1. Spirit Fanfics >
  2. Reflexões da Alma >
  3. Sentimentos em suspensão

História Reflexões da Alma - Sentimentos em suspensão


Escrita por: Dasf-chan

Notas do Autor


Olá, queridos.
postando antecipado, novamente...
Viajarei amanhã e somente retorno na próxima semana.
Capítulo sobre o Dite e o Shunny.
Espero que gostem...
Bjs!

Capítulo 23 - Sentimentos em suspensão


Na ausência de notícias por mais algumas horas, se transportaria até onde seu pequeno discípulo orava. Não deixaria que Kiki, seu pupilo mais amado e seu sucessor como guardião de Áries, corresse perigo em hipótese nenhuma. Os mais de seis mil quilômetros de distância física entre os dois lemurianos não era capaz de diminuir em nada a distância entre os corações que se amavam, em amor paternal que irrompe qualquer distância, em qualquer plano da existência.

-----*-----

Entre os contorcidos troncos onde a batalha contra Alexer, transmutado naquela criatura de cosmo tão maligno, tivera seu fim, o jovem virginiano se concentrava a chamar o pequeno lemuriano ruivo por meio do cosmo. Assim que sentiu o cosmo do viginiano e conseguiu perceber com exatidão o local onde estavam os cavaleiros, Kiki transportou-se imediatamente e em segundos estava ao lado de seu amigo.

– O que aconteceu com eles, Shun?! Estão feridos?!

– Ah, meu pequeno amigo... A pior batalha é aquela que travamos em nossas mentes, contra nossas inseguranças e medos...

– Os cavaleiros de Athena não devem temer nada!

– Quando você ficar mais velho, vai entender que o medo de hoje, se sublima na prudência de amanhã... Por favor, leve o senhor Camus e Hyoga primeiro. Eu ficarei com o Dite aqui, esperando por você, está bem?

– Mas o Dite está desacordado! E eles...

– Por favor, Kiki... Eu sei o que estou lhe pedindo...

– Está bem!

Dito isto, o pequeno aproximou-se de onde estavam Cisne e Aquário, ambos ainda atordoados pela última visão que haviam presenciado. Não imaginavam que o ódio e o rancor poderiam ser combustíveis para tamanha destruição. Principalmente da própria vida pessoa que se permite que sentimentos como estes façam morada em seu coração.

O guerreiro azul de Bluegraad, Alexer, revelou-se naquela criatura, contudo, a verdade e o amor eram muito mais poderemos.

Os pontilhados de sangue coagulado manchavam o sobretudo negro que Camus usava, causando certa surpresa no pequeno.

– O senhor está bem?

– Oui. Só preciso de um bom banho. E colocar minha cabeça no lugar.

– Mestre, apoie-se em mim.... Estamos prontos, Kiki. – Afirmava o aquariano mais jovem, auxiliando o mestre a se levantar.

Segurando os pulsos dos dois cavaleiros, o ruivinho sumiu com eles no ar, enquanto uma suave névoa branca levantava-se do solo no momento em que desapareceram. Enquanto esperava o pequeno retornar, o virginiano sentava sobre os próprios pés, puxando carinhosamente o mestre para junto de si, como a protege-lo e ampará-lo, da mesma forma que o mais velho fizera consigo tantas vezes.

Acariciava, com imenso desvelo e amorosidade, os longos fios reluzentes como os raios de sol do mestre, desfazendo delicadamente os nós que haviam se formado durante aquela luta entre o bem e o mal travada mais com a mente e com o cosmo, que com os punhos.

A humanidade não estava pronta, ainda, para fazer frente a um ser daquela magnitude, ao mesmo tempo que havia alimentado a criatura Alexer com seus medos tão comuns em uma fase de transição planetária.

Com o dorso da mão, limpava as gotículas de suor e lágrimas que haviam se acumulado na bela face do pisciano, que parecia adormecido em seus braços. Respirou o mais profundo que conseguia, esforçando-se por segurar as lágrimas que brotavam das duas brilhantes esmeraldas que fitavam as pálpebras cerradas do mestre.

Aos poucos, como em uma suave carícia, emanou seu róseo cosmo na mão que usava para tocar a face do mestre, concentrando-se em um ponto no centro do chakra frontal, da mesma forma que aprendera.

As areias do tempo pareciam interromper sua queda inevitável na ampulheta da vida, naquele momento singular de carinho filial entre discípulo e mestre, naquele momento de profunda gratidão que o virginiano utilizava como força motriz para sua amorosa energia.

Logo o olhar celeste fitava o esmeraldino do menor, que sorria ao perceber o cosmo calmo do pisciano em seus braços.

– Shun...

– Está tudo bem agora, Dite. Descanse... Daqui a pouco o Kiki voltará...

– O corte de Albafica... Eu preciso...

– Por favor, tente esquecer essa ilusão horrível... Estou aqui, estou bem... Além disso, o nobre e honrado senhor Albafica nunca machucaria alguém por propósitos tão vis...

A energia cálida do menor parecia estar fazendo o efeito esperado. Afrodite permitiu-se, então relaxar nos braços de seu kerub, enquanto acariciava o rosto do mais novo, descendo os dedos pelo contorno do queixo até seu pescoço, de modo a certificar-se, definitivamente, que o outro não havia sido ferido pelo caule afiado e venenoso da rosa do antigo mestre de Peixes, que vira em sua ilusão.

A pele alva de Shun realmente continuava bela e sem máculas, o que tranquilizou o mais velho, que se aconchegou no abraço, a esperar o retorno do discípulo de Mu. Aquela batalha terminara de um modo inesperado para os quatro cavaleiros. Precisavam de um merecido descanso.

Naquele ambiente inóspito entre as altas escarpas de gelo, Shun e Afrodite ainda esperavam o pequeno Kiki. Durante o inverno siberiano, o sol levantava-se mais tarde e adormecia mais cedo que nos dias de verão. O finíssimo pó de cristais de gelo refletia a parca luz, mesmo o horário sendo quase meio-dia, iluminando a face cálida do virginiano fazendo-o parecer um anjo caído das estrelas de Andrômeda. 

A brisa fria começava a tornar-se um gélido vento, e o virginiano emanava seu cosmo calmo e quente de forma proteger o mestre de Peixes que estava acolhido em seu amoroso abraço. Mesmo após tanto esforço em batalha, ainda encontrava em dentro de si forças para aquecer o mestre, que repousava tranquilo em seus braços. Acariciava seus longos cabelos loiros, tão sedosos, que já havia conseguido desfazer todos os nós que se formaram durante o triste incidente que vivenciaram.

O pisciano parecia adormecido quando o pequeno ruivinho apareceu bem à frente dos dois.

– Ai que frio!

– E onde está seu casaco, Kiki?

– Aquilo? Ora! Parece uma roupa de esquimó!

– Tudo bem... – Sorria o cavaleiro de bronze, suspirando antes de questionar o menor. – Você demorou...

– Ah! É que precisei ajudar a levar o senhor Camus para tomar um banho, ele estava cheio de machucados! Hyoga estava fora do ar, nem me ajudou! Até coloquei aquela gororoba que o Hyoga fez ontem para esquentar, e...

– Pensei que havia acontecido... Enfim... Desculpe lhe interromper, mas poderia nos levar? Aqui está ficando muito frio e Afrodite precisa descansar... Podemos conversar lá na frente da lareira, é mais confortável...

– É mesmo! Também estou congelando! Vamos!

Em segundos, os três apareciam na sala, em frente à lareira acesa. A casa estava realmente com uma temperatura agradável.

Os danos físicos dos cavaleiros pareciam ser muito ínfimos se comparados aos danos emocionais que aquela batalha havia causado. O tapete felpudo era extremamente confortável, e o brilho da lenha em brasa fazia o ambiente ainda mais aconchegante. Afrodite continuava abraçado ao pupilo, parecia querer ter certeza que nada de mal havia acontecido com ele, ao mesmo tempo que sentia sua alma acalmando-se pelo caloroso cosmo do jovem, que esperava o momento certo para despertar o mestre, que continuava de olhos fechados, aproveitando aquele abraço tão querido.

Teriam muito a explicar para Shion quando retornassem para o Santuário. Contudo, precisavam reorganizar os sentimentos decantados que ainda estavam em suspensão em suas almas. E nada melhor que um lugar afastado de tudo e de todos para refazerem-se e colocarem suas emoções em seus devidos lugares.

Ou talvez, permitir que se mostrassem, de uma vez por todas.

Guardar novamente em lugar inacessível até para eles próprios ou libertar-se definitivamente?

A escolha ficaria por conta de cada um.

Os cristais de gelo e o frio ficaram longe, fora do ambiente aquecido e aconchegante que a lareira oferecia àqueles que chegavam exaustos, necessitando de um pouco de calor. A sala ampla estava com o chão molhado pela neve que derretera com a chegada dos aquarianos, cujas roupas estavam repletas dos flocos brancos.

O pequeno lemuriano parecia preocupado com os amigos, e não aguentava-se em si mesmo.

– Não é melhor levar ele para o quarto para descansar, Shun? – Inqueria, preocupado com os dois. – Ele está bem? Parece desacordado! O que aconteceu lá, afinal?!

Ao perceber a preocupação do pequeno, o pisciano suspirou profundamente e afirmou, calmo, sem, no entanto, abrir os olhos.

– Estou bem, Kiki.

– Ah, Dite, que susto você me deu! ‘Tava desmaiado agora a pouco! Eu queria ter ajudado mais nessa missão... Por que vocês sempre me deixam de fora do melhor e...

– Kiki, meu querido, me faz um favor... Vai ver o que Hyoga está aprontando na cozinha? Acho que tem algo queimando.

– É o nosso almoço! Aquele pato vai nos matar com a comida dele! – Como um vagalume em noite enluarada de verão, o lemuriano sumia no ar e tornava a aparecer na cozinha. A certeza vinha do grito de susto do Cisne, seguido de uma bronca e um riso de criança.

Uma vez que estavam sozinhos da enorme sala, Shun aproveitou para novamente acariciar com o dorso da mão o contorno do rosto do mestre, que abriu seus olhos celestes com uma expressão preocupada.

– Meu querido Shun... Me perdoe...

– Não há nada para perdoar, mestre...

– Eu devia ter escutado o que tinha a me dizer quando chegou em Peixes, naquele dia... Quando estavam tentando salvar nossa deusa... Eu não seria um traidor se tivesse te escutado... Estava tão cego por aquilo que o poder revelou da minha alma, que não pensei em mais nada, a não ser seguir Saga, seguir o que parecia ser mais forte e poderoso que o amor e devoção que sentia por nossa deusa...

– Mestre, não precisa... 

– Eu me permiti cegar pelo poder... Eu queria esquecer isso... Esquecer esse equívoco tão avassalador...

– Basta quereres virar esta página do livro de sua vida... Acho que é isso que o mestre Shaka diria... O passado não pode ser mudado. Mas sabemos que és fiel à deusa como todos nós! Então, não se martirize mais pelo que passou...

– Eu tentei te defender de Albafica... Entendo que tudo aconteceu na minha mente... Parecia tão real... Eu vi o sangue do corte de seu pescoço sendo sugado por aquela rosa sangrenta... Eu não podia fazer nada para te ajudar...

– Você já me salvou tantas vezes, Dite...

– E te salvaria quantas vezes fossem necessárias... Você é o elo que une os dois pólos da vida... Aquele destinado a caminhar livremente entre as sombras e a luz...

– Então achas que a deusa me enviou nesta missão com o senhor Camus por isso?

– Tenho certeza! Agora, deixe-me conferir se estás bem...

– Claro que estou! – Sorria o menor de maneira singela para o mestre, enquanto este conferia novamente se o corte havia sido mesmo uma ilusão.

– Realmente... Foi um pesadelo ruim... Estranhamente me sinto mais leve, como se meu coração tivesse deixado raízes mortas que o prendiam...

– Mestre Shaka me dizia que enfrentar nossos medos é o primeiro passo para nos curarmos. E que o primeiro passo pode ser dado em qualquer dia, aproveitando-se a oportunidade que nos é apresentado. O primeiro passo se transforma em luz que irá nos acompanhar. Mesmo que esse passo seja pequenino, possui sempre um gigantesco poder de nos transformar. O primeiro passo é um marco de passagem, um ato de coragem de quem deseja acertar, e deve vir de dentro de nossa alma, para então o sofrimento começar a aliviar. Perdoar alguém, principalmente a si mesmo... Amar alguém e se amar também, é um dos principais passos!

Sentando-se e desfazendo o abraço, sem deixar de segurar as mãos do menor, o pisciano ajoelhou-se sobre as próprias pernas, assim como o outro estava, ficando frente a frente a ele.

– Eu ainda não consigo me perdoar pelo que te fiz naqueles dias... Por ter sido responsável pela morte de teu amado mestre Albiore... Por ter abandonado nossa deusa quando ela mais precisava de nós... Por ter levantado meu poder e minhas rosas contra o Mu...

– Ah, Dite... Todos cometemos enganos e lutamos pelo que acreditávamos ser certo. Não podemos mudar o passado mas podemos sempre recomeçar a escrever nosso futuro...

– Mas o Albafica...

– O que você viu ou ouviu foi uma ilusão oriunda desses remorsos... Você salvou minha vida durante o ritual de Perséfone, mestre! Com seu próprio sangue! Eu sempre serei grato! Lembre dessa gratidão quando sentires dúvida sobre algum de seus atos no passado! Você juntou seu cosmo aos outros cavaleiros de ouro e abriu a passagem no Muro das Lamentações para que fôssemos aos Elíseos! O bem que fazemos é nosso advogado de defesa por onde quer que andemos. Para onde formos, levamos o bem que fizermos!

– E o mal...

– Por favor, mestre... Acorde desse pesadelo causado pelo Alexer... Eu não aguentaria vê-lo sofrer assim... Dê um passo na direção de sua verdadeira paz! O mestre Shaka me disse...

– Está bem! Eu me rendo! Adoro sua voz doce, a ouviria para sempre, mas não com as palavras do Shaka! Por Athena, já entendi! – Interrompeu o pisciano, levantando as mãos como em sinal de rendição. Parecia ter entendido a lição que aquela viagem lhe proporcionara.

– Me desculpa ficar repetindo as palavras do mestre Shaka... É que se não fosse por ele, o remorso ainda estaria inundando meu coração. Vocês dois me libertaram e por isso conseguimos vencer!

– Ah, meu querido! Ser seu mestre foi a melhor coisa que Athena me proporcionou nessa nova vida!

Em um abraço inundado pelas lágrimas de ambos, com os joelhos encostados um no do outro, ficaram por um bom tempo a ouvirem o crepitar da lareira fazendo coro com as fortes batidas de seus corações, praticamente unidos em um só compasso, no amor fraternal que sentiam um pelo outro. O mais novo com cabeça encostada ao ombro do pisciano, que deitava a sua sobre a do outro, acalmando-se com o aroma floral das sedosas madeixas cor de linho.

Pela primeira vez, não se importava de não manter a compostura apropriada ao cavaleiro mais belo e temido. Demonstrar a verdade de seus sentimentos, naquele momento, era realmente a atitude mais honrada que poderia ter.

(Continua...)

 


Notas Finais


O próximo capítulo terá foco em Camyu e Shunny.
Agradeço a todos que leem, mesmo anonimamente,
aos que favoritam, aos que deixam seus comentários de estímulo.
Muito obrigada!
Se eu demorar a responder os comentários desse capítulo,
é porque na casa do meu amado tio não tem uma net tão legal...
Bjs! ;-)

PS: a capa deste capítulo é um printscreen do mangá Saintia Sho


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...