História Red Smoke: Rupture (Segunda Temporada) - Parte 9: Colapse - Hurt - 21

Blanca P.O.V’s  On

    Eu estava cansada, apenas isso. Cansada de Kwan ser grosso e mal educado conosco. Cansada de sermos tratadas como lixo. Eu não esperava que nada fora do comum acontecesse, eu apenas queria entregar um vídeo ao YongNam, ou quem sabe ao JYP. Dar a eles provas de que precisavam trocar o manager. Eu já estava na sala quando Kwan chegou, por isso dei o play no celular colocando a câmera para gravar e deixei o aparelho meio escondido.

    Pela primeira vez em muito tempo Zoe estava ensaiando. Obviamente, ela não teve tempo nem disposição para ensaiar enquanto estava no Egito e bem... estamos falando de Zoe, ela não é exatamente a pessoa mais rápida desse mundo. Nossa tarefa atual era aprender as coreografias do Exo, estávamos ensaiando o dia inteiro e Zoe estava com dificuldades em pegar alguns passos. O relógio na parede marcava oito horas da noite, a SM já estava vazia, exceto pela sala na outra extremidade do corredor, onde o Exo treinava junto com nossa manager auxiliar Ramona.

    As vozes dos integrantes do Exo repetiam constantemente no rádio, estávamos cansadas. Mesmo com suor escorrendo pelo rosto, Kwan não deixava Zoe parar de praticar. Ele estava pegando pesado com ela, dizendo que ela está atrasada e precisa treinar mais.

    - Posso parar um pouco? – perguntou Zoe pela sétima vez.

     - Não! – ele brigou com ela – Já disse que você não vai a lugar nenhum enquanto não aprender essa coreografia.

    Ele continuou forçando Zoe a ensaiar, o que levou Hayashida a interferir:

    - Hey, Kwan, ela não consegue mais. Deixe-a descansar. – disse Haya, claramente preocupada com sua melhor amiga.

    Kwan se virou para Hayashida, apontando um dedo para ela.

    - Continue seu treinamento vocal e não se meta nisso, Hayashida.

    Mas Zoe estava cansada, ela cambaleou para trás. As pernas involuntariamente fraquejando, fazendo-a errar.

    - Eu mandei continuar treinando! – brigou Kwan, levantando a mão.

    Eu estaria mentindo se dissesse que vi exatamente quando aconteceu. Eu não vi. Foi muito rápido. Kwan bateu no rosto de Zoe forte o suficiente para derruba-la. Zoe caiu sentada, o rosto vermelho, marcas claras dos dedos de Kwan. Em segundos, G.B estava entre Kwan e Zoe. Empurrou o manager, forçando-o a ficar longe da garota mais nova. Mas isso o irritou.

     Ele olhou para G.B cheio de ódio nos olhos, a puxou pelo cabelo e a prensou contra a parede, batendo a cabeça dela contra o concreto. Deixou G.B tonta e a soltou, eu estava em choque. Todas estávamos. Porém, Kwan se manteve com uma serenidade absurda. Foi até a porta de vidro da sala e a trancou, baixou a cortina e se virou de novo para todas nós. Eu queria me mexer, gritar, correr... mas não conseguia. Meu corpo estava travado e a julgar pelo pânico que era capaz de ser visto no rosto de Ace, Lola, Hayashida e Elena, elas também não faziam ideia do que fazer.

     - Uma lição importante que ninguém ensinou para vocês –disse Kwan – é que sempre devem ser boas garotas, se não vão ser castigadas.

     Dito isso, ele se abaixou até G.B e a puxou com toda a força pelo braço. Ela gritou alto, levando a outra mão até o braço que Kwan puxou. O manager simplesmente ignorou as queixas da garota e a empurrou para dentro do vestiário no fundo da sala de prática.

     - Tínhamos um acordo! – gritou Lola, desesperada, a voz saindo rouca.

     - G.B quebrou nosso acordo, Lola. – respondeu Kwan – Eu volto em breve. – disse ele e então fechou a porta, trancando-se dentro do vestiário com G.B.

G.B  P.O.V’s On

    Tudo girava a minha volta, minha cabeça doía muito. Eu não imaginava que Kwan fosse reagir assim, apesar de também não ter imaginado que eu reagiria daquela maneira. Mas quando ele bateu na Zoe, eu só queria tirar ele de perto dela, não era pra nada disso estar acontecendo. Eu senti meu braço saindo do lugar quando ele me arrastou para dentro do vestiário. Suor frio escorria pelo meu rosto, me sentia tonta, fraca. Quando ele me jogou dentro do vestiário, eu apenas fiquei ali, deitada no chão, segurando meu braço e sentindo as lágrimas rolarem pelo meu rosto. Por que as coisas não saíram como previ? Minha visão estava embaçada, mas ainda assim ouvi a respiração de Kwan quando ele se aproximou.

    Eu ouvi chuva do lado de fora e o som se misturou com as minhas lágrimas no meio da confusão de sanidade que se passava em mim. Kwan me chutou, me fazendo ficar com as costas contra o chão.

    - Por que tinha que se meter, ãn? – ele me chutou de novo, dessa vez na barriga e eu senti todo o ar escapar de meus pulmões.

    Me revirei, buscando oxigênio desesperadamente. Tudo girava, nada fazia sentido. Eu queria gritar, mas não encontrava a minha voz. Kwan chutou meu rosto e senti um corte se abrindo na altura da minha sobrancelha. Sangue fluiu e empapou meu cabelo, deixando-o pegajoso. O líquido quente escorreu, pingando ao meu lado e dentro da minha orelha. Ele segurou meu rosto entre as mãos e chegou bem perto, sussurrando:

     - Eu não queria, G.B. Eu não queria. Eu estava satisfeito com a Lola, mas você se comportou mal. Ninguém me desrespeita, nem mesmo você, cadelinha.

     Eu não sei quanto tempo fiquei ali. Ele me bateu mais, abriu um corte profundo no meu lábio, espalhou meu sangue e me disse que a culpa era minha. Eu conseguia ouvir meu próprio coração batendo e eu só desejei que aquilo acabasse logo, mesmo que para que isso acontecesse eu tivesse que morrer. Eu só queria que toda aquela dor parasse. Aquilo tudo doía tanto. Ele prometeu que acabaria em breve e começou a abrir o zíper da própria calça.

     Eu não sabia dizer porquê ele não estava mais em cima de mim. Minha visão havia se tornado um borrão vermelho graças ao sangue que me cobria. Eu ouvi um estrondo, uma risada vinda de Kwan, alguém gritou com ele e ao fundo, uma garota chorava. Mais uma vez não soube dizer quanto tempo se passou, mas de repente mãos tocavam meu rosto com suavidade. Uma voz familiar sussurrava coisas que eu não conseguia entender, tentei resmungar algo sobre meu braço, mas não sei se a pessoa foi capaz de me entender. O cheiro dele me envolveu, aquele cheiro tão familiar que só vinha da pele dele. Eu relaxei, eu sabia que estava segura, então finalmente permiti que meus olhos se fechassem e escapei daquele pesadelo.

Ace P.O.V’s On

     Eu tremia, mas não conseguia me mexer. Pensei que nunca mais conseguiria. Mas ouvi Kwan gritando com G.B e ouvi conforme ele ia machucando ela. Eu não sabia até onde tudo aquilo iria se ninguém parasse Kwan.

     Corri até a porta de saída da sala, trancada e sem chaves por perto... e agora? Não haviam cadeiras, nem nada na sala que fosse me ajudar. Aquele vidro era fino, simples. Eu sabia que ia doer, mas não me importei. Joguei o corpo contra a porta e deixei o vidro se estilhaçar contra minha pele. Senti cortes profundo contra meu braço, mas apenas corri até a outra sala de prática. Eles já tinha ouvido o barulho, por isso estavam no corredor. Chen chegou em mim antes dos outros.

    - O que aconteceu? – ele perguntou, apavorado.

    - Ele- ele... – eu não conseguia respirar o suficiente para dizer o que estava acontecendo, eu tremia tanto – ele pegou ela. Vai machucar ela, estão no vestiário.

     Os meninos não precisavam de mais nada para entender o que se passava. Eles correram, atravessaram a porta quebrada e pouco depois, Tao já havia arrombado a porta do vestiário. Eu ouvi uma risada debochada vir de Kwan, mas não por muito tempo, Tao arrancou Kwan de perto de G.B ao mesmo Lola chorava sem parar, tremendo enquanto Sehun a segurava nos braços.

     - Não faça nada! – alertou Suho – Apenas tire-o de perto dela e deixe que as autoridades cuidem disso.

      Mas Lola não ouviu o que Suho disse, se livrou do abraço de Sehun e partiu contra Kwan. Ela deu um tapa forte na cara dela e gritava:

     - NÓS TÍNHAMOS UM ACORDO! VOCÊ PROMETEU QUE NÃO TOCARIA NELAS! VOCÊ PROMETEU!

     Eu não sabia o que estava acontecendo, o que ela quer dizer? Sehun e ChanYeol foram até Lola e com suavidade tentaram tirar ela de perto do manager.

     - Lola, olha aqui, olha pra mim. – disse Sehun, parando entre Lola e Kwan – Você precisa se acalmar, Lay está ligando para a polícia, vai ficar tudo bem.

     Mas Lola não aceitou a resposta dele, continuava se debatendo.

      - Não, não vai. Ele prometeu que isso não ia acontecer.

      - Prometeu o que? – perguntou BaekHyun que junto com Xiumin e Kai ajudava a conferir se todas estavam bem – Do que você está falando?

      Os olhos de Lola se direcionaram para Kwan e ele a fuzilou com um olhar de ameaça. Ela olhou para o vestiário, Tao estava ao lado de G.B, desesperado por vê-la coberta com o próprio sangue, na porta do vestiário D.O ainda estava com o celular na mão, tinha acabado de ligar para a emergência. Ela respirou fundo, tentando por um segundo conter as lágrimas que rolavam pelo seu rosto.

     - Ele tem abusado de mim. – ela sussurrou, mas no silêncio da sala, todos ouviram – Lembra do dia em que saímos para um piquenique?

    Sehun assentiu.

     - Ele estava na SM naquela noite e me estuprou. – enquanto Lola dizia aquilo, a raiva tomou o lugar da serenidade no rosto de Sehun – Ele tem feito isso desde então, disse que se eu me comportasse não iria tocar nas meninas.

     Só naquele momento percebi que a calça de Kwan estava aberta. Ele teria feito com G.B o mesmo que fez com Lola se Tao não tivesse arrombado a porta. Se não tivessem impedido-o. Sehun deu um soco no rosto de Kwan, que logo tinha sangue escorrendo pelo canto da boca. Kwan não tentou bater em Sehun, pelo contrário, quando viu uma brecha se jogou contra Lola. ChanYeol tirou a garota do caminho e no lugar disso, D.O puxou Kwan de volta para a parede e torceu a mão do manager até que se ouvisse os ossos quebrando.

    Sendo sincera, eu também esperei alguma reação de Tao, mas ele estava mais preocupado em ficar ao lado de G.B. Ela ainda estava consciente, porém, estava quase irreconhecível. Vê-la ali, coberta pelo próprio sangue, me fez ter vontade de gritar. Os olhos de G.B estavam vagos até o último instante antes de se fecharem. Não precisei falar com ela para saber que Kwan a havia matado. Os olhos dela não tinham raiva, dor, nada. Era só o vazio, ela já estava morta por dentro. E isso dói.