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História Reflexos de uma Injustiça - Nostalgia


Escrita por: Mumble

Capítulo 6 - Nostalgia


Fanfic / Fanfiction Reflexos de uma Injustiça - Nostalgia

Capítulo 6

UM REFLEXO DA GRANDE INJUSTIÇA QUE SOFRI e que ficou e certamente ficará enclausurado em mim seria a vergonha. Sim, eu tinha vergonha de ser uma ex presidiária, tinha vergonha de encontrar pessoas que fizeram parte de meu passado e ter que dar explicações, afinal seis anos, são seis anos. Quiçá se eu fosse culpada talvez aquela sensação “paguei pelo que fiz” me dominasse e fizesse atenuar esse sentimento incômodo, mas como sou inocente e paguei por um crime que não cometi essa sensação não me deixava. E havia também os deboches, eu dizer que sou inocente depois de seis anos presa é motivo para ironizarem isso.

Jamais me preocupei com a opinião alheia quando o assunto sou eu, entretanto, pensava no que as pessoas diriam e o que eu lhes responderia quando me vissem, e só pude me dar conta deste novo sentimento quando, ao constatar que minha antiga casa estava abandonada e que não havia vestígios que minha mãe tivesse regressado, saímos atrás de respostas através dos vizinhos, claro pedi para Bonnie, em um ato covarde, para ir questioná-los, a ideia deles me verem e ficarem fazendo perguntas e de eu sentir a reações das pessoas que praticamente me viram crescer sob o fato de eu ter sido presa seria muito desconfortável.

— E então Bonnie, conseguiu alguma coisa com os Stevens? — perguntei esperançosa assim que ela estava próxima o suficiente e pudesse me ouvir.

Os Stevens eram meus vizinhos mais antigos, se não fossem com eles certamente não teria mais a quem perguntar sobre minha mãe. Quando estava no presídio, 2 anos depois de minha condenação, assim que conquistei a amizade de Bonnie pedi para que ela viesse até este bairro obter notícias sobre o paradeiro de Liz e na época lhe deram a mesma resposta de agora.

— Não Carol, estes senhores que me atenderam também não sabem de sua mãe — disse, por fim, após adentrar no veículo. — Quer tentar outro vizinho?

Eu não entendia onde Liz teria ido, o único lugar provável seria em Oregon, onde meu pai possivelmente ainda morava com sua outra família, mas descartei essa possibilidade, visto que, minha mãe não iria atrás dele, e ademais ela só tinha a mim. Tudo estava muito estranho e cada vez mais estava convicta que o único que poderia me dar essas respostas seria Klaus, afinal minha mãe havia entregado Arabella para ele, os vizinhos me certificaram isso, assim então certamente ela lhe deu alguma satisfação ou pista para onde iria.

— Não... — respondi incerta. — É melhor eu pegar o que tenho de pegar na casa de minha mãe e irmos atrás de Niklaus.

Bonnie assentiu e arrancou com o carro mais uma vez.

— Preparada? — questionou ao estacionar novamente de frente a minha antiga casa.

Dei uma olhada pelo terreno abandonado com o mato alto e as janelas completamente embaçadas devido ao pó. A casa de minha infância.

— Quer que eu vá com você Carol? — ofereceu-se vendo como aquele breu me afetava.

Sorri me encorajando e encorajando-a.

— Se seu nariz suportar... — sugeri. Bonnie tinha renite e sinusite e o pó certamente se fazia presente lá dentro não seria propício para ela.

Como resposta aos meus argumentos ela olhou o vidro da janela da sala todo empoeirado e espirrou.

— Te espero aqui, só em falar em pó já me dá uma aflição — alegou coçando a ponta do nariz.

Sorri audivelmente desta vez.

— Certo, vou lá pegar algumas coisas e já volto, tudo bem?

Bonnie concordou e eu sai do carro caminhando pelo quintal dando graças aos céus por estar de jeans desta forma o mato que roçava minhas pernas não me incomodariam tanto.

— Não demora muito Caroline, por favor. — gritou buzinando olhando para os lados vendo como o lugar estava abandonado certamente com medo.

Sinalizei um "certo" com as mãos e caminhei até os fundos da casa, pois lá na varanda detrás, onde Liz costumava estender roupas, dentro de um vaso de barro, sempre havia uma chave extra enterrada na terra preta, mamãe sempre perdia as suas.

Admirei por um instante o balanço e a gangorra agora enferrujados por conta da chuva, e novamente voltei a pensar em minha filha, quando estava presa antes de saber que minha menina estava com pai imaginei que ela brincava nesses brinquedos. O carvalho majestoso ainda estava ali, e desta vez a lembrança foi de Klaus e de todas as vezes que ele o escalou para dormimos juntos; a árvore era mais alta que a casa e lembro que quando era criança os galhos sempre batiam na janela de meu quarto a noite seja por causa do vento ou da chuva, me fazendo pular da cama de susto e ir dormir no quarto de meus pais grudada sempre a minha mãe.

Ao lembrar-me de Liz deixei de lado as lembranças do passado e me empenhei em encontrar o vaso que ainda estava ali no mesmo lugar de sempre e após levantar as mangas da fina blusa que usava passei a cavar afastando a terra preta e por sorte não demorei a encontrar a chave.

Havia mais pó ali do que eu havia imaginado e algumas teias de aranha pendiam do teto, essa foi a primeira impressão que tive após destrancar a porta. Bonnie fez bem em não vir comigo, limpei minhas mãos em um pano de prato empoeirado próximo, por sorte a terra estava seca e não me sujei tanto.

Tentei em vão ligar o interruptor e como previsto não havia energia. A casa era a mesma que eu me lembrava, com exceção ao fato das paredes da cozinha terem sido pintadas em um tom mais claro. Ao passo que perambulava pela sala notei que o sofá estava revestido por lençóis cor bege... tudo estava ajeitadinho, não havia bagunça se não fosse a poeira tudo estaria como Liz conservava.

A hipótese de minha mãe ter viajado foi descartada no instante em que, ao subir para o andar superior e adentrar em seu quarto e abrir seu guarda-roupa notei que boa parte de suas roupas e seus pertences ainda estavam ali. Outra coisa que havia chamado minha atenção foi um berço que estava próximo a sua cama, onde certamente minha filha dormia.

A caminha de Arabella estava desarrumada, por mais que quisesse pegar uma das cobertas e inspirar seu cheirinho sabia que o pó não me possibilitaria esse prazer. Abri a cômoda fucei em seus pertences, suas roupinhas... desejei que ela não tivesse crescido e que o tempo não tivesse passado.

O ruído de Bonnie buzinando me alertou que já estava demorando demais.

Sai de meu transe encantada com tudo que pertencia a minha bebê, agora obviamente crescidinha Arabella, a única coisa que retirei daquele cômodo foi um álbum de fotos de minha pequena, que deixaria para ver no carro, mesmo desejando abrir e ficar admirando-a ali mesmo.

Rapidamente fui até meu antigo quarto, tudo estava do mesmo jeito que eu deixei antes de sair de viagem há seis anos, Liz conservou tudo. Dali em uma mochila, a que eu usava para ir a faculdade, guardei algumas roupas, mínimas, já que boa parte já não deveria me servir mais, não que eu tenha engordado, mas depois de ser mãe as proporções de meu quadril, seios e pernas mudaram um pouquinho. Peguei também minha pasta com todos meus documentos, meu antigo notebook e seu carregador e antes que eu pudesse sair avistei ao lado do abajur empoeirado, por sobre um emaranhado de livros de folhas amareladas e uma rosa vermelha murcha um minúsculo porta retrato em forma de coração que continha uma foto minha e de Klaus posta na mesinha próxima a minha antiga cama, caminhei até o mesmo e o peguei admirando por um momento.

Refletia um casal feliz, ambos sorriamos, aquela foto havia sido tirada por Liz uma semana antes do nosso noivado e de anunciar que estava grávida, pensei em pegar e levar, mas desisti, pois aquele tempo não nos pertencia mais e agora... agora só restavam cicatrizes de um ferimento que o tempo curaria.

[...]

— Muitas lembranças? — perguntou Bonnie sorrindo docemente assim que percebeu que eu havia me emocionado.

Entrei novamente no carro deixando a mochila no banco de trás ficando só com o álbum de minha menina nas mãos.

— Pegou tudo o que queria... descobriu algo sobre sua mãe? — questionou-me novamente hesitante com meu súbito silêncio.

Bonnie estava tão aflita quanto eu.

— Não... nada, o estranho é que as coisas delas estão ainda lá — informei-a derrotada.

Um pensamento momentaneamente passou por minha mente.

— Temo que tenha acontecido o pior — confessei começando a chorar, afinal era a única opção plausível para o desaparecimento de Liz.

Bonnie, como uma boa amiga me abraçou me confortando.

— Não pensei assim Caroline, e se ela por um acaso tivesse... — hesitou por uns segundos. — Viajado certamente alguém aqui na vizinhança teria essa informação, talvez ela não tenha avisado ninguém além de Niklaus… quem sabe até ela não esteja com ele? Afinal ela é avó da filha de vocês, pode ser que seja isso. Vamos não chore loirinha, você tem que pensar com lógica.

Assenti saindo de seus braços, limpei meu rosto ao passo que me ajeitei no banco do carro recolocando o sinto de segurança finalmente me controlando.

Bonnie tinha razão, eu tinha de pensar com lógica, Liz não estaria morta, ela não tinha morrido, não tinha.

— Onde vamos agora? — perguntou Bonnie entusiasmada mais do que disposta a me ajudar a encontrar todas as minhas respostas.

Eu diria que para a casa de Esther e Mikael, onde provavelmente estariam Niklaus e Arabella e com um golpe de sorte minha mãe também, mas não tinha certeza se ainda residiam lá então só havia um lugar onde eu poderia encontrá-lo. 

— Vamos à construtora C&I Mikaelson's, Bonnie. Lá provavelmente encontrarei Niklaus, vamos eu te instruo o caminho — disse decidida e animada.

Klaus era o único que poderia me esclarecer tudo. O único.


Notas Finais


Até o próximo!


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