1. Spirit Fanfics >
  2. Reflexões da Alma >
  3. Surpreendente paz

História Reflexões da Alma - Surpreendente paz


Escrita por: Dasf-chan

Notas do Autor


Olá!

Paradoxos...
Um lado feliz por uma fic quase concluída...
Um lado triste pela saudade de escrever sobre a missão de Camus e Shun na Sibéria, e as reflexões sobre a vida...

Penúltimo capítulo...

Boa leitura!

Capítulo 32 - Surpreendente paz


Ouvindo o conselho daquele que parecia mais calmo entre todos os presentes, Mu desapareceu no ar, deixando uma aura de dúvida para alguns, e uma de certeza para outros. Shaka não interviria se também não estivesse preocupado.

-----*-----

O cavaleiro de Áries se teletransportou para o local onde sentia o cosmo estranhamente calmo de seu discípulo. Durante as últimas horas, a energia do pequeno havia variado tanto...

Se Mu, um dos mais equilibrados cavaleiros do Santuários, estava com os sentimentos e a mente receosos, os dourados de Câncer e de Escorpião interpretavam esse receio como sinal de que algo havia acontecido de muito aflitivo, e logo dispensaram os aprendizes com os quais treinavam para reunirem-se na primeira casa.

A confusão que estava sendo contida por Shaka precisaria esperar o retorno do Lemuriano. Cada dourado sentia o cosmo dos cavaleiros em missão na Sibéria de uma forma diferente e em momentos diversos do dia, o que fazia com que as informações entre eles ficassem desencontradas, o que causava mais perturbações entre os que ficaram na Grécia.

No início do dia anterior, cada um estava vivendo suas horas e suas atividades cotidianas sem muito interesse no que os outros faziam, como se, depois das alegrias de terem retornado à vida no Solstício de Outono estivessem arrefecendo de suas almas, transformando o cotidiano em um tédio sem perspectiva de planos para o futuro próximo. Homens e mulheres, cavaleiros e amazonas de Athena, estavam passando seus dias a vivenciarem o sentido da existência a escorrerem-lhes pelos dedos.

Qual o sentido de continuarem em seus árduos treinos, de continuarem levantando seus punhos se a guerra havia terminado?

O planeta azul, tão amado por Atheba, afinal, não estava em paz?

A Guerra Santa não havia terminado?

A esperança de que a vitória sobre Hades pusesse um fim a todas as batalhas pelo mundo parecia quebrar-se como frágil cristal ao mínimo contato com o solo. Os fragmentos desse sentimento tão importante e belo pareciam espalhados pelos cantos do ádito sagrado da deusa da sabedoria, que enviara dois de seus cavaleiros em uma missão dita diplomática para um dos lugares mais frios da Terra.

Em dois dias, toda a organização e estabilidade monótonas daqueles últimos três meses haviam transmutado-se em uma agitação fervorosa, em que cada um reagia á sua maneira peculiar.

O solstício trazia consigo o início dos dias cada vez mais longos, até que a luz predominasse verdadeiramente no verão.

Era a estação que a humanidade parecia experimentar. Uma de intensas batalhas entre deuses havia se passado quando do início da Guerra Santa, seguida por um outono de transição e aprendizado e um inverno que parecia ser a estação mais apropriada para esfriar os ânimos dos líderes mundiais mais inquietos e belicosos, e acalmar as eferverscências naturais que ainda podiam ser percebidas a brotar entre as acomodações da natureza à nova era que se aproximava. 

O fim do tempo da espada.

O início do tempo de busca da paz.

O fim da era de Peixes.

O início da era de Aquário.

Todas as vezes que a justiça e paz na Terra foram ameaçadas, os cavaleiros da esperança levantaram-se a defendê-las. Agora, precisariam aprender sobre a manutenção dinâmica destes fundamentais construtos sociais. Talvez, essa fosse a mais nova e principal missão dos protetores de Athena.

Um segundo após sumir do Santuário em ebulição, Mu reapareceu em um espaçoso quarto, decorado de forma rústica contudo aconchegante. Pôde observar, com certa surpresa, Kiki dormindo tranquilamente, abraçado à Afrodite. Seu pequeno parecia bem, assim como seu amigo, aconchegado no abraço do pisciano como um anjinho.

O santo de Áries ainda sentiu uma ponta de saudade de quando o ruivinho ainda era um bebê a lhe acordar de madrugada... Dos primeiros passinhos, em Jamiel... De correr atrás daquele jovenzinho no intuito de fazê-lo banhar-se até se cansar, decidindo por usar seus poderes de telecinese... Se o menino não ia ao banho, levitava o pequeno do chão e o levava flutuando até o canto calmo do rio onde banhavam-se... até que menino despertara a telecine e ficavam os dois um atrás do outro em gostosa brincadeira...

Dias felizes que pareciam voltar-lhe à mente naquele instante em que via seu pequeno anjinho descansando após uma missão que realizara junto do amigo Dite.

Contudo, seus cosmos calmos ainda não esclareciam as estranhas variações que havia percebido durante aquele dia. Pareciam descansar em paz como se estivessem em uma viagem a passeio, e não em uma missão.

Preferiu não acordar os dois e saiu do quarto, alcançando o corredor. Seguindo o rastro de calor que emanava da lareira da sala, encontrou Camus com a cabeça recostada na espádua do sofá. Seu semblante pacífico em nada se assemelhava ao que havia visto desde que retornaram à vida, principalmente quando percebeu os dois cavaleiros de bronze que dormiam deitados com a cabeça cada um em uma perna do dourado.

Um sorriso se fez no belo rosto do ariano, apesar de não compreender o que acontecera. Aproximou-se do amigo aquariano e tocou-lhe o ombro com delicadeza, ao que o dourado fitou-o com seus olhos rubros, retribuindo o sorriso, o que surpreendeu Mu. Espera qualquer outra reação, menos um sorriso.

Se perguntava, intimamente, o que teria acontecido naquela missão. Contudo, a resposta que ouviu de Camus não apartou seus questionamentos. Ao contrário, causou-lhe ainda mais dúvidas.

– Mon ami Mu! Bon à vous revoir! Sente-se. Os meninos ainda precisam de mais um tempo de repouso...

– Nossos amigos promoveram uma inesperada reunião em minha casa. Estão inquietos e ansiosos, por não obterem notícias da missão de vocês... Lamento por vir, mas era isso ou uma invasão do exército de nossa deusa na Sibéria...

– Entendo. Athena e Shion?

– Percebi o cosmo do grande mestre muito irritado... Dhoko foi conversar com ele. O de nossa deusa estava pacífico e caloroso, parecia felicitar-nos... Isto ainda não compreendi.

– Aceita um pouco de chá? Acho que ainda temos lá na cozinha. Poderíamos conversar um pouco, antes de retornar...

– Claro, Dhoko acalmará meu mestre e tenho plena certeza de que a deusa arquitetou tudo isso com muita propriedade. Acho que ela sabia o que aconteceria.

– Concordo.

– Deseja também uma xícara de chá?

– Non, mon ami, je vous remercie. Sirva-se à vontade.

Enquanto Mu se dirigia à cozinha, o aquariano fitou os meninos que dormiam tranquilos em seu colo. Hyoga esparramado, ressonando com certa sonoridade. Shun encolhido como um filhote, abraçando as próprias pernas, como se sentisse frio.

Tocou as madeixas castanhas amendoadas do mais novo, afastando-as da face delicada, e logo percebeu o porquê de ele estar tão quieto e retraído. Seu rosto estava vermelho rubro, as bochechas mais coradas que mais cedo, irradiando calor. Com a destra, passou pelo pescoço do menor e pousou a mão na nuca do rapaz, que fervia sob a sua.

O dourado, em uma tentativa de cuidar do menor, emanou suavemente seu cosmo a fim de baixar a temperatura do castanho. Pelo jeito, um certo leonino ia ficar aborrecido quando retornassem.

Contudo, depois de todas as intempéries que haviam vivido naquele dia e no anterior, uma síndrome febril era uma consequência quase que esperada... Cosmos hostis próximo ao Angara, Shun transmutando as águas do rio, enfrentando o inimigo praticamente sozinho, o soterramento acidental na neve... Febre era o que menos preocupava e o que era mais esperado quando o corpo era exigido daquela forma.

Retornando com o líquido fumegante em uma rústica xícara, o ariano percebeu o cosmo frio e suave que o amigo espelhava, apesar do calor da lareira, inqueriu, tendo em mente a confusão que os aguardava quando retornassem.

– O que houve com menino Shun, Camus?

– Ah... É uma longa história... Quanto tempo ainda temos?

– Bom... – Sorriu o ariano de forma amigável e compreensiva. – Acho que Shaka conseguirá controlar a turba inquieta em minha casa por uma hora ou um pouco mais, sem precisar retirar os sentidos de ninguém. Depois disso, acho que teremos que visitar alguns amigos na enfermaria.

– Alors, convido-o a sentar-se, Mu. Vamos aproveitar esse tempo para conversar.

Surpreso com a proposta do cavaleiro mais quieto e contido dentre os dourados, Áries sentou-se no lugar antes ocupado por Afrodite, no sofá que ficava em diagonal com relação à lareira, e escutou Camus contar-lhe alguns fatos sobre a missão e sobre a bravura de Kiki. O aquariano desejava falar sobre o pequeno a seu mestre antes que o ruivinho acordasse. Depois do que passaram e da forma com que falara mais cedo com a criança, exaltar seu papel fundamental naquela empreitada era algo justo a se fazer.

Passado algum tempo, o ariano tentava, em vão, conter seu desassossego, e inqueriu o ruivo, de maneira calma, como quem sabia o que os esperava quando retornassem ao Santuário.

– A temperatura dele já voltou ao normal, Camus?

– Presque... Acho que a neve não fez bem ao garoto, ainda mais depois de ter se exposto tanto quando foi atrás do meu pupilo.

– Realmente, são poucos os cavaleiros que suportariam o inverno siberiano...

– Si la fièvre de retour, já estaremos no Santuário e Ikki poderá cuidar dele. Só espero que Fênix não fique muito aborrecido com Hyoga, esses dois aqui tem uma ligação emocional muito bela.

– Se eu estivesse no seu lugar, não esperaria compreensão de Ikki... Ele e Aiolia estavam quase se matando quando chegaram a Áries. Máscara da Morte e Milo também quase me fizeram perder a paciência mais cedo e agora há pouco estavam se digladiando com a intensão de virem comigo.

– Melhor retornarmos, então. Poderia acordar Afrodite e Kiki? Deixe estes dois comigo. – Falava, enquanto balançava gentilmente os ombros de Shun e Hyoga, que pareciam ter sido levados pelas asas velozes de Morfeu. Mu levantou-se em direção ao quarto onde estavam o pisciano e seu discípulo, sendo surpreendido por Afrodite antes de entrar no cômodo.

– Seja bem-vindo à humilde morada dos cavaleiros do gelo, meu querido amigo!

– Dite! Estávamos todos preocupados com vocês! Desculpe se nossa conversa te acordou...

– E como eu continuaria a dormir sentindo o cosmo frio de Camus se manifestando? Contudo, nunca eu iria recepcioná-lo após acordar com os cabelos desgrenhados e a minha bela face amarrotada pelos lençóis! – O ariano riu-se do comentário e abraçou o amigo, como se há muito tempo não se vissem, sendo retribuído com carinho. – Calma, meu carneirinho! Só fiquei fora do Santuário um diazinho!

– Senti os cosmos de vocês tão fracos e confusos!

– Tudo já se resolveu e estamos ótimos. – Afirmava, desfazendo o abraço de forma gentil. – Kiki vai amar ver você, ele ainda está dormindo. E obrigado por guardar nosso segredo!

– Bem... Sobre isso... – O ariano tentava encontrar as melhores palavras. – Acho que a parte do segredo foi avariada.

– Então... Vamos enfrentar a fúria de Shion! Vou ver se todos estão prontos para voltarmos. É melhor irmos logo, antes que a casa fique soterrada com essa nevasca!

Enquanto o pisciano deixava os dois sozinhos, Mu chamava por Kiki. Caminhava em direção à sala, ainda escutando os sons do quarto, a voz alegre da criança ao acordar e ver seu amado mestre, como um filho amado comemorando uma vitória junto a seu querido pai. O pequeno parecia querer contar-lhe sobre tudo de uma só vez; de Mu, só se ouviam os pedidos para que contasse os detalhes quando retornassem ao Santuário.

Na sala, Afrodite acariciou de leve os cabelos rubros do amigo, que tombou levemente a cabeça para trás para observar o amigo que acordara.

– Descansou, Dite?

– Foi pouco tempo mas um sono digno dos deuses! – Expôs o pisciano em um longo suspiro. – Acho que precisamos acordar os meninos... Senti você usando seu cosmo...

– Shun está com febre...

– Será que não é melhor deixá-lo dormindo? Assim, ele se recupera mais rápido, foi o que mais se desgastou de nós cinco sem ter descansado em nenhum momento! A não ser quando o trouxemos desacordado do Angara até aqui.

– Oui...

– Eu o levo, pode deixar comigo.

Dizendo isso, o pisciano deu a volta, ajoelhou-se em frente ao sofá onde estavam os três, bem próximo ao virginiano.

– Meu pupilo parece um anjinho dormindo, não é? – Perguntou Afrodite, enquanto afastava alguns fios castanhos úmidos da fronte do mais novo.

– Se desconsiderarmos que o cosmo dele está mesclado com o de Hades, o senhor dos mortos, podemos pensar dessa forma.

– Ah, Camyu! Você continua um belo de um cubo de gelo! – Dizendo isso, tomou com cuidado Shun em seus braços. – Vamos, então! Do jeito que meu kerub parece cansado e febril, não acorda nem que uma avalanche nos atinja! Acorde logo o patinho, pois teremos muitas explicações para dar quando voltarmos.

Antes que Camus pudesse tocar em Hyoga, que ainda ressonava em sono profundo, Kiki apareceu, acordando de supetão o Cisne, que, como por instinto, atirou-lhe para perto da lareira com um golpe de ar frio.

– Porra, seu pirralho! –  Disse Hyoga, ainda se recuperando da respiração ofegante pelo susto.

– Agora, meu mestre está aqui e você não pode fazer nada comigo!

– Se continuar assustando os outros com sua telecinese, vou deixar ele te congelar num esquife! – Repreendia o mestre de Áries, provocando um cara de insatisfação da criança e um biquinho feito com os lábios que mais provocava vontade de rir do que de chamar-lhe a atenção.

– Podemos deixar essas demonstrações de afeto para quando chegarmos no Santuário? Shun ainda precisa descansar. – Sugeria Camus.

– Prontos? – Chamava o ariano.

O dourado de Aquário levantou-se e, depois que apagou o fogo, caminhou pela casa de forma a conferir se tudo estava em seus devidos lugares, terminando por desligar o gerador a diesel. Por mais que adorasse o frio Siberiano e aquele lugar tão calmo e silencioso, começava a sentir uma estranha falta da voz insistente de um certo escorpiano.

O pequeno lemuriano buscava os potes de vidro com as amostras de plantas que o pisciano e ele haviam coletado mais cedo, acondicionando todos em seu embornal, de forma a não quebrarem, da maneira que o mestre de Peixes lhe orientara. Não podia esquecer aqueles vidros, afinal, eram a prova da tal missão secreta que haviam empreendido. E que de secreta nada mais parecia ter.

Afrodite segurava Shun nos braços, enquanto este enlaçava seu pescoço e aconchegava o rosto e o nariz quente pela febre logo abaixo do queixo do mestre, num ato involuntário de buscar a segurança que tanto sentia quando sorvia o aroma de rosas do pisciano.

A ventania, que trazia em seus braços a neve que já se acumulava no exterior da resistente casa de madeira, parecia ter oferecido uma trégua, como se a própria natureza se despedisse daqueles que trouxeram novamente paz àquelas gélidas terras. A brancura da neve parecia refletir todo o regozijar de Bluegraad e das águas do Baikal em gratidão pelos préstimos daqueles cavaleiros que haviam livrado os cidadãos da influência maligna do guerreiro azul Alexer transmutado pelo cosmo residual do espetro de Balron.

Como a coroar a já saudosa presença dos cavaleiros do gelo em suas terras, a Sibéria despedia-se em bela aurora boreal celeste e esverdeada como o olhar do jovem cavaleiro que, com suas novas habilidades e seu cosmos semi-divino, transbordara-se em bondade, calor e sentimento naquelas terras tão acostumadas aos distanciamento e à contensão das emoções. Tudo parecia mais claro e tranquilo, como se as almas dos cavaleiros representantes das constelações do norte abençoassem aquele que transitaria entre a luz e as sombras.

No interior da casa, os cavaleiros e o pequeno Kiki fizeram um semicírculo próximos de Mu, e desapareceram no ar, deixando a morada dos cavaleiros de gelo tomada por um imenso silêncio, para enfrentarem a anarquia que parecia ter tomado a casa de Áries. Teriam de enfrentar toda a elite dourada, um certo irmão ciumento, e, ainda, Athena e o Grande Mestre, que por aquele momento, já se encontravam nas escadarias próximas à primeira casa.

(Continua...)


Notas Finais


Muito obrigada pelo carinho dos comentários, vcs são uns amores.

E obrigada também pelo apoio com a nova fanfic 'Fragmentos de cosmo'
https://spiritfanfics.com/historia/fragmentos-de-cosmo-8285942

Quando penso no que vou escrever, sempre lembro das carinhosas palavras de apoio e me sinto muito feliz.
Obrigada tb aos que favoritam e aos que leem em suas bibliotecas. Muito obrigada.
Estamos chegando ao fim...
Bjs!


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...