História Reencontros, memória e conselhos - Observada

  Dois dias após a visita a Totomaru, Juvia estava em Magnólia, procurando por alguma missão disponível, havia dois pontos de anúncios de trabalhos, para magos independentes, afixados na cidade, um na prefeitura e outro na Catedral Kardia. Não que não houvessem missões no quadro de Fairy Tail, mas estas eram pequenas e mal pagas. A reputação da guilda ainda se encontrava baixa e a volta dos antigos membros ainda não era de conhecimento geral, fato que estava para mudar em alguns dias, já que a Sorcerers Magazine especial Fairy Tail logo chegaria às bancas, só a lembrança da sessão de fotos que Jason havia organizado fazia a azulada corar, a história do milagroso retorno e as fotos sexys serviriam como chamariz de trabalho, mas até que eles tivessem um retorno sólido, as contas teriam de ser pagas e as economias da maga foram todas para pagar as dívidas com Fairy Hills, o alojamento feminino, agora a moça estava tão ávida por dinheiro quanto uma certa maga celestial.

 Juvia parou-se em frente ao quadro de avisos, observando cuidadosamente cada anuncio, no entanto, uma sensação estranha a estava incomodando. A sensação de estar sendo observada. O que era até irônico de alguma forma, ela que sempre fora mestra em vigiar sem ser detectada, sentia agora o que era ser alvo da atenção alheia. Sem virar-se totalmente, ela começou a esquadrinhar com os olhos as vizinhanças da catedral, o que mais dificultava a detecção do observador era a quantidade de pessoas circulando pelo local, mas finalmente ela conseguiu encontrar um par de olhos fixos em sua figura e a identidade de seu admirador a deixou completamente desconcertada.

 -- Bora-kun… - este nome foi meramente sussurrado pela maga da água, sua reação inicial era de simplesmente sair dali o mais depressa possível, mas era confrontada por sua curiosidade. Anos haviam se passado desde aquela tarde chuvosa quando ele rompeu seu relacionamento com ela. Ao longe um trovão pode ser ouvido, enquanto lembranças dolorosas vinham à mente da moça. Sacudindo levemente a cabeça, ela lutou contra aquelas sensações pessimistas e sorriu, hoje ela tinha o seu sol, o seu Gray-sama. Suspirando, ela virou-se e preparou-se para encarar aquele homem que a havia ferido tanto no passado, pois este ao ver que tinha sido notado, começou a aproximar-se da azulada.

 -- Juvi-chan! Finalmente te encontrei! Você não sabe o quanto fiquei feliz em saber que você estava viva! - ele tomou as mãos da moça e tentou puxá-la para si, no entanto, sua ação foi infrutífera, já que ela fincou-se em sua posição e não cedeu nenhum centímetro sequer, libertando-se do agarre do rapaz, ela respondeu com certa frieza:

 -- O que quer com Juvia, Bora-san? O que faz aqui?

 Ao ver a recepção negativa dela, Bora retrai-se um pouco e um tanto constrangido, fala para a moça:

 -- Eu vim para Magnólia com a esperança de ver você novamente, Juvi-chan…

 Por um momento Juvia quase cedeu ao impulso de permitir que sua raiva aflorasse, mas novamente a vontade de saber o que se passava na mente daquele homem que lhe havia causado tanta dor, ela suspirou e deixou-se levar.

 -- Venha Bora-san, acompanhe Juvia até o parque.

 Os dois caminharam em silêncio, Juvia pó de perceber uma certa hesitação nos gestos do homem ao seu lado, por vezes sua mão distanciava-se de seu corpo para tentar alcançar a mão dela. A moça permaneceu calma, pelo menos em aparência, porque em seu íntimo um turbilhão de emoções e pensamentos inundavam o seu ser. Recordações vieram à tona, nem todas eram ruins, mas aqueles​ dolorosos eventos​ dominavam suas memórias.

 Sentaram-se num banco debaixo de uma frondosa cerejeira, Juvia esperava um dia sentar num banco assim, em companhia de Gray-sama, quando as árvores estivessem enfeitadas pelas delicadas flores multicoloridas, mas não era o caso no momento. Um fantasma de seu passado era quem lhe fazia companhia agora.

 -- Fale, Bora-san. - o homem ficou desconcertado com a frieza dela. Ela sempre fora sempre tão amável com ele, até demasiadamente dócil.

 -- Juvi-chan… Você está tão linda, o tempo foi clemente com você, não posso dizer o mesmo em relação a mim.  Tanta coisa aconteceu em minha vida, eu passei um tempo nas prisões do Conselho, onde pude acompanhar a vida lá fora pelas poucas revistas que me chegavam pelos guardas com quem fiz amizade, eu pude ver a maga incrível que você se tornou, você já era fantástica lá na Phantom, mas agora você atingiu um novo nível vê eu… Eu deixei você escapar por ter sido estúpido e imaturo. Juvia… - o homem num impulso emocional segurou firmemente as mãos dela - Me deixe fazer parte de sua vida novamente, eu quero ser aquele que pode te fazer feliz!