História Red Smoke: Rupture (Segunda Temporada) - Parte 10: Rupture - Rehab - 01

G.B  P.O.V’s On

   Primeiro veio a dor, a pontada na mão. Depois o branco intenso que me forçou a manter os olhos fechados. E só depois veio o som contínuo dos aparelhos.

     Piscando muito, forcei meus olhos a se manterem abertos ao mesmo tempo em que eu encarava o teto branco e as luzes fluorescentes. Na minha mão direita uma agulha injetava algo no meu sistema sanguíneo. Havia fita adesiva fixando a agulha e o cano, puxando minha pele de forma desconfortável. E claro, havia a pulseira do hospital presa no mesmo pulso, me marcando como paciente e impedindo que eu simplesmente saísse dali. Ao lado da estranhamente confortável cama de hospital, um monitor exibia um controle da minha respiração e das batidas do meu coração, cada uma delas marcada por um bip. Senti uma vontade desesperada de retirar o cateter. O pequeno cano estava devidamente encaixado embaixo do meu nariz, permitindo-me respirar com facilidade, mas temi retira-lo e acabar me prejudicando.

    A porta do quarto se abriu e uma enfermeira, uma garota de não mais de 20 anos me olhou surpresa e depois sorriu.

     - Que bom que acordou. – ela disse, ainda sorrindo – Vou chamar o Doutor Choi para atendê-la.

       Sem me dar tempo para responder, a garota simplesmente saiu. As persianas de ambos os lados do quarto estavam fechadas, não permitindo que eu soubesse se era dia ou noite. Pela porta do quarto um homem entrou, mas ele não era o meu médico. A preocupação estampada no rosto de YongNam fazia com que ele tivesse uma aparência dez anos mais velha. Vestindo um sobretudo de couro marrom, as tatuagens ainda eram visíveis por cima da gola do casaco. A barba por fazer me fez questionar quanto tempo faz desde a última boa noite de sono que ele teve, YongNam não é o tipo de homem que deixa a barba de qualquer jeito.

    - Como se sente? – ele questionou, sentando-se na grande poltrona ao lado da cama.

     - Bem, eu acho. – falei, confusa com tudo aquilo – O que está acontecendo?

     Ele não respondeu de imediato. Primeiro tomou um gole de café do copo que até então não tinha reparado que ele carregava. O cheiro forte da bebida subiu pelo ar, intoxicando o ambiente fechado.

     - Você ficou seis dias apagada. – ele falou, me encarando – Houve um ponto em que achamos que você não ia acordar.

     - Como eu vim parar no hospital? – questionei, minhas memórias pareciam fotos borradas, a única coisa que eu sabia era que eu estava fodida.

     - Depois de tomar todas as pílulas você desmaiou, mas D.O estava na casa. Ele te fez vomitar.

     Mesmo com a discrição de YongNam sobre o ocorrido isso ainda não despertava lembranças.

     - Como estão todos? – perguntei, receosa.

     - Eu mandei que fossem pra casa faz algumas horas. Ficaram esses dias todos aqui, se revezando apenas para dormir e comer.

      Dessa vez tive vontade de tirar mesmo o cateter. D.O me impediu e isso resultou em consequências para todos. Eu não queria isso.

      - Agora – começou YongNam – vamos esperar que o médico te dê alta e então vamos decidir se você vai para a reabilitação.

      - Reabilitação?

      - É, JYP quer que você vá. – contou YongNam.

      - E você? – questionei.

      - Eu? – ele riu – Eu penso que você está bem. Não é como se eles pudessem te ensinar a não ser depressiva.

    Fui obrigada a rir, imaginando a cena. Uma sala com pessoas sentadas em circulo “Olá, meu nome é G.B, não devemos engolir um frasco inteiro de antidepressivos porque pílulas são remédios, não comida”. A ideia de uma reabilitação parece patética para mim, não é o que preciso.

     - Eu não vou. Eu estive meio caída, mas não tenho tempo para isso. Não vou gastar dez semanas para que as pessoas pensem que eu estou me recuperando.

      YongNam assentiu.

      - Foi o que pensei que você diria. – ele falou – Por isso estou tentando convencer JYP a fazer uma espécie de terapia alternativa. Você só precisa de amigos, quero que mantenham você perto das meninas, não trancada.

     Depois disso veio apenas o silêncio, não havia muito o que dizer. YongNam se levantou e me deu um beijo na testa.

      - O médico está demorando, vou ver o que está acontecendo. – e mais baixo, ele acrescentou – Nunca mais faça isso, ok?

     Eu balancei a cabeça, concordando. E então ele apenas saiu, me deixando sozinha novamente no quarto de hospital.