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História Refúgio - Dramione - Capítulo único - Maré


Escrita por: ReidGray

Notas do Autor


Olá!
Essa é uma songfic da música do
Nx Zero - Maré.
Escrita por mim e Capittolia.
Beijos da Lay.

Capítulo 1 - Capítulo único - Maré


Fanfic / Fanfiction Refúgio - Dramione - Capítulo único - Maré

"Todo dia ela chega em casa e se pergunta, o que é que eu 'to fazendo aqui?"

Mais uma dia. 

Acordar, trabalhar, voltar, dormir. É um ciclo vicioso. É como estar em um mar de ressaca, onda após onda, a maré nunca desce ou sobe.

Essa é a sua vida.

Ela acorda todo dia se perguntando o que está fazendo da vida, porque tudo está dando tão errado assim. Planejou ter o emprego dos sonhos, um relacionamento incrível e o corpo desejado, planejou está no topo à essa altura da vida. Achou que não precisava de mais ninguém.

"Todo dia chega do trabalho, olha pro lado sem saber para onde ir."

Saiu da casa dos pais, arrumou um trabalho medíocre onde não fazia nada além da rotina. Voltava para casa apenas para ter mais trabalho, para ver que não tinha tudo o que sempre sonhou.

Deitava na cama e só queria dormir, queria se entregar a àquele vazio que era seu coração. Deixou o mar levar sua alma para onde não podia nadar. Onde não dava pé. Desejou encontrar a sua paz, boiar.

Ela queria algo a mais.

"Vê que a vida que leva não é a mesma que planejou quando era feliz. Todo dia isso se repete, ela procura um motivo pra sorrir."

Porque crescer podia ser tão difícil? Sentia saudades de casa, dos sonhos, das feridas que se curavam com um beijo da mãe.

Cresceu para descobrir que nada iria magicamente se resolver, que a louça ainda ia estar na pia, que o homem dos seus sonhos não ia aparecer montado em um cavalo branco e a salvar da torre.

Ela só queria um motivo para sorrir.

Ela só queria que a ressaca do mar viesse, só podia esperar que o tempo a ensinasse a nadar.

"Com o tempo a vida faz crescer e aceitar que de repente tudo muda e troca de lugar."

Uma manhã de sábado, um vento frio e um livro de romance embaixo do braço. Era quase uma tradição, seu pequeno momento de paz.

Apenas olhar pela janela do café na esquina do prédio onde morava. Apenas imaginar que tudo podia mudar. Um universo todo seu, tantas linhas paralelas.

— Cappuccino extra forte com creme, por favor!

Seu lugar de sempre estava ali, como se esperasse. Como se soubesse que ela ia voltar. Ela sempre terminava voltando para lá.

"Não se entregue e não deixe a maré te levar, só não deixe a maré te levar."

Era secretária, mas queria ser escritora. Trabalhava entre quatro paredes, de segunda a sexta, uma hora de almoço. Queria poder escrever onde desse vontade, quando desse vontade, onde seu coração se inspirasse. Usava roupas sérias demais, escuras demais, apertadas demais. Só queria poder respirar.

Sempre achou que estaria viajando pelo mundo, que carregaria seu caderno embaixo do braço pronta para escrever sobre tudo e nada. Sempre achou que já estaria amando e sendo amada.

Não gostava das ondas paradas. Não gostava de calmaria. Mar calmo não faz bom marinheiro, sua mãe dizia. Ela queria a aventura, mal esperava pela maior que teria em sua vida.

Sonhos se tornam realidade?

Frustrada ou não, cansada ou não, perdida ou não: ela sorria. Sorria porque isso podia mudar o dia de alguém. Ela só queria ser a mudança no dia de alguém.

Sua palavra de vida: sorrir.

Sorrisos que aqueciam o coração. Sorrisos que chegavam aos olhos mesmo sem motivos. Sorrisos que carregavam vontades intermináveis. Desejos inabaláveis, sorrisos que carregavam sua alma despedaçada. Apenas sorrisos.

"Todo dia ele toma um gole pra esquecer tudo o que deixou pra trás."

Xingamentos. Cobranças. Brigas. Palavras vazias.

Nada mais do que ela dizia lhe importava, deixou de ser algo especial há muito tempo. Tudo o que desejava era se libertar, bebia mais goles do que desejava, mais chances de tentar se livrar do peso que carregava em sua costas. Por que tinha que ser tão difícil?

Não aguentava mais, não queria mais continuar ali. Depois de mais um dia de trabalho, pedia apenas uma noite de descanso. Apenas um momento para sua mente relaxar, queria fechar seus olhos e esquecer seus erros quando era apenas um jovem ingênuo. Mas o tempo passou, suas escolhas pesavam quando chegava em casa e percebia quem era a pessoa que compartilhava sua vida. Ou tentava.

Queria voltar no tempo, mudar de trajetória. Não sair da cama, mesmo perdendo sua prova do semestre da faculdade. Queria ficar lá, vegetando, só que nunca preveria que um simples esbarrar seria sua ruína anos depois. Abrindo mão de sonhos, almejos, esquecendo quem realmente era.

"Todo dia ele se arrepende de não ter feito o que era capaz."

Engolindo mais um gole, olhando para aquela aliança se perguntava o motivo de ter adiado tanto tirá-la de lá? Ouvindo palavras sussurradas vindas dela, seu pior pesadelo. Atrás daquela porta lhe enfeitando mais uma vez.

Xingava-se em pensamento, como poderia ter sido tão tolo? Momento de fraqueza? Foi sua destruição. Tentando mudar algo que poderia ter evitado, querendo voltar onde poderia ter colocado um fim naquela situação.

Pousou o copo sobre os papéis que tanto tentava ler, trabalho, mais trabalho, afogava-se em tantos papéis, folhas descartáveis apenas para fugir da realidade. Desejando dormir em seu escritório, desejando o mesmo não estar em reformar apenas para não ficar em casa. Querendo fugir de tudo.

Levantou-se da cadeira, colocou o seu blaizer; seu cachecol. Tirando sua aliança enquanto ouvia gemidos que um dia ele foi capaz de provocar.

Saindo do escritório, saindo de sua casa, tentando ao máximo conseguir fugir de tudo.

"Vê que a vida que leva não é a mesma e essa rotina já não satisfaz."

Andando entre pessoas, sentindo seu corpo congelar. Sentindo seu celular vibrar, ignorando-o o quanto conseguia. Prosseguiu até chegar em frente a um bar, já era tão conhecido. Onde passou momentos felizes. Onde um dia ele tinha sido uma outra pessoa.

Entre um passo e o outro, parou.

Não queria mais nada, viver naquela rotina. Tudo lhe sufocava, queria ser livre. Sem ao menos hesitar virou-se caminhando entre pessoas tentando achar algum lugar onde poderia descansar. Onde poderia ser ele mesmo, onde poderia ser libertar. O celular vibrava, vibrava, vibrava. Irritou-se o suficiente para atendê-lo.

Decidido a colocar um fim naquela história, desistindo de tudo, percebendo que deveria ter feito àquilo bem antes. Arrependeu-se de ter perdido tanto tempo.

"Todo dia isso se repete e ele procura encontrar a sua paz."

— Acabou. Quero o divórcio. — disse ele tão firme que ouviu a voz surpresa do outro lado.

Estava parado, sem ao menos andar. Sentindo o frio contra si, apertando a roupa contra o corpo. Percebendo que ele era tão frio como àquele tempo, percebendo que tinha sido como o sol, mas esse já estava escondido deixando o inverno prevalecer.

Virando-se de frente para um Café, olhando lá, notando um vidro, notando uma simples mulher, notando como parecia acabada, notando que lia.

Decidiu que tentaria ao menos se aquecer. Ouvindo lamentações na linha telefônica, irritando-se por tanta falsidade que lhe fez revidar.

Desviando sua atenção para a figura que lhe olhava, sem ao menos perceber que os olhos curiosos estavam sobre si. Desistindo de ser bonzinho e desligando o celular, caminhando para dentro do estabelecimento.

"Com o tempo a vida faz crescer e aceitar que de repente tudo muda e troca de lugar."

Bebendo algo forte, algo quente, algo diferente. Com gosto há muito tempo sentido, há muito tempo ingerido. Procurando um lugar para se acomodar, para tentar pensar, para tentar sorrir com sua recém-escolha.

Vendo tudo ocupado lhe avisando para enfrentar o frio novamente.

Antes de prosseguir observou-a ao longe levantar, sem ao menos hesitar caminhou em sua direção vendo-a pegar sua bolsa e colocando-a em seu ombro.

Parou.

Os olhos se encontraram, então, ela sorriu.

"Não se entregue e não deixe a maré te levar, só não deixe a maré te levar."

Belos olhos. Um dono com o rosto mais bonito ainda. Uma tempestade interna, tanta dor transbordando. Porque não sorrir?

Ser o motivo de algo bom no dia de alguém.

Só iria para casa, uma casa fria, uma cama vazia. Era rotina, maldito ciclo vicioso que a prendia! Maldita falta de sorte que lhe seguia. Enrolou-se em torno do casaco velho mas amado, seu preferido. Tinha cheiro de camomila. Cheiro de coisa boa. Apertou o livro embaixo do braço. 

— Onde está? — procurando em volta de si, como se o mesmo fosse se materializar. Buscou na memória onde ele poderia estar.

Na mesa. Sua mesa. No café, no seu refúgio.

Caminhou de volta ao seu lugar favorito, porque tinha que se esquecer do livro? O que a fez esquecer aquele livro de todo jeito?

Abriu a porta do café apenas para ver seus olhos recaírem sobre o motivo do esquecimento. O moço dos olhos bonitos.

Respirou fundo, sentia o coração palpitar. Aproximou-se devagar. Ele estava de costas para ela, ele estava lendo o livro dela, porque ele estava lendo o livro dela?

— Olá! Hum, acho que esse livro é meu! Que cabeça a minha, sempre esquecendo as coisas. 

Ele levantou os olhos. Azul e castanho, sensação de conforto.

— Você tem um bom gosto, é o meu preferido.

— O meu também. 

Um pequeno sorriso nos lábios.

Porque ela tem tinha que ter um sorriso tão bonito?

Porque ele tinha que ter olhos tão bonitos?

— Gostaria de sentar? 

— Eu adoraria. Hermione, e você?

— Prazer, Draco.

Sorrisos e olhares, sensação de respirar novamente, realidade.

"Não se entregue e não deixe a maré te levar, só não deixe a maré te levar."


Notas Finais


One revisada no dia 27/07/2021.


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