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História Reflexões da Alma - Pesadelos torturantes


Escrita por: Dasf-chan

Notas do Autor


Olá!
Mesmo sendo ante-véspera de ano novo, ainda estou na labuta!
Então, pensei de manter o cronograma de postagem,
de 6ªf à noite ou sábado (depende do estado de cansaço... rsrsrs)
Agradeço a cada um que leu, comentou, favoritou, que passou por aqui.
Essa interação aqui no Spirit foi um ótimo presente de 2016 me trouxe.
Desejo a todos um lindo ano novo
repleto de paz e luz, e muitas inspirações!
Bjs!
PS 1: tentarei esponder aos comentários logo, mas se demorar um cadinho,
então peço desculpas antecipadas pela demora em responder!
PS 2: Spoilers do mangá The Lost Canvas Gaiden!

Capítulo 19 - Pesadelos torturantes


Sem mais palavras e sem mais questionamentos, os dois cavaleiros de bronze fitaram uma última vez, à distância aparentemente segura, o brilho do mal que os aguardava. Seus mestres estavam em perigo, e a energia maléfica refugiada naquele lugar precisava ser contida. Mesmo que custasse suas vidas.

-----*-----

Enquanto os dois cavaleiros de bronze caminhavam na direção da luz entre as árvores negras contorcidas, Camus e Afrodite estavam ajoelhados de frente àquela criatura que lhes sugava as forças e lhes impunha imagens torturantes à mente. Seus medos eram manipulados de forma que conseguiam ver as cenas do passado e aquilo que temiam acontecer em um futuro.

Em qualquer futuro, mesmo que impossível.

Conjecturas absurdas e estranhas associações de informações se criavam aos olhos vidrados de cada um.

O aquariano respirava com dificuldade, imaginando estar diante dos antigos mestres da décima primeira casa.

Visualizava-se como se estivesse preso às estrelas principais da constelação de Cygnus, à maneira do significado russo do nome do mestre Krest.

A cruz.

– Eu nunca trairia Athena! Eu nunca cederia ao mal! Nem para obter a imortalidade!

Em seus devaneios provocados pelo golpe maligno, Camus se via preso aos pontos brilhantes, sob as ordens de Garnet de Vouivre, uma nobre que viveu há séculos atrás na antiga França.

De posse da pedra a Granete de La Vouivre (Granada de Vouivre), Garnet recebera o poder de nunca envelhecer por meio da jóia encontrada em uma caverna e, ainda, oferecer vida eterna à outras pessoas, sugando a energia vital de humanos.

A criatura maligna ali presente aproveitava-se dos registros acásticos do dourado para fazê-lo imaginar que estava preso diante da própria lady Garnet, que o instigava a deserdar do exército de Athena e juntar-se lealmente a ela em troca de uma vida eterna.

Os acontecimentos apareciam distorcidos na mente de Camus. Da mesma forma que ele mesmo enfrentara Hyoga no Santuário, o aquariano se via no lugar de Krest, enfrentando Dégel no palácio da entidade vampiresca do século dezoito.

Naquele século, Krest começou duvidar dos métodos da lady e enviara uma mensagem ao Santuário, chamando por seu discípulo. Garnet acreditava que somente com a imortalidade poderia manter a paz, não importando o preço a ser pago por isto.

Na época, desafiou Dégel, que lutou contra o próprio mestre. Aquelas eram memórias muito profundas, escondidas na alma segura e contida de Camus. Era como se a urna de sua armadura sagrada de Aquário se abrisse, e, dela, emergissem todas as cenas, tão reais quanto a própria angústia do aquariano.

– Sou seu sucessor, Dégel! Não sou o Krest!  

– Ah, Krest... Você só esperou eu completar meu treinamento para se aliar à esta vampira que suga a energia das pessoas? – Dizia a criatura, como a imitar Dégel, confundindo ainda mais a mente torturada de Camus.

– Você está me enganando... A jóia dela o fez ser jovem novamente... Esses cabelos ruivos que adornam esse seu rosto pálido não me enganarão...

A criatura maligna esmiuçava as lembranças de Camus sobre a história dos cavaleiros do gelo e a distorcia, fazendo-o acreditar estar realmente em batalha contra Dégel.

Durante a real batalha que acontecera séculos atrás, lady de Vouivre interveio, utilizando o poder da joia para impedir que Krest fosse morto pelo discípulo. Contudo, acabou por desfazer o encantamento e começou a envelhecer. Ao perceber o que aconteceria, o mais antigo mestre de Aquário prendeu a si mesmo e a Garnet em um esquife de gelo de forma que ficassem para sempre juntos, sem nunca envelhecerem.

Todas as imagens aconteciam em sua mente, mas as dores morais e as marcas da batalha fictícia se faziam em seu corpo, manchando o sobretudo negro com sangue vivo, que gotejava maculando a branca neve aos seus pés.

– Mago do gelo, acabarei de uma vez por todas com você... Seu medo me faz mais forte!

Enquanto o corpo e a mente de Camus eram dominados por aqueles torturantes pesadelos, Afrodite experimentava, igualmente, seus mais profundos medos. Não exatamente como o amigo dourado ao seu lado, mas aqueles inerentes ao seu signo guardião. Não pensava no antigo mestre de Peixes, Albafica. Mas sofria dos mesmos medos que ele.

Ambos conseguiam esconder sua vulnerabilidade atrás de suas belas rosas, que, da mesma forma que seus cavaleiros, eram suaves e frágeis, ao mesmo tempo que fortes e venenosas.

Como signo regido pela água, o pisciano conseguia manter seus medos latentes escondidos. Contudo, diante daquela criatura de energia maligna, dois grandes temores se descortinaram sem que sua mente oferecesse obstáculos. O medo da solidão e o medo do desamparo.

Logo via-se no momento que fora revivido no ritual de Perséfone. Era como voltar no tempo, para aquele dia do Equinócio de outono, há meses atrás. Ainda escutava os gritos que vinham do Templo de Athena e seus passos metálicos apressados na escadaria.

– Por Zeus, o que está havendo aqui? – Gritava ao que via em sua mente, a cena de Shun deitado no chão de pedra coberto de sangue, com o irmão a lhe apertar o peito na tentativa de salvar-lhe.

Diferente do que acontecera na realidade, agora mantinha-se estático, a observar a vida esvair-se do menor.

– Finalmente, teremos nossa vingança!

– Mestre Albafica?!

A figura do antigo mestre de Peixes se formava atrás dos presentes, como em uma forma fantasmagórica, que somente Afrodite podia ver.

– Não faça nada para salvar este garoto que desonrou a casa de Peixes...

– Eu preciso salvá-lo! É a única forma de me redimir dos meus enganos, de um dia ter levantado meu poder contra nossa deusa!

Em sua mente, o pisciano revivia as memórias daquele dia e dos seguintes, durante os quais cuidara e treinara Shun para se adaptar às novas habilidades de seu cosmo. Todas as imagens passavam por sua mente como um filme acelerado, até um momento específico.

Não esqueceria esse dia. Quando Shun conseguira retirar de Kanon aquela mágoa por seu irmão Saga não ter sido escolhido para reviver junto dos outros dourados. Assim que saíram do calabouço onde o geminiano estava, Afrodite pôde escutar um grito abafado, interrompido, vindo da direção onde Shun estava.

Ao volver o corpo para saber o que acontecera, seus olhos azuis celestes vidraram-se no pesadelo que a criatura criava especialmente para si. Não percebia a diferença de tempo-espaço, nem entre a ilusão criada e a realidade. Apenas sentiu um terror indescritível em seu coração ao observar a cena.

Na ilusão, o antigo mestre da décima segunda casa materializava-se atrás de Shun, com uma rosa branca em punho, o caule roçando o pescoço de Shun preso contra seu corpo, ameaçando a vida do virginiano.

– Mestre, não faça isso! Não suje sua honra com uma morte por motivos vãos! Não és vingativo assim!

– Preste atenção, Afrodite... O que sabe ao meu respeito para se sentir no direito de me julgar?

– Não estou julgando! Só estou pedindo que o poupe!

– Quem pensas que és para pedir que não mate esse miserável?

– Mestre... Sempre preocupastes muito com a justiça e o bem-estar dos outros, sempre estiveras disposto a defender os mais fracos... Não, o senhor não pode ser meu mestre Albafica! – Gritava o pisciano, tentando defender-se daquela ilusão.

– O Elo Carmesim tornou meu sangue um potente veneno! Assim como o mais fino caule e até as mais delicadas pétalas das minhas rosas são venenosas, meu sangue é mortal! Extinguirei a vida desta criança como se extingue a vida de um reles inseto!

– O senhor pode ter o veneno correndo como sangue pelo seu corpo, mas sua alma nunca foi como o veneno de nossas rosas! Sempre fostes nobre e justo...

– Cale-se! Veja que pele suave e delicada... Será tão simples como retirar a pétala de uma bela rosa sangrenta... Eu vou rasgar a garganta dele apenas com este caule afiado... Será uma morte rápida e indolor...

– Deixe Shun viver! Devemos ser gratos a ele, mestre! Graças ao sacrifício dele, os cavaleiros de ouro foram revividos!

– Ninguém tem o direito de viver novamente... A morte do corpo, para um cavaleiro, é um passaporte para uma viagem sem volta ao inferno de Hades! Principalmente para você, que traiu Athena, Afrodite...

– Eu não traí a deusa! Eu me redimi! Estou aqui para servir Athena com meu poder e meu cosmo! Com tudo o que sou! Por favor, não machuque meu pupilo!

– E se eu o fizer? Sabe... O crédito da morte dele será seu... Ou imaginas que alguém acreditará em um traidor como você quando disser que não foste tu que o matou? Aqui está a prova! O corte e o veneno da nossa rosa...

As longas madeixas loiras do pisciano embebiam-se com suas lágrimas, ante aquela fantasia aterradora, de seu kerub em risco de vida nas mãos do mestre Albafica. Um pequeníssimo filete de sangue escorria no alvo e delicado pescoço do virginiano devido ao toque do afiadíssimo caule, cortado em diagonal, da rosa branca, que parecia sugar aquelas gotas avidamente.

Preso em seu tormento, Afrodite tentava persuadir Albafica a poupar a vida daquele que lhe resgatara das estrelas. Aquele a quem prometera proteger com sua própria vida, se preciso fosse. A respiração parecia falhar e o tempo parecia escorrer como em câmera lenta, o torturando cada vez mais o mais belo dentre todos os cavaleiros de Athena.

A criatura ria-se da dor moral que infringia aos dourados, aproveitando-se de seus temores e de seus medos, sugando seus cosmos à medida que causava aqueles angustiosos delírios.

Estava tão concentrado em ludibriar e se satisfazer com as imagens mentais dos dois que somente percebeu a presença dos jovens cavaleiros de bronze quando recebeu o ataque de Hyoga envolto pelo cosmo de Shun, libertando os dourados, que tombaram com com os rostos semi-conscientes no solo congelado.

– Seus covardes... Atacando pelas costas... Assim são os ratos de Athena...

– Covarde é você, seu monstro! – Bradou Hyoga, logo antes de a criatura posicionar-se de frente para ele. Não pôde conter seu espanto ao perceber o rosto por trás de toda aquela energia negra.

– Então era você! Maldita hora em que deixei que vivesse! – Gritava o aquariano, correndo na direção de seu mestre, enquanto Shun prendia a criatura com suas suavíssimas correntes de puro cosmo.

– És tu o menino da memória do cavaleiro de Peixes?! És mais bonitinho e delicado pessoalmente... Sou feito da mais densa energia de medo, nenhum desses golpes pode me afetar...

Sem dar ouvidos ao que dizia o ser maléfico que tentava se desvencilhar da prisão de seu cosmo róseo, o virginiano fortaleceu as correntes e dirigiu-se até seu mestre.

As longas madeixas loiras estavam úmidas e os olhos tão azuis do pisciano ainda estavam vidrados e avermelhados por tantas lágrimas vertidas. O menor virou-o e, acariciando o belo rosto, chamando-o com cuidado.

– Dite... Acorde! Mestre, sou eu, Shun...

Ao ouvir a voz doce de seu kerub, o loiro piscou algumas vezes e a visão turva desanuviou-se, dando lugar a um olhar de pânico, como se ainda não conseguisse distinguir o pesadelo da realidade. Com o pouco de consciência que ainda mantinha, sentou-se apavorado, certificando-se de que era mesmo seu kerub a despertá-lo.

– Shun... Por Athena, você está bem?! Onde ele está? Eu preciso... O corte... Albafica.... – Dizia, quase em pavor, procurando no pescoço do menor a marca do caule da rosa envenenada que vira em sua ilusão.

– Estou bem, Dite! Tranquilize seu coração...

– O quê?! Como?! Eu preciso impedir que o veneno te mate...

– Aquele ser deve ter ludibriado você e o senhor Camus em uma ilusão, como deve ter feito com os moradores de Irkutsk!

– É você mesmo, Shun? Mas...

– Sou eu, foi uma ilusão... Confie em mim...

– Ah, meu kerb, que bom que estás bem! – Suspirava aliviado o pisciano, enquanto o menor o envolvia em um abraço apertado, como se, em seu abraço, o mestre confiasse que ele estava seguro.

Próximo aos dois, o jovem Cisne auxiliava o dourado de Aquário a sentar-se. Tentava não se impressionar com o sangue pontilhado no chão branco ou com a fisionomia assombrada do mestre, que parecia organizar a mente entre a realidade e a quimera, levando a mão à cabeça, como a tentar perceber em qual lugar estava realmente. Fitava Hyoga como se tentasse reconhece-lo. A voz do discípulo chamava-o à realidade.

– Mestre Camus... Mestre... O senhor está bem?

– Oui. Onde está Dégel?

– Foi uma miragem, mestre. Qualquer coisa que tenha visto neste local foi uma ilusão criada por aquilo ali...

– Non. Foi real.

– Vamos Hyoga! – O mais novo chamava-o. – Precisamos levar nossos mestres para longe desse ser... Para longe dessa energia, enquanto minhas correntes a estão prendendo. Precisamos protegê-los. Eu não permitirei que aquilo machuque ainda mais as pessoas que amo!

Sustentados por seus pupilos, os dourados caminharam até uma distância segura e sentaram encostados no tronco negro de uma das árvores ressequidas mais afastadas.

– Senhor Camus, mestre Dite, deixe que resolvamos a situação, agora.

– Não, Shun, Albafica irá matá-lo! – Dizia o pisciano, visivelmente abatido.

– Hyoga, por favor, fique aqui e proteja eles. Ainda estão sob os efeitos do disfarce daquela criatura.

– Não posso deixar que enfrente ele sozinho. É minha responsabilidade também.

Ele, Oga? Como assim? Você conhece aquilo?

– No interior daquela energia maligna, está Alexer, o líder dos gerreiros azuis de Bluegraad...

 (Continua...)


Notas Finais


Esse capítulo é meio intrincado, pois é feito com muitas ilusões dos nossos durados,
mas Shun e Hyoga chegaram a tempo... Ou será que também sofreram os efeitos desses pesadelos?

Obrigada a todos que nos acompanham até aqui e que estão curtindo ler esta fic.
Bjs! ;-)

PS: Link para as fics que serviram de escopo para esta:
https://spiritfanfics.com/historia/no-limite-da-espera--1a-temporada-5785039
https://spiritfanfics.com/historia/no-limite-da-espera--2a-temporada-6074433
Obrigada pelo carinho! Como sempre digo, aceito opiniões e sugestões!
Beijos!!!


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