História Red Smoke: Rupture (Segunda Temporada) - Parte 9: Colapse - Give Me Love 08

LuHan P.O.V’s On

    O café era simplesmente absurdamente aconchegante. As paredes de madeira cobertas de porta retratos mostravam paisagens de diversos lugares do mundo, as mesas redondas tinham seus tampos em tons de baunilha refletiam a luz que brilhava das luminárias espalhadas estrategicamente. Pelo horário, o café estava quase vazio.

    Na minha frente, o único vestígio de café era o fundo manchado da xícara branca. Eu havia saído do dormitório do Exo faz uns vinte minutos. Sim, eu deveria ter ficado com Xiumin, ou então estar procurando pelo Tao, mas eu simplesmente não conseguia. Estava travado, com a cabeça nas nuvens. Por isso eu estava aqui agora.

   - Mais café? – ela perguntou.

   Na minha frente, estava o motivo da minha inquietação. Uma garota ocidental, de rosto infantil e cabelos curtos, avermelhados. Os olhos castanhos eram brilhantes e atrativos, a boca rosada e que me fazia ter vontade de beija-la. Há semanas venho aqui, apenas para vê-la. Não sei nada sobre ela, mas ainda assim algo me faz vir aqui cada vez com mais frequência. Tudo o que sei da garota é que o crachá dela mostra o nome “MinSa” e que ela me trata muito bem. É gentil e educada e eu quero cada vez mais estar perto dela. Porém, antes que eu respondesse a pergunta dela, meu telefone vibrou.

   JongDae achou ele.

   Apenas isso, só essa frase. Foi o suficiente para saber que eu deveria voltar para o dormitório. Xiumin estava preocupado e eu tinha pedido que ele me avisasse assim que alguém tivesse noticias. E assim ele fez, me mandando essa mensagem e me libertando dos meus devaneios sobre a garota ocidental parada na minha frente segurando um bule cheio de café. Sorri para MinSa.

   - Quem sabe outro dia. – falei, me levantando – Tenho uma emergência para resolver.

   Peguei uma nota de dinheiro no meu bolso e entreguei a ela.

    - Fique com o troco. – eu disse – Até mais, MinSa.

    Por um instante, pensei que ela não fosse me responder. Ela às vezes é tão tímida. Mas me presenteou com um doce sorriso e disse:

   - Até mais, Lu. – e me deu um suave beijo no rosto.

    Foram precisos não mais do que dez minutos de carro e eu estava de volta ao dormitório do Exo. Quando entrei, Lay estava sentado no sofá da sala, os cotovelos apoiados nos joelhos e a cabeça baixa.

   - Como ele está? – questionei.

   - Bêbado. – respondeu YiXing – Bem bêbado.

   - Kris está aqui. – falou Xiumin, vindo da cozinha para a sala com um copo de água na mão, quando me viu, travou – O que é isso no seu rosto? – ele perguntou franzindo o cenho.

    Levei a mão ao lado esquerdo do rosto e senti na ponta dos dedos o gloss de MinSa em meu. Merda. Xiumin é ciumento.

   - Nada. – afirmei e tentei desviar do assunto – Kris está onde? O que ele está fazendo?

   MinSeok me olhou com uma expressão de estresse, mas tinha preocupações maiores no momento então apenas me respondeu.

   - No banheiro, fazendo Tao ficar embaixo da água gelada.

    Como se estivesse esperando pela deixa, Chen surgiu nesse momento. Com o corpo todo respingado de água, as calças dobradas e os pés descalços deixando marcas pelo chão.

    - Oi, Lu. – ele cumprimentou, sem me dar muita atenção.

    Na verdade, todos estavam dispersos. Era muita coisa de uma só vez. O novo programa, aí Zitao some e tudo isso somado aos problemas entre ele e G.B e Chen e Ace.

    Me dirigi até o banheiro e a cena que vi seria cômica, se não fosse triste. Zitao estava de pé, dentro do box, de baixo do chuveiro. A porta, semi fechada, permitia que gotas de água escapassem para o lado de fora. Na frente dele, encostado contra a parede, Kris nem tentava conversar com Tao, apenas o forçava a ficar embaixo da água que devia realmente estar fria, já que ambos tremiam. Tao estava inteiramente molhado, já Kris não estava muito melhor do que o outro. Quando entrei, os olhos dos dois garotos se desviaram para mim, mas nenhum deles disse nada.

   Desde o reencontro, um ano antes, Tao e Kris retomaram a amizade tão forte que sempre tiveram. Na verdade, não muito depois do fim do Living With Sumbae, Kris convidou Tao e G.B para passarem um tempo na casa dele. Kris é como um padrinho na relação de G.B e Zitao. Ou melhor: era. Não há mais relação e é por isso que agora estamos vivendo essa situação.

   Kris suspirou.

   - Por favor, Zitao, nunca mais faça isso. – Tao não respondeu – Deixou todos preocupados.

   - Não era minha intenção. – desculpou-se Zitao.

   - Nós sabemos. – falou Kris – Não tem problema. Todos entendem que são tempos difíceis pra você, só não queremos que você faça de novo.

   - Está bem. – falou Tao.

   Se não tivesse sido denunciado pela sua voz, talvez eu nunca tivesse percebido que Zitao estava chorando. De baixo do chuveiro, as lágrimas dele desapareciam junto à água, mas a voz dele, embargada pelo choro. Ele estava desesperado.

   - Eu só... – começou Tao – eu só não sei o que fazer sem ela. Eu não a traí Kris. Você, mais do que ninguém, sabe disso. Mas eu não sei como continuar sem ela. Já se apaixonou por alguém a ponto de não saber mais o que é viver sem ter esse alguém ao seu lado?

    Kris não respondeu, mas pela postura dele, ficou claro que sim.

    - Eu tenho acordado sozinho. Chorando.  – confidenciou Tao – Eu ainda quero lutar por ela, eu queria ligar pra ela, por isso estava bebendo, precisava criar coragem. Eu só queria poder abraçar ela.

     Zitao passou a mão pelos próprios cabelos. Dessa vez deixando que seu choro fosse ouvido. Gritou, chutou a parede. Sentou-se no chão a água ainda caindo em cima de si. Preocupados com os sons, Xiumin, Chen e Lay apareceram à porta. Kris apenas olhou em nossa direção e indicou que estava tudo sob controle. Abaixou-se em frente ao mais novo, pegando na mão dele. Passou o dedo sobre a aliança na mão de Zitao, uma aliança igual a que Kris sabia que G.B tinha.

    - É diferente, não é? – questionou YiFan – O que você sente por ela é diferente de qualquer outra coisa que tenha sentido antes, não é?

   Tao assentiu.

   - Então a deixe ir. – aconselhou Kris.

   O rosto de Tao tomou uma expressão de pânico. Ele não conseguia aceitar tal possibilidade.

   - Se for pra ser, o destino vai unir vocês de novo. – ele continuou – Mas ficar fazendo merda não vai trazê-la de volta.

   Envergonhado, Tao escondeu o rosto.

    - O amor é algo forte, Tao. – afirmou Kris – E você a ama mais do que tudo, então deixe G.B livre. Deixe que a linha que liga vocês se estique, enrosque e se encha de nós. Se isso for mesmo amor, vocês se unirão de novo, se não, apenas seja grato pela felicidade que ela te trouxe.

   Lentamente, Tao levantou os olhos para o amigo agachado na frente dele. Já sóbrio o suficiente para que as palavras de Kris ficassem para sempre marcadas em sua memória, Tao o abraçou.