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História Relatos de uma depressão - 14 e 15 de setembro


Escrita por: Moon_redwich

Capítulo 12 - 14 e 15 de setembro


14 de setembro de 2016
Querido amigo, hoje também não foi um bom dia. Acho que eu preciso de ajuda, mas não quero pedir ajuda, não quero que minha mãe saiba que tem uma filha suicida, não quero ser julgada, ouvir que estou possuída, que vou pro inferno, que não estaria assim se fosse religiosa, que sou uma porra de uma problemática. Eu não entendo porque alguém que sofreu tanto que desistiu da vida iria para o inferno. Na verdade, às vezes eu acho que esse é o inferno. 
Hoje eu acordei às 9:30, mas não queria levantar. Não queria nem ter acordado. Depois de enrolar um tempo, levantei, peguei comida para o café da manhã e fui para o quarto. Tomei café da manhã enquanto mexia no tablet, coloquei música e olhei a cartela de antidepressivos. Ainda havia 8 comprimidos e na sala tinha uma caixa lacrada com 20 comprimidos. Me perguntei se 28 comprimidos seriam suficientes, mas eu não sentia mais a urgência dessa ação tanto quanto ontem, no entanto ainda queria. Porquê esperar mais merda acontecer?
Deitei na cama, olhei minhas coisas, extraí as lembranças delas, imaginei que Victoria tinha morrido e que eu era minha mãe entrando no quarto e olhando para aquelas coisas, mas dessa vez não senti nada. Decidi tomar logo meu comprimido do dia e dormir até a hora de me arrumar para ir à escola. Me dei uma hora e meia para tomar minha decisão, e se fosse o caso, substituiria o comprimido de hoje por outro remédio forte.
Acordei antes de meio dia, levei as comidas de volta para o armário, coloquei música no celular e tomei banho. Depois me arrumei, esquentei a comida que minha mãe deixou para mim no microondas, comi, escovei os dentes e fui para a escola. Chuviscou até metade do caminho, o que eu gostei, pois não queria andar até a escola no sol.
Cheguei na escola às 13:15, deixei minha minha bolsa na portaria e fui para a praça, procurar Felícia. Também liguei para a minha mãe, para dizer que havia chegado e, como não vi Felícia, voltei para a escola. Acabei encontrando Pietra e conversamos até tocar para irmos para a aula.
As aulas passaram-se vagarosamente, fiz uma questão de biologia e fui a segunda a entregar, passei o intervalo com Pietra, ela me emprestou dinheiro para comprar comida e depois voltei para a sala. Dei uma lida no meu diário na última aula, peguei um táxi para casa, estudei espanhol por um site e me arrumei para irmos jantar com a minha irmã. 
Jantamos em uma padaria perto do apartamento de Lia, depois subimos para seu apartamento e eu pesquisei um pouco sobre carreiras na área de psicologia. Do oitavo ano até o começo desse ano eu tinha certeza que iria cursar veterinária, cheguei a considerar biotecnologia, pois fiz um "estágio" em uma pesquisa de uma universidade daqui no ano passado, mas achei que era tudo muito detalhista, coisa que eu não sou. No final do primeiro ano, a escola fez uma feira de profissões e me encantei por uma área que nunca havia passado pela minha cabeça: Criminologia. Eu faria Direito, especialização em psicologia e me tornaria criminóloga. Eu quero lidar com psicopatas, ouvir as histórias deles e entender como eles lidam psicologicamente com os crimes. O problema é que meu pai quer sair do país e direito me prenderia aos Estados Unidos, pois o curso é de acordo com as leis locais. De toda forma, também não quero ficar só nos EUA, então acho que psicologia é uma boa escolha. Contudo, não quero virar professora, nem fazer apenas psicologia clínica, eu quero lidar com psicopatia, esquizofrenia, transtornos de personalidade múltipla, me tornar uma referência. Então achei uma ótima solução: Psicologia jurídica. Isso envolve detentos, casos de separação, vítimas de abuso sexual, etc. É criminologia também, porém mais voltado à questão da análise psicológica, que é o que eu quero.
Ao chegar em casa, limpei a caixinha de areia de Petra, coloquei o lixo para fora e conversei com Sam até 23:30. Nenhuma alteração hoje. 
P.S: Hoje eu fiz uma lista de pessoas que eu amo, que eu deixaria caso cometesse suicídio. Não vejo necessidade de deixar uma carta, pois acho que os motivos para cometer tal ato não diz respeito a ninguém, nem mudaria o que eu fiz. Todavia, acho importante que as pessoas saibam o quanto significaram para mim.
Até a próxima carta. 
Agradecidamente, 
Victoria Parks. 
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15 de setembro de 2016


Querido amigo, eu não sei o que pensar desse dia. Acho que foi bom e ruim ao mesmo tempo. Até porque hoje é quinta-feira, simplesmente o pior dia da semana, pois tem duas aulas seguidas de matemática(os dois primeiros horários) e duas aulas seguidas de física(os dois últimos horários).
Hoje eu acordei, tomei banho, me arrumei, comi, engoli meu comprimido do dia e fui para a escola. Tive que escrever durante a aula para não dormir, pois estava morrendo de sono. Não sei o que raios deu no professor de matemática que ele resolveu olhar o mapeamento e mandar a gente de volta para os nossos lugares.
Finalmente decidiram a cor da roupa do campeonato e hoje os times das categorias foram formados. Eu fiquei no baleado, natação craw e natação costas. Poderia ter entrado no vôlei, mas não sei rebater, só sacar. Nas competições as pessoas tendem a se tornarem agressivas, então prefiro ficar só nas modalidades em que sou boa, pois sei que sou meio sensível e ter pessoas gritando comigo me afeta de uma forma bem negativa.
Depois de sair do colégio, fui andando para casa, pois meu padrasto estava em uma banca de qualificação e não ia poder me buscar. Quando já estava a três minutos de chegar em casa, vi Bob passando de carro. Ele estava indo me buscar, ou seja, andei naquele sol para nada. Que coisa agradável, não? Entrei no carro e assim que cheguei em casa comi um arroz maravilhoso que a minha mãe fez, peixe e batatas assadas com alecrim. Estava tudo muito bom.
Após o almoço, fui para o quarto e comecei a conversar com Sam pelo facebook. Conversamos até 16:15, depois eu peguei doce de leite, bolacha de água e sal e fui para a sala assistir a terceira temporada de American Horror Story. Pretendia maratonar, mas minha mãe mandou eu parar às 19:20.
Desliguei o computador meio puta, pois eu estava no meu direito. Eu não tive que ficar na escola por quê não fiquei para recuperação em nada e estava usufruindo do resultado da minha sorte. Saí da sala, deixei minha louça suja na pia e fui para o quarto. 
Pratiquei a cota de espanhol do dia no site e depois resolvi começar francês. Decidi começar do zero, pois saí do curso de francês há 9 anos e não me lembrava de nada, exceto: Ça va, rouge, orange, merci e enfant. Acertei tudo na primeira parte e quase tudo no resto. Fiquei feliz por não ser completamente inútil e ainda lembrar de algumas coisas, por mais que sejam o básico do básico. Nenhuma alteração hoje.
Até a próxima carta. 
Agradecidamente, 
Victoria Parks. 
 



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