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História Reflexões da Alma - Reflexões de um passado recente


Escrita por: Dasf-chan

Notas do Autor


Olá!
Essa fanfic é uma reflexão sobre como seria benéfico o cosmo do Shun com os dons que o cosmo de Hades pode proporcionar. O cosmo do Imperador são é só morte... Se utilizado e treinado por um cavaleiro de Athena, pode demonstrar novas potencialidades, que reflito nessa fanfic.
Uma nova era de paz se aproxima após selarem Hades e os deuses gêmeos, e Perséfone estar à frente do submundo por um tempo, até Hades se "recompor".
Mas os estertores da era da espada ainda se farão presentes, e mais intensamente até que a paz venha a finalmente reinar sobre nosso planeta azul.

Essa fanfica eem como base as fics "No limite da espera" (1ª e 2ª temporadas), alguma relação com "Fragmentos de Cosmo", todas são interligadas de alguma forma, mas creio que poderá ser lida independentemente também, sem muitas perdas na compreensão.
Peço, gentilmente, avisar sobre eventuais problemas de formatação ou outros erros encontrados; e agradeço, antecipadamente.

As imagens utilizadas nesta fanfic não me pertencem, são de propriedade intelectual dos seus respectivos autores.

Créditos da imagem e da música citada nas notas finais. Até lá.
Bjs! ;-)

*Edit* Se quiserem comentar, sempre respondo, em qualquer época. Adoro conversar sobre minhas fanfics! ;-)

Capítulo 1 - Reflexões de um passado recente


Se o Santuário era lindo de se observar no outono, com seus matizes alaranjados ao pôr-do-sol, o inverno conseguia ser ainda mais belo, após esse período de tantas mudanças e descobertas. Pelo menos, essa era a minha opinião.

Sei que muitos poderiam discordar, afirmando que a primavera e o outono grego são as estações mais lindas, e a Grécia o lugar mais aconchegante por sua localização privilegiada no âmago da região mediterrânea. Contudo, meu coração ainda pulsa como os rios e lagos de minha amada Sibéria. Límpidos e reflexivos à superfície. Torrenciais às profundezas.

Meu mestre havia se esmerado em ensinar-me sobre Kardia e Dégel, e como este nosso antigo mentor havia estabelecido uma relação sólida com seu melhor amigo de cálido e ardente coração escorpiano. Só não imaginava que estas histórias se repetiriam tanto com os cavaleiros domadores do gelo eterno do Ártico. O coração em galope desenfreado precisava ser domado. E meus últimos treinamentos conseguiram esclarecer em mim as dúvidas que pairavam sobre minha mente.

Eu pedi que voltasse para mim por todas as razões que se pode imaginar em uma alma dolorida e culpada como a minha. Assim como Miro aquece a alma de meu mestre Camus, meu anjo aproxima minha razão de minha emoção e oferece forças para seguir um pouco vivo.

O dia deseja entardecer e as nuvens almejam nos brindar com uma chuva, que havia de purificar o céu e a terra depois dos últimos acontecimentos. Posso observar aqui de pé, encostado junto à janela de vidro de seu quarto no alojamento dos cavaleiros de bronze. Esse é o máximo que consigo me aproximar.

Seu irmão está do seu lado, ajoelhado no chão como se fizesse uma prece silenciosa desde que te trouxemos ontem da sexta casa. Ele também não comeu ou bebeu nada, apenas deitou-te na cama de baixo do beliche que dividem, com todo carinho e zelo que seus braços, acostumados à brutalidade, conseguiam oferecer.

O cavaleiro dourado de Peixes ainda insistiu que o deixássemos na décima segunda casa, sob seus cuidados, mas seu irmão é por demais teimoso e impulsivo... Se sentia responsável pelo que fizera, por ter levantado a mão contra ti assim como fizera quando retornou da ilha infernal durante a guerra galáctica. E ainda me culpava por ter aplicado em ti o Golpe Fantasma, quase ceifando sua vida. Porém, Athena veio ao nosso socorro e ainda nos esclareceu que sempre há um lado positivo em todos os acontecimentos, em tudo que acontece encontramos as mãos dos deuses a nos auxiliar no caminho do bem, mesmo que, a princípio, esse caminho pareça tenebroso. 

Seu discurso na cerimônia do solstício de inverno deve ter sido inspirador. Somente saberíamos mais tarde ou amanhã, pois estávamos esperando que acordasse desde o entardecer de ontem, quando pareceu finalmente despertar do transe impelido pelo golpe mortal de Fênix.

Vislumbrando novamente a paisagem através da janela, acho que a chuva não virá... O clima parece esfriar, como se fosse nevar a qualquer momento... Reconheço esse frio...

A voz de Ikki arrancou-me, de súbito, de meus pensamentos, ao falar com o mais novo, quebrando o silêncio que se fazia no cômodo a mais de vinte horas consecutivas.

– Meu irmão... Que bom que acordou... Como se sente? –  Inqueria, ao perceber que o menor movia os dedos, apertando-lhe a mão rude e abrindo as pálpebras devagar, como se despertasse de um longo sono.

– Ikki... Onde... O que aconteceu?

– Não se lembra? – Interrompi, aflito.

– Porra pato, fica quieto! Você só está aqui porque Athena pediu.

– Hyoga, Ikki... Podem me explicar o que houve?

– Só se você continuar deitado! – Impunha Fênix.

Como me irrita esse jeito mandão dele, como se todos fôssemos crianças que nunca experimentamos nenhum tipo de sofrimentos, como se somente ele entendesse o que são as agruras da vida de cavaleiro.

Continuou a falar, assim que o menor desistiu da ideia de levantar-se enquanto virava o corpo de lado, encolhendo-se a fitar os olhos ansiosos do irmão mais velho, que a este momento, mudava de posição, sentando-se no chão e passando as mãos em cima dos joelhos. Deviam estar doloridos depois da noite que passara em acordado genuflexo velando o sono do mais puro entre nós.

– Houve um acidente... Foi necessária a ajuda de Athena... De Shaka... E até de Afrodite... Você se machucou...

– Não foi assim, Ikki! Fale a verdade! – Não conseguiria me conter se ele viesse com aquele papo de acidente. Todos sabíamos que havia tentado me atacar, mas Shun se colocara à minha frente antes que nós dois pudéssemos perceber.

– Cala a boca, Hyoga!

– Não! Ele tem o direito de saber!

– Mas eu conto do meu jeito!

– Você está manipulando os fatos! Não foi um acidente!

– Dessa vez, não vai ser acidente mesmo! – Dizia, enfurecido, levantando-se de seu lugar e voando em minha direção, segurando meu pescoço contra a janela. Seus polegares apertavam-me as veias jugulares, enquanto os outros dedos envolviam meu pescoço de forma agressiva.

– Vamos ver como se consegue tagarelar com esse pescoço de pato quebrado! – Bradava, enquanto me apertava. Apenas fechei os olhos enquanto segurava seus pulsos, tentando congelá-los e imobilizá-los. Ikki sempre fora muito forte, desde os tempos em que treinávamos próximo à mansão, sob a supervisão do velho Kido; sempre foi, também, o mais impaciente, resolvendo tudo com os punhos.

Se Seiya era o mais cabeça de vento, fazendo a primeira coisa que lhe vinha à mente, sem pensar nas consequências, Fênix imaginava o desfecho e agia conforme sua impetuosidade lhe dirigia.

Já estava ficando sem ar, eu fora pego de surpresa com aquela atitude agressiva dele, e teríamos brigado utilizando nossos cosmos e destruído o quarto, se o motivo de nossa preocupação não se levantasse e nos tirasse daquele estado de violência.

– Por favor, parem! Ikki, solte o Hyoga! Chega! – Gritou, segurando o braço do irmão, que em um ímpeto de surpresa, soltou-me e virou-se para trás, arremessando o menor, que caiu sentado com as costas contra a parede.

– Shun, me desculpe, eu...

– Meu irmão, não aprendeste nada nestes três meses com o senhor Aiolia?

– Você não sabe o que esse fingido aqui fez! Foi por causa dele que eu...

– Tanto tempo de treinamento com o cavaleiro de ouro de Leão, e ainda me tratas assim, como se eu não fosse capaz de me defender?

– Não é isso...

– Eu te amo, Ikki, mais que tudo neste mundo, por isso não desejo mais ser cúmplice dessa forma violenta com que lida com o que não lhe agrada!

O menor levantava-se, soltando delicadamente as mãos do irmão que tentavam envolve-lo de maneira a ajudar-lhe a levantar do chão.

– Por favor, me deixe pensar um pouco sozinho, irmão...

– Não vou te deixar sozinho! Não posso!

Da forma como eu estava apoiado na janela, continuei, enquanto verificava se meu pescoço ainda estava intacto e se minha cabeça ainda estava em seu lugar, observando a conversa dos dois irmãos.

Shun levantou-se sem ajuda oferecida e, tocando o rosto do irmão mais velho com a palma da mão direita escoriada, o doce cavaleiro de cabelos castanhos conversava em tom calmo e pacífico, como era de se esperar.

– Sempre estarei à sua espera, Ikki. Precisas aprender a acreditar que a distância ou as opiniões divergentes nunca poderão nos separar.

– Você não está bem, ainda... Melhor voltar para a cama!

– Eu preciso sair um pouco... Ainda estou confuso, não me lembro direito do que houve, desse tal acidente, só imagens desconexas em minha memória...

– Não permitirei que...

– Acalme-se... – Somente Shun era capaz de abrandar a fúria do esquentado Fênix, tocando-lhe o rosto e acariciando suavemente com os dedos a cicatriz que o outro exibia bem no meio da face irritada – Eu só preciso espairecer...

E, fitando-me com aquelas íris de esmeralda que eu tanto admirava, dirigiu-me a palavra dócil.

– Se incomodaria de vir comigo e caminhar um pouco lá fora, Hyoga?

Era tudo que eu queria escutar. Teria um tempo a sós com meu amigo desde a confusão que nos assaltara a amizade sincera.

Sob o olhar furioso do mais velho, respondi positivamente com um menear da cabeça, ainda suspensa em meu pescoço dolorido.

Logo aos primeiros passos, Shun segurou-se à parede próxima à porta. Depois de tudo que acontecera, e ainda sem alimentar-se, era esperado que estivesse um tanto enfraquecido. Empalidecera, tornando a face mais branca que os flocos de neve que cairiam do céu a qualquer instante.

O mais velho ainda fez menção de segurá-lo, mas foi detido pela mão espalmada do menor, que continuou a andar, mesmo cambaleante.

Lançou, então, a mim, um olhar que eu conhecia a tantos anos. Nem precisava emitir um som, eu sabia, aquele olhar falava à minha alma. Onde estavam a alegria e o brilho tão característicos? De onde vinha aquele olhar tão triste?

Em segundos eu me colocava ao seu lado, sob o protesto silencioso de Ikki, que nos observava enlaçando os braços, enquanto deixávamos o pequeno cômodo em direção ao corredor que dava para a saída do alojamento.

Caminhávamos em silêncio. Quando na ausência do irmão, quando alguma dúvida, quando algum perigo espreitava sua bondosa e cálida alma, era aquele olhar carinhoso e cúmplice que me fazia lembrar de que eu nunca estaria só, apesar da orfandade, apesar de minha mãe estar descansando no gélido mar siberiano. Eu o protegeria. Sempre.

Caminhamos juntos calma e silenciosamente pelo corredor, ele apenas segurava em meu braço, como apoio, enquanto tentava disfarçar o olhar marejado. Pensou que eu não perceberia. Passamos pelo refeitório, e pedi que esperasse um pouco; peguei um prato largo e coloquei umas frutas. Estava tudo muito silencioso. Não sabia onde estavam nossos colegas de alojamento. Mas isto também pouco me importava.

Queria saber o que pensava o alvo de minha atenção. Será que ainda estava magoado comigo?

Com o braço esquerdo, levava o prato, enquanto o direito era segurado como apoio de maneira tão suave que me lembrava os dias que eu queria esquecer, quando segurou-me os punhos tentando defender-se de minha mágoa contida sem fundamento.

Em frente ao alojamento, uma campina verde e uma árvore ao longe foram nosso refúgio. Sentamos sobre a relva encostados no tronco que se elevava ao céu, repleto de nuvens por onde os últimos raios de sol daquele primeiro dia de inverno teimavam em transpassar.

Ficamos a observar o horizonte, enquanto o silêncio gritava entre nós. Eu percebia seu rosto e seus lábios mais corados novamente.

Alguém precisava iniciar o discurso, quebrar a reticência fria que parecia se erguer entre nós aos poucos. A brisa soprava fazendo seus cabelos esvoaçarem e perfumarem o ar como se estivéssemos em plena primavera tamanho aroma floral que exalavam. As pálpebras marejadas estavam fechadas, os dedos indicadores a massagear as têmporas da cabeça encostada na árvore como a procurar palavras em sua mente.

Me lembrava meu mestre, que fazia esse mesmo gesto quando estava procurando o melhor jeito de se acalmar ou de se expressar.

Mas não seria justo que depois de tudo, eu ainda deixasse que ele fizesse o esforço de dizer o que poderia aplacar meu remorso. Eu precisava falar. Com Shun, eu sempre conseguia abrir meu coração e falar das reflexões que reverberavam nos recantos mais profundos da minha alma. Ele esperava, pacientemente, o momento em que eu estivesse pronto. Minha ausência do Santuário nestes últimos três meses foram um período difícil para ambos. Precisava esclarecer os meus sentimentos antes que outro incidente me impedisse de expressar o que sentia.

(Continua...)


Notas Finais


Com carinho, começo minhas reflexões sobre como Shun prosseguirá seu caminho junto dos que ama e como será sua participação nos conflitos que ainda o esperam antes da tão almejada paz.
Um beijo a todos que chegaram até aqui.
Espero postar uma vez por semana, se o mestrado permitir. Escrever é, realmente uma ótima ferramenta para expressar as reflexões da alma.
Bjs! ;-)

PS 1: Tive de modificar a Sinopse da fic, porque agora o enredo vai começar a ficar mais agitado e eu ia acabar contando sobre os próximos capítulos.... bjs!

PS 2:
- Imagem de capa editada por mim, com imagem original do site:
http://uncharted101.com/wp-content/uploads/2013/08/lake-baikal.jpg
- Música que enleva os sentimentos dessa fic:
https://www.youtube.com/watch?v=z75JpfOKIBI

Link para as fics que serviram de escopo para esta:
https://spiritfanfics.com/historia/no-limite-da-espera--1a-temporada-5785039
https://spiritfanfics.com/historia/no-limite-da-espera--2a-temporada-6074433
Obrigada pelo carinho! Como sempre digo, aceito opiniões e sugestões!
Beijos!!!


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