Quando eu era moleque tive um cachorro chamado Fred. Ele era um pastor alemão com cinquenta e sete quilos e uma hérnia de disco, que o fazia sofrer pra caramba.
Fred era o melhor amigo que qualquer garoto de seis anos poderia ter e eu o amei. Conforme o tempo passou, os problemas de coluna de Fred foram se agravando e ele ficou paralítico. Me lembro como se fosse ontem, o segundo em que ele descia a escada atrás de mim e simplesmente desabou aos meus pés se contorcendo de dor.
Doeu em mim vê-lo daquela forma, sofri com ele e quando o veterinário disse que ele não seria mais capaz de andar, fiquei pensando no que seria da vida de Fred dali em diante. Eu tinha seis anos e não sabia muita coisa sobre o futuro, muito menos de como as coisas funcionavam na vida real, mas esperava que Fred voltasse a andar no que todo mundo chamava de futuro.
Meu pai disse que se eu rezasse, talvez Deus tivesse misericórdia de Fred e o tirasse a dor como num passe de mágica que ele chamava de milagre.
Depois daquele dia, toda noite eu pedia a Deus que ele salvasse Fred e o tirasse a dor. Bom, não aconteceu e numa noite qualquer Fred dormiu nos pés da minha cama, como sempre fazia, e não acordou no dia seguinte. Meu pai disse que Deus tinha levado Fred de nós, porque era sua maneira de livrá-lo da dor. Ele também me disse que a morte era inevitável pra qualquer ser que vive.
Nunca esqueci daquela palavra: Inevitável.
(...)
– Mentiroso! Eu não...
– Não era o que me parecia, cara. E não sei se você sabe, mas eu tenho pavio curto pra gente mentirosa. – comecei e ele fechou os olhos. Sorri satisfeito e olhei pra ela.
O cabelo estava meio bagunçado, as roupas um tanto amassadas, mas ela parecia bem. Porra, ela estava ótima.
– Peça desculpas.
Mandei – O que? Mas ela-
Não esperei e lhe dei uma cotovelada no nariz, escutei o leve ranger do osso se quebrando e ri fraco – Resposta errada, Adam. Tenta de novo.
– Ah, meu Deus! Você quebrou o nariz dele!
– E vai ser só o começo se ele não me obedecer, linda.
Mesmo na escuridão, ela corou – Vamos, lá. Adam. Não tenho a noite toda.
No mesmo instante meu celular vibrou no bolso.
– Filha da puta!
Ah, ele pediu por essa. Puxei seu corpo para cima pela gola da camisa e dei um soco certeiro no olho esquerdo. Ele urrou de dor e caiu no chão choramingando.
Limpei as mãos na calça e desbloqueei a tela para ler a mensagem.
– Você... Você matou ele? Meu Deus, você matou ele! – ela gritou escandalizada assim que guardei o celular. A voz dela até que era bonita, mas minha paciência era curta, e escutar uma garota gritando que não fosse por conta do prazer que eu dava, era estressante.
– Não matei o imbecil. Ele vai viver pra contar para os amiguinhos dele que eu não brinco em serviço.
Dei dois passos na direção dela e ela engoliu o seco – Como você faz isso com alguém?
– Ah, meu Deus. Se ele era tão importante pra você por que não deixou ele te comer?
(...)
– Eu não bebo.
Ri e falei – Fala sério.
Mack rolou os olhos e virou o rosto pra janela de vidro.
– Você já tem essa carinha de boa moça, agora tá me dizendo que não bebe. Qual vai ser a próxima, que você não fode? — acabei gargalhando da minha própria brincadeira e ela simplesmente virou com um olhar bem puto na minha direção.
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