez não era um silêncio ruim. Era um silêncio de compreensão mútua. Não precisavam de palavras, isso é amizade. Estavam falando da nossa vida. Nossa. Minha, de G.B e de Ace. Nossa. Aquele “o que importa é o que acontece daqui pra frente” não era só sobre o que eu tinha com Sehun. Era também sobre elas. E eu sorri.

   Eu queria pegar o meu celular, naquele instante mesmo, foda-se o fato de já ser tarde da noite. Queria ligar para Sehun, queria dizer que me arrependo de cada segundo que passei longe dele. Que precisava dele.

    Desde que a fama nos alcançou abandonamos a vida de festejar a noite toda. Antes daquilo, no pré-debut, não era incomum que saíssemos à procura de um pouco de emoção, o gosto da vida real. Lembro de andar pelas ruas de Seul ao lado das garotas, saltos altos nas mãos, vento contra nós. Confissões de corações partidos e amores perdidos. Isso nos uniu no começo, nós todas procuramos pelo paraíso e colocamos o amor em primeiro lugar. No fim, eu diria que aquele foi apenas o começo do fim.

    Dançávamos em cimas das mesas, bebíamos, vivíamos como se aquela fosse nossa última noite. Brilhávamos de maldade e aquilo era lindo. Essa é uma geração de rainhas degeneradas. Ninguém sai inteiro, mesmo que digamos pra nós mesmas para não chorar pelo amor, não conseguimos impedir. É a nossa maldição, é o que nos faz garotas.