1. Spirit Fanfics >
  2. Reflexos de uma Injustiça >
  3. Pequena travessa

História Reflexos de uma Injustiça - Pequena travessa


Escrita por: Mumble

Capítulo 5 - Pequena travessa


Fanfic / Fanfiction Reflexos de uma Injustiça - Pequena travessa

Capítulo 5

DESSA VEZ A SITUAÇÃO ESTAVA PRETA PRO MEU LADO.

— Fala comigo papai, por favor! — supliquei novamente mediante o seu silêncio inquietante libertando meus cabelos de um rabo de cavalo amarrando a fita cor-de-rosa na alça de minha mochila para não perdê-la, pelo menos angora podia recostar minha cabeça no estofado do carro confortavelmente.

Detestava quando meu pai me ignorava por completo tudo bem que dessa vez eu dei motivos, mas ele não precisava agir assim, pior castigo que ser ignorada não havia e isso era muito injusto.

Tentei inutilmente me concentrar na música que preenchia a comunicação não verbal entre nós ao passo que dava uma folga repuxando o sinto de segurança que persistentemente apertava demasiadamente meu ombro.

Meu pai havia sido chamado na direção depois de eu ter aprontado, de novo, mas dessa vez não havia motivos para tanto mau humor, salvar um animalzinho não era lá algo horrendo de se fazer, vamos combinar, mas eu acho que me atracar com minha companheira, no entanto...

— Papai, eu sei que não devia ter brigado com a Ceci, mas ela que agarrou meus cabelos e eu tive que me defender! — Me justifiquei visando fazer com que reconsiderasse quando a última música do CD favorito se encerrou e o silêncio se instalou entre nós.

Nada, nem uma palavrinha se quer ele dizia, sabia que ele seguiria o que já havia me advertido: “Em casa nós conversamos”.

E foi o que aconteceu, chegando em casa, como de costume, tomei banho, fiz o dever e antes que pudesse jantar eu e meu papai tivemos uma conversinha.

Ele olhava para mim tão severamente que eu soube que estava encrencada... muito encrencada.

— Se aproxime Arabella — pediu e assim o fiz, cautelosamente. Quando papai me chamava de Arabella em vez de só Bella sabia que estava zangado e decepcionado. — Vamos, sente-se aqui!

Suas mãos bateram no assento da sala, de frente para ele, um convite que eu adoraria recusar, mas sabia que se saísse correndo seria pior para mim.

— Estou envergonhado por você Arabella — disse assim que me sentei olhando em meus olhos sem se exaltar e nem gritar e eu não consegui mais olhá-lo, acho que se ele me batesse doeria menos, não que eu soubesse o que é apanhar, mas não haveria de ser pior que seu olhar. — São estes os modos que você aprendeu aqui nesta casa?

Abaixei a cabeça deixando a culpa falar por si só, não por ter salvado o animalzinho, disso eu não me arrependi nem um tiquinho sequer e se tivesse a oportunidade faria sempre, mas por ter revidado o ataque de Cecilia sim.

— Não ganhamos nada com o silêncio Arabella, espero uma explicação sincera, vamos me diga! — pediu meu pai querendo que eu repetisse o que eu fiz.

Fiquei em silêncio.

— Vamos Arabella quero uma resposta... porque você soltou o passarinho que sua colega trouxe para a aula de ciências? — perguntou papai me lançando outro olhar zangado quando levantou meu queixo me fazendo olhar para ele.

E eu passei a novamente explicar o que tinha acontecido:

— Estávamos no pátio na hora do recreio papai, e eu vi que a Ceci tinha trazido um passarinho... — papai me interrompeu.

— Não foi isso que te perguntei disso eu já sei. Quero saber o por que de você ter feito isso, vamos me explique?

Abaixei a cabeça me recusando novamente a falar, visto que se eu dissesse ele se aborreceria mais ainda.

— Arabella Forbes Mikaelsson, vamos me responda agora e com a verdade, porque você soltou o passarinho da sua companheira?

Fiz beicinho e novamente meus olhos se encheram de lágrimas.  

— Por que eu sou uma menina papai, por isso! — menti dando a explicação mais sensata não querendo lhe contar a verdade começando a chorar.

Se eu dissesse que estava ouvindo atrás da porta e o que eu ouvi quando estava na casa da vovó ele se irritaria mais ainda.

— Eu ainda não terminei Arabella, volte! — ordenou papai assim que eu sai do sofá decidida a ir para o meu quarto.

Voltei no mesmo instante, estava com os braços cruzados e a respiração ofegante por causa do choro.

— Filha minha não é gente má, travessa sim, mas má não, jamais repita isso filha, te conheço o suficiente para saber que não fez por maldade — disse de um jeito mais brando deixando que eu me acalma-se. — Vamos ver se te ajudo, você queria que o passarinho fosse embora não é?

Assenti, na verdade era quase isso, ou basicamente.

— E depois que você soltou o passarinho sua amiga se irritou e vocês brigaram, não foi? — questionou voltando a ficar sério.

Papai era bipolar.

— Sim, ela se irritou porque o passarinho dela foi embora e começamos a brigar até a inspetora aparecer e nos levar para a direção — confessei novamente.

Outro olhar de desaprovação tomou conta de seu belo rosto. Papai sempre foi muito lindo para ficar com suas expressões severas. 

— E você acha que é correto duas meninas se pegarem na base do tapa Arabella?

Neguei, voltando a abaixar a cabeça.

— Eu quero que você me responda com a voz mocinha! — exigiu com sua própria voz firme.

Funguei espalmando a manga do pijama no rosto para limpar as lágrimas.

— Não papai... não é certo, mas foi a Cecilia quem começou!

— Não tem mais e nem meio mais Bella, não que eu vá justificar a atitude da sua coleguinha, pois ambas estão erradas, mas não foi certo fazer o que você fez, sabe bem que não deve mexer no que não é seu, não sabe?

Ele tinha razão.

— Sim papai — concordei com a voz e a cabeça.

— E como você admite que o que fez foi errado e acrescenta o fato de eu ter sido chamado no colégio eu não preciso nem dizer que você...

Revirei os olhos já sabendo o que me custaria toda aquela conversa.

— Que a Arabella novamente está de castigo, não é? — completei já sabendo que essa parte chegaria.

Detestava ficar de castigo.

— Exatamente, filha esperta essa minha! — ironizou.

— E qual será o castigo dessa vez papai? — fui direta deixando o banquinho e indo para seu colo e felizmente não fui rejeitada e sim muito bem acolhida.

— Sem televisão, sem saídas e sem besteiras por 4 dias.

Fechei a cara, pensei que fosse só o fim de semana, mas 4 dias.

— Mas papai... — tentei ir contra brincando com sua gravata.

— Sete dias! — aumentou quando eu tentei protestar.

Engoli em seco. Não protestei novamente, sabendo que a quantidade de dias poderia aumentar.

Após a sentença do papai jantamos juntos e depois eu tive de escovar os dentes antes de ir dormir frustrada por não assistir o canal de desenhos, mas eu entendia que dessa vez tinha extrapolado.

Meu anjinho da guarda, minha doce companhia, não me desampare nem de noite e nem de dia, porque se me desamparar eu ficarei perdida… em nome do pai do filho e do espírito santo, amém! — disse ao terminar de fazer o sinal da cruz fazendo menção para deitar, mas me impedi esquecendo-se do mais essencial, assim sendo voltei a me ajoelhar unindo novamente minhas mãos apoiando os braços na cama. — Papai do céu e menino Jesus peço perdão por brigar com a Ceci e soltar seu passarinho, mas é que fiquei triste quando eu vi aquele animalzinho preso, talvez a mãe dele precisasse dele assim como vocês aí no céu sabem que eu preciso da minha mamãe, vocês sabem que eu ouvi o que a vovó disse pro vovô, em uma conversa de adultos, sobre minha mamãe também estar presa, coisa que não entendi muito bem, eu só imaginei que fosse que nem o passarinho da Cecilia e peço assim como eu fiz com o passarinho hoje, que alguém liberte a mamãe e ela venha até mim.

Com esse pensamento tornei a voltar a deitar e esperar pelo sono.


Notas Finais


Música para o capítulo: https://www.youtube.com/watch?v=VuNRoHwrTWE

Gostaram? Torço para que sim!
Até o próximo.


Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...