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História Reflexos de uma Injustiça - Lembranças


Escrita por: Mumble

Capítulo 9 - Lembranças


Fanfic / Fanfiction Reflexos de uma Injustiça - Lembranças

Capítulo 9

ARABELLA NÃO COMPREENDIA O SIGNIFICADO DA PALAVRA NÃO.

Suspirei tendo de ouvir todos os argumentos de minha santa filha que tentava me dissuadir a tirá-la do castigo.

— Ah papai não seja malvado, por favor! — protestava Bella em ir contra a seu castigo.

— Então quer dizer que agora sou o malvado? — questionei-a sorrindo para mim mesmo. — A senhorita liberta o pássaro de sua amiguinha, depois se atraca com ela, a diretora me chama, te suspende por dois dias, dois e eu sou malvado por castigar minha filha travessa?

Esperei por quase um minuto Arabella responder do outro lado, ao que parece ela cochichava algo com sua preceptora.

— Mas pai, vai deixa, prometo que depois pode aumentar meu castigo por mais uma semana, mas deixa eu ir com a Lexi, deixa eu te imploro.

Não estava aberto a concessões.

— Bella — disse firmemente para que ela entendesse que não deveria ir contra ao que já estava decidido. — Isso não é uma negociação filha, você aprontou e está de castigo, não vou voltar atrás e definitivamente você não sairá de casa, somente na quarta e para ir ao colégio, somente.

— Mas... — tentou a novamente ir contra e eu poderia imaginar perfeitamente seu beicinho de brava.

— Nem meio “mas” Bella, papai está trabalhando, daqui a pouco ele vai pra casa, tenho de desligar amor meu.

Ouvi primeiro ela fungando, depois um soluço estridente e sabia que ela estava chorando. Me cortava o coração, mas não poderia voltar atrás caso contrário ela daria um jeito de me fazer ceder sempre e não poderia ser fraco na educação dela.

— A R A B E L L A? — chamei-a quando não ouvi mais seu choro e nem ruído algum.

— Alô? — repeti umas três vezes.

E depois reclama quando é castigada, santa paciência.

— Klaus? — chamou-me Lexi quando estava prestes a desligar. — Leve em conta que a menina está magoada por ouvir um não seu, não a castigue mais, por favor.

Lexi sempre partia em defesa de Arabella, ela é sua preceptora desde quando era bebê e sempre gostou muito de minha menina, encobrindo suas traquinagens, sendo sua cúmplice, gostava que ambas se gostassem tanto, assim Arabella não sentiria tanta falta de uma mãe.

— Deixa eu adivinhar — disse risonho imaginando o que a mau criada fez. — Ela abandonou o telefone e correu pro quarto, não foi?

Minha filha era uma figura. Lexi sorriu audivelmente confirmando que estava certo.

— Sim, ela está brava com você — alertou-me. — Queria muito que eu a levasse no cinema hoje como já tínhamos combinado, antes dela ser castigada.

Passei a reorganizar a papelada por sobre a mesa enquanto falava com Lexi. No sábado só ficava na construtora umas 4 horas, como a semana era corrida deixava o mais básico para solucionar nos fins de semana.

— Ela quem procurou Lexi — disse sentindo novamente aquele aperto no peito por ela sofrer, mas não voltaria atrás. — Leve-a ao jardim, brinque com ela, mas não diga que eu dei permissão, finja que será um segredo seu e dela, está bem?

Outra risada dócil foi proferida.

— Tudo bem Klaus, eu farei isso, ela vai se animar um pouquinho.

Era com isso que eu contava, minha filha de mau humor me deixava desconcertado e sempre me fazia perder as estribeiras e castigá-la mais, então para que isso não ocorresse permitiria que ela se divertisse um pouquinho, embora não mereça.

— Sei que vai... bom agora vou desligar, mas no máximo em duas horas estarei ai, até Lexi.

Não esperei pela sua resposta desligando o telefone no mesmo instante, terminei de assinar os registros a serem encaminhados ao cartório levantando-me e deixando-os postos no centro da mesa para Camille, minha secretária, mandar o despachante encaminhá-los ao fórum.

Um bater à porta me fez dar meia volta, estava próximo da mesma, então a abri me surpreendendo e, ao mesmo tempo, me desconcertando totalmente.

Era ela. Era Caroline.

Fiquei estático, sem reação.

Tantos sentimentos se apoderaram de mim enquanto olhava dentro de seus olhos, seus quentes e convidativos olhos, que a tempos atrás eu tanto amava, mas que hoje, agora não suportava admirar, pois eram falsos.

Lembrei-me na dor que essa mulher causou a minha família, a dor que causou a mim, enquanto a olhava tive vontade de estrangulá-la com minhas próprias mãos, mas me controlei, seria fácil demais.

Sorri sem emoção imaginando o quanto eu fui tonto por ter me envolvido com essa mulher que acabou com a vida de meus pais, essa assassina, que não só matou minha irmã, mas parte de mim também.

— C A R O L I N E — disse seu nome pausadamente sentindo o gosto amargo em minha boca, antes que eu fosse capaz de levantar a mão para a mesma lhe dei as costas, com punhos cerrados voltando a entrar em minha sala.

Eu tinha de me controlar, para não fazer nenhuma besteira.

A porta se fechou e ela me seguiu.

— Niklaus... precisamos conversar! — propôs caminhando mais para perto de mim.

Me afastei mais dela ficando de frente para a extensa janela; meus olhos poderiam aparentar admirar a cidade de Seattle, mas minha mente voltou-se para as lembranças do passado, recordações estas que tornaram a me atormentar novamente.

Até meus 17 anos teimava em ser do contra e estava crente que quebraria a tradição imposta pelos Mikaelson's de que o primogênito de cada geração seguinte quem daria sequência ao negócio da família fundado pelo meu tataravô, gerido pelo meu bisavô, avô, pai. Eu tentei ser o rebelde sem causa e me aventurei em ser pintor, tudo para tentar quebrar esse paradigma, contudo por mais que tentasse desviar para fugir dessa sina a mesma, de uma forma ou de outra, teimou em me perseguir. Me formei em engenharia e para minha surpresa eu soube que o ramo era algo que eu queria para mim. Ingressei na construtora sendo uma espécie de pupilo de meu próprio pai satisfazendo, por fim sua vontade, a de minha mãe e para minha surpresa a minha própria, mas só ser engenheiro não bastava para gerir a construtora, deste modo voltei a estudar, dois anos depois, administração.

Esse foi um dos maiores erros que cometi.

No 4ª semestre eu a conheci. Caroline despertou meu interesse nas nossas primeiras conversas quando a mesma ia até minha casa arrastada pela minha irmã. Rapidamente nos tornamos amigos através de Rebekah, ambas eram muito unidas, mas o fato de dividirmos experiências por estarmos no mesmo curso também ajudou; como consequência nos apaixonamos, iniciamos um namoro, noivamos e ela engravidou.

Lembrei-me do quanto a amei e o quanto me desesperei quando ela foi presa, julgada e condenada e a angustia por saber que nossa filha estava a caminho... tentamos revogar a sentença dada pelo juiz, mas foi impossível. Lembrei-me do quanto Rebekah ficou estranha com a prisão de Caroline, sempre inquieta, angustiada. Como não lembrar da tristeza por não ter Caroline em meus braços e podermos curtir os meses restante de sua gravidez.

Foi nessa época que eu, Mikael e Esther descobrimos que minha irmã era usuária de drogas.

Tentávamos entender o porquê, ou quem a induziu a entrar nessa roubada.

Recordei das vezes que fui ver Caroline no presídio nos dias que eram permitidas as visitas e, visando não preocupá-la omitia o caos que se passava em casa, só a apoiava e cuidava para a mesma não tivesse preocupações, mais do que deveria ter por estar encarcerada e o mesmo recomendávamos a Elizabeth, sua mãe, para mantê-la alheia ao que se passava.

Trouxe a lembrança de quando tivemos de tomar a difícil decisão de internar Rebekah em uma clínica de reabilitação, Stefan sempre ao seu lado a apoiando, bem como eu e meus pais. Foi nessa mesma época que meus pais, em busca de uma explicação do por que Rebekah se perder no mundo das drogas, passaram a desconfiar e então supuseram que havia sido Caroline, afinal ela foi à única que havia tido envolvimento com entorpecentes e a cada visita que faziam para minha irmã a mesma sempre perguntava pela futura cunhada, fazendo assim, com que nutrissem mais suspeitas entre Esther e Mikael e como consequência eles deixaram de visitar Caroline, acreditando que ela era culpada, no entanto ainda me custava a acreditar.

Impossível de esquecer quando recebi a ligação com a notícia que Arabella havia nascido, uma benção em meio ao caos.

A dúvida também surgiu em mim. Já que quando a visitava, bem como a minha filha no presídio Caroline sempre perguntava constantemente por Rebekah e eu mentia, já desconfiando de seu interesse em minha irmã dizendo que estava tudo bem, pois me negava a crer que ela era uma traficante e que induziu minha irmã a usar drogas e que provavelmente era sua fornecedora.

Me doía recordar quando Rebekah lamentavelmente conseguiu fugir da clínica de reabilitação e dois dias depois soubemos que ela estava internada em um hospital por conta de uma overdose.

Lembrei-me do desespero de meus pais, do meu próprio desespero.

Não consigo esquecer que antes de nos deixar Rebekah repetia muitas e muitas vezes o nome de seu namorado e de Caroline como se quisesse falar que era ela a culpada de sua desgraça.

A mulher a minha frente não tão somente matou minha irmã, mas toda a minha família também e por isso eu a odeio, com mais intensidade que um dia cheguei a amá-la.

O que atenuou nosso sofrimento, nos meses seguintes, foi recebermos Arabella. Foi um processo curto, eu queria a guarda da minha filha bem como Elizabeth, mas o juiz ficou a meu favor. No mesmo dia da sentença, foi demais para Liz perder a neta assim como havia perdido a filha, sofreu um acidente vascular cerebral e teve de ser internada as pressas, a coitada paga pelo erro da filha, perdeu os sentidos, a noção de quem é... vegeta em uma casa de repouso, uma vítima.

Jamais esquecerei do dia que, ao ir a casa de Liz recolher a documentação de minha filha encontrei, no quarto de Caroline, a prova que me fez ter a certeza de que a mulher que tanto amei de fato foi a responsável pela desgraça de minha família, lá, dentro da gaveta de sua escrivaninha havia mais drogas.

Todas essas lembranças se passaram rapidamente em minha mente como ressaltando que jamais perdoaria a mulher atrás de mim, jamais.

— Não me toque sua assassina, não me toque! — esbravejei quando senti suas mãos me tocando levemente e me virei agarrando seus braços querendo machucá-la assim como ela nos machucou.

Minha emoção maior ao voltar fitar novamente seus olhos era a revolta fria e potente.



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