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História Reflexões da Alma - Ilusões do medo


Escrita por: Dasf-chan

Notas do Autor


Olá!
conforme prometido, capítulo postado na 4ªF.
Esse interstício entre Natal e Ano Novo me inspira a meditar e escrever.
Estou revisando os capítulos,
não sei se consigo postar antes de 31/12.
Por isso, desejo antecipadamente um lindo Ano Novo,
e que 2017 venha repleto de inspirações e prosperidade!
Bjs! ;-)

Capítulo 18 - Ilusões do medo


A energia maléfica refreava toda intenção de eliminar a ameaça que havia deixado os habitantes da cidade russa de Irkutsk atordoados e impactados por terem suas energias sugadas e utilizadas para algo além do que poderiam simples civis compreender. Uma ameaça além do poder cósmico comum. Um mal capaz reviver as mais íntimas lembranças. Capaz de fazer emergir as sombras e as dores morais mais atrozes que um ser humano pudesse vivenciar.

 

-----*-----

À medida que os quatro cavaleiros se aproximavam, a neblina fria se tornava mais densa, apesar de estarem protegidos pelo belo cosmo de Camus. Fitavam aquele fluxo de energia que se dirigia a um foco localizado em meio a altas escarpas de gelo branco, onde as negras árvores balançavam pelo forte redemoinho ali formado.

Os abetos não conseguiam segurar nenhum pequeno floco de neve, tamanha a velocidade do vento. Graças ao cosmo do dourado de Aquário, ainda podiam ver o que acontecia à frente e um ao outro. Ali parecia ser o epicentro do problema. Precisariam traçar uma estratégia mais específica para se aproximarem e abordarem aquilo que ainda não conseguiam enxergar, mas que sentiam que os esperava.

O dourado que mantinha a proteção sobre os outros três, interrompeu a caminhada e virou-se, gesticulando de forma que pudessem os quatro se olhar face a face, de pé em meia-lua, sem dar as costas para o foco luminoso à frente. Camus começava explicando o que imaginava ser a melhor estratégia para os companheiros

– Estamos a uns cinquenta metros daquilo. Vou à frente investigar a situação. Esperem aqui. Hyoga, refaça a proteção com o cosmo, assim garantimos que Afrodite e Shun ficarão bem.

– Ora, Camyu, por que acha que deve ir sozinho? Não foi isso que combinamos pela manhã.

– Non quero ser responsável por mais mortes, Dite.

– Como assim, mestre? – Interrompia Cisne, ao perceber o semblante de Camus mais taciturno que o de costume. Chegava a estar velado por uma espécie de sombra, que não podia compreender.

– Pela luminosidade, já são quase nove horas. Caminhamos a uma velocidade muito lenta, um pouco mais de três quilômetros por hora. Quero voltar logo. – Afirmava, dando as costas para o grupo, enquanto desfazia a proteção criada com seu cosmo e se dirigia à região central para onde a energia convergia.

– Senhor  Camus, espere... Sinto um perigo muito grande aí...

– Já disse para ficarem, Shun! Não repetirei a ordem!

– Calma, amigo... Meu mestre sabe o que faz. – Afirmava Hyoga, segurando o menor pelo ombro, apesar de estar intrigado com a justificativa que ouvira.

– Por Athena, Camus... – Foi a única frase que o pisciano conseguira dizer. Sabia que deveriam intervir o menos possível na missão designada ao dois, mas não conseguia entender o que acontecia com seu amigo dourado, muito menos com ele próprio. Uma incômoda insegurança se fazia em seu coração.

Questionava-se a respeito do que via.

Isso tudo está muito estranho... Com o que será que estamos lidando?

Ao perceber o mestre se afastando, em firmes passos que marcavam a neve fofa que havia se acumulado, Hyoga criou uma proteção semelhante à de Camus, de forma a proteger os outros dois da névoa congelante. O menor abaixou a cabeça e suspirou, como se buscasse forças em seu interior para expressar o que sentia.

– Oga... Dite... Há algo de muito ruim e perigoso aqui... Estou preocupado com o senhor Camus...

– Se ele demorar, eu vou atrás dele e faço um jardim de rosas brancas sangrentas no meio daquilo, seja o que for!

– Eu que vou atrás do meu mestre e você cuida do Shun, Afrodite! – Bradava Hyoga, surpreendendo o virginiano.

– Quem você pensa que é, miniatura de Camus? Pensa que é o próprio mestre? Você não é capaz! – Provocou o pisciano, em tom mais alto.

– Ei... O que está acontecendo com vocês? Dite? Oga?

Cisne e Peixes olhavam-se de maneira furiosa, como se estivessem prestes a travar uma batalha ali mesmo, um contra o outro.

– Por favor, acalmem-se... – Espalmando o peito de cada um com uma das mãos, o menor emanou seu cosmo doce e amoroso, sendo observado com espanto pelos dois por alguns segundos, como se despertassem de uma espécie de transe.

– Estamos aqui para nos ajudar, não para brigar. O que houve com vocês?

Sem oferecer nenhuma resposta, ambos fitaram o rosto do virginiano e ficaram ainda mais surpresos. Não entendiam por que haviam agido daquele jeito e um certo constrangimento pairou no ar.

– Vamos esperar quinze minutos. Se o senhor Camus não voltar, vamos procura-lo e terminar esta missão juntos!

– Certo. – Dizia Hyoga, segurando a mão do querido amigo junto à sua.

– Dite?

– Está bem... Vamos esperar... – Resmungava Afrodite, incomodado com a situação. Não identificava o que exatamente lhe causava estranhamento, mas o que faria já estava planejado em sua mente.

Antes que pudessem perceber o passar do tempo, ouviram a voz de Camus ao longe, abafada, como se discutisse com alguém e, em seguida um grito aterrador do dourado, que fez com que o pisciano agisse prontamente.

Usando seu cosmo e algumas pétalas rubras em sua mão direita, segurou o queixo de Shun e sussurrou ao seu ouvido, de forma rápida e quase imperceptível aos dois cavaleiros de bronze. Por mais que tivessem despertado o oitavo sentido, a velocidade deles ainda era mais lenta que a dos cavaleiros de ouro, que possuíam a mesma rapidez da luz que corta o infinito do universo.

– Fique aqui, meu kerub... Lamento, mas não posso deixar que sofra novamente por minha culpa...

Hyoga ainda conseguiu segurar o amigo antes que este caísse na neve sob o efeito narcótico daquele delicado perfume que Afrodite produzira. Ajoelhado no branco tapete, entorpecido, segurava o anjo desacordado em seus braços enquanto observava o pisciano afastar-se na direção da voz angustiada de seu mestre.

Parecia que, como dissera o santo dourado guardião da décima primeira casa do Santuário, o jovem aquariano estava destinado a proteger o ser puro que transita livremente entre a luz e as sombras, por causa da nova era que se aproximava. Como representante da constelação de Aquário, protegeria Shun, assim como Dégel protegera Kardia. Assim como Camus protegeria Milo. Assim como Afrodite protegeu e salvou Shun da morte certa no ritual de Perséfone.

O jovem segurou o amigo o mais próximo de si que conseguia e o envolveu com seu cosmo, para protege-lo da névoa que o congelaria se não tivesse cuidado.

O frio se tornava mais intenso do que quando haviam chegado.

Hyoga podia sentir o cosmo de Camus como há muito tempo não sentira, quase da mesma forma que na batalha final contra Hades, quando juntou-se a Saga e Shura na antiga técnica proibida.

Talvez essa fosse a causa da temperatura cada vez mais baixa do local. Se assim continuasse, a névoa se transformaria em cristais e o fino pó de gelo se acumularia no solo, deixando-os expostos enquanto Shun ainda estava desacordado.

No interior do foco de energia, Afrodite corria guiado pela voz angustiada do amigo, que parecia bradar contra algo que ainda não conseguia ver, tamanha a densidade da névoa.

Do interior dela, podiam ser ouvidas as palavras de Camus, como se esbravejasse com alguém, em uma discussão ora acalorada, ora melancólica, o que deixava o pisciano mais intrigado à medida que adentrava.

– Foi durante um treinamento, eu era apenas uma criança! Foi um acidente! – Gritava o aquariano em direção à criatura.

– Você matou a menina irmã de seu melhor amigo de infância, nunca fostes inocente...

– Mestre Dégel, não sou um assassino!

– Então és inocente? Qual foi o mago do gelo que assassinou, a sangue frio, o próprio discípulo?

– Por piedade, sem dor! Oui, usei o esquife de gelo, ele ainda não tinha alcançado o sétimo sentido!

– Piedade? Como fostes piedoso ao matar o marido daquela pobre senhora em Irkutsk?

– Mestre, não havia outra saída!

– Vocês, cavaleiros de gelo, são todos iguais! Matam sem piedade!

O pisciano procurava pela voz do amigo e escutava outra, um estranho som soproso e fluido, que parecia dialogar com Camus.

Quando aproximou-se, pôde vislumbrar, estarrecido, o ruivo ajoelhado, com os braços pendendo ao lado do corpo, com os olhos vívidos vidrados fitando um ser disforme, de um azul escuro como a noite profunda, que o enlaçava com extensões de uma espécie de energia negra e maligna.

A criatura parecia ter os olhos claros, dos quais podiam ser vistas labaredas de fogo, com o mesmo tom emanado pela chama amarelada e com cheiro de enxofre que podiam ser percebidos na Colina da Fonte Amarela, a entrada para o Mundo dos Mortos, a Colina do Yomotsu.

Com um golpe certeiro de uma rajada de seu cosmo, Afrodite acertaria a criatura em cheio se Camus não se colocasse à frente como se tentasse defender aquela estranha energia, bloqueando o ataque.

– Saia daí, Camyu!

– Você não vai matar o meu mestre Dégel, Afrodite!

– Ele não é o seu mestre, você está sendo iludido! Olhe melhor! Se concentre!

Ao impacto do cosmo do companheiro, Camus parecia recobrar a consciência e a noção de realidade, virando-se a fitar aquilo que defendera. Não podia esconder a fisionomia de surpresa ao perceber quem emanava tamanho cosmo de ódio.

– Cale-se, intruso! Agora vai pagar junto com o mestre daquele que assassinou minha irmã!

Antes que pudessem perceber, os dourados foram arremessados contra os troncos retorcidos, que se quebraram e esfarelaram com o impacto.

Mesmo sem suas armaduras, a resistência física e a cosmo-energia de ambos era intensa, mas aquele golpe os surpreendera, fazendo-os bater nas árvores e ir ao chão. Contudo, logo estavam de pé a encarar o mal que flutuava à frente deles, materializado na forma daquele ser tão repugnante.

De forma a não dar uma nova oportunidade ao ser que os atingira, atacaram, concentrando seus golpes no que parecia ser o centro vital da criatura.

Execução Aurora!

Rosas Piranhas!

As rosas negras dançavam formando círculos ao redor da rajada mortal e congelante. Para qualquer cavaleiro, os dois golpes conjugados seria a visão da morte certa...

Contudo, não enfrentavam qualquer cavaleiro.

Sequer parecia haver um corpo à frente deles.

A criatura facilmente abriu-se ao meio, deixando aquele poderosíssimo e unido golpe atravessar e destruir o que estava atrás de si, alcançando as escarpas congeladas mais ao longe, causando um grande desmoronamento.

– Ah... Vejam só o que fizeram... Destruíram o recinto que criei com tanto desvelo... Vocês dois são muito maus... – Falava, com tom repleto de ironia.

Camus e Afrodite olharam-se sem acreditar no que seus olhos teimavam em mostrar-lhes. Seus poderosos golpes não surtiram efeito algum. Com que tipo de criatura estavam lidando?

A voz soprosa e fluida podia ser ouvida pelos dourados a esclarecer suas dúvidas mentais.

– O fim da Guerra Santa não foi o fim do mal. Estertores de dor daqueles que ainda pairam no coração daqueles que desejavam seguir o caminho do bem. A única solução é extinguir o mal de uma só vez e retirar o medo das pessoas à força! Vejam o que fizeram e o que são capazes de fazer, cavaleiros dourados, a elite do exército de Athena! Lutam pela paz e pela justiça, mas veja o que são capazes de fazer!

Enquanto a voz era ouvida, os cavaleiros foram envolvidos por uma névoa negra, que praticamente os impedia de manifestarem seu cosmo, que era sugado de uma forma que não conseguiam impedir.

De joelhos ao solo, suas mentes foram transportadas para os seus maiores temores, como se ali estivessem vivenciando o que de mais doloroso havia em seus corações.

Seus piores pesadelos emergiam de seus subconscientes e se materializavam à frente, como se a alma desdobrasse do corpo físico e pudessem ver a si mesmos nas situações que tanto temiam encarar, tanto do passado quanto de um possível futuro, criado por aquele ser maligno que se satisfazia em observar as fisionomias estarrecidas e os olhares vidrados das duas vítimas.

Fora daquele ambiente de batalha, Hyoga ainda segurava Shun, que despertava aos poucos do perfume sonífero do mestre de Peixes.

– Oga...

– Que bom que está acordando! – Dizia o Cisne, ainda com o virginiano apoiado em seus braços.

– O que houve? Onde estão o senhor Camus e o Dite?

– Eles entraram naquele lugar, na direção daquele foco de luz, consegue ver?

– Sim. Aquele lugar emana uma energia muito maligna... – Disse ficando de pé, com a ajuda do amigo.

– Mas como você está? Não sei o que deu no seu mestre para te apagar desse jeito!

– Estou bem, não se preocupe... Mas por que vocês três discutiram, assim, de repente? Estávamos caminhado em silêncio, com tudo planejado, e quando chegamos aqui... Primeiro o senhor Camus decidindo enfrentar sozinho o perigo, depois meu mestre...

– Eu não sei, anjo... Parecia que algo nos instigava, nos provocava... Mestre Camus falou sobre não querer se responsável por mais mortes... Não consegui entender mas acabei concordando com ele ir primeiro, nem sei por que...

– Também me lembro de algo estranho... Lembro de ouvir meu mestre falar sobre não querer me ver sofrer novamente por culpa dele... Não compreendo...

Ao terminar a frase, ambos sentiram as cosmo-energias em conflito, bem no centro da estranha luminosidade.

– Ei, Oga! Consegue sentir? Os cosmos deles estão... Precisamos ajuda-los! E rápido!

– Então, você fica aqui e...

– Dessa vez, ninguém me fará ficar sem agir, enquanto meus amigos correm perigo! Nem você, Hyoga! Posso não conseguir dominar todas as habilidades desse meu novo cosmo, mas vou cumprir a missão que Athena e Shion me confiaram! Posso não saber exatamente como irei auxiliar nesta batalha, mas tenho certeza que nunca irei desistir de proteger aqueles que amo e admiro!

Sem mais palavras e sem mais questionamentos, os dois cavaleiros de bronze fitaram uma última vez, à distância aparentemente segura, o brilho do mal que os aguardava. Seus mestres estavam em perigo, e a energia maléfica refugiada naquele lugar precisava ser contida. Mesmo que custasse suas vidas.

 (Continua...)


Notas Finais


E, como uma reflexão de virada de ciclo,
postei uma oneshot escrita a partir de uma divagação em OCC
sobre a luta dos irmãos em Virgem, durante a batalha das doze casas.
Link: https://spiritfanfics.com/historia/alma-liberta-7498896

Obrigada a todos que nos acompanham até aqui e que estão curtindo ler esta fic.
Bjs! ;-)

PS: Link para as fics que serviram de escopo para esta:
https://spiritfanfics.com/historia/no-limite-da-espera--1a-temporada-5785039
https://spiritfanfics.com/historia/no-limite-da-espera--2a-temporada-6074433
Obrigada pelo carinho! Como sempre digo, aceito opiniões e sugestões!
Beijos!!!


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