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História Redenção G!P - Capítulo 5


Escrita por: camrenmercy

Capítulo 5 - Capítulo 5



Trinta minutos mais tarde, Camila respirou profundamente, bateu na porta do quarto de Lauren e abriu-a, equilibrando a bandeja em uma mão. 

- Você está atrasada. - Lauren se sentou na cama, travesseiros apoiados atrás dela, e Camila teve o vago pensamento de que Lauren parecia um sultão pronto para ser servido por sua concubina. Merda. Isso fazia dela a concubina. 
Ela entrou e colocou a bandeja sobre seu colo, dizendo a primeira coisa que veio à mente, em um esforço para desviar seu cérebro da imagem dele fez sentado na cama sem uma camisa. 

- Lembre-se, não julgue a sopa. Eu não fiz isso, só abri a lata. 

- Cheira fantástico. Eu não tinha idéia de que estava com tanta fome. - Disse Lauren enquanto pegava a colher.

Ela se afastou em direção à porta tão rapidamente quanto podia. Ela precisava muito ficar longe de Lauren. A maneira como ela estava naquela cama. 

- Ok, então! Venho verificar você depois. 

Ela estava quase na porta quando Lauren chamou. 


- Camila? 

- Sim? - Lauren ia realmente agradecê-la pela sopa? Ela se virou para enfrentá-la, um olhar levemente expectante em seu rosto. 

- Pode me dar o controle remoto?

         *****

Vinte minutos depois, Lauren a chamou pelo celular. Ela havia acabado de sair de seu quarto após terminar de secar seu cabelo depois do banho. Em vez de responder ao telefone, ela entrou em seu quarto. 

- O que você precisa? 

- Leve a bandeja. 

Camila rangeu os dentes com seu tom abrupto, mas se aproximou e pegou a bandeja de cima de seu colo. 

- Mais alguma coisa? 

- Não, apenas a bandeja. - Lauren se sentou trocando os canais da televisão sem dar a ela um único olhar. 

Camila se virou e voltou para a cozinha. 

Cinco minutos mais tarde, seu celular tocou novamente e novamente ela não respondeu, apenas caminhou até seu quarto.

 - Sim? - Isto estava ficando cansativo. Muito rapidamente.

- Eu preciso de mais travesseiros. 

 A televisão estava desligada e o controle remoto na mesa de cabeceira. 

Camila lhe deu um olhar fulminante e virou-se de novo, caminhando para o armário. 

Um minuto depois, ela a estava ajudando com os travesseiros extras, empurrando-os para trás de suas costas. Ela precisava fugir e rapidamente. 

- Será que isso é tudo, senhora? - Camila perguntou com sarcasmo. 

Lauren franziu a testa. 

- Vá então, se está com tanta pressa. 

- Eu não estou com pressa. 

- Você não é normal. Você não é domesticada de jeito nenhum. Você deveria estar agitada comigo. - Lauren atacou. 

- Sinto muito, você não gostou do sanduíche de queijo grelhado? - Camila perguntou, seu tom de voz elevou-se no final. 

- Eles estavam bons. 

- Você certamente comeu todos eles. 

- Eu estou queimando. Pode me trazer um pano úmido ou uma toalhinha para a minha cabeça? 

Camila cruzou os braços sobre o peito e parou apenas o tempo suficiente para que Lauren soubesse que não estava comprando sua encenação de "pobre de mim".

Indo para o banheiro, ela pegou um pano molhado e voltou rapidamente. 

Ela estendeu o pano para Lauren. 

- Aqui. - Ela disse quando Lauren não fez nenhum movimento para pegá-lo. 

- Droga, Camila. Estou doente. Pode apenas agir como se você se importasse por pelo menos um minuto? 

Camila revirou os olhos para o céu e cuidadosamente sentou-se na beira do colchão, em um ângulo de frente para ela, com os pés pendurados da cama, não tocando o chão. Ela dobrou cuidadosamente o pano em um retângulo e com um show de relutância, colocou em sua testa. 
Lauren suspirou, soando como um êxtase, e seu braço alcançou ao redor das pernas dela, pousando ao lado de seu quadril, segurando-a no lugar. Uma onda de reação bateu nela que chegou a considerar como seria se Lauren fosse dela e só dela. Será que ela perderia a aspereza? Será que ela perderia a atitude? 

Camila observou seus olhos se fechando em um suspiro e eventualmente ela fez o mesmo, enquanto movia o pano sobre a testa dela em pequenos círculos suaves, tentando acalmar não só ela, mas a si mesma. 
Sentaram-se assim por vários minutos, com Lauren aparentemente satisfeita contra os travesseiros, obviamente apreciando suas atenções. 
A campainha gritou bem alto do outro cômodo, interrompendo o momento de tranquilidade. Seus olhos se abriram e ela pulou da cama, levando o pano úmido consigo e indo para a sala de estar. 

Ela apertou o botão. 

- Sim? 


- A senhorita Wallace gostaria de subir. Posso mandá-la para cima?


Camila mordeu o lábio em humilhação. Lidar com Tanya agora não era algo ela estava ansiosa para fazer. Será que a mulher sabia que Lauren estava em casa? 

- Sim, tudo bem. 

O elevador abriu e Tanya entrou na cobertura com um floreio.

 - Onde e como está o meu pobre bebê? 

Bem, isso respondia à pergunta de Camila.

- Ela está no quarto. 

A mulher começou a caminhar pelo corredor que levava aos quartos.

 - Qual? 

Ela não sabia? Isso veio como um choque para Camila. Afinal, ela estava aqui, todo o tempo.

 - Segunda porta à esquerda. - Ela respondeu. 

Tanya abriu caminho para o quarto de Lauren e Camila ficou para trás na porta para ver se poderia fugir. 
Ela realmente não queria observar a mulher pairando sobre Lauren. 

Quando Lauren abriu os olhos, Camila teve uma visão clara da emoção que brilhava neles antes que ela deixasse toda expressão de fora. Seu olhar pousou primeiro na outra mulher, irritação pura e simples brilhou em seus olhos verdes antes que patinassem por ela e focassem em Camila. 

Camila perdeu o fôlego com o que viu no seu olhar, apenas brevemente, antes que Lauren fechasse sua expressão. Com consternação, ela percebeu imediatamente que ela não estava feliz em ver Tanya. 
Lauren a queria com ela, Camila, não Tanya. E o olhar que ela tinha dado a Tanya quase a fez sentir pena da outra mulher, na verdade, ela ficou com pena de Tanya. 

- Lauren, pobre bebê.

Camila  encostou suas costas na porta e assistiu Tanya sentar sua bunda no colchão ao lado de Lauren. Ela não tinha notado quando a conheceu que sua bunda era um pouco grande. Era grande, não era? 

- Eu estou aqui para cuidar de você agora. Sorte que eu procurei você no seu escritório! Joy me disse que você estava doente! 

Lauren cruzou os braços sobre o peito. 

- Eu preciso de descanso, Tanya, não de companhia. 

- Eu não sou companhia, boba. - Ela passou as unhas vermelhas cor de sangue através de seu cabelo e Camila sentiu como se ela estivesse ficando doente. 

Ela segurou o ar em seus pulmões quando caminhou para a cama com as pernas rígidas e entregou o pano à Tanya. 

- Lauren gosta da compressa fria na testa. 

Foi maldade dela, considerando o olhar que tinha visto no rosto de Lauren antes? 

Tanya pegou o pano e colocou-o contra a testa de Lauren. 

- Assim? 

- Sim. - Camila sussurrou suavemente, uma fria emoção nublando sua garganta enquanto assistia Tanya tocar Lauren. Camila olhou do cabelo de Lauren, onde Tanya estava passando os dedos, para seus olhos. O súbito e inesperado impacto de vê-la olhando-a também quase derrubou seu fôlego. Seus olhos estavam focados nela exclusivos, expressiva e possessivamente, como se Lauren estivesse só aguardando. O coração dela começou a bater descontroladamente. Ela começou a se virar, mas a mão de Lauren a alcançou se enrolou em torno de seu pulso, detendo-a. Ela parou e se virou para enfrentá-la novamente, ciente de que Tanya observava com um brilho perigoso nos olhos.

- Traga-me um copo de água e uma almofada de aquecimento. - Lauren ordenou calmamente. 

Ela se empurrou de volta à consciência e tentou se concentrar no que ela estava pedindo. 

- A almofada de aquecimento? Com febre? 

Seus olhos se estreitaram sobre ela e Lauren disse devagar e com firmeza:

 - Eu quero uma almofada de aquecimento. 

- Tudo bem, onde está? 

- Experimente o armário do corredor, aquele com os travesseiros. É lá que estará se nós tivermos uma. - Camila ficou estupefata ao ouvir a palavra 'nós' como se fosse sua casa também e sentiu o polegar de Lauren esfregando círculos repetidamente no interior de seu pulso enquanto fazia o seu pedido. E todo o tempo, Tanya se sentou na borda da cama olhando entre elas como se estivesse prestes a arrancar fora os olhos de Camila. 

- Ok. - Camila puxou levemente seu braço na tentativa de soltar-se e depois de outro longo olhar, Lauren deixou cair seu pulso. 

Camila saiu do quarto e primeiro foi pegar o copo de água. Ela o colocou em sua mesa de cabeceira, não prolongando o olhar entre o casal ou ouvindo a baixa e calorosa discussão que estavam tendo. 
Depois de uma busca completa em ambos os armários, Camila veio de mãos vazias. 

Ela enfiou a cabeça pela porta.

 - Não achei a almofada de aquecimento. Pode ser outro cobertor? 

- Não, eu tenho que ter uma almofada de aquecimento. - Lauren olhou para Tanya. 

-Você não se importa de ir à farmácia e comprar uma para mim, não é?

Enquanto falava, Lauren se inclinou e pegou a carteira na mesa ao lado da cama e retirou uma grande quantia de dinheiro. Ela entregou à Tanya e usou uma palavra que Camila não tinha conhecido em seu vocabulário. - Por favor? 

Tanya pegou a nota de cem dólares com indisfarçável ambição.

 - Claro, querida. Estarei de volta em meia hora. - Ela se inclinou e beijou-lhe os lábios, suas mãos indo até os ombros. Bile subiu na garganta de Camila enquanto assistia a cena, mas Lauren não devolveu o abraço que acabou quase tão rapidamente quanto tinha começado. 

Tanya passou como uma brisa por ela, como se ela não existisse. Camila ficou imóvel no porta até ouvir o som fraco das portas do elevador se fechando e então se obrigou a olhar para Lauren. 

Lauren a olhou com cuidado, levantou seu telefone celular, pressionou um dígito e colocou o telefone na orelha. 

- A senhorita Wallace está saindo do edifício. Ela estará de volta em breve. Não a deixe subir. Pegue suas compras, mas não a deixe voltar aqui. - Camila sentiu um tremor de consciência quando os olhos de Lauren emitiram as instruções e esperavam por afirmação, estudando-a o tempo todo. 

Lauren terminou a chamada e deixou cair o telefone novamente. 

- Onde estávamos? 

Camila limpou a garganta suavemente. Não havia chance no inferno dela voltar lá depois daquilo. 

- Você vai dormir um pouco e eu vou lhe dar um pouco de 
privacidade. Venho verificar você mais tarde. 

Ela não esperou por sua resposta, virou-se e foi embora.

       ***

Mais tarde naquela noite, Lauren se sentou à mesa em seu escritório com um copo de uísque. A dor de cabeça foi embora, ela realmente não tinha tido febre.

A caixa de Tanya finalmente foi aberta e descartada. Dentro havia uma pilha de 20 fotos brilhantes dela, escassamente vestida e posando para a apreciação de um amante. 
Teria Lauren se importado com ela alguma vez? 

Ela poderia ter achado as fotos sedutoras, ou se não isso, pelo menos divertidas. Mas Lauren não as achou nem atraentes e nem divertidas. Jogou-as no lixo ao lado de sua mesa. 
Era hora de se livrar dela. Tanya não a agradava mais, Lauren havia perdido todo o interesse em seu corpo e tudo o que ela era capaz de fazer era irritá-la. 
Ela havia ficado no caminho do que Lauren realmente queria e ela não podia deixar a situação continuar. Sim, ela precisava se livrar dela e precisava fazê-lo amanhã. Não havia absolutamente nenhum sentido em manter isso. E, de repente, pareceu muito tempo esperar até amanhã. 
Ela faria isso hoje à noite. 
Ela vinha bebendo, constantemente fazendo seu caminho através da garrafa de Bourbon desde que sua governanta havia fugido dela como se o fogo do inferno a estivesse perseguindo. 
Lauren não devia dirigir. Mas ela queria a maldita coisa terminada. Pegou seu telefone e providenciou um carro.

         *****

Camila entrou na sala de estar na manhã seguinte e sabia que algo não estava do jeito que deveria estar. O laptop que Lauren levava e trazia do trabalho estava aberto na mesa de centro. A tela estava preta.

Estaria ela realmente doente? Ontem Camila não tinha acreditado totalmente. Ela ouviu um barulho na parte de trás da cobertura e lentamente se virou para investigar. 
A porta do quarto de Lauren estava fechada, ela não havia notado isso mais cedo. 
Ela ouviu alguma coisa cair e, em seguida, uma profunda maldição. 
Ela deveria bater. Ela realmente deveria bater em sua porta e se certificar de que Lauren estava bem. Não havia chance no inferno dela fazer isso. Ela se virou e fugiu para a segurança da cozinha. 

          **** 

Vinte minutos depois, ela estava tendo um momento de normalidade bebendo uma xícara de café e fazendo uma lista de compras quando Lauren entrou na sala. Seus olhos estavam vermelhos e havia o início de uma contusão na maçã direita do seu rosto. Os olhos dela queimaram com a visão. Camila largou a caneta e girou o banquinho afastado da ilha onde ela se sentou e concentrou sua atenção em Lauren. 

- Café. - A única palavra dita era profunda e áspera e ressoou com uma animalesca dor. 

Camila se levantou cautelosamente e serviu-lhe uma xícara de café preto, do jeito que sabia que ela queria. Voltando em direção a ela, deu-lhe o café. 
Voltou para seu assento e pegou a caneta para camuflar as inadequadas emoções que agitavam seu estômago. Mas ela não podia se concentrar na lista de compras. Ela ficou consciente de Lauren pegar o banquinho e sentar-se em frente a ela. 
A sala pareceu encolher em direta proporção à proximidade de seu corpo.

Lauren pegou a xícara e tomou vários goles sem olhar para qualquer lugar além do sua xícara. 
Finalmente a curiosidade levou a melhor e ela não pode mais aguentar. 

- O que aconteceu com você? - Camila questionou em voz baixa. 
Vacilando, Lauren olhou em sua direção com os olhos apertados.

 - Você não precisa mais se preocupar com Tanya. Ela não virá mais aqui. 

Incredulidade espalhou-se através de Camila.

 - Eu não estava... preocupada. –
Ela lambeu os lábios e as borboletas foram à loucura em seu peito enquanto se perguntava o que exatamente isso significava. 

- É um ponto discutível. Ela está fora da minha vida. 

- Eu sinto muito. - Ela se sentiu completamente desamparada. Não tinha ideia do que dizer a Lauren. Estava vagamente consciente de que não deveria estar sentindo uma bolha de euforia pulando em sua cabeça. 
Ela engoliu em seco e se focou em sua situação. 


- O que aconteceu com seu rosto?
 
Lauren estendeu a mão e sentiu a marca, fazendo uma careta de aborrecimento. 

– Tanya aconteceu. 

Camila olhou para ela em choque.

 - Ela bateu em você?

- Sim. 

- Ela fez isso? 

Lauren estreitou seus olhos sobre ela e deu-lhe um olhar depreciativo. 

- Você bateu de volta nela? Não! Sinto muito. Não quis dizer isso.

- Não? Soou como se quisesse. - A declaração foi cheia de acusação. 

- Eu sinto muito. - Camila sabia que deveria soar triste, mas nada em sua experiência limitada com Lauren lhe deu uma idéia de como agir. 

- Eu preciso de uma aspirina. - Lauren gemeu enquanto apoiava a testa em suas mãos. 

- Você precisa de ibuprofeno para o inchaço. - Ela disse suavemente, ficando de pé para pegar. 

- Aspirina. 

Camila foi para a gaveta onde uma variedade de medicamentos estava guardada e virou sobre o ombro:

 - Ibuprofeno. 

- Camila! - Lauren gritou. 

Ela se virou para encará-la, sua mão na garganta. 

- Não discuta comigo. Tenho uma maldita ressaca e eu quero a aspirina, agora! 
 Sua voz era um rosnado trovejante, cheia de ameaça. 

Camila ficou em estado de choque com seu tom de voz e sentiu no rosto a drenagem de todas as cores. Seus olhos se encheram de lágrimas de raiva e mágoa reprimida e ela se voltou para a gaveta para tirar o que ela exigia. Ela encontrou uma garrafa de aspirina e abriu a tampa, com raiva. 
Ela ficou a três metros de distância de Lauren e virou-se para encará-la, lágrimas incontroláveis que conseguiram irritá-la ainda deixavam um caminho molhado em suas bochechas.

Ela a observou quando Lauren olhou para ela por cima de sua xícara de café, sem dúvida olhando as lágrimas. Uma carranca desceu pesadamente sobre suas feições, como se tudo fosse culpa dela. 
Era demais para Camila aguentar. 
Ela jogou a garrafa aberta para Lauren e derramou todo o pote de pílulas brancas sobre ela. 

- Tome a sua aspirina, idiota. 

Afastando-se de Lauren e da confusão que tinha acabado de fazer, ela saiu da sala sem demora, não corajosa o suficiente para olhar atrás e ver como Lauren reagiu. 


Com um rosnado de fúria, Lauren se levantou de sua cadeira, que se arrastou no chão, e a seguiu. Pânico e medo bateram através dela e ela sabia que Lauren estava prestes a persegui-la por toda a cobertura. 
Ela não parou para pensar. Apenas correu. Correu pelo corredor em direção a seu quarto, correu para dentro e bateu a porta e fechando-a o mais rápido que podia. 
Imediatamente, Lauren começou a bater em sua porta. A vibração do que soou como seu punho batendo na madeira acima de sua cabeça, onde ela se apoiava, fazia com que ela deslizasse para longe e de volta para a porta, em silenciosa descrença. Seu coração disparou e ela congelou, olhando para a porta, enraizada no lugar. 

- Abra a porta! - Lauren gritou. 

Ela permaneceu muda e seus pés ficaram parados no lugar, enquanto que com uma mão ela alcançou a cabeceira da cama para se firmar.

- Abra a maldita porta, Camila.

Ela lambeu os lábios e respirou fundo, preparando sua voz para ser forte.

 – Sem chances. 

- Você tem trinta segundos para abrir. Eu estou indo tomar a porra da aspirina e volto com a chave desta porta. Confie em mim quando eu digo que as coisas serão melhores para você se abri-la sozinha. 

Camila a ouviu se afastar da porta e enquanto um horror real corria por sua mente. Que diabos ela tinha feito? O que ela deveria fazer agora? Ela não ia abrir a porta, isso ela sabia. Mas apesar disso, ela sabia que tinha que tomar uma decisão nos próximos segundos. Ela precisava se acalmar. Precisava ter controle e não sentir medo, ou pelo menos parecer estar assim. Além disso, um animal selvagem era mais propenso a atacar se sentisse o medo. 
Ela foi se sentar no meio da cama e pegou a revista que havia planejando ler mais tarde, como se ela não tivesse uma preocupação no mundo. E de repente lhe ocorreu que o último lugar onde ela queria ser encurralada era na cama. Ou ainda no seu quarto. 
Ela voou para a porta e abriu-a, preparando-se para ir até a relativa segurança da sala. 

Lauren estava na entrada de seu quarto e um movimento do corpo dela para frente impulsionou seu torso a poucos centímetros de chocar-se contra ela. 
Ela chegou a parar bruscamente para não colidir com ela. Lauren estava ali todo o tempo? O medo e a raiva dominaram suas emoções. 

- Você me enganou. Você não tem uma chave. - Camila começou a empurrá-la para passar.

- Idiota? Você me chamou de idiota? - Lauren sibilou, uma veia no lado do seu pescoços e contraiu, hostilidade fervia em seu corpo enquanto ela bloqueava a tentativa de Camila de passar por ela.

Um frio pairou no ar com suas palavras e as feições de Camila  endureceram em resposta, tanto raiva quanto medo escorrendo em suas veias e ela estava determinada a controlar.

 - Você mentiu para mim. Não existe nenhuma chave. 

Ela se esquivou para passar por Lauren novamente e ela continuou a bloquear seu corpo. 

- Eu tenho a chave. - Sua voz era perigosamente desdenhosa enquanto ela levantava a chave na frente de seu rosto e, então, rapidamente embolsou antes que suas mãos pudessem alcançá-la. 

- Não é realmente meu quarto se você tem a chave. - Camila retrucou, tentando evitar seu toque, mas com os dedos em seus ombros, ele a fixava no lugar. 

- Não é seu quarto. É onde eu permito que você durma. - Sua voz estava desdenhosa e com raiva, as palavras saíram dentre seus dentes cerrados. 

- Deixe-me sair. - Disse Camila com voz trêmula, tentando afastar-se dela. 

- Fique quieta. - Lauren sibilou. Havia ameaça em sua voz e isso efetivamente acalmou os movimentos dela que a encarou antes de mover seus olhos para longe dela. 

- Não me ameace. - Disse Camila sussurrando em raiva. - Eu juro que chamo a polícia. - Ela sentiu seu toque endurecer em seus ombros e então Lauren retirou uma mão dela e colocou-a lentamente no bolso. 

- Você vai precisar de seu telefone pra isso. - Suas palavras carregavam uma pitada de sarcasmo quando Lauren retirou o telefone dela do bolso, ela deve tê-lo pego depois que ela saiu da cozinha. Lauren o jogou a alguns metros, caindo sobre a cama. 
Sua mão se moveu de volta para seu ombro e Camila ficou completamente em silêncio enquanto ela fechava seus olhos. 
Ficaram assim por alguns segundos e ela tentou seu melhor para não tremer, mas era impossível. Lauren estava muito perto, sua pele estava muito quente e ela sabia que Lauren podia sentir os movimentos instáveis de seu corpo. 
Lauren colocou um dedo sob seu queixo e ergueu seu o rosto para ela. Os olhos de Camila se mantiveram fechados. 

- Abra os seus olhos. - Exigiu. 

Foi apenas uma pequena medida de desafio, mas Camila esperou alguns segundos antes de lentamente levantar suas pálpebras e encontrou-a encarando-a demasiado perto. 
Seus olhos, apesar de injetados, eram de um profundo verde 
enquanto olhavam nos dela, foi com esforço que Camila manteve seu olhar nela. 

- Eu não preciso do tipo de merda que você acabou de fazer. - Lauren falou enquanto seu polegar roçava em seu queixo. - Há um par de coisas que você precisa aprender sobre mim e rapidamente. Eu não respondo bem a ameaças ou temperamento de birras. Lágrimas não me comovem nunca.
 Seus olhos procuraram os dela e então Lauren terminou com os dentes cerrados: 

- Eu nunca peço desculpas. 

Lauren continuou a estudar seu rosto, a revolta emocional de repente teve efeito em Camila e a vontade de continuar lutando contra ela desapareceu. Seu corpo tremeu e seu torso dobrou, sua pélvis encontrou as coxas dela quando ela desistiu e deixou seu peso cair contra Lauren. Os olhos dela queimaram em resposta, Lauren moveu as mãos de seus ombros, deslizando um braço ao redor da cintura dela para suportar o peso de seu corpo, e deslizando o outro por sua bochecha indo até seus cabelos onde Lauren agarrou seu couro cabeludo, levantando o rosto dela para o dela. Camila se sentiu completamente eclipsada por seu tamanho e pelos músculos em torno dela. Contra sua vontade, a aura sexual que Lauren  possuía, e que ela sempre tentou ignorar, envolveu seus sentidos. Quando sua mão se apertou em seu cabelo e seu aroma caiu sobre ela, seu coração disparou e uma corrente vertiginosa de eletricidade caiu sobre ela. 
De repente, ela entendeu exatamente como se sentia vulnerável a Lauren. 

Lauren a estudou por um momento e começou a falar. 

- Eu tive uma péssima noite e estou tendo uma manhã ruim. - Sua voz se tornou mais profunda e sem raiva. 

- Eu não costumo beber muito. Minha cabeça está me matando de dor. Tanya é uma cadela, mas acabou e eu não quero pensar mais sobre ela. 

A mão de Lauren em torno de sua cintura começou a acariciá-la, ela se inclinou e colocou seus lábios sobre sua testa. 

Lauren manteve essa posição por um momento, enquanto o coração de Camila continuava batendo furiosamente em seu peito. Seus lábios se moviam lentamente para frente e para trás em sua testa, e pareceu como se Lauren estivesse respirando seu perfume. 
Um choque de prazer furtivamente fez o seu caminho através das veias dela. 

- Eu não deveria ter agarrado você. - Disse Lauren contra sua pele. - Eu sei que você estava apenas tentando me ajudar. 

A respiração de Camila engatou e um redemoinho começou em sua cabeça enquanto ela tentava dar sentido ao que Lauren estava dizendo. Ela nunca se desculpou? As palavras “Eu sinto muito” ou “Peço desculpas” nunca vieram a seus lábios, mas tudo o que Lauren estava dizendo soava incrivelmente arrependido e isso a confundiu ainda mais.

Antes que ela pudesse pensar muito sobre isso, Lauren  levantou a cabeça e encontrou seu olhar mais uma vez. 

- Preciso ir para o banco e já estou atrasada. - Sua mão saiu de seu cabelo e os nós dos seus dedos roçaram sua bochecha. - Você ficar bem? 

- Sim. - Sua voz era pouco mais que um sussurro. 

- Você estará aqui quando eu voltar? 

O ligeiro vestígio de vulnerabilidade estava tão bem escondido que Camila quase não percebeu. Mas pelo som de sua voz, ela sabia a resposta que Lauren queria e ela hesitou apenas momentaneamente antes de dar a ela. 

- Sim. 

- Estarei em casa para o jantar. - Acrescentou. 

- Ok. 

Os olhos de Lauren a engoliram por alguns segundos, enquanto procuravam os dela. 
Algo intenso queimava entre elas e um formigamento na boca do estômago de Camila deslizou para baixo e aterrissou em uma onda de calor entre suas coxas. 

- Você é tão doce. - Sua voz parecia em agonia, mas Camila perdeu completamente a capacidade de pensar quando a boca de Lauren pousou sobre a dela e ela experimentou seu beijo pela primeira vez. Ele durou apenas um segundo e seus lábios permaneceram fechados sobre os dela, mais como uma mãe faria em uma criança. Mas o beijo não era de qualquer forma parecido com o de uma mãe e um novo tremor pairou sobre a espinha dela. 
Seus olhos ainda estavam fechados quando a sentiu soltá-la e ir embora, permitindo que ela começasse a respirar novamente.
 


Notas Finais


💞


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