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História Refúgio e liberdade - Solidão de amor


Escrita por: juvcamil

Capítulo 69 - Solidão de amor


{Angélica}

Mamãe arrumou algo para comermos, nada pesado. Em seguida ficamos na sala assistindo a um filme de comédia e ao mesmo tempo conversando mais. Talvez não tivemos prestado muito atenção no filme, mas conversar com mamãe nunca era demais ou o suficiente. Sempre tínhamos algo para falar, mesmo depois de tempos separadas. Deitei com a cabeça em suas pernas e assim como nos tempos antigos, ela acariciava meus cabelos. Me segurei ao máximo para não dormir com seu carinho em mim e ficava a todo instante falando algo para dispersar o soninho que aquilo me causava, e resolveu.

Logo em seguida que o filme terminou, resolvemos ir nos acomodar em nossos aposentos. Em outros tempos eu estaria indo deitar no quarto da minha mãe, mas de verdade, eu já estava bem crescidinha para isso. Eu sentia falta, confesso, e acho que minha mãe também sentia...

Maria: Não quer deitar comigo lá no meu quarto, filha?

Angélica: Não. Não, mamãe! Fica tranquila! Você arrumou meu quarto inteirinho, eu fico por lá mesmo. – digo caçando meus chinelos que haviam sido chutados para baixo da mesa de centro.

Maria: Tem certeza? – ela até me fez pensar, ao perguntar assim.

Angélica: Sim mami! – sorri, certa de que dormiria realmente em meu quarto.

Maria: Está bem então! Durma bem filhinha... – ela se aproxima de mim, beija minha testa, me dá sua benção e vai caminhando com passos tranquilos até as escadas. Eu acabo ficando para trás. Ela começa a subir os degraus, no entanto para no meio deles ao ver que eu não dei nenhum passo depois de seu beijo de 'boa noite'. Vira-se e dá uma última olhada para minha feição. Ela sorri. Sorri terna, mas não diz nada. Só vira-se novamente, voltando ao seu caminho até o quarto. Eu respiro fundo, deixando o ar escapar pela minha boca e olho para os lados. Tudo parecia tão vazio que até tinha me dado sede. Começo caminhar até a cozinha para pegar um copo com água. Por onde eu passava eu ligava uma luz. Liguei a da sala mesmo saindo da mesma, ligo a do corredor que dava da sala a cozinha. A da cozinha foi a última e a que realmente era necessária ligar. Naquele momento até as luzes amenizavam o vazio que eu sentia apertando meu peito.

Vou até o armário de cima e pego um copo. Vou até a torneira e encho o copo com água. Tomo toda a quantidade que colocara e tomo em uma golada só. Sinto a água refrescando meu corpo e me fazendo relaxar de verdade. Deixo o copo sobre a pia e vou caminhando para fora da cozinha, desligando a luz da mesma, do corredor e da sala também. Agora, eu ia para o quarto. A solidão do meu quarto, que não tinha o meu amor. Só me restava era ligar para ele, só para escutar sua voz e ficar bem antes de dormir.

 

{Jaime}

Não sabia se ligava ou não ligava pra ela. Putz! Que saco era sentir-se só, sentir-se numa solidão, mesmo você não estando realmente na solidão. Era uma redundância descabida, mas era como eu me sentia.

Como meu pai estava de carro, ele me deixou na porta do hotel. Ele queria que eu ficasse com ele na casa, mas eu preferi voltar porque minhas malas de roupas não estavam comigo. Claro, depois de comermos a pizza que ele pediu e conversarmos ainda mais...

 

Assim que cheguei no hotel,  peguei a chave do meu quarto na recepção e caminhei ao elevador logo ao lado. Apertei o botão, o chamando e esperei em média um minuto para que ele chegasse. Assim que o mesmo chega, as portas automáticas se abrem e dentro havia somente uma moça. Dei um “boa noite' a ela que me respondeu de imediato. O quarto andar no botão do elevador já estava acionado. Ela ia descer no mesmo andar que eu. Me encostei bem ao canto do elevador e não demorou para chegar no andar que iríamos descer.

Caminhei até a porta do meu quarto. O quarto da moça eram três portas depois do meu. Fiquei notando como quem não quer nada.. Só estranhei de imediato porque pensei que ela já tinha o quarto e por capricho estava tocando a campainha, mas não. Ela não foi entrando de uma vez e nem pegou chave alguma para abrir a porta, após se aproximar da mesma. Ela tocou a campainha, esperou, esperou e esperou, até que rapidamente um rapaz de meia idade saiu de lá. Ela sorriu assim que o viu e ele deu um passo pra fora, a abraçou sem pensar duas vezes e a levantou no colo. Deveria ser namorado, porque depois os vi num beijo apaixonado. Sorri, com o gesto e com o carinho dos dois e entrei com essa cena em minha mente dentro do meu espaço.

 

No momento em que entrei no meu quarto, Angie me veio na mente. Eu precisava ouvi-la antes de descansar, ainda que eu fosse lá na casa da mãe dela de manhã, mas claro, tudo indicava que as coisas que planejamos, não iam seguir da forma que planejamos, mas enfim. Para agora, eu só queria dizer a ela o quanto ela era importante para mim e que eu a amava e não parava de pensar nela nenhum minuto.

As minhas malas estavam sobre a cama. Havia pedido para um dos empregados do hotel trazer para mim e sabe: logo de cara que olhei para uma das minhas malas, senti uma grande diferença. Estava bem maior. Em minha mente eu rezei para não ser o estranhamento e a constatação do meu pensamento, mas quando eu abri, vi a gafe. Malas trocadas. Sou um tonto mesmo. Angie havia ficado com as minhas roupas e eu estava com todas as roupas dela aqui comigo.

Jaime: O que eu faço, droga?! – murmurei, voltando a fechar o zíper da mala. Aqui só estava com a minha mala de sapatos, e o que me restava era ficar só de cueca e deixar essa roupa para usar amanhã de novo, coisa que eu detestava, mas teria que ser assim, até eu e Angie reverter o erro.

 

Antes de mais nada, pensei logo em tomar um bom banho. Tirei o meu celular do bolso da minha calça e tirei a mesma do meu corpo. Logo após a camisa, os sapatos e tudo. Me desnudei. Antes de entrar para o chuveiro, peguei a toalha do banheiro da suíte, amarrei na cintura e voltei para o quarto para olhar a tela do meu celular. Tinha uma chamada perdida da Angie. Meu celular no silencioso, jamais seria possível ouvir. Apesar de estar morto de vontade de falar com ela, ia retornar depois do banho. Só larguei meu celular sob a cama e fui.

 

{Angélica}

Da primeira vez que tentei ligar para o Jaime, caiu na caixa postal. Minha insônia só aumentava e eu só precisava ouvir um pouquinho a voz dele em meu ouvido pra tentar fazer meu sono vim tranquilo e eu ficar mais relaxada. Só esperava que ele já não estivesse dormindo. Resolvi até insistir um pouco e ligar mais de uma vez.

 

 

{Jaime}

Já estava terminando o banho. Após me enxaguar, sai do box e estiquei minha mão para pegar a toalha pendurada. Enxuguei primeiro meu rosto e depois fui descendo com a toalha macia pelo meu corpo. Estava concentrado ao que fazia, até que ouço um som ao longe, meio abafado por estar dentro do banheiro. Puts! Era meu celular. Enrolei em cintura a toalha com a qual me enxugava e fui abrindo a porta apressado. Não podia mais perder essa chamada da Angie, ainda que eu tivesse o intuito de ligar para ela depois... Caminhei com os chinelos molhados, fazendo pegadas sobre o assoalho do banheiro até próximo a cama onde estava meu celular, quase caindo de tanto tocar. O tomei em minhas mãos e logo vejo o nome da Angie. O sorriso sai automático e eu finalmente consigo atender, antes que a mesma se encerrasse...

 

Jaime: Amor?

Angélica: Oi, sou eu! – diz com a voz meio baixinha. Parecia sonolenta.

Jaime: Está bem, Angie? – pergunto preocupado.

Angélica: Não. – ela é rápida e firme na resposta.

Jaime: Não? O que aconteceu pequena? – me sentei na cama ainda com a toalha amarrada em minha cintura e com o cabelo pingando sobre meus ombros por estarem molhados ainda.

Angélica: Estou sentindo sua falta. – ela diz manhosa e embargada.

Jaime: Meu amor... A gente já vai se ver amanhã. – a recordo. – Não está bom ficar com a sua mãe ai?

Angélica: Eu sei... E sim, está ótimo, minha mãe é divina e eu a amo muito.

Jaime: Então fica tranquila. Amanhã vamos ficar juntos o dia inteiro, eu prometo.

Angélica: Está bem! Vou ficar tranquila... – ouço um suspiro de alívio de sua parte.

Jaime: Ah, amor... Você já comentou alguma coisa pra sua mãe sobre a gente morar juntos e tudo mais? – pergunto, já no intuito de saber como seria se caso ela tivesse contado. Pensava em tudo que meu pai me disse e como seria meu papo com ela daqui para frente.

Angélica: Ainda não. Preferi esperar para que possamos conversar os três juntos... – me aliviei quando ela disse que não havia contado.

Jaime: Que bom que você não disse nada ainda amor. – a interrompo. – Antes de contar para sua mãe, preciso primeiro conversar com você sobre umas coisas...

Angélica: Sobre o que amor? Não pode adiantar?

Jaime: É melhor pessoalmente Angie. – jogo uns fios do meu cabelo ensopado para trás. Ela fica pensativa. Só passo a ouvir sua respiração pelo telefone agora. Estranho. – Angie?

Angélica: Sim? – ela responde tranquila. Uff! Agradeci a todos os astros por ela estar aparentemente dispersa a ponto de não começar a indagar nada agora.

Jaime: Você está bem mesmo amor?

Angélica: Sim. Só me sinto meio só... – meu coração se partiu em mil pedaços quando a ouço dizer isso.

Jaime: Cadê sua mãe? – ainda que eu soubesse que o vazio que ela sentia era por estar longe de mim, assim como eu sentia por estar longe dela, era meio estranho ela estar se sentindo só estando com o ser mais precioso que era a sua mãe.

Angélica: Ela foi para o quarto dela. Estou no meu. – diz em total desanimo.

Jaime: Amor... Vai ficar com ela. Não quero que fique sozinha ai. Sua mãe quer ficar com você, Angie. Fica com ela. – sugestiono, já induzindo-a.

Angélica: Ela até me chamou para ficar com ela no quarto, mas sabe... Me senti meio envergonhada...

Jaime: De que amor? – pergunto. – Como foi a conversa com ela? Ela se portou bem em saber de tudo e sobre... Sobre aquilo? – já fui indagando diversas perguntas, seguidas uma da outra. Queria saber como tudo havia andado e se realmente essa vergonha da Angie era válida ou só algo bobo da parte dela por achar que ela podia ter perdido o vínculo afetivo com a mãe, depois de tudo.

Angélica: Foi sim, Jaime. – responde logo em seguida. Me alivio. Ela continua. – Ela se portou tão bem. Pensei que não seria dessa maneira, mas ela foi um doce e me deixou muito mais relaxada com tudo. Me aconselhou também, mas me deixou a todo momento tranquila. Eu nem acredito que nossa conversa foi tão amigável. Pensava que seria diferente, mas não foi.

Jaime: Fico feliz, Angie! Eu não posso dizer que sabia que sua mãe agiria dessa forma, porque eu fiquei meio inseguro do mesmo jeito que você, mas também eu tinha a certeza que ela não ia te crucificar em nenhum momento. E é por isso que você tem que parar de bobeira...

Angélica: O que quer dizer com isso? – ela pergunta curiosa.

Jaime: Posso te pedir uma coisa? – pergunto.

Angélica: O que?

Jaime: Quero te pedir que pegue seu cobertor, seu travesseiro e que você vá dormir com a sua mãe lá no quarto dela. – assim que digo ela não esboça nenhum som de fala. Fica uns cinco segundos quieta e pensativa. Resolvo quebrar o silêncio. – Eu estou te pedindo, porque não tem porque você ficar sozinha ai amor... – ouço ela suspirar.

Angélica: Sim, sim, eu vou ficar com ela. Acho que é melhor pra mim!

Jaime: Não só pra você pequena, como pra ela também. – ressalto.

Angélica: Você me faz bem até de longe, sabia? – percebo essa fala com um esboço de sorriso.

Jaime: E você também. Eu te amo com todo meu ser Angie!

Angélica: E eu com toda minha alma, ser, coração, pele... – diz toda animada. Eu sorrio todo arrepiado.

Jaime: Obrigado por entrar em minha vida.

Angélica: Obrigada por me fazer sair de uma, para poder entrar na sua. – sorrimos juntos.

Jaime: Agora descansa amor... Faz o que eu te pedi, vai se sentir melhor! Nos vemos amanhã.

Angélica: Sim amor! – a sinto mais tranquila e isso também me deixava mais tranquilo.

Jaime: Muitos beijos em sua boca.

Angélica: Na sua milhões bem docinhos e molhadinhos.

Jaime: Mmmm... Fiquei com vontade agora.

Angélica: Eu também! Mas por hoje eu fico te devendo...

Jaime: Por hoje tudo bem, mas eu quero que amanhã você me pague eles.

Angélica: Pago com prazer e com juros altos.

Jaime: Maravilhosa! – ouço ela sorrir.

Angélica: Descansa você também amor.

Jaime: Ah, amor... Só uma coisa antes de tudo.

Angélica: Fala...

Jaime: Minhas roupas ficaram ai com você né? – pergunto, só para ter certeza.

Angélica: Aaaah! – ela gargalhou. – Sim! Estou com todas elas e inclusive com uma delas vestida em mim, se importa? – sorrio.

Jaime: Você sabe que não! Mas no meu caso né? – ela solta outra gargalhada.

Angélica: Aproveita que você está sozinho... – ela ainda faz piada.

Jaime: Rúm! Palhacinha...

Angélica: Estou brincando amor!

Jaime: Eu sei... Bom, então vamos descansar. Acabei de sair do banho e tô todo molhado ainda. – digo olhando para o meu corpo todo cheio de gotículas de água ainda e cabelo pingando.

Angélica: Se enxuga pra não pegar resfriado amor. Vou descansar já!

Jaime: Ok pequena! Te amo! Descansa bem e até amanhã.

Angélica: Te amo mais! Até... – e assim encerramos a ligação. Suspirei, fechando os olhos, sorrindo ao colocar o telefone do lado esquerdo do meu peito.

 

{Angélica}

Encerrar ligações com pessoas que você ama nunca era boa coisa. Suspirei, sorri e coloquei meu telefone celular sobre o lado esquerdo do meu peito, onde batia apressadamente meu coração. Agora sim, eu podia dormir mais tranquilamente.

Desenrolei o cobertor das minhas pernas, peguei meu travesseiro e fui me arrastando até a beirada da cama no intuito de ir até o quarto da minha mãe.

 

Quando cheguei a porta da mesma, dei suas batidinhas.

Maria: Entra Angie! – ela responde. Uffa, estava acordada. Girei a maçaneta da porta, mas não entro de uma vez. Olho para ela que estava com um livro nas mãos, que o fecha assim que me vê.

Angélica: Posso ficar aqui com você? – pergunto. Não sei que expressão eu fiz na hora, mas mamãe deu risada. Corei.

Maria: Claro, minha menina! Vem, vem aqui! – ela chama. Uffa!

Angélica: Por que está rindo? – pergunto encostando a porta, indo em direção a cama.

Maria: Porque você não deixou de ser a minha menina de sempre. – ela diz enquanto eu subia de joelhos na cama, indo até a cabeceira. Coloco meu travesseiro ali e encosto minhas costas.

Angélica: Talvez sim! – puxo meu cobertor sobre as minhas pernas e ela me puxa para que eu me aconchegasse nela.

Maria: Quer que eu conto uma historinha pra você dormir? – diz enquanto acariciava meus cabelos.

Angélica: Mamãaaae!!! – me levanto, olhando pra ela a repreendendo. Ela gargalha.

Maria: Brincadeirinha... Só brincadeirinha!

Angélica: Não sou mais criancinha. – falava a pessoa que estava nos braços da mãe por estar se sentindo sozinha.

Maria: Sim, eu sei amor... Só estava brincando. – ela continua acariciando minha cabeça, mas para.

Angélica: Eeeei! Não é para parar!

Maria: Está bem, está bem! – ela volta a me acarinhar.

Angélica: Eu te amo mamãe! Não sabe o quanto você me fez falta.

Maria: Assim como você sentiu minha falta, eu senti a sua... Acho que não na mesma intensidade, porque lá você teve suas ocupações...

Angélica: Mãe, mãe! – a interrompo e levanto minha cabeça. Olho firme em seus olhos, segurando em suas bochechas. – Foi na mesma intensidade que você. – ela esboça um sorriso assim que digo e eu correspondo. Sinto seus lábios deixando um beijinho carinhoso na ponta do meu nariz e assim, nos abraçamos em seguida. 



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