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História Reflexos de uma Injustiça - Confronto


Escrita por: Mumble

Capítulo 10 - Confronto


Fanfic / Fanfiction Reflexos de uma Injustiça - Confronto

Capítulo 10

SEUS ARGUMENTOS NÃO FAZIAM O MENOR SENTINDO.

— Do que você está falando Niklaus? — indaguei quando consegui me livrar de suas fortes mãos e me afastar desconcertada com sua súbita e inesperada acusação. — Por que eu sou uma assassina? Por quê?

Ambos estávamos com os ânimos alterados, bem que Bonnie me alertou que não seria fácil.

— Você pensou que nunca saberíamos não é mesmo Caroline? — questionou-me voltando a se aproximar me rodeando como um gato rodeia a presa antes de atacar. — Pensou que eu seria aquele bobo que acreditava em tudo o que me dizia aquele homem crédulo que cegamente acreditou em sua inocência?

Ele havia mudado, mudado muito, na aparência ainda era o mesmo, mas seu interior estava cheio de rancor e amargura, seus olhos refletiam isso.

Eu sempre soube que ele duvidaria de mim assim como todos, era questão de tempo.

— Por mais que você não acredite Niklaus... eu sou inocente, fui presa, julgada e condenada injustamente e fiquei esses seis anos e dois meses pagando por um crime que eu nunca cometi. — esclareci mais uma vez, jamais me renderia e diria o contrário, jamais, pois esta é a verdade, mesmo todos descrendo.

Outro riso se seguiu, dessa vez havia humor nele, sua gargalhada me machucou com demasia, afinal ele estava zombando da mais pura verdade.

— Não importa para mim que ninguém acredite, não mais — murmurei tentando conter minhas lágrimas. — Não importa... talvez um dia você saiba a verdade, ou talvez não, mas ninguém conseguirá tirar de mim a sensação de ter a consciência limpa, ninguém, isso se manteve imaculado, se seis anos trancafiada e abandonada não conseguiu me tirar este sentimento, acredite Niklaus — pausei o olhando seriamente enquanto ele prosseguia com seu riso estúpido estampado nos lábios. — Não serão suas palavras e nem as de ninguém que vão me tirar essa paz que carrego dentro de mim.

Ele sentou-se casualmente na cadeira principal rente a enorme mesa de vidro, esticando suas longas pernas cruzando os pés e seus tornozelos e me olhou contemplativamente.

— Palmas... muitas palmas para esse seu discurso Caroline — voltou a zombar batendo palmas com as mãos fazendo eco pelos quatro quantos de sua sala. — Olha, se eu não te conhecesse bem juro que cairia facilmente nesse seu discurso barato e fajuto, mas sei do que é capaz... eu sei sua assassina.

Nada do que ele dizia fazia sentindo, absolutamente nada.

— Santo Deus, do que está falando Niklaus, do quê? Por que eu sou uma assassina, me explique! — exigi desta vez não suportando mais essa acusação querendo respostas.

Outro riso, dessa vez de amargura preencheu o ambiente.

— De quem mais... falo de minha irmã, aquela que você apresentou as drogas e destruiu.

O olhei estupefata. Rebekah usava drogas? A minha amiga Rebekah, aquela garota de estatura mediana, loira, bela, a irmã de Niklaus, minha melhor amiga que mais se parecia com uma estudante de ensino médio. Definitivamente eu não conseguia assimilar as acusações de Niklaus, eu que nunca sequer tinha visto de perto o que é uma pedra de crack ou um pacote de maconha, até aqueles guardas me levarem até uma sala isolada naquele bendito aeroporto e descobrirem a mercadoria em um fundo falso em minha mala... eu incitando Rebekah a ser uma usuária de drogas, eu?

— Do que você está falando? — vociferei indignada. — Rebekah usava drogas?

Não... Não podia acreditar, eu a conhecia tão bem, conhecia praticamente todas as suas amizades, havia um grande equívoco, um grande e inexplicável equívoco.

— Sim ela era dependente, descobrimos pouco depois de você ser presa e logo começamos a ligar os fatos... — o interrompi.

— Que fatos? — trovejei pressentindo que viria mais injustiças.

Liz nunca tinha me dito nada quando me visitava, eu acreditava que estava tudo bem com todos, mas agora sei que não era assim como eu imaginava.

— Você era a sua fornecedora e provavelmente quem a apresentou a esse precipício o qual a destruiu — acusou-me novamente sem piedade. — Pode deixar essa sua máscara cair Caroline, deixe-a cair, você não engana a mais ninguém!

Agora eu entendia muitas coisas, tudo se encaixava. Começava compreender agora o porquê de ter sido abandonada.

— É mentira! — gritei me revoltando batendo minhas mãos na mesa de vidro, as palmas arderam, mas não me incomodei, porém sua acusação sim. — Eu não sou uma traficante, não sou! Nunca usei drogas... jamais incitei ninguém a usar, cadê a Rebekah? Ela pode esclarecer tudo, peça explicações, a obrigue a falar. Niklaus eu não dei drogas a sua irmã, nem a ela e nem a ninguém... juro.

Klaus novamente demonstrou indiferença a minha tentativa de defesa contra seus argumentos cruéis e mentirosos. Seu perfil estava impassível, mas a ironia em seu sorriso era visível.

— Não jure doce Caroline, é em vão, já sabemos que foi você, as provas são claras... deixa eu te contar algo sua santinha do pau oco — disse com a voz complacente, mas, ao mesmo tempo, mordaz se levantando indo até o frigobar próximo a uma estante repleta de livros e caixas tirando de lá uma garrafa de uísque e um balde de gelo se servindo. — Quer uma dose?

Seu cinismo me irritava.

— Não, muito obrigada! — retorqui farta, dele só queria respostas.

Logo ele regressou, voltando a se sentar sorvendo seu drink tranquilamente, arqueei minhas sobrancelhas esperando ele terminar o que havia começado.

— Quando Arabella foi entregue a mim depois de Liz ter perdido a guarda dela perante o juizado de menores e ter tido o AVC.. — não ouvi mais nada, no mesmo instante recuei lhe dando as costas encontrando outra resposta para uma dúvida que eu não entendia e que agora sabia a resposta.

Fiquei parada, desta vez eu estando de costas para ele, absorvendo suas palavras.

— Não… espera, AVC? Não! Onde minha mãe está Niklaus? — perguntei voltando a fitá-lo, Klaus prosseguia bebendo lentamente sua dose de uísque. — Onde Liz está?

Comecei a chorar, o remorso me corroía, pensar que tantas vezes ainda estando presa senti raiva por ela também ter me deixado, e, no entanto não foi assim, minha mãe estava doente e quem sabe até morta.

— Onde ela está Niklaus? Me diga, por favor! — supliquei querendo uma resposta definitiva ao passo que me reaproximava dele puxando uma cadeira emparelhada a mesa me sentando próxima a ele profundamente magoada.

O cretino gostava de me ver vulnerável, o sorriso irônico tinha voltado, por pouco não me descontrolei, pois minha vontade era de bater nele, ele tinha esse dom de me fazer perder a compostura, mas felizmente sua resposta veio antes:

— Sua mãe, está viva... mas é como se estivesse morta, sofreu um AVC devido a tantos desgostos por ter uma filha como você e por ter perdido a adorável neta — explicou em uma deliberação lenta sendo cruel. — Está em uma espécie de asilo, uma clínica ou casa de repouso, como queira chamar que fica aqui mesmo na cidade, ou nos arredores dela, mas não me pergunte o endereço, porque eu não sei e mesmo se soubesse não a ajudaria, o que sei é que ela não anda, não fala... vegeta.

Niklaus havia se tornado um monstro, sua impassibilidade também me afetava.

— Depois que sua mãe teve o AVC eu já tinha a guarda de Arabella — prosseguiu o que iria me dizer antes de eu questionar sobre Liz. — Eu fui até a sua casa pegar os documentos de minha filha e por curiosidade acabei entrando em seu quarto, reviver lembranças, ser aquele mesmo tonto de antes, coisas do tipo my love, sobretudo ter respostas concretas, porque até aquele momento estava em um impasse tremendo sobre acreditar nas evidências ou em sua digníssima palavra.

Deixei a questão “Liz” para lidar depois, havia muito ainda a ser discutido.

— E pelo visto você encontrou, não foi? — perguntei ao novamente interrompê-lo.

Ele assentiu tomando o último gole de sua bebida.

— O que você encontrou? — questionei olhando para sua mão que agora brincava com o copo na mesa enquanto seu olhar refletia a mesma expressão vazia. — Vamos diga, o que você encontrou que te deu a certeza para te fazer crer que não sou inocente?

Ele se ajeitou em sua cadeira de couro olhando atentamente meus olhos vermelhos e provavelmente inchados.

— Não consegue adivinhar santa Caroline?

Suspirei derrotada pelo seu sarcasmo.

— Não Niklaus, não faço ideia — murmurei quase que inaudível.

— Encontrei droga Caroline... mais droga em seu quarto.

Deixei mais lágrimas despencarem de meus olhos, eu não tinha inimigos, não tinha, não conseguia imaginar que foi Rebekah, não, ela não foi, mas de uma coisa tinha certeza... ela sabe quem foi, ela é a única que pode esclarecer tudo, a única.

— Não há mais como negar Caroline, não , vamos confesse de uma vez — pediu ele zangado.

Não respondi. Eu não saberia convencê-lo do contrário; ele que acreditasse no que quisesse, a verdade já foi articulada.

— Vamos — atirou o copo de uísque na parede o quebrando em caquinhos e logo em seguida levantou-se abruptamente voltando a me agarrar pelos braços bruscamente querendo uma confissão que eu não lhe daria. — Diga, diga e confesse que é culpada... Diga.

Era impossível interpretar a expressão de Klaus, só o fitava com medo, não por ele ser alto e forte, mas medo mais daquele seu olhar. Seja lá quem arquitetou esse plano onde eu sou a vítima fez muito bem-feito e se o objetivo era fazer com que me odiassem, conseguiram.

— Niklaus — chamei-o calmamente olhando-o no fundo de seus olhos azuis celeste. — Sou inocente, pergunte a Rebekah, ela...

Klaus me soltou voltando a me dar as costas dessa vez agarrando seus cachos desgrenhados. Ele estava nervoso, esse seu gesto eu reconheci.

— Rebekah está morta Caroline, morta, ela morreu de overdose há seis anos, por sua culpa, você a matou! — gritou me deixando sem ar, sem movimento, sem reação.

Rebekah, minha companheira, amiga. Era difícil de crer que ela não estava conosco mais. Pensei em Mikael, em Esther, na dor deles por terem perdido a filha amada, a menina de seus olhos. Lembro-me da última vez que a vi, antes da sentença ser dada naquele tribunal, lembro de suas lágrimas, ela sabia que sou inocente.

Minha tábua de salvação, morta.

Não sei por quanto tempo fiquei ali, sentada naquela cadeira pensando em tantas coisas e ao mesmo tempo em nada, a surpresa ainda não havia passado. Por mais que Klaus me culpasse eu não me sentia uma assassina como ele julgava.

Klaus voltou a fitar a paisagem através da enorme janela que ia do chão até o teto, foi o que notei após olhar em sua direção outra vez, contudo dessa vez algo, que meus olhos ainda não tinham visto conseguiu prender minha atenção fazendo com que na mesma hora eu levantasse, a vontade de ver mais perto foi maior e se tornou uma necessidade.

Ao lado das persianas do canto esquerdo, próximo a ele, havia um pequeno gabinete e o que chamou minha atenção foi um porta retrato com uma foto dele com uma menina. Ambos sorriam, estavam na praia, de mãos dadas... só poderia ser ela, minha Arabella.

— É ela? — indaguei ainda vidrada na foto da criança junto de Klaus, mas aqueles olhos não deixava dúvidas que se tratava de nossa menina, e ela é linda, sempre foi. — É a nossa filha, Niklaus?

Ela assustadoramente se parecia mais comigo do que com Klaus, exceto pela expressão brincalhona e olhar desafiador, não havia mais dúvidas, era a minha filha.

— Sim! — afirmou Klaus confirmando o que eu já sabia caminhando em minha direção retirando o porta retrato de minhas mãos. — Essa é minha filha Caroline, e no que depender de mim você nunca a verá.

Senti uma onda de revolta me invadir, Niklaus não tinha direito de me tirar minha filha, não tinha.

Tantos anos presa naquele presídio mantendo a compostura, não virando uma selvagem, mas bastou suas palavras para que eu pudesse sentir uma fera se apoderar e tomar todo meu ser e esta estaria disposta a defender a sua cria de tudo e todos. Dei uma risada trêmula perante suas palavras, referente às acusações impostas a mim eu não argumentaria mais, seria como pedir para um ateu acreditar em Deus, perda de tempo, contudo, eu sou mãe de Arabella lutaria para tê-la ao meu lado e não permitiria que ele a afastasse de mim, não mesmo e estava disposta a tudo, absolutamente tudo.



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