História Relações Cruzadas - Família Feliz

Eles se explicaram para o dono do lugar profano junto com a polícia. Não a matamos, insistia Marcelo, que tomara a frente da defesa dos três.

  - Estávamos trepando. Nós quatro. De repente ela parou de gemer e de contorcer na cama. Não temos culpa da morte dela. - dizia Marcelo ao delegado.
  - Não, vocês tem sim uma parcela da culpa. A excitação dela, os batimentos cardíacos e os nervos à flor da pele levaram ela à essa parada cardíaca. Mas vejamos, ela já era de uma idade avançada, e isso pode tirar a culpa de vocês. E... Mais uma coisa. Fizemos a análise do corpo por dentro e por fora... Ela possuía o vírus HIV. Vocês sabiam disso?
  - Eu passei para ela, senhor delegado. - disse Íris de cabeça baixa, a voz quase não saía. - Passei para o Marcelo, para o Filipe, pra ela... Pra todo mundo. E acabei a matando. - colocou a mão no rosto, começou a chorar. Filipe a abraçou e a afastou do delegado. Marcelo se aproximou do delegado.
  - E então, delegado? Como vamos ficar?

O delegado respirou fundo e abaixou a cabeça. Depois de um curto tempo a levantou e olhou para Íris chorando alguns metros à sua frente. Olhou para Marcelo.
  - Vou ver se livro vocês logo hoje. Conheço uma advogada criminal muito boa. Se eu não conseguir livrá-los, liguem para ela. - entregou um cartão: ANNALISE KEATING. Marcelo pegou e o estudou por alguns instantes. - Ligo para vocês hoje e aviso. Creio que serão livres da culpa, aliás, ninguém mata ninguém por parada cardíaca. Até mais. - Estendeu a mão, Marcelo cumprimentou. O delegado saiu.

Marcelo voltou-se para Íris e Filipe. Ela estava aconchegada em seu peito nu chorando e ele com os lábios em sua nuca como se estivesse beijando-a com consolo.

  - Talvez tenhamos a culpa retirada. Podemos ir para casa. Nunca mais voltaremos aqui e nenhum outro lugar com a mesma energia.

6 MESES DEPOIS

Abriram a porta. Estavam exaustos. Íris se jogou no sofá com Marcelo e começaram a se beijar. A barriga dela estava bem volumosa, até demais. Filipe foi para um canto atender o celular. Estavam os três bem mais magros.  Marcelo com um  braço atravessado em Íris e com a mão na barriga dela.

  - Ainda acho que deveríamos fazer a ultrassom. Como vamos saber se é menino ou menina? - perguntou Marcelo com um largo sorriso no rosto.
  - Não saberemos... Até o dia do parto. - respondeu Íris também sorrindo.

Ficaram um bom tempo sorrindo se olhando nos olhos. Por um momento Marcelo sentiu uma onda de amor invadir seu corpo ao olhar aqueles brilhantes olhos daquela mulher maravilhosa que ele amava. Amava tudo nela, os olhos, o cabelo, o sorriso, o corpo, o falar. Era incrível.
Íris estava encantada com aquele largo sorriso do marido. Amava sua barba, seus olhos castanho-claro, seu cabelo, sua pele sedosa, suas pernas, seus pés. Ela se sentia parte dele, se sentia sua cara metade, o amor de sua vida.

Filipe voltou sorrindo do canto falando ao celular. Íris e Marcelo o olharam.
  - É a advogada? - perguntou Marcelo.
  - Não, Marcelo. - o sorriso vinha de uma orelha a outra, brilhava. - Meu na... amigo... Conseguiu um emprego para mim. - alargou mais o sorriso.

Marcelo e Íris se alegraram. Íris deu um pequeno gemido de felicidade. Se levantaram pulando que nem crianças do sofá e foram em direção à Filipe.
  - Que ótima notícia, Filipe! - disse Íris o abraçando. - Parabéns! - o largou.

Marcelo o abraçou.

  - Parabéns meu amigo. - disse ainda o abraçando em tom calmo. - Parabéns... - soltou uma pequena lágrima. - Eu sempre vou te amar viu. - o largou, segurou em seu maxilar e o beijou rápido.

Íris sorria. Filipe estava extremamente feliz. Os três se juntaram em um círculo e começaram a pular sorrindo um para o outro.

ALGUNS MESES DEPOIS
Ele chorava, era muito agudo e agoniante. Mas apenas a mãe e o pai o aguentavam. Íris o pegou do colo de Marcelo e o balançava no colo. Marcelo se jogou no sofá exausto. Filipe trouxe o outro do quarto em seus braços.

  - Essa aqui dormiu. - disse Filipe a aconchegando nos braços.
  - Xii, xiii, xiii... - fazia Íris para o bebê. - Esse aqui tá tenso. Foi bom você ter a escolhido para vocês, Filipe. A menina realmente é mais calma. - balançava... balançava...

Filipe sentou no sofá. Os três estavam magérrimos. Mas ainda tinham forças. Filipe sentou ao lado de Marcelo, sorriu para ele. Íris sentou do outro lado. Sorriu para ele. O celular de Filipe tocou e ele atendeu.
  - Alô? Ah, oi amor... Não, não vá direto para casa. Vem para cá na casa do Marcelo e da Íris. Tenho uma surpresa em meus braços para nós, um presente. - balançava a menina. - Tudo bem...Tchau. Eu te amo também, Victor.

Desligou.

Marcelo ligou a tv. As crianças dormiram. Íris se achegou em Marcelo e Filipe descansou a cabeça em seu ombro.
***