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História Reflexões da Alma - Reminiscências da memória


Escrita por: Dasf-chan

Notas do Autor


Olá!

Essa missão de Camus e Shun anda causando emoções estranhas nos amigos.

Bjs!

PS: Em tempo 23/10/2016: Consegui fazer o print screen da cena que eu queria como capa para a fic! Precisei colocar o DVD e achar a cena no início da saga Hades. Bjs!

Capítulo 6 - Reminiscências da memória


Estava tenso, pensava o que teria acontecido para Athena mandar Shun a um lugar como aquele, apesar de sempre dizer o quanto amava seu amigo e o quanto era grata a ele. A voz doce e pacífica do seu anjo parecia ecoar em seus ouvidos, como a lhe dizer para ficar calmo. Seu sorriso sincero a lhe transmitir a serenidade de que tudo ficaria bem. Mas seu coração galopava acelerado a teimar em acreditar nestas palavras. Tentava entender o que o cavaleiro de Peixes havia dito, o que escutara no Templo, tudo parecia girar em sua mente. Iria encontrar as respostas, nem que, para isso, precisasse evadir-se do Santuário.

-----*-----

A descida de Hyoga por aquelas escadarias parecia mais longa que o de costume. Pedia autorização para passar pelos salões, e, assim como fora na subida, não esperava a resposta.

Os cavaleiros dourados haviam recebido uma orientação advinda do próprio cosmo da deusa para que compreendessem as atitudes inconformadas tanto de Ikki quanto de Hyoga, afinal, ainda eram jovens inflamados pelas intempéries que se abateram sobre eles ao lutarem em prol da justiça e da esperança.

Era comum que, apesar de terem recebido o mesmo pedido de Athena, cada cavaleiro individualizasse seu comportamento conforme lhe fosse melhor entendido, tomando cuidado, apenas, para não ir contra a clara e patente orientação recebida. De acordo com a necessidade, conseguiam se adaptar bem, como um certo escorpiano dourado.

Na oitava casa, o cavaleiro implacável interrompeu a firme caminhada de Hyoga, chamando-lhe de maneira crítica e tenaz, aborrecido que estava com a missão para a qual o cavaleiro de ouro de Aquário havia sido designado.

Encostado em uma das pilastras internas do salão, fitava o caminhar congelante do mais jovem.

– Ei, garoto! Não devia ter sido você a ir com seu mestre? Hein?

O frio cavaleiro tentou ignorar o venenoso dourado. Afrodite parecia ter razão, pois irritado daquele jeito não conseguiria deixar o outro falando sozinho sem um grande esforço.

Em se tratando de Milo, sua tenacidade e força de vontade sempre foram únicas, mas também era muito sensível e facilmente afetado pelas circunstâncias. Naquele caso específico, pouco tempo depois de seu amigo chegar da Sibéria com o pupilo, já estava em nova missão que, em sua opinião, não devia ser realizada pela dupla escolhida. Outros cavaleiros também eram diplomáticos e capazes de se adaptar ao frio como Afrodite, ou até Shunra, ou até Mu.

Além disso, por que enviar o jovem Shun com Camus? O menino ainda não havia testado seus poderes fora do Santuário e seria um risco levá-lo para dar trabalho em vez de ajudar.

Sentia-se ressentido por não ter sido convocado para acompanhar o amigo, afinal, ficara aqueles últimos meses apenas tomando conta das defesas e não fora escolhido como mestre para nenhum cavaleiro. Estava tão entediado como o dourado Kanon, que também ficara encarregado das defesas, mas não se incomodava tanto com a falta de atividades estimulantes do lugar. Tudo se resumia em treinar e vigiar.

Como o outro continuava a caminhar sem lhe dar atenção, voltou a perguntar, sem conter sua arrogância latente.

– Interessante... Por que a deusa enviou aquele cavaleirinho em vez de ti, o discípulo tão eficiente do meu amigo?

– Por que não pergunta diretamente pra Athena?! O Templo não é longe!

– Olha como fala comigo, miniatura de Camus!

– Eu falo como eu quiser!

– Então, vamos conversar melhor! Do meu jeito! – Milo já se colocava em posição de ataque, estava entediado com a falta de ação no Santuário e uma briga já estava demorando a acontecer.

Imaginava que nem receberia punição, uma vez que argumentaria que a luta fora em defesa de sua honra, por ter sido ofendido em sua própria casa. Não uma grande ofensa, mas o suficiente para trazer um pouco de agitação de certa forma justificada.

Contudo, Hyoga lembrou-se das palavras de Afrodite, para que tentasse não fazer nada estúpido. Suspeitava que o pisciano estivesse tramando um plano para ajudar Shun e queria participar. Não era o momento de se envolver em brigas desnecessárias.

– Ah, Milo, vai provocar outro... Não estou com vontade de ficar congelando suas agulhinhas... – Alfinetou Cisne, mantendo sua altivez, sem entrar na briga de fato, enquanto voltava a sua caminhada, deixando o salão da casa de Escorpião marcado com suas pegadas congeladas.

Antes que alcançasse a saída, o dourado agiu em uma última tentativa de saber detalhes do acontecido mais cedo no Templo e, ao mesmo tempo, fazer umas das atividades mais divertidas: implicar com Cisne. Se não tinha Camus por perto como alvo de suas brincadeiras, utilizaria o pupilo, que seria tão frio e altivo, se não fosse a imaturidade características da fase pela qual passava.

Restrição! – Gritou o dourado, liberando ondas de energia que tinham o poder de anestesiar o sistema nervoso central, além de estimularem as supra-renais a secretarem uma quantidade colossal de adrenalina causando paralisia total em quem fosse atingido por elas.

– Agora nós vamos conversar e você vai me contar tudo que sabe!

Diante da provocação e sentindo golpe, Hyoga elevou seu cosmo e neutralizou as ondas com seu ar frio, sem deixar que seu orgulho o forçasse a revidar.

– Não vou discutir com você, Milo. Se quiser esclarecimentos, procure Shion ou a própria Athena. – Afirmou, resoluto, desfazendo-se das ondas de energia e deixando o dourado esbravejando sozinho, saindo do salão e continuando a caminhar até o alojamento. Nem se preocupava em como seria quando precisasse passar novamente pela oitava casa. Talvez tivesse que conversar com o inquieto escorpiano. Contudo, por ora, manteria o controle emocional.

Enquanto caminhava, sua mente o levava a um outro momento. Logo a imagem de Shun imobilizado por seus círculos de gelo voltou-lhe a mente. Não conseguia se perdoar pelo que fizera e parecia que o mesmo quase acontecera com ele se não estivesse controlando suas emoções e seu cosmo como Afrodite havia sugerido, como se desconfiasse do que aconteceria quando passasse por Escorpião. Conseguia entender como era realmente desagradável ser forçado a algo que não desejava fazer.

Sentiu o cosmo de Ikki logo à frente inflamado e raivoso logo à frente e preferiu continuar. Teria que se contentar para manter a calma com o objetivo de falar com o pisciano mais tarde, uma vez que Fênix estava quase descontrolado. Aiolia teria um grande trabalho junto do pupilo, que gritava e emanava o cosmo, tanto quanto o mestre.

Pareciam dois leões lutando pelo mesmo pedaço de carne. Neste caso, um desejava sair e tomar satisfações com o Mestre do Santuário, o outro tentava fazer o pupilo entender que deveria deixar o irmão mais novo experimentar suas habilidades e aprender fora dos olhares protetores dos mestres e dele mesmo. Fênix ainda teimava em proteger o irmão a todo custo, principalmente quando não entendia a causa dos fatos, o que levara Athena a escolhê-lo em vez de Hyoga para uma missão na Sibéria.

O chão aos pés de Hyoga estremecia a cada emanação de cosmo dos leoninos, deixando o salão da casa tão quente que sentia como se caminhasse em uma praia após um ensolarado e intenso dia de verão. Ficavam poças de água por onde passava, pelo gelo descongelado das pegadas.

Apressou-se a chegar em Câncer; seu protetor já estava na arena tentando fazer com que alguns cavaleiros despertassem o oitavo sentido, apesar de já ter desistido há meses de continuar naquela ingrata tarefa.

Para Máscara da Morte, os treinamentos eram mais uma forma de diversão do que verdadeiramente sérios. Quando se impacientava, mandava os jovens de bronze sob sua tutela para o Sekishiki e descansava, deitado em um dos degraus da arquibancada. Até era engraçado de se ver. Os cinco jovens apagados no chão, um nauseante odor de enxofre e o dourado ressonando.

O jovem continuava descendo, ainda sentindo o calor experimentado na quinta casa, passando o mais rápido que podia pelas últimas três casas, os dourados não se encontravam presentes, já estava no meio da manhã, e deviam estar igualmente na arena.

Aquela caminhada com os pés quentes efervescia sua mente, que o levava a lembrar de um verão específico da época do orfanato.

Quando menor, gostava de ficar olhando o mar, lembrando-se de sua amada mãe, de sua Rússia, com saudades do frio enquanto sentia o calor da areia sob os pés. Ficaria horas sozinho, se assim o deixassem.

Contudo, sempre que melancolicamente procurava a solidão de seu isolamento, Shun o encontrava em sua escuridão e o iluminava com sua presença amigável e sincera. Na maioria das vezes, apenas sentava ao seu lado e lhe fazia companhia enquanto fitavam o entardecer. Quantas vezes escutara do amigo os conselhos que este ouvira do padre que ele e o irmão conheceram antes de irem para aquele orfanato. Sua voz doce e melodiosa em um desses momentos pontuados de longos silêncios ainda ecoava em sua memória.

– Sabe, Oga... Acho que sua mãe iria ficar menos feliz se visse você assim... Tão triste...

– Mas eu não estou triste. Só estou pensativo.

– Ainda consegue se lembrar dela?

– Claro! Lembro de tudo! Sua voz quando cantava para eu dormir... Seus olhos tão azuis como o céu... Seu cabelo como as pétalas daqueles girassóis do quadro da igreja... Sua pele tão branca como a espuma dessas ondas...

– Ela devia ser bonita...

– Mais que bonita, era linda! Queria vê-la novamente...

– Eu sei, Oga. Quando a gente deseja algo com muita vontade, o que desejamos vem até a gente. Eu acho que, um dia, você pode conseguir vê-la novamente... Quem sabe...

– É... Quem sabe...

– E o que você faria quando encontrasse ela?

– Eu daria a ela uma rosa bem bonita!

– E se ela visse você assim, com essa água toda nos olhos?

– Ela ia pedir para eu enxugar...

– Então... Acho que ela não ia gostar de te ver assim tão triste...

– Eu... Só estou pensativo... É que eu fico assim... Quando penso nela, no navio afundando... Todo dia eu lembro...

– Acho que ela iria querer que você fosse feliz... Não foi por isso que ela salvou você? Para que fosse feliz, um dia? Ela salvou você para que, um dia, pudesse encontrar a felicidade...

– Eu não quero ser feliz sem ela...

– O padre disse que as pessoas que amamos nunca morrem... Nunca somem... Apenas partem antes de nós... Um dia você encontrará com ela...

– Você acha?

– Eu tenho certeza. Foi o padre que falou... Acho que padre só pode falar verdade, né?

– Acho que sim...

– O sol já se pôs... Vamos voltar ou você quer ficar aqui mais um pouco?

– Quero ficar...

– Posso ficar com você?

– Pode. Obrigado...

– Pelo quê?

– Por estar do meu lado...

– Você é meu mais querido e amado amigo, Oga! Nunca deixaria você sozinho! Se eu pudesse, eu tirava essa tristeza amarga do seu coração e adoçava com o mel do sol...

– Só você mesmo!

– Só eu o quê?

– Sol tem mel?

– E a cor dourada não é igual?

– Só você para me fazer sorrir, num dia como este...

– Você fica bem melhor sorrindo! Todo mundo fica melhor sorrindo!

O jovem virginiano tinha essa maravilhosa capacidade de levar alegria ao seu coração magoado pela dor da perda ainda pungente, e fazê-lo pensar em coisas boas ou divertidas, o tirando da escura e fria tristeza que se apossava dele daquelas horas.

E assim, pensativo, chegou ao alojamento e procurou seu quarto. Shiryu estava treinando com seu mestre, Kiki estava com Mu, então, poderia ficar sozinho com suas elucubrações, tentando encontrar uma resposta, ou, pelo menos, acalmar o galope desenfreado de seu aparentemente frio coração.

Quase enlevado pelo sono, a reminiscência das palavras do amigo naquela praia ainda ecoavam em seu coração, sempre acalmando-lhe a alma aflita.

– O padre me disse que as mais difíceis provações decorrem do fundo sombrio de nossa individualidade...

– Como assim, Shun? Quer dizer que ficar sofrendo assim é minha culpa?

– Não é isso... As nossas aflições procedem de nossa incapacidade de lidar com os desafios que a vida nos impõe... Assim como o lodo mais intenso, capaz de tisnar um lago, procede de seu próprio seio...

– Mas a minha mãe foi tirada de mim! Eu fui arrancado dela! Seria melhor que eu tivesse morrido com ela naquele navio!

Dizia enquanto virava o rosto para que o menor soubesse de seu incômodo em falar daquele assunto.

As gotas cristalinas que fluíam de seus olhos refletiam o alaranjado sol poente. Em um gesto delicado, Shun tocava o rosto do amigo, tentando não deixá-lo perceber que estava condoído com sua dor e com aquelas palavras. Queria apenas que o outro percebesse que não estava só.

– Você não devia dizer isso, Oga... Nós não iríamos nos conhecer se você morresse com sua mãe... E eu não teria o melhor amigo do mundo todo!

– Eu sinto tanto a falta dela...

– Sabe... Acho que mais vale chorar sob os aguilhões da resistência que sorrir ante a aparente paz da queda... Que sorrir por não ter experimentado a dor de tentar sobreviver... Olhe o sol... Ele se põe todos os dias de forma tão bela, parece uma pintura, um espetáculo divino... A maioria não consegue parar seus afazeres para olhar, mas o sol continua o seu caminho apesar de ser ignorado, dando lugar à linda lua... E no dia seguinte, tudo recomeça, mesmo se desejarmos parar o tempo... Será o momento de buscar nova compreensão, outra visão do objetivo de estarmos vivendo... E a cada instante lembrar que é preciso continuar sempre aprendendo...

– Mas o que vou aprender com essa dor que me sufoca de tanta saudade?

–  Aprender que amanhã será um novo dia... Que a paz chegará para nós... Basta que a busquemos com afinco...  

– Quero ficar aqui... Pensando na minha mãe...

Dizia, dando as costas para o mar, para o sol alaranjado que admiravam, apertando as pernas com os braços, enquanto apoiava a testa nos joelhos, deixando os finíssimos fios dourados caírem em volta, impedindo que seu rosto molhado de lágrimas pudesse ser visto pelo amigo.

Por alguns momentos sentiu-se só, como se o outro levantasse. Olhou de soslaio por entre o cabelo que caía liso sobre seus olhos azuis e não viu mais Shun ao seu lado.

Antes que pudesse voltar a se afundar em seu infinito mar de solidão, sentiu um punhado de água fria a molhar sua cabeça, o que o fez levantar-se de pronto.

– O que está fazendo?! Essa água está gelada!

– Quem sabe você não queira se vingar?!

Dizia o menor enquanto corria, sendo seguido pelo mais velho até a bruma que as suaves ondas formavam, tentando se desvencilhar da água fria que Hyoga jogava nele.

– Por que você faz isso, Shun?!

–  Isso o quê?!

–  Por que não me deixa em paz para sofrer pela minha mãe?!

–  Porque você merece ser feliz! E porque você é meu melhor amigo e eu não gosto de ver você triste!

Dizia, enquanto corria do mais velho que tentava molhá-lo. Riam-se como se mais nada existisse no mundo. E, naquele momento, não existia nada mais.

Mesmo com essa agitação de alguns cosmos no Santuário, a maioria aproveitava aquele dia de inverno como se fosse um outro qualquer em suas vidas. Dali a um mês e alguns dias, aquele ano de tantas batalhas e guerras, que ceifaram a vida de tantos cavaleiros, findaria, fazendo com que ficassem no passado aquelas memórias. Contudo, algumas lembranças ficariam. Precisavam ficar para manter acessa na memória a chama de algumas lições.

            (...) De onde é que vem esses olhos tão tristes?
             Vem da campina onde o sol se deita
             Do regalo de terra que teu dorso ajeita
             E dorme serena, no sereno e sonha

             De onde é que salta essa voz tão risonha?
             Da chuva que teima, mas o céu rejeita
             Do mato, do medo, da perda tristonha
             Mas, que o sol resgata, arde e deleita

             Há uma estrada de pedra que passa na fazenda
             É teu destino, é tua senda onde nascem tuas canções
             As tempestades do tempo que marcam tua história,
             Fogo que queima na memória e acende os corações (...)

(Continua...)


Notas Finais


No próximo, saberemos com mais detalhes sobre a missão, vamos até a Sibéria.

Obrigada a todos que nos acompanham até aqui e que estão curtindo ler esta fic.
Bjs! ;-)

PS: Link para as fics que serviram de escopo para esta:
https://spiritfanfics.com/historia/no-limite-da-espera--1a-temporada-5785039
https://spiritfanfics.com/historia/no-limite-da-espera--2a-temporada-6074433
Obrigada pelo carinho! Como sempre digo, aceito opiniões e sugestões!
Beijos!!!


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