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História Reflexões da Alma - Santuário em fogo


Escrita por: Dasf-chan

Notas do Autor


Olá!
Notícias mais calmas e algumas acaloradas.
O Santuário em confusão!
Boa leitura!
Bjs!

Capítulo 31 - Santuário em fogo


Os dourados riam baixinho, enquanto cuidavam dos três jovens adormecidos. O lemuriano no colo de Afrodite e os cavaleiros de bronze no amplo sofá com Camus. Uma imagem digna de ser pintada e emoldurada para a posteridade como prova de que os cavaleiros protegidos pela constelação de Aquário não conseguem guardar seus sentimentos abaixo da superfície congelada por muito tempo.

[1] Nada poderia mudar o destino daquele navio em chamas, meu amado filho... Eu te amo para sempre. Seja feliz.
[2] É um choro de liberdade, pequeno.
[3] Não sei se seria ótimo... Mas Pai... Já sou...

-----*-----

O brilho da lenha em brasa, na lareira da espaçosa sala da morada dos cavaleiros do gelo, refletia-se no olhar do ruivo, tornando suas íris mais rubras que o comum. Fitava o fogo como um elemento a complementar o seu, como se sua mente vagueasse livre além daquelas paredes e móveis de densa madeira.

Do lado de fora, a nevasca já fazia acumular-se quase um metro de neve em torno da casa, enquanto o vento chacoalhava os galhos dos abetos próximos, que chocavam-se uns contra os outros, provocando sons que poderiam assustar quem não estivesse acostumado com aquele tipo de clima. Contudo, nada parecia ser capaz de acordar os jovens que descansavam sob o cuidado dos dois dourados.

O pisciano havia levado Kiki para o quarto que utilizara na noite anterior, e lá repousava com o jovenzinho acomodado em seus braços. 

Os cabelos ruivinhos desgrenhados do pequeno mesclavam-se aos longos do loiro, que abraçava o menino junto de seu rosto, sentindo seu respirar tranquilo, como a compreender o que o amigo Mu sentia em relação ao futuro protetor da casa de Áries. Kiki era realmente um menino especial, divertido e genioso, sempre disposto a auxiliar os amigos.

O aquariano mantinha as mãos pousadas nos ombros dos jovens que dormiam sob seu zeloso olhar.

O jovem Andrômeda havia lhe surpreendido naquela missão. A mente do ruivo voltava para o momento da decisão de Athena e Shion sobre quem lhe acompanharia naquela missão, e ria-se internamente ao imaginar o quando havia sido precipitado ao pensar que Shun seria um estorvo desnecessário.

Os fatos mostraram que a deusa havia mesmo feito uma escolha sábia. Não que duvidasse das decisões, mas não concordava, a princípio, tanto quanto Shion, que também questionara a deusa, mas ambos foram vencidos pelo argumento simples de que ela sabia o que era preciso ser realizado com aquela missão. A lógica parecia estar ao seu lado e ao lado de Shion.

Contudo, a fé e o amor que motivavam a decisão da jovem se mostraram mais sábios que a imatura lógica inicial, demonstrando que a deusa estava com a razão quando pediu ao jovem cavaleiro de bronze que o acompanhasse até a Sibéria. Shun havia sido o braço direito de Camus naquela incursão, e fora decisivo para a vitória contra o mal que se alastrava a partir de Bluegraad.

Além disso, o virginiano havia trazido luz para as sombras que afetavam sua alma contida, conseguindo algo que em todos aqueles anos de treinamento com Hyoga não havia sido capaz de conseguir. Auxiliar verdadeiramente seu pupilo a libertar-se da culpa e, finalmente ser permitir ser feliz.

Quem sabe ele mesmo, o conhecido mago do gelo, o controlado e impassível Camus não se permitisse um sorriso ou a companhia amiga de Milo mais vezes?

Pensava em chamar o amigo ariano, mestre de Kiki, pelo cosmo, mas algo em sua mente parecia pedir-lhe que oferecesse mais um pouco de paz aos jovens que descansavam junto de si. O pupilo já havia se esticado no sofá, e ressonava com a face bronzeada pelo frio voltada para cima. Camus, como um pai carinhoso, afastava alguns fios dourados da fronte do pupilo, que parecia dormir de uma forma tão tranquila como ele mesmo nunca havia visto, nem nos tempos que Hyoga era criança e treinava para se tornar cavaleiro junto com Isaak.

As memórias do aquariano voltavam no tempo, relembrando do pequeno loirinho persistente, que não desistia de socar as paredes de gelo eternas, mesmo que fizesse sangrar os punhos infantis. Era como se aquele fogo crepitando à sua frente fizesse suas memórias se aquecerem novamente. Afinal, aquela lareira havia presenciado quando fazia curativos nos machucados do aprendiz. Os dedos novamente estavam machucados. Dessa vez, por cavar o gelo com as mãos nuas em busca do amigo e não por causa da teimosia de atingir o gelo ainda sem preparo adequado nos treinamentos para cavaleiro.

Tantas memórias passavam pela mente de Camus, que o dourado permitiu-se fechar as pálpebras por alguns minutos, encostando a cabeça na felpuda pele de animal que cobria a espádua do sofá.

Enquanto a paz parecia reinar naquela casa de madeira em meio à neve, o Santuário fervia em uma discussão acalorada entre dois leoninos, fazendo seus cosmos serem sentidos inclusive no Templo. Depois muito discutirem, Aiolia tentava conter pupilo, que se diria à primeira casa, enfurecido, uma vez que, pela segunda vez, fora nocauteado, dessa vez por Shaka, e havia sido carregado, novamente, feito um saco de cimento até Leão.

O guardião da sexta casa havia mergulhado sua mente em uma ilusão que somente se desfaria quando Shun retornasse, mas Ikki estava por demais preocupado e conseguira acordar antes do esperado. Àquela altura, já havia se arrependido de ter se esforçado tanto na reconstrução daquele templo, uma vez que sua vontade era colocá-lo abaixo em escombros, juntamente com seu guardião.

O dourado exercitava sua paciência como nunca havia precisado naqueles meses desde que retornara à vida.

Athena que me perdoe, mas estou começando a pensar que talvez fosse melhor continuar morto...

O cavaleiro de bronze estava tão indignado que deixava uma marca incandescente por onde caminhava, na direção às escadarias que iam até Câncer, sendo seguido de perto pelo mestre, que ainda estava se decidindo, mentalmente, se pedia à Shion uma licença por tempo indeterminado. Aquilo já estava se tornando um desagradável hábito.

Não aguento mais ir atrás desse impertinente...

É melhor tentar acalmá-lo antes que faça algo do qual se arrependa depois.

Quando foi que esse bosta se arrependeu de alguma merda que fez?

Mas que porra! Tô falando palavrão igual a esse moleque!

– Ei, Ikki! –  Gritou com o mais novo. – Nosso treinamento é para te disciplinar! Não posso correr atrás de você toda vez que resolve fazer agir impulsivamente! O que está fazendo é uma estupidez!

– Ir atrás do meu irmão é estupidez?

– Que merda, Ikki! Ele está em companhia de dois cavaleiros de ouro e um de bronze! Você não confia em ninguém?!

– E quando foi que estar em companhia de alguém fez Shun pensar primeiro em si mesmo? O cosmo dele está estranho, nunca o senti dessa forma! E não fala palavrão desse jeito, não combina com você!

– Agora, você quer me dar lição de boas maneiras?!

– Porra, Aiolia! Pensa! E se fosse o Aiolos, me diga?! O que você faria?!

– Com certeza, faria algo diferente de você!

– Não se lembra das confusões nas quais se meteu quando seu irmão foi acusado de traição? Se tornou um cavaleiro de ouro para limpar o nome de sua família! E quer que eu não proteja o Shun?!

– Não fale do que não sabe!

Não sei?! Todo o Santuário sabe que foi Aiolos que te treinou para ser cavaleiro, e depois que ele foi morto por Shura, você treinou mais ainda para que ele se orgulhasse de você! Se não fosse por isso, você continuaria sendo o mesmo rebelde que sempre foi!

– Páre de falar asneiras!

– Você não pensou que eu aceitaria ser seu pupilo sem conhecer bem sua história, não é? Ah, não se faça de desentendido, porque, de ingênuo neste Santuário, já basta meu irmão!

– Aí que você se engana! Shun percebe muito mais do que fala! Não foi à toa que Athena enviou ele nessa missão! Você está subestimando seu irmão!

– De ser subestimado você entende bem, não é?! Cresceu à sombra de um dos maiores cavaleiros que o Santuário já conheceu e ainda fica posando de bom moço, como se ninguém percebesse o quanto você gostaria de ser novamente o maioral! Agora que Aiolos está de volta, você teve que ficar com a nobre missão de me treinar!

– Porra, Ikki! Não percebe que eu não quero que Shun sofra o estigma de ser o irmão do Ikki?! Aquele que sempre é salvo pelo irmão mais velho?! Aquele a quem todos subestimam?! Por Athena, não percebe que precisa deixar que Shun siga seu caminho, que sofra, que aprenda, que caia, que se levante! Deixe que ele viva a vida dele, que se desenvolva como cavaleiro à luz e não à sua sombra! Deixe Shun ser livre para alçar os próprios vôos, Ikki de Fênix!

Ao escutar as últimas frases, o jovem leonino parou de estanque no meio das escadarias, esmurrando a mureta como se fosse o inimigo mais brutal que já vira em sua vida, que despedaçou-se em pequenos pedaços. A mesma mureta que havia ajudado a reerguer quebrava como pó condensado ao seu golpe.

Não conseguia lidar com o fato de não poder mais proteger seu pequeno e meigo irmão quando bem quisesse. Aquela não era uma conversa nova, mas parecia ser uma conversa definitiva em seu coração.

– Você está certo, Aiolia.

– O quê? – Surpreendia-se o leonino mais velho, que ainda estava alguns degraus acima do mais novo.

– Você tem razão. Não posso ficar tirando do Shun a oportunidade de aprender, de se desenvolver como cavaleiro. Ele precisa travar as próprias batalhas, convicto e seguro de si mesmo.

Com cautela, Aiolia se aproximou e tocou o ombro do discípulo, sentindo que finalmente ele parecia entender o que há meses vinham conversando. Aquela missão do menor havia despertado o instinto de proteção de uma forma tão furiosa em Ikki que nem mesmo Aiolia conseguiria impedí-lo se realmente desejasse ir até onde o irmão estava.

– Agora que entendeu, podemos continuar a descer e ver o que está acontecendo na primeira casa... Acho que não é só você que está preocupado com essa missão na Sibéria... Mas saiba que Mu nunca fará o que você está querendo.

– Duvida? Acho que você ainda não me conhece!

– Conheço meu amigo ariano o suficiente para saber que ele nunca compactuaria com uma loucura dessas! Já não basta o plano secreto do Afrodite, agora você também quer interferir em ordens de Athena e Shion?

– Aquela mimada não pode me obrigar a ficar aqui.

– Mais respeito, Ikki!

– Você não queria que eu falasse? Que eu dialogasse? Pois bem!

Como os guardiões de Câncer e Gêmeos não estavam em suas casas, os dois passaram ainda discutindo, com os cosmos inflamados, vindo a serem interrompidos por Aldebaran, que de forma franca e despachada, tentava amenizar os ânimos.

– Ei, ei! – Afirmava o dourado da segunda casa, levantando as palmas das mãos. – O que vocês dois tanto discutem? Deu pra sentir daqui seus cosmos exaltados! Foi só eu chegar pro Santuário começar uma nova guerra!

– Não te interessa, touro! –  Respondia Ikki, de forma impertinente, já atravessando o salão. – Eu só quero passar! Pode ser?!

– Que é isso, rapaz! Vamos com calma!

Aiolia, que também estava com cara de poucos amigos, fitou o taurino com impetuosidade nos olhos, já estava a ponto de explodir Fênix com o Cápsula do Poder. Antevendo a briga que se instauraria em sua casa, Aldebaran emanou seu cosmo de uma forma que surpreendeu os dois e os jogou na direção das escadarias que davam para Áries, expulsando-os de sua casa.

– Se os dois leões querem se engalfinhar, que briguem longe daqui! Mal cheguei de uma missão de paz e encontro essa confusão aqui! – Afirmava, enquanto os dois caíam escada abaixo. – Se já não me bastasse o calor infernal que passei no Brasil, quando chego, preciso aguentar vocês dois! Não tenho paciência pra isso, não!

Depois de expulsar os dois arruaceiros, o taurino se dirigia para o interior da casa, a fim de refrescar-se com um banho antes de procurar saber do que acontecera em sua ausência e motivo de toda aquela confusão que também acontecia na primeira casa.

Aproveitando-se que o mestre dourado ainda se levantava, meio atordoado, Ikki dirigiu-se rapidamente até o salão de Áries, descendo as escadarias em alta velocidade. Aiolia logo o seguiu e o alcançou, mas, antes que pudesse dizer ou fazer algo, Fênix interrompeu sua corrida de súbito, sendo derrubado pelo dourado de Leão, que corria atrás dele. Ambos caíram no chão de mármore, provocando um estrondo, chamando a atenção dos que estavam presentes. Já iriam iniciar uma nova discussão, quando perceberam o que acontecia no amplo salão.

Parte da elite dourada estava ao redor de Mu, com os cosmos exaltados. Parecia que uma nova Guerra Santa estava prestes a se iniciar. Os cavaleiros de Câncer e Escorpião discutiam com o ariano, tentando convencê-lo a transportarem-se até a Sibéria. Há algum tempo haviam sentido os cosmos de Afrodite e Camus explodindo em desespero, de forma que não aguentavam de tanta ansiedade.

O capricorniano dourado estava sentado mais afastado, como se vigiasse os mais agitados, de maneira a intervir, se fosse necessário, para apartar qualquer conflito mais acalorado que colocasse em risco a segurança do Santuário.

Enquanto isso, Aiolos conversava com Seiya e Shiryu, que estavam inquietos, preocupados com os amigos de bronze e aborrecidos por seus mestres não lhes contarem a respeito dos últimos acontecimentos.

– Poxa, Olos! Você conseguiu me distrair direitinho fingindo daquele jeito com a Seika!

– E quem disse que eu estava fingindo?

– Pensei que você estava dando em cima da minha irmã só pra me distrair! 

– Ah, Seiya... – Intervia Shiryu. – Deixe sua irmã ser feliz!

– Você só fala isso por que tá namorando a Shunrei!

– Os signos deles os levam a serem românticos e idealistas. Por mais que Aiolos seja inquieto e cheio de energia, sua irmã poderá ser o contraponto dessa relação, pois é mais sensível.

– Por isso eles nunca param de conversar durante meu treinamento!

– Para quem costuma pensar mais devagar, você entendeu direitinho... Se o mestre de Sagitário entender que o carinho e a devoção da Seika, que é pisciana, podem ser retribuídos com um pouco de meiguice de sua parte, e se, em contrapartida, ela não levar para o lado pessoal as reações mais enérgicas do Aiolos, esse relacionamento tem todos os ingredientes necessários para ser bem sucedido.

– Obrigado pelos conselhos, Dragão! – Afirmava o sagitariano mais velho Aiolos, divertindo-se com os ciúmes de Seiya.

– E me diz, quando ‘cê virou especialista amoroso? – Perguntou o mais jovem, ignorando a brincadeira do mestre.

– Não sou especialista, mas... Desde que o mestre ancião conversou comigo, depois do Equinócio de Outono, lá em Rozan, estou mais... Como posso lhe explicar... Mais aberto à possibilidades, agora que estamos no caminho da paz...

– E onde está o mestre Dhoko, agora? Não devia estar conosco? E Aldebaran? –  perguntava Seiya, inquieto.

– O mestre ancião foi até o Templo, conversar com Shion... – Esclarecia Aiolos. – Os cosmos efervescentes puderam ser sentidos longe... Aldebaran precisa de um pouco de tranquilidade depois da missão pelas américas, ainda mais depois que Ikki e Aiolia passaram discutindo pela casa dele...

Em outro canto do salão de Áries, Kanon, que observava de braços cruzados a discussão do canceriano italiano e do escorpiano grego, aproximou-se dos leoninos que haviam caído na entrada do salão de Áries, com olhar interrogativo.

– Aiolia, era para você cuidar de Ikki para que ele não saísse desse jeito! Como ele se libertou de Shaka?

– E alguém segura Fênix, por acaso? Se quiser, estou doando meu discípulo! Você o quer?

– Se vocês vão pra Sibéria, eu vou com vocês! – Gritava Ikki, enquanto tentava se desvencilhar de Aiolia e Kanon, caminhando na direção do ariano.

Antes que Fênix se aproximasse mais e causasse uma confusão maior do que a que já estava instalada no pacífico salão da primeira casa, o dourado de Virgem, até então, impassível meditando onde ninguém podia vê-lo, revelou-se e imobilizou os arruaceiros com seu cosmo.

– Vamos, Shaka! Me solte! – Gritava Ikki, antes de sentir o golpe certeiro que o mestre do irmão oferecia de bom grado.

– Vá! Não se preocupe, Mu. – Dizia o virginiano para o amigo, guardião de Áries, que mostrava-se visivelmente incomodado com aquela grande confusão havia se formado. – Ohm... 

Ouvindo o conselho daquele que parecia mais calmo entre todos os presentes, Mu desapareceu no ar, deixando uma aura de dúvida para alguns, e uma de certeza para outros. Shaka não interviria se também não estivesse preocupado. Nenhum deles podia imaginar o que realmente havia acontecido com os amigos e pupilos naquela ímpar missão à Sibéria russa.

 (Continua...)


Notas Finais


Muito obrigada pelo carinho dos comentários, vcs são uns amores.

E obrigada também pelo apoio com a nova fanfic 'Fragmentos de cosmo'
https://spiritfanfics.com/historia/fragmentos-de-cosmo-8285942

Quando penso no que vou escrever, sempre lembro das carinhosas palavras de apoio e me sinto muito feliz.
Obrigada tb aos que favoritam e aos que leem em suas bibliotecas. Muito obrigada.
Bjs!


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