História Redtale - Capítulo 6 - Faça agora

Alguns dias se passaram e a convivência deles se tornava cada vez mais - desajeitada - intima, parecia que já se conheciam a décadas, pois o assunto nunca acabava.  

Sempre que podia, Frisk lhe trazia alguns livros, a maioria já tinha lido, mas sempre relia e agradecia com carinhos e...torta. Ela queria saber como aquele homem lindo conseguia ser magro, também queria saber pra onde ia tanta torta, deve ser coisa de lobo.  

Ele saíra cedo naquele dia, deixando Chara sozinha. Tinha arrumado um bom livro de receitas, então já sabia fazer algumas outras coisas, bolinhos, tortas salgadas, estava gostando de aprender tudo aquilo e o que mais gostava, era de receber o sorriso de Frisk em resposta ao seu trabalho duro. 

Estava nevando, ele adorava a neve, os poucos meses em que a neve derretia eram bem aproveitados, mas quando a neve caía e pintava as árvores de branco, um sorriso automaticamente brigava enfeitava sua face. Tinha até mesmo aprendido a fazer os biscoitos que o lobo gostava, se irritava quando queimavam, mas era bem raro isso acontecer.  

Se jogou na poltrona quando tinha terminado de fazer todo o serviço, fechou então os olhos afim de cochilar, mas ouviu a porta ser aberta.  

— Você demorou, está tudo bem? — Ela murmurou, então ouviu o som de algo caindo no chão e arregalou os olhos.  

Quando se levantou, viu Frisk caído no chão, estava cheio de cortes no abdômen e nas costas, também estava com um machucado estranho no ombro e um corte embaixo da bochecha.  

Chara correu até ele e o levou até a cama, então deitou Frisk com cuidado e rasgou sua blusa para olhar os ferimentos. Seu coração não lhe ajudava, pois batia tão rápido que se tivesse um ataque cardíaco, ela entenderia. Ouvia Frisk murmurar coisas desconexas, então correu até a caixa com bandagens e curativos, as lágrimas escorriam pelo seu rosto e suas mãos tremiam, mas a garota só conseguia pensar em uma coisa.  

"Eu não posso perder você".  

Essas palavras gritavam em sua mente, quando terminou os curativos, abraçou o mais alto e esperou em silêncio.  

Nunca sentiu tanto medo.  

Nunca sentiu tanto...Ódio. E nunca sentiu tanta raiva dos caçadores.  

Quando Frisk murmurou algo, Chara ergueu a cabeça e selou os lábios com os dele o mais rápido que pôde. 

O rapaz sentia dores por todo seu corpo, mas quando sentiu os lábios da menor tocarem os seus, foi como se toda a dor fosse esquecida.  

Ele então deu um sorriso fraco e encarou a menina. 

— Eu... Eu estou bem... Pirralha. — Frisk murmurou enquanto dava breves pausas. 

— Não! Não está bem! — Chara berrava enquanto chorava descontroladamente. — Eu pensei que você fosse morrer! Você não sabe o quanto eu fiquei preocupada... 

— Ei... — Ele levantou sua canhota lentamente e enxugou as lágrimas da menina. — Pare de chorar...  

— Desculpe... — Ela enxugou as lágrimas e deitou sua cabeça cuidadosamente sobre o peito do mesmo. — Eu não sei o que faria se te perdesse... 

Apesar das dores, Frisk deixou um sorriso bobo escapar pelos seus lábios e começou a fazer carinho na cabeça de Chara. 

— Pirralha... 

— Sim? — Ela ergue sua cabeça e encara o rapaz. 

Ele encosta sua canhota na bochecha da mesma e puxa sua cabeça para perto, selando assim seus lábios com os dela. 

— Se você continuar me beijando desse jeito... Eu não saio mais de casa. 

Frisk faz carinho pelo rosto da menina e então sorri.  

— Eu te amo, sua bobona. — Ele novamente beija os lábios de Chara. 

— Eu também te amo. — Murmurou enquanto acariciava o rosto do mais alto e sorria com gentileza.  

Chara deslizou as mãos pelos machucados, reconhecia os cortes, o modo de manusear a arma e a profundidade dos machucados... Asriel voltou de viagem e estava em época de caça.  

— Beijarei você dessa forma todos os dias, todas as horas se preferir, mas não vá... Ele voltou, não é? — Perguntou enquanto encostava os lábios no queixo do mais alto. — Fique em casa... Comigo, eu vou mimar você até cansar e se tentar fugir... Vai ter que me devorar. Pois eu te amo tanto...Que não quero nem pensar em perder você.  

Segurou o rosto e Frisk com ambas as mãos e selou os lábios com os dele, sentiu algo pressionar os lábios até agora intocados da menina e manteve a boca entreaberta, sentiu um arrepio percorrer a espinha quando a língua do garoto invadiu sua boca e passou a explorar cada canto dela. 

Chara acompanhava sua língua com dificuldade, nunca fizera algo assim antes mas estava feliz por ele ser a primeira pessoa a beija-la daquele jeito. 

Após alguns segundos, ela conseguiu pegar o jeito, tornando o beijo mais apaixonante para ambos. 

— Ei... — Ela sussurrou entre os beijos. — Quer que eu prepare algo pra você comer? 

— Não preciso... — Frisk a puxa e a faz deitar ao seu lado. — Já tenho você. 

Chara sente os braços do mais alto rodearem sua cintura e aperta-la com força. Ela, cuidadosamente, encosta sua cabeça sobre o peito do mesmo e fecha os olhos. 

Alguns minutos se passaram e Chara percebeu que Frisk adormecera, mesmo com machucados cobrindo seu corpo, ele continuava tão...lindo.  

Levantou-se sorrateiramente e se dirigiu à cozinha. Por mais que o rapaz negasse, ela tinha certeza que ele sentiria fome mais tarde. 

Tentou preparar tudo o que ele gostava, a torta, os biscoitos, já sabia fazer outros pratos além de ensopado, mas queria fazer algo que fizesse ele se sentir um pouco melhor.  

Quando finalmente terminou, estava com o rosto sujo de farinha, algumas lágrimas de preocupação ainda escorriam pelo seu rosto, mas seu coração estava em festa por saber que ele a amava.  

Deixou a capa sobre a mesa e voltou ao quarto, viu Frisk dormindo como um anjo, então simplesmente ajeitou as cobertas ao seu redor e sorriu.  

Saiu para retirar a torta do fogo, a colocou na bancada para esfriar e soltou uma risada baixinha ao se lembrar do sorriso de Frisk quando comeu a torta pela primeira vez que fez. Pensar que não poderia estar mais vendo aquele sorriso machucava, mas estava feliz em ter o rapaz consigo.  

Escutou o som do rapaz murmurando algo, então correu até o quarto e sentou no cantinho da cama. 

— Ainda doi... Não é? Quer que eu vá até a aldeia comprar algum remédio? — Sabia dos riscos de ir até lá, mas Frisk era mais importante, ela não o perderia por nada nesse mundo. 

— Não. — Ele agarrou o braço de Chara. — É muito perigoso...vão te tirar de mim.  

Ela encarou os brilhantes olhos dourados do rapaz, e quando ia dizer algo, ele continuou. 

— Não vou te perder, ouviu? — Ele faz carinho com a destra no rosto da menina. — Você é meu jantar, não esqueça disso. 

— Se quer me devorar, faça isso. Faça agora.