1. Spirit Fanfics >
  2. Refúgio e liberdade >
  3. Se iniciam as complicações

História Refúgio e liberdade - Se iniciam as complicações


Escrita por: juvcamil

Capítulo 68 - Se iniciam as complicações


Minha mãe soube de tudo. De tudo mesmo. Não deixei escapar nenhum dos fatos que passei. Assim como eu, ela ficou aflita com tudo que contei a ela. Era muita coisa terrível que passei, mas felizmente não passou de um pesadelo da vida real que havia passado. Manny estava no lugar que merecia estar, por ser um cara sem carácter e covarde...

Ainda que eu me desmanchasse em lágrimas ao lembrar, respirei fundo, levantei o rosto e o limpei com meus dedos. Mamãe me olhou com uma expressão preocupada e segurou novamente minhas mãos, limpando o canto dos meus olhos assim como eu o fiz.

Angélica: Tudo que me aconteceu, foi terrível mas... Eu, eu precisava passar por tudo isso. – disse entre soluços. – Precisava... E foi dessa maneira que eu aprendi a não ser ingênua a ponto de me deixar enganar e sofrer calada, sofrer com um cafajeste que só queria o meu mau o tempo todo...

Maria: Talvez sim, mas já chega filha, eu não quero mais saber de nada, até porque eu não quero te ver sofrer ao lembrar-se de tudo que você passou, meu amor! – ela me puxa para encostar nela novamente. Me aconchego em seus braços, menos transtornada e mais aliviada após ter dito tudo. Eu precisava contar. Contei e me sentia bem por isso e assim. – Já passou! Vamos só olhar daqui pra frente e só resgatar como lembranças, só as coisas boas do passado, sim? – movi minha cabeça positivamente, concordando. Fechei meus olhos intensamente e deixei transbordar as últimas lágrimas de tristeza dos meus olhos, no qual eu as enxuguei rapidamente.

Mamãe alisava meus cabelos me confortando. Ficamos assim por uns minutinhos. Em silêncio, somente com o singelo som das nossas respirações mais tranquilas agora. Resolvo me levantar, sentando-me novamente. Passei as duas mãos em meus olhos e um sorriso frouxo se estampa em meu rosto. Coisa repentina. Como se apagasse a angustia rapidamente e eu me recordasse só de coisas boas que passei, lembrando claro, do Jaime.

Maria: Está bem filha? – mamãe estranha minha mudança rápida de expressão.

Angélica: Quero falar do Jaime pra você agora. – digo sorrindo e ela corresponde após eu dizer.

Maria: Estou te ouvindo... – ela me olhava atenta e sempre com o olhar curioso, mas que por trás, já sabia de tudo.

Angélica: Eu e Jaime estamos realmente juntos mãe. Ele me pediu em namoro, assim que toda a minha relação com Manny terminou e ele foi preso. – suspirei. – Nosso amor é muito grande mãe. É um sentimento que eu nunca senti igual por ninguém. – mamãe só sorria e me escutava. – Ele me cuida como se eu fosse o tesouro mais precioso dele e eu me sinto tão querida, tão importante perto dele, mãe. Me sinto realizada como mulher. – sorria como uma boba e meus olhos se fixavam em qualquer ponto fixo na sala. Mamãe me observava atenta.

Maria: Jaime parece estar bem apaixonado também, mas eu confesso que fiquei surpresa ao saber que você e ele, depois de longos anos de amizade, pudessem transformar isso em amor.

Angélica: No início, eu também fiquei surpresa no fato do Jaime sentir algo assim por mim, mamãe. Até achei que podíamos estar nos confundindo, por sermos tão amigos, praticamente irmãos e muito próximos um do outro. Mas não mãe... Eu também passei a sentir o mesmo por ele. E não era confusão de sentimentos não.

Maria: Quando olhamos para a pessoa, quando queremos aquela pessoa e quando nosso coração bate mais forte pela mesma, nunca podemos achar que é confusão de sentimentos filha. – ela tinha razão. – Quero que você saiba que a minha felicidade é imensa em saber que vocês estão juntos filha. Você não sabe, o quanto! – sorri largo e pego nas mãos da minha mãe, beijando as duas. Era o que eu precisava ouvir da minha mãe para tomar coragem e dizer o que faltava...

Angélica: E... Mamãe... Tem mais uma coisinha que eu preciso te contar. – solto suas mãos. Confesso que meu coração começou bater mais forte e um nó na minha garganta se formou. A coragem ainda existia, mas eu travei por uns segundos, mesmo com ela me olhando com um sorrio terno nos lábios. Mas isso não significava nada. Resolvo parar de rodeios. – Eu... – engoli a saliva. Olhei para as minhas mãos que se moviam ansiosas. Respirei fundo. Fechei e abri os olhos. Mamãe esperava eu dizer algo.

Maria: O que Angie? – ela chama a minha atenção porque eu tinha me retraído muito, mas resolvo soltar de uma vez.

Angélica: Eu... Eu fiz amor pela primeira vez com o Jaime, mamãe. – fiquei séria e mordi meu lábio inferior um pouco nervosa. Ela não mudou de expressão. Se manteve tranquila.

Ela até sorriu mais largo. Nunca pensei que causaria sorriso largo nela, após contar isso que óbvio, não era coisa do outro mundo, mas que me deixava envergonhada, e acho que por esse motivo, eu criava esse bloqueio até pela minha mãe.

Maria: Vocês fizeram amor? – ela tocou com a sua mão em um dos meus joelhos. – Ai filha... Acho que estou ficando velha.

Angélica: Não, não mamãe! Não diz isso, por favor! – ergo meus braços até ela e a puxo para um rápido abraço, soltando no mesmo segundo.

Maria: Mas me diz Angie, como foi tudo? – corei.

Angélica: Éhh... – engoli seco. Respirei fundo e comecei a contar. – Foi a melhor experiência da minha vida, mãe.

Maria: Eu sabia que você tinha algo desse tipo a me dizer.

Angélica: Sabia? Mas como? – tinha esquecido que mães nunca deixaram de ser a razão pelo qual não conseguíamos mentir, ainda que para mim, esse não fosse o caso.

Maria: Você já está mudada em diversos quesitos Angie. E logo de cara notei a sua mudança. Seu jeito de se portar, o fato de você colocar a roupa dele. Isso só se faz quando se tem uma relação afetiva mais apurada entre o casal. Seu corpo também está mudado...

Angélica: Meu corpo? Como assim mãe? – fiquei tentando achar a grande mudança em meu corpo. Esperava que não fosse quilinhos a mais. Ela gargalhou com meu jeito.

Maria: Calma Angie! Seu corpo tá mais maduro, você tá aparentando ser mais mulher, entendeu? Já não aparenta ter corpo de menina, adolescente e também de não mulher velha, até porque com esse rosto de menina, nem tem como, mas... Você está mais amadurecida no geral. – agora entendi o que ela queria dizer realmente.

Angélica: E isso é bom? Ou ruim?

Maria: É ótimo, Angie... Fica tranquila! Você está ótima, filha! Sempre esteve. Sabe disso... – se minha mãe dizia, eu acreditava.

Angélica: Você não vai ficar chateada comigo por isso, né? – mamãe estava tranquila. Acho que era eu que estava mais desconcertada.

Maria: Porque eu ficaria Angie? Se você sentiu que chegou a hora e teve esse momento com a pessoa certa, quem sou eu para dizer ao contrário?! – agradecia todos os dias por ter uma mãe como a minha.

Angélica: Bom, você é minha mãe né! Eu fiquei super aflita em ter que te contar isso, mas eu realmente precisava saber o que você achava.

Maria: E mesmo que você não me contasse, eu saberia. – era melhor eu nem encompridar a conversa. Mães, são mães. – Mas você não me disse como foi? – sorrimos juntas. Agora eu estava realmente mais a vontade e ia contar tudo com detalhes a ela.

Angélica: Ah mamãe... Foi um momento único sabe. Jaime é um homem muito especial. Ele se portou como um verdadeiro cavalheiro comigo, do início ao fim. Sempre visando meu bem estar. Ele praticamente esqueceu dele naquele momento e queria só saber se eu estava bem, se eu estava satisfeita, se ele não estava me machucando. Ele me deixou muito tranquila e muito a vontade, mamãe. – sorria lembrando de todos os momentos. – Ele em nenhum momento me forçou a nada... Só me fez sentir muito amor, desejo, paixão... Me deixou molinha nos braços dele e praticamente sem ação com tudo de bom que ele me ofereceu naquele dia... Dizem que as primeiras vezes nunca são as melhores, mas eu tive a sorte de ter a minha primeira vez perfeita e com o homem mais incrível e maravilhoso...

{Jaime}

Jaime: Nosso sentimento de amigos, irmãos transcendeu pai. Angélica é a mulher mais perfeita para mim em todos os sentidos. – eu tenho muita liberdade com meu pai, então eu sabia que ele ia me entender e por isso resolvi só deixar minhas malas no hotel e vir para casa dele. Precisava aparecer para dizer que estava vivo, matar a saudade e contar tudo para ele. – Fizemos amor. Ela se entregou a mim de corpo e alma, pela primeira vez. Na. Vida. Dela... Eu pude senti-la pai. Eu fui dela e ela foi minha. Inteiramente minha. – meu corpo se arrepiava só em contar e relembrar esse momento maravilhoso com a minha Angie.

Camil: Que bacana que vocês também se encontraram no amor, filho! Mas de verdade eu espero que isso não seja apenas mais uma aventura sua Jaime. Você sabe que já teve alguns relacionamentos fracassados e de pura ilusão e agora... Se trata da sua melhor amiga, filha da renomada Angélica Maria e do Raúl Vale. Sabe a proporção disso? É uma grande responsabilidade. – meu pai tinha sentimentos sim, mas ele era bem consciente também. Ele tinha toda a razão, mas a minha razão era maior que a dele, porque eu sabia o que eu queria realmente com a Angélica.

Jaime: Papai, mas é claro que não é uma aventura. Angélica nunca será uma aventura para mim. Apesar de tudo, somos melhores amigos e agora namorados e de verdade eu jamais faria algo para machucar ela ou fazer do nosso relacionamento um fracasso tanto na amizade como no amor. – dizia com a boca cheia e cheio de certeza. – Se eu fracassar com ela, eu estarei fracassando comigo mesmo, porque eu a amo muito.

Camil: Eu sinto firmeza em sua fala dessa vez Jaime. Você parece mais responsável e mudado. – meu pai lia o jornal e tomava seus goles de café, me olhando sempre quando eu me pronunciava ou ele falava. – Se é isso que você realmente quer, já sabe como agir, não sabe?

Jaime: Sim, claro pai! Amanhã de manhã eu vou na casa da Maria que é onde a Angie está e vou falar com ela sobre tudo e inclusive... – pausei a fala pensando. Olhei para qualquer canto.

Camil: E inclusive? – ele me impulsiona a continuar.

Jaime: Que quero morar passar a morar com ela. – meu pai, olha para mim com o olhar acima dos óculos de grau que ele usava para ler. Colocou o jornal sobre suas pernas. Fiquei esperando ele dizer algo.

Camil: Filho... Nesse ponto, acredito que você terá problemas.

Jaime: Problemas? – não entendi a colocação dele.

Camil: Com certeza Jaime! – ele tira os pés da mesa de centro. Dobra o jornal e puxa seus óculos de seu rosto, tirando-os.

Jaime: Mas porque? – queria entender.

Camil: Por mim, você pode tranquilamente morar com ela. Você já é um homem e eu não me meto mais na sua vida, mas ela... Ela é mulher Jaime e vocês ainda nem estão casados.

Jaime: Mas isso não tem nada haver.

Camil: Calma Jaime! – era melhor eu só hesitar – Angélica Maria segue tradição de família. O que isso quer dizer... Ainda que ela saiba que vocês dois já tiveram a primeira relação sexual de vocês, claro, porque estão numa geração mais a frente da nossa, ela não vai querer que a imagem da filha se corrompa em frente a mídia. Pensa, vocês morando juntos sem estar casados. Angélica no auge de sua novela. Como ela vai passar a imagem dela a mídia? Ela vai ser muito criticada e alvo de gente muito maldosa. A mídia é a maior falsa amiga que existe. Em um dia ela pode estar dizendo coisas lindas sobre você, e no outro dia, no primeiro boato ou teoria que eles criam através de algo que nem desrespeito a eles, eles estarão te apunhalando pelas costas, como se você fosse um verdadeiro criminoso pelo simples fato de amar e querer estar perto da pessoa que você ama. Você consegue me entender, filho? – droga. Ele conseguiu me deixar realmente pensativo. Tudo que ele dissera era a mais pura verdade. – Além do mais Jaime... Não precisa apressar as coisas. Eu sei que quando se ama muito uma pessoa, a gente quer tê-la próxima de nós o maior tempo possível de nossa vidas, aproveitar ao máximo aquela pessoa, mas pensa... Vocês são jovens, têm muito o que a viver, aprender... Essa coisa de morar juntos, foi algo que vocês criaram, porque conviveram juntos quase três anos naquela casa em Miami que eu te dei. Vocês eram amigos, mas a partir do momento que se tornaram namorados, ficaram na zona de conforto, isso é, passaram a se ter todos os dias. Claro, vocês acostumaram com isso, mas, de fato, acho que vocês devem pensar bastante, conversar bastante sobre essa decisão. Se namoro é responsabilidade, imagina casamento... Imagina viver todos os dias um do lado do outro e ainda que vocês tenham a certeza de que o amor de vocês é muito forte a ponto de ser um amor eterno e que dá pra viver perfeitamente a dois, ambos têm muito caminho pela frente. Não estão preparados pra enfrentar tudo que um matrimônio requer. Precisam sentir ainda muitas emoções juntos, sem pular etapas... – tudo isso me entristecia, mas não tirava a razão dele. Era tudo verdade. Ele continua. – Sabe filho... É muito melhor namorar um pouco a distância... É gostoso sentir a emoção de “Hoje é o dia de você ver ela”, “Hoje é o dia de levar flores para ela e surpreendê-la também com chocolates”, “Essa semana ela não pode me ver, mas na semana que vêm passaremos dois dias inteiros juntos”. Tudo isso é importante filho. – ele se levanta da sua poltrona e só noto quando sinto sua mão tocando meu ombro recaído com meus cotovelos apoiados em meus joelhos. Ele senta do meu lado no sofá.

Jaime: Sim... Você tem... Você tem toda razão pai! – eu não tinha nem mais o que dizer e apesar de tudo isso estar sendo uma punhalada de facão em meu peito, era válido e tudo realmente verdade o que ele havia falado. Mas mesmo assim eu precisava refletir um pouco sozinho.

Camil: Não fica chateado comigo, filho. Eu te aconselhei como pai, porque tenho experiência e certeza do que eu estou dizendo. Eu também tenho certeza que você seria e será um grande homem de família com esposa, filhos... Eu confio em você! Confio na educação que eu te dei. – levantei meu rosto e olhei pra ele sorrindo com meus lábios juntos. Levei meu braço atrás das costas do meu pai, dei duas leves batidinhas e o abracei. Quanto tempo eu não fazia isso e não recebia também da parte dele.

Jaime: Obrigado pai! Eu não sei como seria se você não tivesse aqui...

Camil: Eu sempre estarei pra você, filho, saiba disso! – sorrimos. Acariciei o rosto do meu pai.

Jaime: Mas pai... Como eu vou passar tudo isso que conversamos a ela? Sem deixar ela chateada ou desacreditada que eu a amo mais que tudo e não desisti de morar com ela por não querê-la por perto e sim para proteger esse nosso bem que é o nosso amor?

Camil: Tenho certeza que você vai achar a maneira certa de dizer e conversar tudo que eu conversei com você a ela. – ele dizia tão seguro e eu que sempre demonstrei ser um poço de segurança, agora, de fato, estava mais pra baixo que o núcleo do centro da terra, sem saber o que fazer, como me portar. Acho que era de novo a zona de conforto. A gente fica sempre meio besta quando estamos com nossos pais e era assim que eu me sentia, mesmo já sendo um marmanjo. Tudo isso justamente porque eu percebi que eu realmente ainda não entendia nada da vida, como eu pensava que entendia. – Com as suas sinceras e boas palavras você a conquistou, não foi? – movi a cabeça positivamente, concordando. – E é com essas mesmas palavras sinceras que os dois vão conversar sobre tudo, entender, colocar o plano que vocês têm na mesa e analisar. Não desistir dele, mas fazer tudo com muita calma...

Jaime: Sim, pai! Faremos isso! – vou me levantando do sofá. – Bom... Eu acho que já vou indo.

Camil: Mais já? Fica mais um pouco. Vou pedir uma pizza pra gente.

Jaime: Ah pai! Não precisa se incomodar... Eu como alguma coisa lá no quiosque do hotel.

Camil: Jaime, por favor! Não vai fazer desfeita né? Faz tempo que não ficamos juntos. – a única coisa que eu queria no momento, agora, era ficar sozinho e se fosse acompanhado que fosse com a minha Angie, mas apesar disso, eu não ia fazer desfeita do convite do meu pai.



Gostou da Fanfic? Compartilhe!

Gostou? Deixe seu Comentário!

Muitos usuários deixam de postar por falta de comentários, estimule o trabalho deles, deixando um comentário.

Para comentar e incentivar o autor, Cadastre-se ou Acesse sua Conta.


Carregando...