R e d e m p t i o n
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Já passava da meia noite. As ruas praticamente desertas a não ser por um veículo ou outro que assim como eles trafegavam pela noite. A cidade pouco sons emitia, mas ainda assim não se igualava ao silêncio sepulcral que se instalara no interior do carro a partir do momento que ela batera a porta ao se juntar a ele.
Ele não fizera questão de tentar apaziguar a situação, soube que seria perda de tempo apenas com o rápido olhar que lançara a ela logo nas primeiras quadras percorridas. Ela fitava a janela lateral, uma mania que desenvolvera involuntariamente durante as vezes que se desentenderam. Nestes momentos as luzes ou qualquer outra coisa pareciam ganhar um novo significado. E infelizmente isso funcionava perfeitamente. Ela realizava com sucesso o ato de ignorá-lo, e de bônus, o irritava de um modo indescritível – Fato que era de total conhecimento dela.
Ignorando a veia que pulsava ininterruptamente na cabeça e o turbilhão de palavras que insistiam em querer deixar seus lábios, Kensei direcionou toda sua atenção para a estrada.
Vários minutos se passaram, até que inesperadamente, ao contrário do costume dela, ela acabou falando primeiro.
- Hoje você se superou.
A voz dela saíra calma, mas ele reconhecia o tom. Uma mistura de ressentimento e fúria contida.
Ela quase nunca deixava transparecer os próprios sentimentos. Demorara até que se adaptasse às suas maneiras, mas agora podia lê-la facilmente. Tão claro quanto água.
{Nome} era uma garota de mil faces. Discreta, extrovertida, séria. Mas também podia ser um vulcão adormecido, com seu interior borbulhando das mais intensas emoções, e apenas em determinadas situações, com o estimulo certo – ou errado – se revelava. Ele já tivera conhecimento daquele lado dela, tanto na forma agradável – entre quatro paredes, que alias, ele não tinha do que reclamar – quanto o negativo, uma tempestade em formas femininas.
Mas independente de qualquer coisa, ela era extraordinária, e ele inegavelmente se apaixonara por cada pedaço dela. Tanto que levou tempo e esforço muito além do que estava acostumado para conseguir uma resposta positiva da parte dela.
Kensei apertou as mãos no volante. Estavam adentrando no bairro onde ela residia.
- Não sei por que está tão chateada.
Ah, ele sabia. Sabia exatamente o motivo. Sabia também que era o culpado, mas seu orgulho idiota não o deixava admitir – não em voz alta pelo menos.
Com sua visão periférica ele pôde ver o momento em que ela girou a cabeça na direção dele, e praticamente o fulminou. Ele podia sentir a força daqueles olhos sobre ele. Ele pressionara o botão errado. Droga.
- Você sabe sim. Ele estava bêbado Kensei, bêbado. E nem perto de mim você estava. Pra quê agir daquela forma? Fazer aquela exibição gratuita de macho territorialista?!
Kensei estacionou no primeiro lugar que encontrou, freando com força muito acima da necessária. Contou mentalmente até três antes de respondê-la.
- Ele tentou te beijar, {nome}! O que você esperava que eu fizesse? Além do mais, o fato de eu estar ou não por perto não justifica nada.
- A essa altura do nosso relacionamento você deveria saber que eu sei me defender muito bem.
- Você não pareceu estar se esforçando muito...
Foi um comentário impulsivo e imensuravelmente estúpido. Ele percebeu o que tinha feito tarde demais. Imediatamente buscou o rosto dela, arrependido. Não importava o quão nervoso estivesse, jamais deveria ter dito algo como aquilo. Ela nunca dera motivos, nunca. Qual era a droga do problema dele?
O olhar dela foi firme ainda que surpreso. Ela engoliu lentamente, controlando a respiração. Se ele tivesse dado um tapa no rosto dela provavelmente teria doído menos. Palavras tem força, e machucam em lugares que as mãos não alcançam.
Sem se manifestar, ela apenas virou o corpo, abriu a porta, pronta para deixar o carro. Kensei a segurou pelo pulso, buscando mantê-la no banco. Por que não podia simplesmente se desculpar com ela?
- Droga. Espera {nome}...
Pediu.
- Me solta.
- Sabe que não foi isso que quis dizer.
- Kensei, apenas me solte, okay?
Ele hesitou, mas afrouxou os dedos.
- Pelo menos me deixe te levar em casa...
- Estamos a uma quadra da minha casa, acho ao menos nesse trecho eu consigo me esforçar o suficiente e me virar sozinha.
Ela nunca usara aquele tom com ele, nem jogara as palavras dele contra ele, e isso só provava o quanto tinha sido injusto com ela e o quanto a ofendera.
Sem esperar permissão, ela apenas livrou-se do aperto dele e virou a esquina. A casa dela ficava na quadra seguinte, naquela mesma rua.
Kensei mergulhou as mãos nos cabelos platinados, desfazendo a perfeita arrumação. Deteve a vontade de persegui-la, sabia que aquilo apenas a afastaria ainda mais. Esperou alguns segundos, e sem pensar demais, pegou o telefone e ligou pra ela. Cinco vezes no total, e em todas, ela desligava nos primeiros dois toques.
Aquela era uma batalha perdida, ao menos por aquela noite. Ainda irritado, jogou o celular no banco de trás, pouco se importando com o lugar onde fora parar e seguiu pra casa, pensando na cena que se desenrolara horas atrás.
Estavam numa festa de aniversário de um dos amigos de trabalho dele, ambos pertenciam ao Departamento Investigativo, e ele insistira para que fossem. Tudo estava correndo perfeitamente bem até o momento em que a comoção num dos cantos do lugar lhe chamou a atenção.
Ele estava lá, junto com {nome}, até poucos momentos atrás. Saiu para cumprimentar alguns amigos, e quando viu, um cara qualquer a havia tomado pela cintura, e tentava beijá-la. Ela mal teve tempo de reagir, porque em questão se segundos, ele já havia pegado o cara pelo colarinho e o arremessado no chão com a força do punho contra o rosto dele.
Fora uma situação desconfortável pra todos. E ela quase imediatamente quis ir embora, utilizando de uma desculpa esfarrapada qualquer, apenas para deixar a situação menos constrangedora.
Aquele era sempre o motivo das brigas deles. Ele era esquentado, principalmente quanto o assunto a envolvia. Perdera a conta de quantas vezes ela o acalmara, para não tomar medidas drásticas mediante insignificâncias.
Chegando em casa, direcionou-se para a porta, apalpando os bolsos à procura da chave, e só então lembrou do celular. Voltou ao carro, procurando pelo banco e chão, até finalmente encontra-lo. Apertou um dos botões apenas para verificar se ainda estava ligado, quando a tela exibiu a notificação de várias ligações perdidas com o nome de {nome}, pouco tempo depois de tê-la deixado.
Imediatamente ele retornou, um pouco esperançoso de que ela pudesse ter se acalmado e resolvido ouvi-lo. Ouvia os toques enquanto subia as escadas, até que a ligação caiu. Destrancou a porta, adentrando a casa e voltou a discar. Novamente nada. Talvez estivesse no silencioso – pensou.
Resolveu tentar o fixo, mas o resultado foi o mesmo.
Ele estava começando a se preocupar. Naquele horário ela deveria estar acordada, e mesmo que não estivesse, ouviria e atenderia. Foi então que o celular emitiu o som de notificação de mensagem.
“to cançada agente ci fala amanham”.
O que deveria ter servido para acalmá-lo apenas o deixou em estado de alerta, e um frio perpassou por sua nuca, enquanto encarava a mensagem.
{Nome} sempre escrevia de forma correta. Não tinha costume de usar abreviações, e muito menos cometer erros tão chocantes quanto aquele assassinato ao idioma.
Kensei apertou o celular com força, resistindo ao impulso de lança-lo contra parede. Mas até mesmo ele naquele estado sabia que isso seria idiotice. Clareando os pensamentos, colocou seu lado profissional a trabalhar. Ele era um investigador, certo? Então deveria investigar.
Digitou uma mensagem em retorno.
“Tudo bem. Onde você está?”
Dois minutos depois, a resposta.
“em ksa”.
Aquela era a confirmação. Realmente não era ela que estava com o celular, mas quem quer que estivesse, ainda estava com ela, ou não se preocuparia em manter as aparências.
Voltou pelo mesmo caminho que acabara de percorrer, e saíra acelerado pelas ruas. A primeira coisa que fez foi ligar o rastreador do celular dela. Agradeceu mentalmente por tê-la presenteado no aniversário há alguns meses com um iPhone.
O sinal indicava que ela não estava longe de onde morava, alguns poucos quilômetros se comparado ao tamanho da cidade. Ao menos não estavam mais se movendo.
Não demorou muito para que se aproximasse do local. Um lugar afastado das residências, praticamente inabitado. Deixou o carro fora das proximidades, e se encaminhou para o grande barracão.
Era uma construção antiga, claramente em desuso há muito tempo. As janelas exibiam vidros sujos, quebrados ou trincados. Era cercado por algumas árvores, o que ajudava para atrapalhar a visão de alguém que passasse pelos arredores. Nos fundos do terreno ele pôde ver um veículo estacionado.
Pé ante pé, ele colocou-se perto da janela que exibia uma luz bruxuleante. Pôde ver claramente o lampião sobre uma mesa de madeira quase caindo aos pedaços, e a cadeira onde {nome} se encontrava amarrada pelo tronco. Parecia desacordada, a cabeça pendia pesadamente para frente, um hematoma avermelhado se mostrava na bochecha que ele tinha visão, e um pequeno corte coagulado no lábio inferior.
Dois homens se posicionavam ao redor dela, não utilizavam nada no rosto, provavelmente confiantes de que ninguém os encontraria ali. Pareciam discutir acaloradamente.
- A ideia foi sua, agora você me diz que não sabe o que fazer?
- Não é que eu não saiba o que fazer, só temos que encontrar um jeito de chamar a atenção daquele maldito. Ensinar uma ou duas coisas pra ele antes dele pensar em se meter nos meus negócios de novo.
- E pra isso você tinha que mexer com a vadia dele?
O outro deu de ombros, mexendo-se sem parar. Segurava entre os dedos um cigarro, e o cheiro forte preenchia o ambiente. Deu uma tragada antes de responder o companheiro.
- Aquele cara é osso duro. Se não consigo atingir de um jeito, arrumo outro.
- Então da próxima vez, você vai chegar perto dela. Se eu levar mais um chute dessa vaca, provavelmente não vou poder usar meu amiguinho aqui pelo resto da vida.
Kensei sentiu os membros tremerem em fúria. Mediante a conversa, juntara algumas peças do quebra cabeça. Aquela era uma vingança contra ele, provavelmente provinda de algum caso que havia cuidado. Por mais idiotas que os dois parecessem, em uma coisa eles havia acertado, {nome} era o ponto fraco dele. Mas eles não sabiam o tamanho do erro que haviam cometido. Ninguém tocava nela, ninguém. E com certeza iriam pagar, tanto pela forma como estavam se referido, quanto por terem levantado as mãos contra ela.
Silenciosamente, rodeou o barracão até encontrar a porta. Não havia um plano a seguir. Se encontrasse em contato com a polícia, acabaria tornando aquilo tudo um grande acontecimento. Sem contar que fora culpa dele. Ele havia causado a briga, ele havia dito coisas desnecessárias, e os dois estavam fazendo tudo aquilo por vingança a ele. Então, a reposta era relativamente simples... ele colocaria um fim na situação.
O primeiro passo foi abrir a porta, da forma mais audível que conseguiu imaginar, e sumir das vistas dos dois. Claro que aquilo chamou imediatamente a atenção de ambos que estavam nervosos e ansiosos.
- Quem está aí? – Perguntou o que não fumava.
Nada.
- Vai lá fechar a porta, deve ter sido o vento. Mas olhe ao redor para o caso de ser alguém.
Hesitante, ele obedeceu.
Quando apontou o corpo na porta, Kensei o agarrou pelo moletom pesado que usava, girou-o de costas, e aplicou uma gravata, apenas com força o suficiente para que o tivesse sob controle. Ao trazê-lo mais perto do corpo, sentiu o volume de uma arma, rapidamente pegou-a, voltando a forçar o golpe. O sequestrador prendeu as mãos contra o braço dele, tentando se livrar, mas era inútil. O tamanho de Kensei somado à sua forma física invejável correspondia duas vezes ao de seu adversário.
Calmamente, mas não menos ameaçador, sussurrou contra o ouvido dele.
- Escute aqui seu maldito... Você vai ficar de boca fechada e responder o que eu quero saber. Entendeu? Se sim, dê um toque no meu braço.
Foi exatamente o que o homem fez.
- Certo. Primeira pergunta: O revolver está carregado? Se mentir, saiba que uma arma pode ser usada de mais uma maneira, e você não vai querer descobrir como.
Um toque. Estava carregada.
- Ótimo.
Kensei puxou o gatilho da arma, e pousou contra a têmpora do homem. Não era mais necessária a gravata, já que uma arma apontada contra a cabeça pode ser um grande incentivo para que alguém obedeça.
- Quem bateu nela? Você?
Dois toques. Então havia sido o outro.
- Sorte sua. Você acabou de salvar seu pescoço. Terceira e última pergunta: O outro está armado?
Um toque. Pôde sentir o homem engolir seco. Então, Kensei bateu a arma contra a nuca dele e o desmaiou, deitando-o lentamente no chão.
- Isso é por ter deixado que ele batesse nela – Justificou.
Tudo que restava agora era resgatá-la. Armado ou não, não importava. Desengatilhando a arma, conferiu a quantidade de balas. Apenas duas. Deu de ombros. Aquilo teria que servir. Voltou a engatilhá-la, e entrou. Os braços firmemente à frente, mirando. O homem só percebeu a presença dele quando estava há alguns poucos passos.
A reação foi exagerada, claramente estava alto. Imediatamente, sacou a própria arma, e apontou trêmulo para o peito de Kensei.
- Quem é você maldito?
Se não fosse a situação, Kansei teria rido. O cara sequestrava a namorada dele para se vingar dele, e ainda esquecia quem ele era?
- Achei que você melhor do que ninguém soubesse.
O homem semicerrou os olhos, então uma luz de compreensão se acendeu nos olhos de pupilas dilatas e vermelhos.
-É você, seu desgraçado.
Kensei sorriu torto, de forma intimidadora.
- Parece que vocês pegaram algo que me pertence.
O outro começou a suar, sem saber direito como reagir. Aproximou-se de {nome}, colocando-se a frente dela.
- O quê? Essa vadia aqui? Ela só quis dar uma voltinha com a gente, sabe? Parece que você não dá conta do recado... Ela é bem feroz – Respondeu de forma maliciosa, arrastando a palavra ‘bem’.
Kensei não pôde evitar correr os olhos por {nome}, com um tremor, verificando se ao contrário do que pensara eles fizeram mais do que bater a amarrá-la na cadeira. Foi então que percebeu que a cabeça de {nome} não pendia mais, ainda que a mantivesse abaixada. Pôde ver o sorriso desacreditado nos lábios dela. Sabia que se pudesse ver seus olhos, eles estariam sendo revirados diante da fraca tentativa de provocação.
Lentamente ela levantou a cabeça e encontrou os olhos dele. Havia medo, cansaço e uma confiança cega. Apesar de tudo ela acreditava que ele a tiraria dali. Numa troca de informações muda, ele compreendeu o que ela iria fazer.
Ele desviou os olhos dos dela, e voltou a focar sua atenção no homem. Ele ignorara todo o acontecimento, e mal pôde acompanhar o que se seguiu.
{Nome} ergueu ambos os pés e acertou com toda a força as costas do sequestrador. O homem cambaleou para frente, e Kensei rapidamente avançou, desarmando-o com uma torção na mão. Acertou os punhos com força na mandíbula dele, e um último soco no nariz, que diante do sangue que escorreu muito provavelmente acabara quebrado. Aplicou novamente uma gravata, com força, até que ele parasse de se debater em seus braços e pendesse os próprios ao lado do corpo. Desacordado.
Desta vez ele não precisou pousar o corpo lentamente no chão, apenas deixou que caísse pesadamente. No outro dia ele acordaria dolorido, mas ainda era pouco diante do que causara a {nome}.
Kensei correu na direção de {nome}, levantando a cadeira que acabara caindo para trás, já que toda ação tem uma reação. Ele a desamarrou, e ajoelhou-se na frente dela, afastando os cabelos muito bagunçados do rosto, mantendo o ultimo entre as mãos. Ela respirava rapidamente, talvez só agora se dando conta do perigo que correriam se o plano silencioso não funcionasse.
- Ei, você está bem?
Ele lutava para controlar a euforia, sentia as pernas fracas. Mal saberia o que fazer se a tivesse perdido.
{Nome} assentiu com a cabeça, mordendo o lábio, e fazendo uma careta de dor devido ao ferimento que se encontrava ali.
- Eles tocaram em você?
Perguntou, correndo as mãos como louco pelo corpo dela, em busca de qualquer coisa fora do lugar.
- Não...
Ele parecia nem tê-la ouvido, pois os movimentos frenéticos continuaram. Ela levou as mãos às dele, interrompendo sua inspeção. Então ele levantou a cabeça, fitando os olhos dela, a face dela, como se tivesse passado anos sem vê-la e quisesse guardar cada traço nas lembranças.
- Está tudo bem, Kensei. É serio...
Ela levou uma das mãos ao rosto dele, acariciando lentamente a bochecha. Aproximou a cabeça, até que seus narizes se tocassem, e cobriu a boca dele com a dela. Uma pressão moderada, até que ele tomou-a pela nuca, aprofundando o beijo quase com desespero. Ela ignorou as pontadas de dor vindas do corte, e concentrou-se apenas nele. Em seu toque.
A contragosto ele a afastou, observando-a.
- A culpa foi minha – Declarou, passando cuidadosamente os dedos sobre o hematoma na bochecha dela.
Ela franziu levemente o cenho.
- Você não poderia saber...
- Se nós não tivéssemos brigado. Se eu não tivesse agido como um idiota.
- Não. Chega. O passado não pode ser mudado. Você sabe que eu não gosto desses pensamentos hipotéticos. Apenas, vamos pra casa.
Ele confirmou com a cabeça.
- Só preciso cuidar de um detalhe.
Apontou significativamente para o corpo desacordado atrás deles. Rapidamente reuniu os dois homens, e os amarrou firmemente no centro do barracão. Pegou o próprio celular, ligou para a polícia, explicou a situação e pronto. Estava resolvido.
Ele a ajudou a levantar, passando as mãos ao redor dos ombros dela. Ela o abraçou pela cintura, só soltando-o quando se sentou no banco. Antes de fechar a porta, ele se escorou contra o carro, encarando-a com seriedade.
- Desculpe.
{Nome} o fitou.
- Já disse que a culpa não foi sua.
- É sobre mais cedo... O que eu te disse. O que eu fiz. Você nunca me deu motivos para duvidar de qualquer coisa sobre nós, e eu retribui daquela forma.
Ela sorriu com ternura, logo alargando a boca um pouco mais.
- Você está me assustando com toda essa doçura, Kensei. Tem certeza de que não acertaram a sua cabeça?
Ele riu, negando.
- Já não tenho mais certeza a esse ponto.
Ainda sorrindo, ela entrelaçou os dedos nos dele, encarando-o sob os cílios espessos.
- Sabe... – sussurrou – Ouvi falar que você não dá conta do recado.
Ele a encarou por um momento, depois gargalhou. Aproximando a boca da orelha dela, segredou.
- Então acho que terei a terrível missão de te provar o contrário.
Ele pôde senti-la se encolher num arrepio. E continuou.
- Também ouvi algo sobre você ser feroz.
Ele se afastou, buscando os olhos dela, que o encarava com intensidade.
- Então... – Começou ela, deixando os dedos correrem pelos cabelos dele – Acho que também tenho algo a provar.
Ele tomou os lábios dela num rápido beijo. Ocupou o banco do motorista, e dirigiu para casa. Definitivamente ainda havia muitos assuntos a serem acertados naquela noite.
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