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História Reencarnada - A maldição do tigre - Traição do passado


Escrita por: AnnieBells

Capítulo 11 - Traição do passado


Fanfic / Fanfiction Reencarnada - A maldição do tigre - Traição do passado

- lembra-se daquela história que lhe contei antes no circo? Sobre os irmãos Rajaram? Ela não é apenas uma história senhorita Isabell. Tudo aquilo realmente
aconteceu há mais de 350 anos atrás aqui na Índia... Mas eu ainda não contei o final da história... A noiva do irmão mais velho era filha de um homem cruel e ambicioso que buscava poder acima de tudo, ele queria uma coisa que os
dois irmãos tinham e manipulou a própria filha, forçando-a a se casar para conseguir o que queria. Mas quando percebeu que o irmão mais novo havia se apaixonado por ela, ele o enganou, fazendo-o pensar que ajudaria os dois a fugirem e viverem juntos em troca daquilo que ele queria. Quando a barganha foi feita, logo depois ele se deu conta de que fora enganado. No final de tudo, ele matou a própria filha e aprisionou os príncipes em forma de tigres. O mais velho virou um tigre branco e o mais novo um tigre negro... - Um grande silêncio se instalou pela biblioteca, mas ele continuou. - Acontece que o nome do irmão mais velho é Alagan Dhiren Rajaram.

Nesse momento Ren levantou diante de mim e bem ali eu vi seu lindo rosto se transformar no grande tigre branco que me fez viajar até a Índia...

As palavras de Kadam e as imagens daquele momento não saiam da minha memória.

As minhas pálpebras estavam pesadas naquele momento, o sono já estava me pegando e nem era tarde ainda. Eu acho que fiquei aqui dentro o dia inteiro.

Meus olhos estavam começando a ficar pesados, deitei na cama procurando o travesseiro. Quando percebi já estava em transe.

Estava numa sala enorme com grandes colunas que iam até o teto com entalhes desenhados de ouro. Tinha dois tronos majestosos de frente para mim e sentado um homem alto moreno com uma barba por fazer.
Ele tinha uma olhar assustador e não sei porque eu me arrepiei com sua presença.

Rapidamente me dei conta de que estava sonhando de novo. Mas dessa vez eu não conseguia acordar.

- O que está acontecendo Lokesh? Por que estamos aqui ainda? Yesubai e eu já deveríamos estar bem longe do reino.

Olhei para o dono da voz ao meu lado, era o mesmo homem dos olhos dourados.
Nós estávamos de mãos dadas num canto do salão. Tinha homens fardados de cada lado do tal Lokesh, como seguranças de alguém muito importante.

Ele tinha olhos castanhos que diziam perigo, seu semblante era de pura diversão, jamais alguém havia me dado tanto medo quanto ele me deu naquele momento. Virou o rosto para mim, não para o rapaz ao meu lado, nem para qualquer um daqueles guardas, mas para mim.

- Você conta ou eu conto minha querida? -
Disse com sarcasmo no tom de voz, ele claramente estava adorando aquele momento.

Vi pelo canto do olho o rapaz se virar para mim, a expressão confusa no rosto.

- Contar o quê yesubai? - Me vi encarando seus traços finos e ao mesmo tempo masculinos, as sobrancelhas arqueadas e os maravilhosos olhos dourados. Eu nunca tinha visto alguém assim antes, ele certamente não era comum.

- Meu pai não planeja te ajudar Kishan. - As palavras de repente saíram da minha boca sem que eu nem tivesse pensado em falar. - E eu também não planejo fugir com você.

Mais uma vez não mandando na minha própria língua, eu sabia que não tinha sido eu que falei aquilo, mas de certa forma foi eu sim, mas eu não queria ter dito aquilo, muito menos ver os lindos olhos dourados feridos.

- O que está dizendo Prema? - acariciou minha bochecha com o polegar.

Eu teria fechado os olhos, aproveitado o toque e diria que não era nada.
Mas a minha gêmea do mal decidiu tirar a mão do rapaz com um tapa e se afastou.

Era estranho, eu não tinha comando sobre as minhas ações. Eu falava e agia de uma forma que eu não queria. Eu não estava conseguindo controlar meu próprio corpo.

- Acho que você não entendeu ainda Kishan... - Ouvi Lokesh falar em gozação.
- Você na verdade foi só um meio de chegar mais rápido ao que eu queria, você era mais um peão no meu jogo -

Nesse exato momento, as portas do palácio se abrem e dois soldados trazem um homem acorrentado de vestes brancas e cabeça abaixada que mau conseguia andar sozinho. Ele é jogado de qualquer forma no centro do salão, as correntes fizeram um barulho insuportável quando bateram umas nas outras.
Lokesh anda sorrateiro até o homem caído. O semblante de puro prazer, quase uma cobra indo em direção a presa, pronta para dar o bote.
Ele levanta o rosto suado do rapaz com agressividade, fazendo-o olhar em seus olhos. Só entao eu percebo de quem se trata.

Ren.

Os olhos azuis e o rosto simétrico masculino dele eram magníficos como da ultima vez que me lembro, mas agora estava diferente. As bochechas e o queixo tinham feridas largas e no canto do lábio um filete de sangue escorria por um corte aberto. As roupas tão brancas e limpas de antes estavam encardidas e sujas de terra e lama.
Mas ele estranhamente ainda continuava lindo.

- Você, caro príncipe, irá me dar oque eu quero, por bem... - Puxou uma adaga de dentro da túnica, passando com a destreza de quem já havia feito aquilo muitas vezes, no peito coberto pela camisa de Ren, rasgando o tecido fino e manchando de sangue. - Ou por mal.

Ao meu lado, ouvi Kishan alterar a voz.
- Você disse que só pegaria o amuleto e que não o machucaria. - Lokesh virou com fogo nos olhos, a adaga em sua mão tremeu com a força que ele usava para segura-la.

- CALE-SE - Apontou com a pequena e mortal faca para o moreno ao meu lado, eu podia ver as chamas de ódio dançando nele. - Estou farto de você! Ainda não entendeu? Eu faço oque eu quero!

Andou calmamente para mais perto, com passos de uma raposa, e continuou. - E oque eu quero no momento é o seu amuleto e o do seu irmão! - Parou em nossas frentes com a faca estendida no pescoço de Kishan. A ponta encostou com tanta força na pele que uma gota de sangue começou a escorrer pela faca.

- Pai! - Minha boca me desobedeceu novamente.

- Calada! Eu não me importo com suas vontades, você é igualzinha a sua mãe. -
Virou a faca em minha direção dessa vez. Apontando para meu rosto. Mas não fez nada. Ele simplesmente sorriu. - Venha querida, sente-se ao meu lado.

Bipolar.

Puxou meu braço com força para si, levando até os tronos de ouro puro, me jogou com força em um deles e se sentou ao lado.

- Veja só querida, aprecie a visão do que você causou. Dois irmãos perdidos de amor por você, um acorrentado pelo ferro das correntes, o outro, acorrentado pelos sentimentos que tem por você. - Sorriu satisfeito com a cena. Meu estômago embrulhou e eu quis vomitar. - Mas e você minha filha, ama mais alguém além de si mesma?

O veneno quase escorria pelo canto de sua boca, ele estava aproveitando ao máximo tudo aquilo. Eu senti nojo, Não só dele como da minha gêmea.

- Sim papai, eu também amo você! - seus olhos se estreitaram e ele me encarou por um ou dois minutos, arqueou uma sobrancelha e por fim sibilou com desprezo. - Você também mente igual a sua mãe.

- Por favor, deixe-nos ir! Você não conseguirá nada com isso! - Foi a vez de Ren falar. Apesar de estar imundo e impotente, ele ainda continuava nobre e com o orgulho de um rei.

Lokesh se levantou e aproximou-se do prisioneiro com um olhar petulante, encostou a boca no ouvido de Ren e sussurrou algo que não consegui identificar nem por leitura labial.
Ren levantou o rosto em minha direção e fixou os olhos em mim. Ruborizei.

Kishan se pôs a minha frente, como uma muralha.
- A culpa não é dela irmão!

- Não me chame de irmão, você não merece esse título.

Observei por cima do ombro de kishan, os olhos raivosos de Dhiren. Ele havia sido traído, pelo próprio irmão e a própria noiva.
Avistei Lokesh num canto do salão, afastado, assistindo a cena com um sorriso triunfante. Era tudo parte de um espetáculo pra ele, e estava se divertindo.

Quando seu olhar me pegou, foi como se um estalo tivesse acendido um brilho no olhar dele, um brilho de malícia. Seus pés se aproximaram lentamente para trás de mim, atraindo a atenção dos irmãos.
Sua mão cheia de aneis puxou o meu cabelo para o lado, deixando a pele do pescoço exposta.
Ele acariciou com o polegar ali mesmo, descendo pelo ombro e cintura, onde segurou firme e me prendeu em uma espécie de abraço por trás.

O abraço da cobra.

Senti os pelos de sua barba no meu pescoço, a boca asquerosa deixando beijos molhados num caminho até o ombro nu.
Meu estômago revirou, naquele momento eu achei que iria vomitar. Nojo foi oque senti.
Ele era pai de Yesubai! o pai dela! como teve coragem de fazer isso com a filha!?

- Afaste-se dela! - O rugido veio de Ren, que mesmo acorrentado ainda ardia em fúria.

Os olhos da minha gêmea se fecharam e eu não pude ver mais nada. Apesar disso, percebi que o meu rosto estava molhado com as lágrimas que ela deixava cair. Senti o medo dela, o arrependimento, o mesmo nojo que eu senti.
Ela não era má, só foi criada por um monstro.

Com os olhos ainda fechados, escutei um tilintar diferente das correntes de Ren.
Era baixo e meio surdo.

- Tome! Pode ficar com o meu! Mas por favor, eu imploro! Não faça nada com ela!

Abri os olhos a tempo de ver as mãos de Lokesh me soltarem e voarem com obsessão para um pedaço do amuleto que mais parecia um colar.

Kishan me abraçou com força, subindo a manga do vestido punjabi de volta para o ombro.
- Tudo bem, vai ficar tudo bem. - sussurrou baixinho no meu ouvido, enxugou as lágrimas que ainda caiam do meu rosto e beijou a minha testa.
A minha gêmea se sentiu protegida nos braços dele, e com remorso também.
Apesar do que ela tinha feito, ele ainda continuava a protege-la.
Os braços fortes apertaram ela mais uma vez num abraço seguro.
- Não se preocupe, está tudo bem, eu entendo. - sussurrou mais uma vez, parecendo ler os pensamentos dela.

Ela se sentiu culpada de novo, aquele homem havia perdoado tudo, toda a maldade que ela fez, ela não o merecia, ou pelo menos era assim que ela pensava.

- Poupe suas palavras príncipe, ela certamente não se importa, é tão venenosa como eu. - puxou a outra parte do amuleto carregada como um colar do pescoço de Ren.

Juntou as duas peças como um quebra-cabeças, mas ainda não estava inteiro, faltavam mais três partes. Contudo, Lokesh parecia saber disso, guardou os amuletos numa espécie de bolso e se virou para ir embora, mas parou no meio do caminho. Tirou uma adaga do mesmo bolso, e se virou na direção dos irmãos.

O que ele pretendia fazer?

Aproximou-se de Ren que ainda estava caído e acorrentado cortou o braço do mesmo e deixou o sangue pingar sobre os amuletos.

- Não! - gritamos juntos.
Lokesh pareceu ignorar enquanto uma luz branca saia do medalhão em direção ao príncipe que fazia caretas de dor.
Ele deu um grito assustador e caiu no chão como se uma força sobrenatural o empurrasse.

Lokesh tentou fazer o mesmo com Kishan mas eu me coloquei a sua frente com uma coragem que não sei de onde saiu.
- Pare! - berrei com a voz ainda controlada pelo choro.
Lokesh apenas me empurrou para o lado, como se eu não fosse nada, com força o suficiente para me fazer bater a cabeça no degrau próximo ao trono.
Não senti mais nada que não fosse a dor.
Senti o sangue molhando meus cabelos. O meu corpo mole não se mexia mais, a minha gêmea não se mexia mais, mas eu ainda estava na cabeça dela e tive a imagem dos irmãos agonizando de dor no chão antes da escuridão me tomar.







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