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História Relatos de uma depressão - 2 de setembro de 2016


Escrita por: Moon_redwich

Notas do Autor


Este é o primeiro relato, comentem o que acharam!

Capítulo 2 - 2 de setembro de 2016



Hoje, por incrível que pareça, acordei sozinha as 06:15, quinze minutos depois do que deveria para ir à escola, pois ontem mudei o alarme do celular para 06:45, já que não ia à escola, e sim ao psiquiatra.
Aliás, esqueci(essa provavelmente é a palavra mais usada por mim. Imagine quando eu atingir a terceira idade???) de dizer o motivo de eu ter começado a escrever este diário. Pois bem, deixe-me dizer. Minha mãe me colocou em um psicólogo em abril, depois de ter aberto a porta do quarto para me acordar para ir à escola de manhã e me flagrado com uma garrafa de alvejante quase na boca.
Não me julgue, eu estava desesperada, e o desespero leva pessoas a medidas extremas. Eu estava tomada de dor, vulnerável, exposta, de volta ao meu trauma que havia levado meses para suavizar, me sentindo sozinha. Então eu acordei e assim que abri os olhos, tudo, absolutamente tudo de ruim que já aconteceu comigo, me atingiu de uma só vez, não conseguia enxergar uma ponta de esperança de que, futuramente, iria melhorar, sentia uma angústia insuportável que me tomava por inteira, parecida com a culpa(quando você faz algo errado e não consegue ficar em paz, nem aproveitar nada), só que mil vezes pior, ainda mais porquê não havia feito nada de errado. Eu só queria acabar com aquilo, parar de sofrer, era dor demais.
Em junho, meu psicólogo pediu que eu entregasse a ele uma lista de coisas boas e ruins que estão acontecendo comigo. Costumo fazer essa lista quando estou péssima, pensando em suicídio, pois ela me ajuda a realmente enxergar os pontos positivos que existem na minha vida e afastar um pouco esse tipo de pensamento. Mas voltando, refiz uma lista, lhe entreguei na sessão seguinte e ele me fez explicar ponto por ponto da lista. Ao final da sessão, me perguntou se eu tomava algum tipo de medicamento, e diante da minha negativa, recomendou-me um psiquiatra. A primeira tentativa foi em julho, porém, ao chegar no consultório, a secretária informou que houve um erro e que a médica não atendia menores de 18 anos. Minha mãe saiu furiosa pela perda de tempo e depois disse que isso era frescura do meu psicólogo, que eu não tinha nada. No entanto, sob insistência do meu psicólogo, marcou outra psiquiatra. Foi então que fui diagnosticada com depressão. Na hora em que entreguei a receita médica para a minha mãe, na qual havia uma prescrição para anti depressivos, ela tomou uma expressão indecifrável e mal falou comigo. 
É claro que foi um choque para ela. Ela achava que eu era totalmente saudável e então estava com uma receita para anti depressivos em mãos. Acredito que tenha se sentido um pouco culpada, como se tivesse falhado como mãe em algum momento, o que, obviamente, é um terrível engano. Anne Brave é a mãe que qualquer um poderia querer. 
Ao final da noite, minha mãe já estava normal de novo e me chamou para ir até a sala. Ela pediu que eu começasse um diário, para, acima de tudo, relatar qualquer mudança- ou a falta dela- que o Daforin possa ter me causado. Então, aqui estou eu.
Retomando o dia de hoje, depois de acordar, tomei banho, sem lavar o cabelo, pois ia sair mais tarde e, se lavasse, até chegar a hora de sair, minha franja já iria estar toda oleosa. Penteei minha franja para trás, para não ir à escola exibindo uma franja onde desse para fritar ovo, amarrei uma faixa preta com poá branco, coloquei minha farda, que consiste em uma saia preta, uma blusa branca social, uma gravata azul e um blazer preto com o logo da escola bordado do lado esquerdo na região do busto. As sapatilhas podem ser pretas ou azuis, então completo esse look arrasador com uma sapatilha preta, um anel de polegar, um brinco de pedra da lua. Tenho também um anel de dedo do pé, mas este é um charme observado apenas quando estou de sandália de dedo ou descalça.
Para o café da manhã, fiz um sanduíche maravilhoso com o pão que a minha mãe fez, creme de milho com espinafre, queijo e presunto. Comi isso junto com um copo de iogurte de morango, depois escovei os dentes, tomei meu primeiro comprimido azul com a ajuda de um copo d'água, acordei meu padrasto para me levar à escola, passei blush rosa nas bochechas e no queixo(sim, no queixo. Para parecer mais natural), dei umas batidinhas na boca com meu batom vinho matte e saí de casa.
Como era de se esperar, Felícia faltou. Ainda não sei como ela não repete por falta. As aulas passaram-se vagarosamente, meu colega da frente ficou conversando sobre putaria comigo, fiz um barquinho, um avião e um jogo de possibilidades com dois panfletos que nos foram entregues na porta da escola e fiz três questões de sociologia em um tempo razoável. Durante toda a manhã não percebi nenhuma alteração. Ah! Desenhei um pouco no meu bloco pessoal e terminei um poema que comecei semana passada, mas ficou longe de estar bom. Mesmo assim, vou transcrevê-lo. Ficou assim:
Há um tempo me apaixonei 
Olhos castanhos e cabelos dourados
Havia devoção em meus sentimentos exagerados
Mas, sem perceber, só eu amei
Outro:
Há três anos eu era forte
Não havia dor, não havia paixão 
A vida ainda não era morte
Nem amante da autodestruição 
Desenhei uma garota chorando, com um fundo azul e, abaixo dela, várias repetições "E se...". Desenhei também uma boca com a língua para fora e um comprimido azul, recortei um buraco em formato de cérebro e escrevi em cima "Blue pills" e em baixo a continuação "Healthy mind". "Pílulas azuis, mente saudável". Gostaria que fosse verdade. 
Ao sair, encontrei um menino que me ajudou no Entertainment Center há duas semanas e ele quase não me reconheceu. Talvez pela falta da franja e do cabelo propositadamente bagunçado. Demos um abraço(Amo abraços), depois esbarrei no meu professor de biologia, o qual me deu um beijo no topo da cabeça, atravessei a rua e entrei no carro do meu padrasto, que já estava me esperando. 
Quando cheguei em casa, troquei de roupa, almocei arroz à grega com feijão, tomei chá mate gelado, escovei os dentes e, como de costume, fui para o meu quarto, onde fiquei mexendo no meu tablet- lembrança de dias melhores- até dar dez para as duas, quando fui chamada para ir tomar banho.
Depois de tomar banho, pûs uma mini saia jeans, uma blusa preta de manga comprida caindo no ombro esquerdo, mostrando a alça do meu sutiã vermelho com bolinhas amarelas claras, uma bota preta de cano curto, meu colar de árvore da vida, meu anel de polegar, passei a mesma maquiagem de manhã, baguncei meu cabelo, penteei a franja reta e fui colocar o que ia precisar dentro da bolsa. Coloquei minha carteira de estudante, minha caneta preta, meu bloco pessoal, meu celular e uma camisinha de maçã verde, para o caso de imprevistos. O dinheiro e os remédios já haviam sido postos dias antes.
Após fecharmos a casa, saímos e fomos para a universidade, pois minha mãe e meu padrasto tinham uma reunião com o pessoal do núcleo de direitos humanos. Enquanto aquela chatice acontecia, pûs meu celular para carregar e fiquei lendo "O diário de Anne Frank", interrompendo a leitura algumas vezes para tomar água. Mesmo assim, acabei o livro antes de acabar a reunião, e olha que eu precisei reler algumas partes, pois estava morrendo de sono e quase dormindo. Quando saímos da universidade para me deixarem no Entertainment Center já eram 17:40. A tarde também não houveram alterações. 
Depois de me deixarem no Entertainment Center, fui primeiro ao anfiteatro ver se tinha alguém lá, pois estava chovendo um pouco, achava difícil ter alguém no estacionamento. Só tinha um menino com quem eu mal falava. Acho que o máximo de interação que já havia tido com ele antes foi ele me pedir um biscoito e eu ter dado o resto do pacote. Cheguei até ele e perguntei se o pessoal iria hoje e o mesmo disse que não sabia. Daí, fui até o estacionamento e vi Cameron e Yan sentados em um canto fumando e dividindo uma garrafa de algum tipo de álcool que eu não sabia o que era.
Cameron acenou para mim, então fui até eles, abracei primeiro Cameron, depois Yan, e me sentei. Perguntei se tinha algum problema fumar tomando anti depressivo. Cameron disse que não, me ofereceu um trago do seu cigarro, o qual aproveitei, e depois ele me deu um cigarro inteiro. Me senti um pouco mais leve depois do cigarro e um tiquinho feliz por estar ao lado de Cameron. Eu ainda o amo muito.Ele cutucou o meu braço com o seu e pediu para eu falar alguma coisa. Eu sou muito quieta e calada, não que eu não tenha o que dizer. Cada acontecimento interessante da minha vida eu ensaio na frente do espelho como eu vou contar a alguém, mas na hora eu fico com medo de não ser tão interessante assim ou acaba me dando branco. É horrível, eu me sinto desinteressante e chata, uma companhia que não faz falta. O que é verdade.
Depois de um tempo, chegam dois meninos perguntando por uma menina de sidecut e nos chamam para irmos ao anfiteatro, pois o pessoal está lá. Desviei um pouco o caminho para ver as sinopses dos filmes que estavam passando no Cinecult, mas não me interessei por nenhum, então voltei rapidamente. Ao chegar lá, abracei  Noah, Winter, Catherine Apple, Catherine Murray e Oliver. Me ofereceram vodka, mas recusei.
Com o passar da noite, fui me isolando, abracei algumas pessoas conhecidas que foram chegando, desenhei mais no meu bloco pessoal, sob elogios de um menino que esqueci o nome. Uma mulher sem boca. Representando a minha incapacidade de falar facilmente. Todos os meus desenhos e poemas expressam algo que eu estou sentindo. Depois  Connor chegou, fez piadas depressivas comigo, saiu, voltou com Leonard, que também fez piadas depressivas comigo, fomos a um bar comprar biscoito, pois estava com fome, voltamos ao anfiteatro, eu falei um pouco com a prima de Cameron, depois com Cameron, então Cameron Jordan, a ex dele, chegou e ele foi atrás dela. Fiquei em uma espécie de transe, olhando para nenhum lugar específico, então despertei, me lembrei de tudo o que passamos, comparei ao modo como estamos agora e senti uma vontade enorme de chorar.
Levantei da arquibancada, fui até o banco onde todos estavam, peguei minha bolsa e tentei pensar para onde ia. "Vou para casa ou tento ficar aqui mais um pouco e ver se melhora?" Acabei sentando em um banco perto do banheiro, peguei meu bloco pessoal, mas estava muito carregada negativamente para desenhar ou escrever alguma coisa, por isso, guardei na bolsa novamente, olhei a hora, 21:30, guardei o celular e fiquei fitando o observatório de astronomia. 
E se eu não tivesse feito aquela ligação em março? E se eu tivesse sido eu mesma? Mas essa não sou eu mesma? Ou será que represento tão bem ao ponto de me fazer acreditar que essa sou eu mesma? É muito mais fácil eu me matar agora. Uma caixa inteira de Daforin, um pouco de vodka e acabou. Já era.
Oliver saiu do banheiro, me viu, foi até mim e se sentou ao meu lado. Perguntou se eu estava bem, fiz que não, ele disse que eu poderia me abrir se quisesse, mas apesar de querer, não aceitei. Não quero sobrecarregar os outros com os meus problemas. Expliquei isso a ele e ele tentou me aconselhar um pouco. Agradeci e voltamos ao anfiteatro. A prima de Cameron me deu um cigarro, o qual dividi com Catherine Murray enquanto conversávamos, depois dei o resto a Noah, que deu para Oliver. Ela disse que queria deitar a cabeça em alguma coisa, então ofereci meu ombro. Ela aceitou, encostando a cabeça em meu ombro e eu comecei a acariciar seus cabelos, enquanto ela acariciava minha coxa. Eu não sabia se ficava ou não com ela. Eu amo Cameron, mas agora ele está com a Jordan(Cameron), ele não quer ficar comigo, não posso perder uma oportunidade por uma pessoa que tá pouco se fudendo pra mim.
Chegou um menino e tentou beijá-la, mas Bryan afastou os dois, Catherine se virou e eu a beijei. Ela não beijava tão bem, ou talvez não estivéssemos em sincronia. Alguém soltou um "Que beijo feio!", provavelmente Noah. Conversamos mais um pouco e nos beijamos de novo. Depois Catherine Apple chegou e ficou olhando para a gente. Perguntei sobre um machucado feio em sua perna, que segundo ela, foi de uma queda de moto e ela ficou fazendo carinho em mim. Depois de um tempo eu disse para ela que aquilo era muito bom e ela disse: "Você beijou a Catherine errada". Ri e perguntei "Você quer?". Rapidamente, ela desceu da mesa, se sentou no banco, eu sentei em seu colo e nos beijamos. Eu já tinha ficado com ela em junho antes, inclusive meu primeiro beijo triplo foi com ela e Cameron, e ela beija muito bem. Dessa vez, o beijo foi seguido por "Que beijo lindo da porra!", "Que beijo!". Depois nos abraçamos, conversamos sobre escola, como nos descobrimos bissexuais(no meu caso, panssexual), uma garota foi até ela pedir desculpas por um post, falar sobre a ex dela, depois ficamos de novo, nos despedimos e ela foi embora.
Pouco depois, as luzes começaram a ser apagadas, me despedi de todo mundo, liguei para o meu padrasto para dizer a placa do táxi e fui embora. Ao chegar em casa, ajudei minha mãe a pôr algumas coisas na geladeira, comi um pedaço de torta de frango, alguns biscoitos de blueberry e fui para o quarto. Nenhuma alteração hoje.
Até a próxima carta.
Agradecidamente, Victoria Parks. 
 



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