História Relíquia do Amor - Sonho ou pesadelo.

Pov Harry On

Dumbledore morreu há dois dias. Não tenho palavras para descrever esse vazio que ainda estou sentindo.

Não consigo acreditar que eu realmente estava certo sobre Draco. Ele era mesmo um Comensal da Morte. É claro que eu jamais imaginei que sua primeira missão fosse matar Dumbledore. Quando ele estava lá, na torre de Astronomia e não conseguiu matar o diretor, tenho que admitir que senti um certo alívio, contudo esse alívio só durou até que os outros Comensais da Morte chegassem e Snape fizesse o serviço por ele.

Mesmo agora, que já sei qual era o objetivo de Draco, não sei por que ainda penso nele, ou por que inda me pergunto o que ele está fazendo.

Eu passei o ano inteiro pensando e seguindo Draco, por suspeitar que ele fosse um Comensal da Morte, e veja bem, eu estava certo. Mas mesmo agora, já sabendo que minhas suspeitas estavam corretas, por que ainda não consigo tirá-lo de meus pensamentos?

Eu mal consegui dormir nesses dois dias. Me sentia tão desolado e incrédulo com a morte de Dumbledore, que tive que tomar uma poção relaxante que Madame Pomfrey me deu para conseguir dormir um pouco.

Tive sonhos estranhos, de início sonhei com Dumbledore caindo da torre, mas logo em seguida o sonho mudou. Me vi aos beijos com alguém. Meu coração acelerou e meu corpo esquentou.

Será que estou sonhando que estou beijando a Gina? Não, não pode ser ela, estou namorando com ela a alguns meses, mas meu coração não se acelera assim quando nos beijamos.

A pessoa desconhecida continuava a me beijar intensamente, sua língua explorava cada canto de minha boca com muito desejo e necessidade. Uma de suas mãos pressionava meu quadril contra seu corpo, enquanto a outra permanecia em baixo de minha camiseta, deslisando por meu peito e me causando arrepios.

Mesmo sabendo que era um sonho, me senti curioso para saber de quem era essa boca fria que eu estava amando beijar. Segurei essa pessoa pelos braços e a afastei para ver seu rosto. Congelei ao ver ali, corado e constrangido, Draco Malfoy.

Acordei com um pulo. Meu coração ainda palpitava pelo beijo do sonho, e pelo susto ao ver quem eu beijava.

Eu realmente sonhei que beijava Draco, meu inimigo desde… bem, desde que me conheço por bruxo? E ainda por sima um homem?

Apesar de achar que estou enlouquecendo de vez, tenho que admitir que eu gostei do beijo. Aquele foi o beijo mais intenso que já dei, mesmo que tenha sido só em um sonho.

No que diabos estou pensando? Minha cabeça está uma bagunça, talvez seja efeito da poção relaxante que Madame Pomfrey me deu.

Depois que me levantei, me vesti para o funeral. Percebi que os dormitórios estavam vazios. Todos já devem ter decido.

Estava seguindo para o Salão Principal quando esbarrei no professor Slughorn.

– Harry, meu rapaz, que bom que eu te encontrei. Estava indo te procurar agora mesmo.

– Bem, estou aqui. O que deseja, professor?

– Eu quero lhe entregar isso. – disse ele me estendendo uma garrafa que continha uma poção muito estranha, que me lembrou refrigerante trouxa.

– O que é isso, senhor?

– É uma poção estimulante, fiz especialmente para você.

– Eu agradeço, mas não preciso de nenhuma poção, senhor.

– Mas eu a fiz especialmente para você, meu rapaz! Sei que está abatido, sofrendo mais do que qualquer um, então… Por favor?– Ele me estendeu mais uma vez a garrafa.

Suspirei peguei a poção e a bebi toda de uma vez. Até o gosto parecia ser de refrigerante.

Entreguei o frasco vazio ao professor.

– Obrigado, senhor.

O professor parecia um tanto apreensivo, mas se despediu de mim e voltou a sala de poções.

Com uma estranha sensação de aperto no ventre, segui para os terrenos da escola, onde tudo já estava pronto para o funeral.

Ron, Hermione e Gina já me esperavam.

Durante as homenagens, me senti estranho. Meu corpo estava quente, e minha mente começou a ser invadida por várias imagens do meu sonho. Não consegui prestar a atenção no funeral. Minha mente estava cheia de imagens de Draco. Pensei na sensação de sua mão fria passeando por meu peito, mesmo que tenha sido um sonho, seu toque e sua pele fria parecia tão real.

Foi então que percebi que o funeral havia acabado, e que eu não consegui prestar a atenção em nada.

Me virei para Gina ao meu lado e decidi que já era hora de terminar nosso relacionamento, afinal era muito perigoso para ela me namorar, e eu já não estava apaixonado por ela para querer arriscar. Ela não fez nenhum escândalo ou chorou, simplesmente disse que compreendia, apesar de parecer muito triste.

Me levante e fui caminhar pela margem do lago. Minha cabeça permanecia em Draco. Me sentei de baixo da árvore que meu pai costumava sentar com seus amigos, e fiquei observando o lago e tentando acalmar meu corpo, que por alguma razão queimava, me fazendo suar.

Suspirei tentando relaxar para diminuir o calor.

Ron e Hermione me alcançaram. Conversamos um pouco, depois os dois disseram que iam terminar de arrumar seus pertences, pois o Expresso de Hogwarts sairia as seis da tarde, então fiquei ali sozinho.

Meu corpo não consegue relaxar, isso já está se tornando desconfortável. Não sei o que há de errado comigo, é como se algo estivesse faltando. E não entendo por que minha mente permanece presa neste sonho? Sonho não, aquilo foi um pesadelo. Com certeza foi um pesadelo.

Eu deveria sentir nojo por sequer pensar em beijar Draco Malfoy. Tenho certeza de que ele sentiria isso em relação a mim. Ele me odeia, assim como, depois de tudo que ele já me fez eu deveria odiá-lo, mas não consigo. No momento sinto rancor, mas não chega a ser ódio…

Para ser sincero eu já odiei Draco, eu o odiei até o final do quarto ano, depois esse sentimento mudou. Eu senti curiosidade, e uma estranha vontade de me aproximar, e tentar fazer amizade, mas tive medo, por que sei que ele me odeia, e nunca iria se quer falar comigo sobre isso. E Ron e Hermione jamais concordariam em ter Draco por perto.

Eu não sei o que sinto por ele exatamente. Por alguma razão, depois do sonh… pesadelo da noite passada, não posso evitar de sentir uma vontade de… tocar seu rosto ou beijá-lo. É um sentimento bem semelhante ao que eu sentia por Cho, ou pela Gina no início do nosso namoro, ou talvez seja ainda mais forte do que senti por elas.

Só de pensar em beijá-lo como no sonho meu corpo treme e queima de forma tão intensa que gotículas de suor já começam a se formar em minha testa. Pensar naqueles olhos azuis acinzentados que sempre continham um olhar ameaçador irritante, ou naquela boca rosada que só se abria para me ofender de alguma forma… Mas tão bonitos. Tanto os olhos quanto a boca…

– Ei!

Alguém chamou me tirando de meus pensamentos indecentes. Olhei em volta procurando, mas não vi ninguém.

– Aqui, Potter!

Me levantei olhando em volta novamente. Aquela voz me era estranhamente familiar e vinha da Floresta Proibida. Dei alguns passos em direção a floresta, meu corpo ainda queimava e agora, meu baixo-ventre se repuxava.

O que diabos está havendo com meu corpo?

Respirei fundo e procurei a pessoa que me chamava. Vi uma sombra por entre as árvores, minha mão apertou minha varinha que ainda se encontra em meu bolso.

– Aqui, Potter! – repetiu ele.

Meu coração parou por um segundo quando reconheci a voz. Não pode ser… Será que ele perdeu completamente seu juízo?!

Caminhei até as margens da floresta, meu coração se acelerou e mordi o lábio inferior quando meu baixo-ventre se repuxou. Minhas suspeitas foram confirmadas.

Bem ali, escondido nas sombras de uma das árvores, se encontrava Draco Malfoy, a pessoa que meu corpo fogoso mais queria ver.