História Reinado - Sacrifícios.

 Uma semana havia se passado desde que Henry faleceu. Regina abriu os olhos com certa dificuldade, pois a luminosidade do sol vinha diretamente em seu rosto novamente se esqueceu de fechar a cortina antes de dormir. Regina se sentou na cama e olhou pela janela, o sol estava forte iluminando cada canto da cidade anunciando o fim da primavera e o início do verão. Regina se levantou, pegou seu roupão e colocou por cima de sua camisola. Em passos lentos se dirigiu até o banheiro e suspirou ao olhar sua imagem no grande espelho. Hoje era o dia em que o Conselho viria até o palácio para decidir seu futuro e tudo estava indo para o caminho que ela menos gostava... Casamento! Ligou a banheira e tirou o roupão e a camisola. Sua pele arrepiou ao sentir a água quente cobrindo seu corpo, sentiu seus músculos relaxados como se aquilo fosse a melhor coisa do mundo. Após um momento relaxante vestiu um vestido vermelho longo, com mangas e detalhes brilhantes na gola em forma de canoa. Arrumou os cabelos negros os deixando natural como devia ser com leves ondas e se retirou para tomar seu desjejum. Ao chegar na sala de refeições observou o assento de seu pai vazio e percebia que a cada dia a saudade aumentava mais.
— Regina? 
 Regina olhou para trás e sorriu ao ver Branca encostada na porta.
— Bom dia, Branca. — Regina disse indo até a amiga.
— Vicent do Conselho acabou de chegar para sua reunião! — Branca disse com a voz aflita. Aparentemente Branca odiava mais a ideia do casamento do que Regina.
— Está tudo bem Branca! — Regina tranquilizou a amiga. — Irei falar com ele agora te conto tudo depois.
 Regina não deixou que Branca a respondesse sabia o que a amiga iria falar. Regina também sabia que era uma tremenda loucura, porém preferiu confiar nas palavras de seu pai. Em poucos minutos chegou à uma sala reservada do castelo. Era uma sala pequena, com paredes pintadas de um vermelho escuro, continha uma mesa de madeira grande e duas cadeiras confortáveis, também havia uma mesa menor onde continha bebidas quentes como café. Vicent já esperava por Regina na sala.
— Olá, Senhor! — Regina disse fechando a porta e indo até Vicent. Esticaram as mãos deram um leve cumprimento e se sentaram.
— Majestade é uma honra poder te ajudar nessa decisão! — Vicent disse jogando as costas para trás apoiando na cadeira. A serviçal serviu os cafés e saiu da sala sem dizer uma palavra. 
— Devemos deixar claro que não é uma decisão minha! — Regina disse e em seguida deu um leve assopro na sua bebida.
— Deveria ser, majestade! Com todo respeito, mas Vossa Alteza jamais poderia assumir o reino sem um rei. 
 Regina o encarou seu sangue ferveu, as luzes deram uma leve piscada que foi ignorada por ambos. 
— Não sou o tipo de mulher que precisa de um homem para conseguir algo! — Regina disse com a voz dura.
— Isso não depende de sua personalidade, majestade! E sim de anos de tradição! Sua família foi escolhida para liderar por motivos realmente importantes! Seu pai era um homem sábio deveria dar mais ouvidos a ele! — Vicente disse tranquilamente e deu um gole em sua bebida.
— Acha mesmo que meu pai com toda a sabedoria que tinha escolheria Robin para ser meu esposo? — Regina disse e novamente as luzes piscaram. Ela ignorou, ele não. 
— Seu pai não escolheu! Você foi destinada a Robin! — Vicent apoiou sobre a mesa e olhou fixamente para Regina. — Diga-me, alteza, se a senhorita não tem controle de si mesma como pode governar um reino sozinha?
— Controle de mim mesma? Tenha modos quando falar de mim. — Regina respirou fundo. — Não fui destinada a ninguém.
— Foi sim, todos nós somos destinados à alguém. — Vicent se levantou com a xícara de café na mão e olhou o quadro do rei que ficava na parede. — Seu pai era um bom homem pena que escondeu muitas coisas de você.
— Do que está falando? — Regina perguntou deixando a curiosidade evidente.
— O casamento será na semana que vem! O ato da consumação será logo em seguida esteja pronta. — Vicente disse ignorando a pergunta de Regina. 
  Porém, Regina não se importou sabia que o pai sempre fora verdadeiro com ela. Naquele momento em sua cabeça só se passava uma coisa: o casamento aconteceria tão rápido.
— Consumação? — Regina disse se despertando de seus pensamentos. — Isto não acontecerá. Esse casamento será contratual apenas. 
— Como você deve saber Regina os casamentos só são válidos a partir do ato da consumação! Você terá que se deitar com seu marido, seu corpo será dele e o dele será seu. Isso é obrigatório que aconteça. — Vicent disse e terminou de beber o café. 
— Não vou conseguir! — Regina sussurrou. Não suportaria a ideia de ter um inimigo tocando a sua pele, adentrando seu corpo, tirando sua virtude. 
— Você terá que conseguir se quiser manter seu reino! — Vicent suspirou ao ver Regina deixar uma lágrima escapar. Aproximou-se da princesa com cautela. — Você mais do que ninguém é qualificada para se tornar uma rainha! Você é especial, Regina... Mesmo não sabendo disso ainda. 
— Quando assinaremos o contrato? — Regina murmurou voltando a ficar séria.
— Amanhã! Você só verá Robin no dia do casamento! — Vicent se dirigiu até a porta e antes de se retirar disse: — Você será muito feliz, Regina.
 Vicent saiu da sala encerrando a conversa. Aliás Regina sabia que não tinha o que conversar como Vicent mencionou seu destino já estava traçado não havia o que fazer. Regina se retirou da sala e foi para seu quarto onde Branca a esperava.
— Gina! — Branca se sentou na cama. — Como foi?
— Horrível! — Regina se sentou do lado da amiga. — Tenho que me casar semana que vem.
— Sério?
— Sim. — Regina se levantou e foi se olhar no espelho.
— Você queria isso não queria? — Branca perguntou olhando para o reflexo da amiga.
— Meu pai queria! É o certo a fazer eu só não quero... — Regina suspirou e olhou para Branca pelo reflexo do espelho. — Ser consumada por ele.
— Sinto muito! — Branca sussurrou sem saber o que falar.
— Também sinto.
 Regina sempre sonhou que sua primeira noite seria algo especial e único, mas por ser a herdeira do trono de Corning não teria esse luxo. Regina sabia que estava fazendo o certo, mas não tornava tudo menos doloroso.