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História Relativity - Larry - VIII - Moments


Escrita por: alouisiocobra

Notas do Autor


Hey, guys! Mais um capítulo! Como vocês já devem ter visto o nome do capítulo de hoje, escrevi-o ouvindo Moments. Não é um capítulo romântico nem cheio de grandes emoções, mas é essencial para vocês entenderem melhor o Harry e o Louis, e a ligação que eles têm.
O capítulo, como já falei, se chama moments porque tem haver com o que está acontecendo agora na fic.
Enjoy!

Capítulo 8 - VIII - Moments


Fanfic / Fanfiction Relativity - Larry - VIII - Moments

Fazemos uma pausa rápida, onde troco de cueca e Harry compra salgadinhos e refrigerantes em uma das maquinas da faculdade. Em menos de dez minutos já estamos de volta na picape de Harry.

Quando nos sentamos um ao lado do outro, algo dentro de mim diz que eu deveria estar envergonhado e fazendo mais perguntas sobre a nossa relação, mas ignoro. Me sinto incrivelmente mais leve agora, ao lado de Harry, do que momentos antes.

A rádio ainda está sintonizada em alguma música indie, mas, dessa vez, conversamos durante todo o trajeto.

O carro estaciona em um terreno abandonado, que mais parece um depósito de carros velhos e lixos. Quando olho para Harry, esperando uma resposta, ele já está fechando a porta da picape. Desço junto e corro para ficar ao seu lado. Não sei o que viemos fazer aqui, e tenho medo de que Harry queira encontrar alguém como Richard.

- Quero te mostrar uma coisa. - Ele fala e segura minha mão.

Começamos a andar na areia, e piso em várias garrafas e latas de bebidas. Há sacos de lixos, móveis quebrados, peças de carro enferrujadas, e muitos pedaços de carros. Não sei o que Harry tem para me mostrar aqui, mas, parte de mim, tem medo. Não por Harry, mas pelo lugar deserto e afastado.

Harry me guia durante o caminho, me alertando diversas vezes para pregos, latas e garrafas de vidro quebradas no chão. Há peças de roupas aqui também, velhas, sujas e rasgadas. Pessoas podem morar aqui, mendigos, talvez.

Estamos entrando cada vez mais no depósito, e, ao longe, avisto uma espécie de tenda. A madeira está desgastada e velha, mal para em pé, e há panos em cima e em volta dela, panos rasgados e velhos, claro.

Quando chegamos, noto que há alguns retalhos de tapetes dentro dela, assim como algumas almofadas e assentos velhos de sofás. É maior de perto, poderia caber até um grupo de jovens aqui, e isso só me assusta mais.

- Não precisa ter medo. - Harry sorri minimamente, e assinto. Mas isso não me faz sentir menos medo.

Ao longe, ouço um barulho, e praticamente dou um pulo, me agarrando ao braço de Harry. Entre risos, Harry diz: - Não precisa se preocupar, deve ser só algum animal. Eu nunca te levaria em um lugar perigoso, Lou. - E confio nele.

Por isso fico em silêncio, tentando afastar os pensamentos ruins da minha cabeça.

Harry se agacha e afasta os retalhos de tapetes sujos, até que podemos ver só a areia no chão, e ele cava com as próprias mãos, como se houvesse alguma espécie de tesouro ali. Quando ele tira de dentro do buraco uma arma reluzente, me afasto.

Harry tem mais uma arma? Porque ele gosta tanto de armas? Porque ele precisa ter uma arma?

- Tudo bem, é só uma arma. - Ele está com o cenho franzido para mim, de frente para mim, segurando a arma. - Não vou matar você nem nada. - Ele ri, mas quando percebe que estou em silêncio, suspira. - Só uso ela para atirar em garrafas. Gosto de treinar um pouco, ok? - Ele encolhe os ombros, explicando.

- Nunca usou ela em ninguém?

- Credo! Não, Louis! Eu não sou um assassino, ok? - Harry levanta as mãos em defesa. - Confia em mim, certo?

- Confio.

- Então procure algumas garrafas e latinhas para que possamos treinar.

Em silêncio, mas ainda assim meio desconfiado, me afasto de Harry e da tenda. Começo a me afastar, explorando o depósito, procurando por alguma garrafa inteira e latinha. Avisto Harry do outro lado, abaixado procurando assim como eu.

Não sei porque Harry quis fazer essa pausa idiota. Não sei porque temos procurar garrafas e atirar nelas. Não gosto de armas, e gosto menos ainda quando Harry está segurando uma. Não pretendo aprender a atirar, é idiotice, e não sei porque Harry quer treinar em um depósito abandonado, longe do centro da cidade.

Minutos depois nos encontramos no outro extremo do depósito, conseguimos, ao todo, juntar sete latinhas e três garrafas. 

Harry junta todas em cima de diferentes tonéis de lata, e pegamos distância para poder atirar.

- Quer começar? - Harry me oferece a arma, mas me afasto instintivamente.

- Não quero atirar. - Pareço uma criança negando veemente para a mãe, mas não me importo.

- Qual é, Louis! Não vamos matar ninguém, só vamos atirar em latas! - Ele me oferece a arma novamente, e, muito hesitante, a pego.

Nem sei como segurar uma arma direito, é gélida e estranha, e tenho medo de que possa disparar sem querer.

- Ela não morde. - Reviro os olhos para Harry. - Segure assim. - Ele segura minhas mãos, mostrando como devo segurá-la e como devo me posicionar e mirar.

Afasto um pouco os pés e miro na garrafa, ouço Harry, ao fundo, falando o que devo fazer, mas tudo que escuto são as batidas do meu coração. Fecho os olhos quando aperto o gatilho e ouço o barulho alto do disparo. Quando abro os olhos, vejo a garrafa em que atirei quebrada no meio.

- Sorte de principiante! - Falo por sob os ombros, sorrindo.

A sensação, no final das contas, é boa. Mas ver a cara de surpresa de Harry não tem preço.

Entrego a arma para Harry que, ainda meio catatônico, a pega. Dou espaço para que ele possa se posicionar e ele atira. Mal mirou, só atirou. Pensei que Harry tivesse mais prática nisso, mas vejo que estou enganado quando a bala bate na porta de um carro enferrujada e volta.

Fico paralisado, de boca aberta. Olho para Harry, a tempo de ver a bala acertando seu braço e ele gritando de dor.

Levanto a mão, meio chocado, e fecho os olhos com força.

Pensei que isso tivesse acabado. Não sei por quanto tempo vou aguentar ver Harry machucado, é como um ciclo vicioso.

O mundo a minha volta treme, e tenho que me firmar para continuar voltando. Abro os olhos e vejo Harry segurando a arma.

- Tudo bem? - Ele pergunta, as sobrancelhas arqueadas.

Vejo a porta do carro intacta, assim como o braço de Harry, e sei que tenho que pensar rápido.

Quando Harry se posiciona, abrindo as pernas e mirando, seguro seu braço, trazendo-o para mim, e ajeito a direção da arma. Harry aperta o gatilho e a bala acerta uma latinha de raspão.

- Quer atirar? - Harry me oferece a arma, mas nego rapidamente.

Por mais que eu tenha acertado da primeira vez, não quero nunca mais ter que encostar em uma arma.

- Tudo bem, então. Vamos para os trilhos. - Ele sugere, e voltamos para a tenda.

Harry enterra a arma em um buraco de areia, depois ajeita os tapetes.

- Você costuma vir muito aqui?

Quero perguntar se ele costumava vir aqui com Rachel, nesse lugar abandonado, em uma tenda, mas não quero parecer ciumento. É patético. Rachel está desaparecida, e eu estou com ciume dela com Harry há seis meses atrás.

Harry suspira, passando as mãos sujas na calça jeans, e me olha bem nos olhos. Segundos se passam, e parece que Harry nem pisca me avaliando.

- Sei o que você está fazendo. - Ele avisa, com o dedo indicador em frente ao meu rosto.

Harry está sério agora, sem nem vestígio do Harry bem humorado de minutos atrás. Odeio isso.

- Não estou pensando nada.

- Está sim.  - Ele para de andar e aponta para mim de novo. - Ela está desaparecida e você está sendo idiota!

Paro e o olho. Nunca sei como agir quando Harry está assim, todo temperamental. Nem toquei no nome de Rachel e ele já está a defendendo.

- Fiz uma pergunta. Não tenho culpa se tudo te lembra dela. - Tento me defender, mas ouço minha própria voz, cheia de sarcasmo e ciume, e desejo ter ficado calado como sempre.

Harry suspira alto, passando uma das mãos no cabelo, nervosamente, e me olha. Seus olhos escureceram de novo, bem diferente do escuro de prazer no carro. Parando para pensar agora, parece uma eternidade que fizemos aquilo no carro. Graças ao temperamento de Harry, parece que o tempo passa mais rápido.

- Vínhamos aqui, sim. E muito. - Algo dentro do meu peito se aperta, e fico tenso. - Quer ir para o trilho?

- Quero ir para a faculdade. - Estou com os braços cruzados, e sei que tenho uma carranca ridícula de criança mimada.

Harry não demonstra nenhuma emoção, está sério, me avaliando, e odeio mais isso do que seus ataques de raiva com o mundo.

- Me pergunte o que você quer realmente saber.

Olho bem para Harry, esperando que ele esteja sorrindo maliciosa ou sarcasticamente, mas me engano. Harry está sério, apenas esperando que eu diga. Sei o que ele quer. Sei o que ele pensa.

- Vocês eram só amigos? - Pergunto, descruzando e cruzando os braços novamente.

Estou nervoso, inquieto. Sei que pareço muito patético e inseguro, mas dou mais importância para a minha curiosidade do que para a minha dignidade agora.

Harry vira a cabeça e entorta a boca, olhando para o lado e para mim. Engulo a seco. Tenho medo da resposta. Sei que Rachel está desaparecida faz tempo, e que eu abandonei Harry aqui, mas ainda assim, algo dentro de mim, acha que eu tenho razão de ter ciume.

- Sim. Nunca rolou nenhum clima. - Assinto, e consigo respirar de novo.

Harry sorri, caminhando vagarosamente até mim, e estende sua mão, tocando a minha de leve.-

- Você tem ciume de mim? - Sei que Harry sabe que sim, mas também sei que ele é arrogante o suficiente para querer ouvir claramente.

- Tenho.

Ele chega mais perto, e, desse jeito, nossos narizes quase se tocam. Meu coração começa a bater mais rápido e minha respiração fica irregular. Mal posso ficar perto de Harry e meu corpo já é atraído para ele.

Suas mãos vão para a minha cintura, me puxando pela calça, e quando estamos prestes a selar os lábios, Harry fala: - Nunca tive com ninguém o que tive com você.

Meu peito afunda e fecho os olhos. Os lábios de Harry tocam os meus, e nos beijamos calmamente, sentindo e explorando cada canto de nossas bocas.

Minha cabeça está explodindo em perguntas, quero perguntar tanta coisa, quero tantas repostas, mas, por ora, isso é o suficiente para mim. É o suficiente para a minha autoestima e insegurança.

Harry estaciona perto dos trilhos, e saltamos da picape. Rapidamente sou invadido por lembranças e um sentimento de nostalgia. Sempre vínhamos para cá, fugindo da nossa realidade, e ficávamos sentados naqueles trilhos, jogando pedras e conversa fora.

Em silêncio, caminhamos até os trilhos e nos sentamos. A bota caramelo de Harry está surrada, a ponta está esfolada, e me pergunto porque ele gosta dela. Mas, ao olhar todo o seu corpo, noto que gosto do seu estilo despojado.

Harry está sentado ao meu lado, as pernas abertas, e está olhando para o céu. A leve luz do dia ressalta a cor dos seus olhos verdes. Seus cabelos estão bagunçados, como sempre, mas há algo charmoso neles.

Antigamente, Harry usava suéter de bichinhos e calça jeans larga com tênis simples. E quase posso imaginar nós dois aqui, crianças, inocentes.

Me pego pensando se, já naquela época, eu enxergava Harry assim. Como um homem bonito e charmoso, mas não lembro. Acho que, há anos atrás, éramos apenas melhores-amigos, sem maldade.

Naquela época, eu não sabia sobre a minha opção sexual, era inocente e infantil demais para saber. Mas, dois anos depois, comecei a notar. Não eram grandes coisas, eram pequenas, detalhes, que me fizeram notar.

Amava jogar bola no ensino fundamental, mas, depois, parei de gostar. Tinha algo em usar aqueles uniformes, chutar, brigar e suar que não me agradava. As garotas vieram depois, começaram com brincadeiras no intervalo e depois as conversas por bilhetinhos.

Os garotos, meus colegas e amigos, faziam listas das garotas mais bonitas da sala, enquanto eu estava mais preocupado em tirar fotos de joaninhas, borboletas e gatos. Não demorou para os garotos também notarem que eu era diferente deles, que eu pensava diferente deles, e foi aí que fiquei sozinho. As garotas não foram receptivas, umas chegavam por interesse, perguntando se eu era amigo de um garoto que elas gostavam.

No ensino médio, as coisas melhoraram, não digo que criei amizades especiais ou que tive um primeiro amor, mas tudo ficou mais leve. Fiz amizade com duas garotas, não tínhamos muito em comum, mas eu ficava conversando com elas no intervalo, e isso já era o suficiente. Fiz amizade com um garoto também, víramos bons amigos na sala de aula, e depois começamos a andar juntos. No segundo ano, ele começou a me tratar diferente, e um dia me beijou no vestiário. Acabamos ficando por meses, apenas nos beijando, e não passamos disso.

Obviamente, eu não sentia nada por ele, nem perto do que sinto por Harry hoje, mas me ajudou a me descobrir melhor, e, consequentemente, ajudou o garoto a se descobrir também.

Contei para a minha mãe no nono ano, quando cheguei em casa todo suado depois de jogar bola e decidir que eu nunca mais jogaria. Simplesmente cheguei e disse que eu era gay. Não sei o que me deu, mas na época, algo dentro de mim já tinha certeza.

Não sei que tipo de reação eu estava esperando quando contei, mas minha mãe pareceu indiferente. Me olhou, sorriu e deu de ombros. Pode parecer frio, mas era e foi o que eu precisava. Ela nunca fez distinção, nunca soltou um comentário ruim, nunca pediu que eu reprimisse. Assim como Lottie e Fizzy, eu chegava da escola cheio de assunto, e contava, reunido com elas na mesa de jantar, sobre o garoto que eu gostava ou sobre o garoto que eu estava ficando.

Me pergunto se Harry também é gay, ou se é curioso, ou bissexual. Será que ele descobriu assim como eu? Será que ele contou para Anne? Será que ele sabe sobre ele mesmo?

E só quando Harry está com o cenho franzido para mim, percebo que estou me fazendo todas essas perguntas enquanto o encaro. Enrubesço automaticamente e desvio o olhar. Harry dá risada, alta e clara, e acabo rindo junto, porque amo a forma como ele joga a cabeça para rir, amo o som do seu riso.

- Está me desejando, Lou-Lou? - Ele arqueia uma das sobrancelhas, sorrindo abertamente.

Sua covinha fica bem saliente, e tenho vontade de colocar meu dedo nela. Fico mais vermelho ainda, e tento ficar sério, mas é impossível não se contagiar quando Harry está tão feliz assim.

- Talvez. - Dou de ombros, fingindo desinteresse.

- Você pensa demais.

Olho para Harry. Ele falou sem pensar, e agora está me observando enquanto sorri.

- Estava pensando no que?

Meu coração automaticamente se acelera, e olho para os lados. Não sou bom em mentir, e Harry, quando criança, costumava saber assim quando eu começava. 

- Opção sexual. Você. - Opto por ser sincero, ouvindo a voz da minha mãe ao fundo.

Harry junta as sobrancelhas, curioso, e assente.

- Estava se perguntando se eu era gay? - Ele está sorrindo divertido, com uma das sobrancelhas arqueada, esperando pela minha resposta.

- Sim. - Minha voz sai fraca, mostrando o quão envergonhado estou. Harry ri alto.

- Se você estiver interessado em saber, nunca fiquei com um garoto antes. Bom, na verdade fiquei com um no colegial, mas foi em uma brincadeira idiota. - Ele dá de ombros, sorrindo. Está se divertindo com a minha vergonha e curiosidade. - E você?

- Fiquei com um garoto no ensino médio. - Dou de ombros, mais calmo agora, mas pela carranca de Harry, não foi uma boa resposta.

- Vocês…? - Ele é vago, mas pela sua seriedade repentina e a pausa, sei sobre o que ele está se referindo.

- Não. - Faço careta. - Só nos beijávamos escondidos.

- Tudo bem.

Harry olha para frente, sério, observando as montanhas depois dos trilhos. Harry ficou ciume? Me pergunto.

- Tudo bem?

- Costumo ser possessivo. - Ele fala, curto e grosso. E, quando volta a me olhar, está com os olhos negros. - Na verdade, me sinto possessivo em relação a você.

É uma grande confissão. Penso. Harry acabou de se "declarar" para mim, e estou adorando isso. Estamos sendo mais sinceros, e é tão mais fácil quando não temos que adivinhar os sentimentos um do outro.

 Ficamos lá, sentados nos trilhos do trem por minutos e horas. O vento chega com o anoitecer, bagunçando os cabelos de Harry, que descubro que amo ainda mais quando está ao vento. Ficamos em silêncio na maior parte do tempo, mas também lembramos, vez ou outra, sobre nossas histórias compartilhadas, e damos risada.

Percebo que, enquanto lembramos do passado, estamos fazendo mais lembranças juntos, estamos construindo mais momentos. Momentos que, com o passar dos anos, onde quer que estivemos, serão eternos.


Notas Finais


Espero que tenham gostado! O que vocês acharam do capítulo?
Daqui para frente vocês vão conhecer mais sobre o Harry, e ele também vai ser mais ativo na fic.
Se preparem para os próximos capítulos porque a coisa vai ESQUENTAR! E dessa vez é sério!
Muito obrigado pelos comentários, visualizações e favoritos. Leitoras anônimas, não sejam mais anônimas!


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