— Jimmy, Jimmy! Vamos blincar? — o adorável Johnny puxava a barra do robe de Jimmy, dando pulinhos empolgados.
Jimmy suspirou e se ajoelhou até ficar na mesma altura do irmão consideravelmente alto para seus três anos.
— Hmmmmm... Agora não. Que tal você ver se eu estou no Labirinto sem fim?
Johnny fez beicinho.
— Mas você não está no Labirinto. Você está aqui! Dãã!
— Então vamos ver quem entra e sai de lá primeiro, garotinho. Um, dois três e... Já! — antes mesmo de Jimmy dizer “já”, o garoto já tinha saído do salão, correndo disparado. — Até que enfim essa peste foi embora!
Jimmy se esbaldou no pufe e continuou a olhar para algumas pinturas estranhas na parede.
— Jimmy, seu levado. — uma voz fraca irrompeu da entrada do Salão de lazer.
— Mamãe!
Elle saiu das sombras, mancando e se escorando na parede. Estava sozinha e sem usar uma bengala! Jimmy correu até ela e segurou sua cintura.
— Aqui, mamãe, utilize meu cajado.
A mãe apesar de fazer uma careta, aceitou o cajado de cobra do filho, e se sentou no primeiro sofá que viu.
— Por que todos me tratam como se eu fosse uma inválida?
— Porque se não cuidarmos de você, você acabará realmente se tornando uma.
Elle ergueu uma sobrancelha e preferiu mudar de assunto.
— Você não está no Labirinto.
— Ah... É só que eu queria me livrar daquele minúsculo ser humano. Ele parece um inseto, sempre me rodeando!
Elle riu e deu um tapinha no joelho, pedindo para o filho se sentar no colo dela.
— Ele quer ficar com você. Sabia que ele se orgulha de ser seu irmão?
Jimmy se surpreendeu com aquilo, mas preferiu ignorar.
Elle respirou fundo e segurou a mão do filho pré adolescente.
— Está tudo bem. Johnny não é seu substituto, eu não estou tão mal e seu pai te ama. — ela disse de uma vez só, como se lesse pensamentos.
— Então por que eu me sinto tão... Rejeitado?
— Porque quer. Não tem nada demais acontecendo, mas você parece querer que uma catástrofe aconteça. Não sou desligada como Hamed. Sei o que você sente.
— Como você pode saber?
— Oras, sou sua mãe. — Elle piscou. — Vai saber quando crescer. Você se agarra a essa bengala de cobra que surgiu sei lá de onde como se fosse a única coisa que lhe pertencesse.
Jimmy deu um sorriso.
— O nome correto é cajado.
A mãe deu uma gargalhada que se transformou em tosse. Após alguns minutos tossindo, ela pigarreou, ficando séria.
— Esses dias, passando pelo seu quarto, ouvi uns barulhos suspeitos. O que você estava fazendo?
Jimmy corou. Bem que ele desconfiava que aquele papinho de “eu te amo”, era uma cilada.
— Mãe...
— O que você estava fazendo?
— Magia. Fazendo as coisas voarem e sumirem.
Elle ofegou. Não esperava por aquilo. Começou um protesto sobre como a magia era perigosa e tênue, mas Jimmy interrompeu-a.
— Não quero saber. Desculpe, mas realmente não estou nem aí. — ele se levantou e saiu de perto da mãe. — E aviso que, se Johnny perder uma mão ou algo do gênero, vai ser um acidente!
Domado por um súbito e repentino ataque de raiva, ele foi embora, deixando a mãe ali.
Entrou no quarto batendo a porta com força e se jogou na gigantesca cama, com pensamentos acelerados.
— Meus pais quer me afastar da magia. Querem que eu seja como antes, fraco e impotente, para o maldito Johnny reinar. Querem que eu perca a única coisa que me relaxa. Querem que eu... Querem... Estou falando sozinho? Ótimo. Devo estar mesmo pirado. Como é que K. Duco aguenta? Talvez eu possa aprender a hipnotizar as pessoas para convencer a todos que eu sou normal. Falando sozinho, de novo. ARG!
Num ímpeto, Jimmy agarra um travesseiro e o joga na parede. Estava estranhamente agitado e o coração batia como se tivesse acabado de correr uma maratona.
O que era aquilo?
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