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História Relíquia do Amor - A volta do ruivo


Escrita por: DaianeSales

Notas do Autor


Oiiiiiiiiii
Desculpem o atraso, para compensar eu fiz esse capitulo grandinho. Mas eu sempre faço então da no mesmo né kk
Quero agradecer a todos os favoritados e aos comentários e dar oi aos que só leem ^^

Eu só coloquei esse titulo pro capítulo por que não consegui pensar em nenhum outro. kkk

Boa leitura!!

Capítulo 18 - A volta do ruivo


Fanfic / Fanfiction Relíquia do Amor - A volta do ruivo

 Pov Harry On

 

Eu estou me afogando na água congelada. Tentei subir a superfície, mas não consigo, a Horcrux, que eu havia colocado antes de sair da barraca, se recusa a me deixar tocar a espada. Aos poucos sinto a escuridão me tomando, não antes que eu pudesse ver um vulto me arrastando para fora do gelo.

– Harry... – alguém me chama, muito distante para que minha mente queira respondê-la.

Estou encarando aqueles olhos ofídicos vermelhos que me assombram. Ele está com algo que é muito valioso para mim. Sei que não é um objeto, parece ser uma pessoa, mas não consigo distingui-la, pois minha visão está muito embaçada. Mas de repente tenho um rápido vislumbre de cabelos platinados.

Eu já havia visto isso antes... em um pesadelo. Será que estou tendo esse mesmo pesadelo novamente?

Mesmo sabendo que é um pesadelo, meu coração gela. Só há uma pessoa que conheço e que me importo, que tem cabelos assim.

– Você quer o seu amorzinho de volta, Potter? – Disse Voldemort, a zombaria claramente estampada em seu rosto ofídico.

Meus olhos se encheram de lágrimas. Não… meu Draco não…Espera um instante... ele não é mais meu.

– Harry, acorda, cara!

Vejo um clarão de luz verde e…

– Ai, droga... se algo tiver acontecido com você a Hermione vai me matar! Acorda, cara...

Abri os olhos lentamente, e vi a silhueta de alguém a minha frente, não consegui ver claramente, pois estava sem meus óculos. Como se estivesse lendo meus pensamentos, ele fora colocado delicadamente sobre meu rosto. Não pude deixar de arregalar meus olhos ao ver nitidamente quem se encontrava a minha frente.

– Você... é... maluco? – perguntou ele, tremendo de frio. – Por que não tirou essa coisa antes de pular? Aliás, por que você pulou?! Por que não chamou a Hermione ou... – se interrompeu. – Esqueceu de que está esperando um bebê, idiota?!

Nada além do choque de ouvir essa voz depois de tanto tempo, poderia ter me dado energia para me levantar. Tremendo violentamente, me coloquei de pé, vacilante. Diante de mim estava Rony, completamente vestido, mas encharcado até os ossos, os cabelos colados no rosto, a espada de Gryffindor em uma das mãos e a Horcrux pendurada na corrente partida na outra.

Não consegui responder. O veado prateado que não era meu, não era nada, nada comparado ao reaparecimento de Rony, não consigo acreditar. Tremendo de frio, percebi que eu já me encontrava quase que completamente vestido, minha calça e camiseta já estavam sobre mim, mas eu ainda tremia, pois estava sem meus suéteres.

– F-foi v-ocê? - perguntei, meus dentes castanholando, a voz mais fraca que o normal por causa do estrangulamento que a Horcrux me causara tentando me afastar da espada.

Comecei a apanhar meus suéteres e vesti-los um após o outro.

– Bem, foi. Eu usei a varinha para te vestir, não se preocupe, eu não toquei em você... – respondeu Rony, ligeiramente atordoado.

– N-não é disso q-que estou falando... Quer dizer, eu s-sei que você nunca tocaria em mim d-dessa forma. – me apressei a dizer. – O que quero saber é se foi você quem conjurou aquele veado.

– Quê? Não, claro que não! Pensei que você é que tivesse conjurado, afinal tinha a forma do seu Patrono, não?

– Sim, mas aquele não era meu... tinha a mesma forma, mas não fui eu quem conjurou.

Ele franziu o cenho como se tivesse cogitando algo.

Vesti meu último suéter, abaixei-me para recolher a varinha de Hermione e encarei Rony.

– Como veio parar aqui?

Aparentemente, Rony estivera na esperança de que essa questão fosse levantada mais tarde, ou nunca.

– Bem, eu... você entende... voltei. Se... – ele pigarreou. – Entende. Vocês ainda me quiserem.

Houve um silêncio em que o assunto da partida de Rony pareceu se levantar como uma muralha entre nós dois. Contudo, ele está aqui. Votara. Acabou de voltar e salvar a minha vida e consequentemente a vida do meu bebê.

Rony abaixou os olhos para as mãos. Pareceu momentaneamente surpreso ao ver os objetos que carregava.

– Ah, sim! Tirei-a do lago. – disse ele, desnecessariamente, estendendo a espada para que eu pudesse examiná-la. – Foi por isso que você pulou aí dentro, certo?

– Foi. – respondi. – Não estou entendendo. Como foi que chegou aqui? Como nos encontrou?

– É uma longa história. Passei horas procurando vocês, a mata é bem grande, não é? E estava pensando que teria que me entocar embaixo de uma árvore e esperar amanhecer, quando vi você seguindo o veado e esbarrei no Malfoy, então...

– Como disse? – o interrompi. – Vo-você esbarrou no Draco?

– Sim... Ele disse que eu devia vir te salvar por você é louco e pulou no lago congelado... Eu só não entendi por que ele mesmo não veio, ou te impediu de pular já que estava te observando de longe...

Não pude evitar de me sentir atordoado. A dor de tudo que havia ocorrido mais cedo voltou a me invadir. Mas por que diabos ele ainda estava aqui? Faz mais de uma hora que ele havia afirmado que precisava ir embora... E ele me viu pular no lago e mandou Rony me salvar? Mas que droga, eu queria que ele tivesse feito isso!

Eu deveria ter um pouco de vergonha na cara, depois de tudo o que ele me disse... Sacudi minha cabeça, em uma tentativa inútil de afastá-lo dos meus pensamentos, afinal pensar nele agora só vai me fazer voltar a chorar e eu não quero chorar na frente de Rony, não mesmo. Vou fazer o possível para não pensar nele, e economizar minhas lágrimas para hora de dormir, aonde eu poderei chorar a vontade sem ter o olhar de pena ou de “eu te avisei” vindo de ninguém.

– Viu mais alguém por aqui além do... Draco? – perguntei.

– Não. Como será que a espada apareceu no lago?

– A pessoa que conjurou o Patrono deve tê-la colocado lá.

Franzi o cenho quando uma ideia me veio em mente. É possível que o Patrono fosse do Draco e que ele tenha deixado a espada? Mas se esse for o caso, para o Patrono dele ter a forma do meu só pode significar que ele me... Não, ele não me ama. Ele disse isso claramente, eu tenho que parar de me iludir.

– Harry, está tudo bem? – perguntou Rony, provavelmente por ter visto minha expressão triste.

– Está, não se preocupe. – afirmei rapidamente. Não é um bom momento para lhe contar o que ouve, até por que não quero ouvir críticas.

Nós dois olhamos para a bainha lavrada da espada, o punho cravejado de rubis refulgia fracamente à luz da varinha de Hermione.

– Acha que esta é a espada verdadeira? – perguntou Rony.

– Só há um jeito de descobrir, não é?

A Horcrux ainda balançava na mão de Rony. O medalhão vibrava ligeiramente. Eu sei que a coisa ali dentro se agitava outra vez. Ela havia sentido a presença da espada e tentado me matar para que eu não a possuísse. Agora não é momento para pensar na dor que estou sentindo e nem para longas discussões. Agora é o momento para destruir o medalhão de uma vez por todas. Olhei para os lados, segurando a varinha no alto e vi onde: uma pedra achatada sob a copa de um sicômoro.

– Vem comigo. – chamei, andando até o local. Limpei a neve da superfície da pedra e estendi a mão para a Horcrux. Quando Rony me ofereceu a espada, no entanto, eu balancei a cabeça a recusando.

– Não, você é quem tem que fazer isso.

– Eu? – espantou-se Rony. – Por quê?

– Porque você retirou a espada do lago congelado. Acho que ela escolheu você.

Eu não estou querendo ser bom nem generoso. Com a mesma certeza com que eu soube que o veado prateado era benévolo, eu sei que Rony é quem tem que brandir a espada. Dumbledore me ensinara pelo menos alguma coisa sobre certos tipos de magia, do poder incalculável de determinados atos.

– Vou abri-lo – falei – e você o transpassa. Imediatamente, o.k? Por que o que estiver aí dentro oferecerá resistência. O pedacinho de Riddle no diário tentou me matar.

– Como você vai abrir? – indagou Rony. Ele parecia aterrorizado.

– Vou pedir que abra, usando a ofidioglossia. – A resposta veio tão facilmente aos meus lábios que eu acho que, no íntimo, eu sempre soube; talvez eu só precisasse do recente confronto com a Nagini para tomar consciência disso.

Olhei para o “S” serpentino, cravejado de cintilantes pedrinhas verdes: era fácil visualizá-lo como uma minúscula cobra, enroscada sobre a rocha fria.

Mas que droga, até isso me lembra o Draco! Agora não, Harry!

– Não! – disse Rony –, não, não abre isso! Estou falando sério!

– Por que não? – perguntei. – Vamos nos livrar dessa droga, já faz meses...

– Não posso, Harry, estou falando sério... faz você...

– Mas por quê?

– Por que essa coisa me faz tão mal quanto o núcleo! – alegou Rony, se afastando do medalhão sobre a rocha. – Não consigo enfrentá-la. Não estou dando uma desculpa, Harry, pelo meu comportamento, mas ela me afetou mais do que a você ou Hermione, me fez pensar coisas, coisas que de qualquer jeito eu já estava pensando, mas ficaram piores especialmente quando você estava próximo de mim... e esse núcleo... não sei explicar, então eu tirava o medalhão e minha cabeça voltava ao normal, mas o núcleo continuava me atingindo, e quando eu tornava pôr essa bosta... não posso fazer isso, Harry.

Ele recuou, a espada caída de um lado, balançando a cabeça.

– Você pode – retruquei –, sei que pode! Você acabou de pegar a espada, sei que é você quem tem que usá-la. Por favor, destrua o medalhão, Rony.

O som do seu nome pareceu ter lhe atingido como um estimulante. Engoliu em seco, respirou com força pelo seu comprido nariz e tornou a se aproximar da pedra.

– Me diga quando. – pediu ele, rouco.

– Quando eu disser “três” – respondi, voltando minha atenção para a letra “S”, imaginando uma cobra, enquanto o conteúdo do objeto debatia-se como uma barata presa. – Um... dois... três... abra.

Minha última palavra saiu como um silvo e um rosnado e as portinhas douradas do medalhão se abrirão, par a par, com um estalido.

Sob cada uma das janelinhas do seu interior piscava um olho, escuro e bonito como o de Tom Riddle tinha sido antes de se tornarem vermelhos e terem fendas em vez de pupilas.

– Fure-o com a espada, Rony. – falei, mantendo o medalhão sobre a rocha.

Rony ergueu a espada nas mãos trêmulas. Então uma voz sibilou da Horcrux.

– Vi o seu coração, e ele é meu.

– Rony, não o escute! – falei com rispidez. – Perfure-o!

– Vi os seus sonhos, Rony Weasley, e vi seus temores. Tudo o que deseja é possível, mas tudo o que você teme também é possível...

– Rony, perfure-o! – berrei, minha voz ecoou por entre as árvores.

Sempre o menos amado pela mãe que desejava uma filha... menos amado agora pelo garoto que prefere seu inimigo...e pela garota que nunca olharia para você depois do que fez... sempre segundo, sempre, eternamente na sombra...

– Perfure-o, agora! – urrei; o medalhão estremecia em meus dedos.

E então, das janelinhas três figuras brotaram, como duas bolhas grotescas. No formato das cabeças, minha, da Hermione e do... Draco.

Rony berrou chocado e recuou ao ver as figuras desabrochando para fora do medalhão. Primeiro os troncos, depois o resto dos corpos, lado a lado como árvores de uma única raiz, balançando sobre Rony e eu. Rapidamente retirei meus dedos do medalhão.

– Rony! – gritei, alertando-o.

O outro Harry deu um passo a frente, segurando a mão do outro Draco.

Por que voltou? Estávamos muito bem sem você... mas felizes sem você e sua implicância conosco... sua burrice, sua covardia, sua presunção... Achou mesmo que eu, Harry Potter, ficaria com você? – o outro Harry riu debochando acompanhado do outro Draco e da outra Hermione. – Com ou sem núcleo eu nunca ficaria com você... preferi ficar com um Comensal da Morte a ficar com você... ele é melhor em tudo... é mais esperto, mais corajoso, mas bonito e com certeza deve ser melhor na cama também...

Corei completamente quando vi o outro Harry trocando um olhar malicioso com o outro Draco. Rony deu um passo para trás, parecendo se esforçar para se manter em pé.

Mais é claro que sou melhor... Sou rico, poderoso e único. – gabou-se o outro Draco, enquanto os outros Harry e Hermione concordavam com a cabeça. – Sou tudo o que você nunca vai ser... e tenho tudo o que você nunca vai ter...

Ele apontou para a barriga do outro Harry, que estava grande como a minha. Nesse momento a outra Hermione gargalhou alto diante de Rony, que expressava horror, mas estava petrificado, a espada pendendo inutilmente ao lado do corpo.

Quem poderia olhar para você comparado ao Draco Malfoy? Que mulher ou homem preferiria você? Você não é nada, nada, nada perto dele. – disse ela, subindo e descendo sua mão pelo braço forte do outro Draco.

– Vamos, Rony! – berrei, tentando fazer com que ele acordasse do choque, mas ele não se moveu.

Preciso fazer com que ele acorde. Em um impulso, avancei contra Rony o empurrando para longe das três figuras, que agora olhavam para mim. Então, o outro Harry começou a mudar de forma, dei um passo para trás assustado quando ele tomou a forma de Rony. Ele me olhou com nojo.

Que decepção... O Eleito não passa de um nojento que foi lá e abriu as pernas para ele... – disse o outro Rony indicando o outro Draco, que nem se incomodou com que o outro falava a seu respeito. – Preferiu o Malfoy em vez de ficar comigo ou com a minha irmã... sorte a dela que você terminou, eu não quero que minha irmã fique com um vadio. Porque é isso que você é, Harry Potter, um vadio. Sinto nojo de você.

Meus joelhos fraquejaram com a dor e a vergonha que essas palavras me causaram... Eu sei que é só a Horcurx, mas no momento eu já estou ferido... fraco...

Você só arranja problemas para nós. – disse a outra Hermione. – Não bastava sempre colocar nossas vidas em risco, você ainda tinha que engravidar. Que tipo de melhor amigo você é, que faz com que a pessoa que eu amo nos abandone por causa de você... eu sempre sofro por causa de você... Você é um problema, sempre foi.

Me sinto tão decepcionado... – tornou a falar o outro Rony. – A pessoa que se diz meu melhor amigo, abrindo as pernas para um Malfoy... Eu ouvi naquele dia no apartamento, ouvi seus gemidos repulsivos...

Me senti tão envergonhado, impuro... Olhei em volta e vi que o verdadeiro Rony agora segurava com firmeza a espada e tinha o rosto franzido olhando para mim. Mas minha atenção foi para a última figura, que até então não havia me dito nada.

O outro Draco começou a rir.

Acreditou mesmo que eu te amava? Eu não te amo! Eu só te usei, idiota! Espera só até todos saberem que eu dormi com O Eleito! – caçoou ele gargalhando.

As lágrimas escorreram por meu rosto. Então, ouve um lampejo da espada e um barulho alto. Tudo ficou em silêncio. As versões de Rony, Hermione e Draco haviam desaparecido. Quando olhei para frente, tudo o que vi foram os fragmentos do medalhão destruído sobre a pedra achatada.

Rony foi até a pedra, pude ver seus olhos vermelhos e úmidos, por causa do choro. Ele apanhou os pedaços da Horcrux. Ambas as janelinhas estavam quebradas e os olhos de Riddle haviam desaparecido.

As palavras do outro Rony ecoavam em minha mente, junto com as palavras do outro Draco e do Draco verdadeiro. Nunca me senti tão mal ou humilhado em toda a minha vida. Me sentei no chão e abracei meus joelhos tentando esconder meu rosto choroso da visão de Rony. Alguns minutos se passarão e pude ver uma sombra, que contatei ser Rony se sentando ao meu lado.

– Harry, aconteceu... alguma coisa enquanto estive fora? – perguntou ele, tocando meu ombro. Não respondi. Não quero ter que contar a ele o que Draco havia me feito, não quero que ele perceba que tinha razão esse tempo todo. Não estou pronto para isso. Não acho que estarei pronto nunca. – Você... sabe que eu não penso nada daquilo de você, não sabe? Eu... sei que você não é um vadio e muito menos tenho nojo de você... Eu jamais diria nada daquilo, Harry... eu... Eu sempre... – Ele fungou. Espiei por baixo do meu braço e o vi passar as costas da mão no nariz, enquanto lágrimas silenciosas escorriam por seu rosto.– Me desculpe. – disse com a voz grave. – Me desculpe... Desculpe-me por ter surtado com ciúmes, por ter dito aqueles absurdos, por ter ido embora e... por todo o resto. Sei que fui um... um... – ele correu os olhos pela escuridão que nos rodeava, como se esperasse que uma palavra suficientemente pejorativa caísse do céu e o definisse.

– Você compensou isso hoje. – falei com a voz rouca por excesso de choro. – Apanhou a espada. Destruiu a Horcrux. Salvou minha vida junto com a do meu bebê.

– Você me faz parecer melhor do que eu sou, falando assim.

Ficamos em silêncio por um tempo.

– Sabe... – comecei, pensando com cuidado no que dizer. Deitei minha cabeça em cima dos meus joelhos e encarei seus olhos azuis. – Quando você foi embora, ela chorou por uma semana. Provavelmente mais, só que não queria que eu visse. Teve muitas noites em que nem nos falamos. Com a sua partida...

Não pude terminar, somente agora com a volta de Rony é que compreendo inteiramente a falta que ele fazia.

– Vejo vocês como irmãos. – continuei. – Sempre amei você e Mione como irmãos e acho que sem o núcleo você sentiria o mesmo em relação a mim. É só pensar assim que eu sei que você conseguirá passar por isso e aguentar o núcleo.

Rony não respondeu. Enxugou mais uma vez o nariz nas costas da mão e me fitou por alguns segundos. Então, simultaneamente, nos adiantamos e nos abraçamos. Apertei suas costas encharcadas e afundei meu rosto em seu pescoço, enquanto ele subia e descia suas mãos por minhas costas em um carinho desajeitado.

Depois de alguns minutos, me ajeitei deitando minha cabeça confortavelmente em seu ombro, enquanto ele mantinha os braços a minha volta. Permanecemos assim, sentados e abraçados. Senti-me confortável, pois senti tanto a falta do meu amigo.

– Eu estava errado naquele dia, Harry... – disse ele de repente. Franzi o cenho sem entender ao que ele se referia. – Sobre você e o Malfoy. – esclareceu. Senti meu corpo ficar tenso. – Depois que fui embora e pude pensar bem melhor, e eu percebi que você tinha razão. Ele realmente mudou. Ele ainda é idiota, afinal algumas coisas nunca mudam, e eu ainda não aprovo vocês dois, mas... se for te fazer feliz eu prometo tentar não ser insuportável com...

– Ele me deixou, Rony. – o interrompi, suspirando com o aperto no coração que senti por conta da realidade do que acabei de dizer.

– Hum? O que quer dizer...? – perguntou ele confuso.

– Draco, ele me deixou. – repeti e suspirei novamente, tentando não voltar a chorar. – Você tinha razão sobre ele. Sempre teve. Ele nunca gostou de mim... só me usou. Você tinha razão...

Os braços de Rony me apertaram um pouco, mas não me incomodei. É reconfortante ter alguém para partilhar o que estou sentindo, mesmo que ele acabe me criticando.

– Mas... Espera, não estou entendendo. Como assim ele te deixou? Ele estava aqui ainda apouco... Ele parecia preocupado, me pediu para te salvar...

– Não sei o que ele ainda estava fazendo aqui, mas... – fechei os olhos para conter as lágrimas que queriam vir. – Talvez ele tenha deixado a espada... Talvez só tenha ficado me espiando mesmo... não sei. Só sei que ele me deixou. Disse que não gostava de mim, que ficaria ao lado da família por que é um Comensal... Me disse coisas horríveis. Me sinto acabado... Não significou nada para ele, Rony. Nada. Eu sinto muito por não ter ouvido você.

Ele acariciou meus cabelos.

– Mas... e o bebê? Ele tinha que estar do seu lado por causa do bebê. Quero dizer, ele não pode simplesmente te engravidar e te abandonar assim!

Levantei minha cabeça do seu ombro, para fitar seu rosto. Porque ele ainda não me criticou, ou esfregou na minha cara que esteve certo o tempo todo?

– Rony... Eu não quero que ele esteja do meu lado só por causa do bebê. Ele me trouxe umas poções para repor magia... Hermione disse que essa poção é forte o suficiente para que eu não precisasse mais da magia dele. Não sinto mais tonturas a algum tempo. Estou bem. Eu tenho que ficar bem.

– Como ele pode te deixar sozinho nessa? Aquele filho de uma...

– Rony... – o interrompi. – Eu vou ficar bem, eu não preciso dele. – mentira eu preciso sim, mas eu sou um Grifinório e tenho que mostrar que sou forte, mesmo que isso não seja bem uma verdade. – Além disso, eu não estou sozinho... Tenho a Mione e você, não é?

– Claro que tem.

Sorri para ele, e percebi que sua expressão ficou séria. Ele até que é bem bonito, claro que não tanto quanto meu... digo, o Draco, mas, ainda assim, é bonito. Se eu não soubesse do amor de Hermione por ele desde, bom, desde sempre, talvez eu me deixasse enxergá-lo de outra forma.

Fui afastado dos meus devaneios, quando vi seus olhos azuis fitando minha boca. Ele estava perto demais, quando dei por mim seus lábios já estavam junto aos meus. Permaneci estático enquanto sua boca se movia tentando fazer com que eu retribuísse o beijo. Minha mente estava em branco. Eu queria carinho, era o que eu precisava no momento. Meu emocional está um caco assim como meu ego, e estou mais sensível e vulnerável que o normal, por conta do tão recente buraco no meu coração. E foi por esses motivos, somente eles, que eu usei como desculpa para não empurrar o ruivo para longe. Tentei não pensar em nada. Não quero pensar, minha mente já está atordoada demais. Sei que vou me arrepender por isso depois, mas talvez Rony mereça pelo menos um beijo. Mesmo que ele só esteja fazendo isso por causa do núcleo... talvez quem precise desse beijo seja eu.

Fechei meus olhos e me deixei mover meus lábios, seguindo os movimentos dele. Ele colocou delicadamente uma mão na minha nuca e a outra no meu quadril, enquanto me contentei apenas em deixar minhas mãos em seus ombros. O beijo seguiu lento e calmo, muito diferente do que eu havia me acostumado. Não havia desejo e nem malicia, mas eu pode sentir a paixão vinda dele, mesmo que eu não consiga retribuir. Quando ele pediu passagem com a língua, eu hesitei em conceder, mas logo separei os lábios lentamente para que ele pudesse aprofundar o beijo. Sua língua tocou a minha com delicadeza e ele suspirou. Seus lábios macios se moldaram aos meus, enquanto movíamos nossas línguas juntas.

Não era ruim, mas também não havia aquela magia. Talvez seja por que eu já esteja acostumado com os beijos apaixonados que eu trocava com Draco, com aquela sensação do meu coração se acelerando, o déjà-vu e o desejo de aprofundar cada vez mais o contato e nunca mais soltá-lo. Era isso que estava faltando. Os lábios de Rony são macios e confortáveis de se beijar, mas não são os de Draco, por isso não sinto nada. É como se eu tivesse pegado uma doença, e não importa quantos remédios e poções eu tome, eu sei que nunca vai sarar.

Permanecemos assim por alguns minutos e Rony deslizou a mão por meu quadril puxando-me para mais perto, tentando aprofundar o contato. Minha mente ainda continua em branco eu provavelmente teria deixado ele continuar me beijando, se nesse exato momento sua mão não tivesse deslizado para lateral da minha barriga, e meu bebê não tivesse me chutado com força exatamente no lugar em que ela parou. Ele retirou a mão rapidamente, ao mesmo tempo em que eu arfei e rompi o beijo.

– Ai, doeu... – resmunguei, colocando minha mão no local do chute e acariciando.

– Ele está bem forte, não é? – comentou Rony. – Parece até que ele sabe que eu não sou o pai dele... – ele suspirou sorrindo e acariciou meu rosto com o polegar. – Harry, isso foi incrível. Muito melhor do que eu imaginava.

Foi então que eu fui atingido pela realidade. Merlim, eu acabei de beijar Ronald Weasley, meu melhor amigo! Levei minhas mãos a boca e corei imediatamente com a vergonha imensa que senti. Eu não devia ter feito isso! Eu com certeza não devia ter feito isso!!!

Me coloquei de pé rapidamente e Rony me acompanhou.

– Harry...?

– Nós não devíamos ter feito isso! – falei rapidamente. – Céus, se a Hermione descobrir ela vai pensar que eu... que nós...

– Calma, Harry. Está tudo bem...

– Não, Rony, não está! – comecei a andar de um lado para o outro, nervoso. – Eu... Eu amo o Draco! Mesmo que ele tenha me deixado, isso não mudou e... você é como um irmão! Não se beija irmãos! Eu não deveria ter te retribuído... a Hermione é minha melhor amiga, ela gosta de você...

Rony veio até mim de repente e me abraçou fazendo com que eu parasse de andar.

– Calma, Harry... – ele se afastou para me fitar e suspirou tristemente. – Me desculpa, eu não deveria ter te beijado. Foi um impulso, você estava bem perto e... bem, eu queria experimentar isso ao menos uma vez. Eu sinto como se tivesse me aproveitado de você, já que está num estado fragilizado... Eu sinto muito, mesmo.

Ele desviou o olhar com as orelhas vermelhas e parecendo realmente triste. Suspirei.

– Tudo bem... Eu também errei, não deveria ter retribuído. Mas isso não vai se repetir. – falei com e expressão séria. Ele assentiu timidamente. – Agora é melhor a gente ir procurar a barraca.

Encontramos a barraca facilmente. Passamos o caminho até ela em silêncio, enquanto continuei me sentindo culpado por ter beijado meu melhor amigo e agradecendo mentalmente ao meu bebê por ter me chutado.

Quando entramos na barraca eu me encontrava ansioso para contar a Hermione sobre a volta de Rony, mas, para a minha surpresa, ela não ficou feliz e sim zangada. Rony apanhou bastante e tive que me esforçar para não deixar que ela pegasse sua varinha que estava comigo.

– Hermione, o Rony salvou minha vida... – tentei explicar.

– E eu com isso! – gritou ela, ainda tentando bater no ruivo. – Não quero saber o que foi que ele fez! Foram dois meses, Harry! Esse idiota ficou longe por dois meses, por ele poderíamos estar mortos!

– Eu sabia que não estavam mortos! – gritou Rony em resposta. – O Profeta só fala no Harry, o rádio só fala no Harry, estão procurando por vocês em toda parte, um monte de boatos e histórias malucas, inclusive sobre a gravidez, mas é claro que todos pensam ser apenas boatos. Mas eu sabia que na mesma hora teria notícia, se vocês morressem. E vocês não sabem o que eu passei...

E então ele disparou a contar uma história (um pouco dramática na minha opinião) sobre como ele enfrentou alguns sequestradores, roubou uma varinha e estrunchou novamente perdendo duas unhas.

Contou também, como segundo ele, uma bolinha luminosa saiu de seu desiluminador e entrou em seu coração o guiando até aqui. Eu até que acredito nele, apesar de achar que ele dramatizou um pouco para que Hermione sentisse pena e o perdoasse, o que não adiantou em nada.

Terminou com ele narrando como conseguimos a espada e destruímos a Horcrux (tirando a parte das nossas “cópias” e as coisas que elas nos falaram), o que acabou fazendo a raiva da Hermione sobrar pra mim.

– Você fez, O QUÊ?! Tem ideia do que fez? Você está grávido, idiota! Tem ideia do quão irresponsável e imprudente você foi? – começou a menina, assim que soube que eu mergulhei no lago congelado.

– Concordo totalmente, Hermione, ele foi completamente irresponsável... – disse Rony, provavelmente por que acha que se concordar com a garota, vai conseguir ser perdoado.

Revirei os olhos.

– Tá bem, tá bem, eu sei que fui tudo isso, o.k? – falei irritado por ter os dois contra mim. – Mas o que vocês queriam que eu fizesse? Deixasse a espada lá?

– Poderia ter vindo me chamar... – disse Hermione.

– Ah, claro! Que perfeito cavalheiro eu seria, chamando uma menina para pular no lago congelado no meu lugar!

– Ah, então, por causa do cavalheirismo você preferiu arriscar a vida do seu bebê? – alfinetou ela.

– Eu... Claro que não. Eu só não pensei nisso naquele momento. – falei sem graça, reconhecendo que fiz uma estupidez. Eu havia acabado de ser massacrado pela pessoa que eu amo, poxa, não estava pensando direito.

– E se alguma coisa acontecesse ao seu bebê? – perguntou ela, se aproximando e passando a mão pela minha barriga com carinho. – Tem certeza que está mesmo tudo bem?

– Tenho, Mione. O Scorpius está bem, não se preocupe. – falei.

Rony abriu a boca para dizer algo, mas se interrompeu rapidamente. A menina franziu o cenho me olhando.

– Você já o chama de “Scorpius” como se já tivesse certeza de que é um menino, mas e se for uma menina? – perguntou ela.

Ele me disse que não nasce uma menina na família dele a décadas. – falei, evitando falar o nome dele, mas, ainda assim, sentindo novamente aquele aperto no peito.

– Tudo bem, mas também não á homens que engravidam a décadas, mas você engravidou, não é? – comentou Rony, tentando se manter nesse assunto para que Hermione não voltasse a gritar e agredi-lo, enquanto colocava sua mochila na sua antiga cama.

– Sim, mas...

– Existe um feitiço que eu vi num livro que li para saber algumas coisas sobre gravidez e ajudar você, esse feitiço permite que vejamos o bebê e assim podemos descobrir o sexo. Se quiser podemos descobrir agora mesmo...

– Tudo bem... – concordei, ansioso com a possibilidade de ver meu bebê. – Eu ainda acho que é um menino...

Hermione revirou os olhos e estendeu a mão para que eu lhe entregasse sua varinha. Depois de me certificar de que Rony estava atento caso ela decida estuporá-lo, entreguei-lhe o objeto.

Ultrasound Reveillon. – ordenou ela apontando a varinha para minha barriga.

Senti um certo formigamento e quase caí para trás quando vi a pele da minha barriga se tornar transparente. Fiquei ainda mais surpreso quando vi uma luz muito forte, que formava algo como uma bolha, que deduzi ser o lugar onde meu bebê está. Estava bem diferente do que da última vez em que a vi no consultório do Curandeiro, a luz estava extremamente forte e dourada, tão forte que não pudemos ver o bebê dentro da bolha, que estava tão grande quanto minha barriga.

Ouvimos o barulho de algo caindo, quando olhei para o lado, vi Rony com os olhos arregalados vindo em minha direção como se estivesse hipnotizado.

– Mione! – exclamei alarmado, e quando a menina viu o ruivo, desfez o feitiço.

Rony parou rapidamente, e sacudiu a cabeça enquanto sua visão recuperava o foco.

– Mas que droga... – falou ele. – Aquilo é...?

– O núcleo? – completei, e ele assentiu. – Sim, é ele mesmo. Draco uma vez me disse que ele tem uma luz dourada...

Senti uma imensa vontade de chorar somente por pronunciar o nome dele... Hermione e Rony trocaram um olhar preocupado quando viram minha expressão, e então suspiraram.

 

Os dias foram passando, e para mim se tornando cada vez mais monótonos. Hermione não queria perdoar Rony de forma alguma, a menina as vezes até mesmo ignorava a presença dele, o que fazia o ruivo fazer de tudo para agradá-la tentando obter o perdão.

Eu havia decidido esquecer completamente o beijo que Rony havia me dado. Simplesmente fingir que nunca aconteceu, até porque, se Hermione ficasse sabendo, provavelmente pensaria que eu estou apaixonado pelo Rony, ou sei lá... e isso nunca aconteceria. Rony é meu irmão e eu sou um irmão para ele, embora ele ainda me olhe com paixão por causa do núcleo.

A garota esteve cismada com um símbolo que havia no livro que Dumbledore tinha deixado para ela. O símbolo era exatamente igual ao do colar que eu havia visto no pescoço do pai da Luna no casamento do Gui e da Fleur, o que nos levou a visitá-lo e mais uma vez, quase fomos capturados. Xenofílio Lovegood estava desesperado por que os Comensais haviam levado Luna por conta do apoio que ele me dava em sua revista O Pasquim, então ele tentou me entregar na esperança de ter a filha de volta, mas graças a inteligência de Hermione, nós conseguimos fugir. Espero realmente que o Sr. Lovegood não tenha sido morto por isso.

Depois disso, passo meus dias na porta da barraca, pensando em Draco e no futuro que me aguarda com meu bebê. As palavras maldosas da pessoa que eu mais amo ecoam dia e noite na minha cabeça, o que me faz parecer cada vez mais sem vida. Mas destruído. Somente com esse tempo que passei sem vê-lo ou ouvir sua voz, é que pude perceber o quanto eu havia me apegado a ele. O quanto meus sentimentos por ele são fortes. Fortes, mas não o bastante para que ele sinta o mesmo por mim.

Saber que tudo o que vivemos juntos, como um casal “apaixonado” foi uma mentira, só me é reconfortante por que para mim foi tudo verdade. O amei de verdade o tempo inteiro; cada toque, beijo ou olhar, era verdadeiro. Eu queria odiá-lo por me fazer sofrer assim, mas tudo que consigo fazer é sentir sua falta. Isso é tão frustrante, por que eu sei que se ele voltasse pedindo perdão eu o perdoaria.

O mais estranho, é que nem Rony e nem Hermione haviam me importunado sobre Draco. Muito pelo contrário, eles mal tocavam no assunto ou pronunciavam o nome dele, o que me fez sentir aliviado, afinal eu ainda não me sinto preparado para falar dele com ninguém. Aprendi a guardar minhas lágrimas para chorar apenas de madrugada, quando Rony fica de vigia e Hermione dorme. Acho que eles tem consciência do quanto estou destruído, por isso não comentam nada, embora várias vezes eu os tenha visto cochichando e parando de falar rapidamente quando me aproximo. Essa reação deles me angustia. Me faz sentir que estou completamente sozinho. Mas sempre quando me sinto mais solitário, acabo sentindo um chute forte na minha barriga, como se o meu bebê quisesse me lembrar que ele está ali, então não estou sozinho afinal.

Com o passar do mês, minha barriga pareceu espichar, crescendo cada vez mais. Os chutes do meu bebê pioraram, de modo que agora minhas costelas sempre são atingidas, especialmente quando ele decide se esticar. A barriga grande é um incomodo, eu raramente conseguia arrumar uma posição confortável para dormir, mas o pior era a fome que havia se multiplicado de modo que agora sempre estou comendo (Rony teve que ir a um supermercado usando minha capa da invisibilidade, para comprar mantimentos, já que agora estou comendo mais), também vivo cansado. Nunca consigo ficar de vigia por muito tempo. Rony e Hermione se mostram compreensivos, mas essa situação não me agrada. Me sinto completamente inútil, estou destruído por dentro, gigantesco por fora e ainda por cima usando uma varinha péssima. A varinha que Rony havia roubado dos Sequestradores. Se Voldemort me encontrasse agora, com certeza me mataria facilmente.

 

Eu estava sentado no chão da barraca. Havíamos acabado de vir para esse lugar. Rony tinha tentado nos animar mostrando um programa na rádio chamado Observatório Potter, em que Lupin, Fred, Jorge e mais alguns amigos participam. Isso me fez sentir alívio, afinal eles estavam bem, não havia um dia sequer em que eu não me preocupasse com todos.

Rony se aproximou de mim com Hermione, sentando-se um a cada lado meu. Encarei os dois esperando que algum deles falassem.

– Aconteceu alguma coisa? – perguntei, confuso pela aproximação.

– É verdade que você quer colocar o nome do seu filho de Scorpius? – questionou Rony.

– Sim...

– Nossa, Harry, coitada da criança! Esse nome é muito estranho! Não tinha um nome melhor, não?

Trinquei os dentes. O que esse idiota quer, falando assim do nome que eu e o Draco escolhemos para o nosso bebê?

– É o nome que nós... que eu escolhi, Rony. – suspirei impaciente. – Falem logo o que vocês querem.

Hermione revirou os olhos.

– Desista, Rony. Não deu certo. – disse ela.

– É, já vi que não. – concordou ele.

– O que, não deu certo? – questionei.

– O plano de tentar te animar falando do bebê, e te tirar da depressão de uma vez. – contou Rony.

– Nós já demos o seu tempo para se recompor, agora já chega, né? – perguntou Hermione.

Franzi o cenho, indignado.

– Como é que é?

– Estamos tentando te animar, Harry... Você está com depressão a muito tempo, isso não vai te fazer bem. – falou Hermione.

– Não vou me animar com vocês criticando o nome do meu filho. E não estou deprimido! – ralhei.

– Claro que não... – disse Rony, irônico. – Bem, Harry, nós só estamos preocupados com você.

– Não precisa se preocupar, eu estou...

– Não diga que está bem. – cortou-me Hermione. – Não sei se você percebeu, mas tem dias que você não troca uma palavra sequer conosco! Você só come por causa do bebê, nem insiste mais em beber cerveja amanteigada e sempre chora a noite quando pensa que não estamos ouvindo. Você parece um zumbi. Desculpe-me lhe informar, mas isso é sinal de depressão...

– Nós nos preocupamos com você, cara. – disse Rony. – Não tocamos no assunto até agora, por que queríamos te dar um tempo, mas já faz quase um mês que está assim. Não podemos mais te ignorar, você poderia... sei lá, desabafar conosco.

– Não há nada que eu queira falar. – falei rapidamente, ofendido por terem me chamado de zumbi. – Estou sempre pensando em possíveis locais onde podem estar as outras Horcruxes, por isso não falo nada... – menti, em uma tentativa de parecer mais forte. – Eu não estou tendo muito apetite e Hermione você mesma disse que não me quer tomando cerveja, e eu não choro a noite! – Hermione ergueu uma sobrancelha e Rony crispou os lábios, o que indica claramente que não os convenci. Suspirei, optando por falar a verdade. – Eu só preciso de um tempo, o.k.?

– Nós te demos um tempo... Agora já chega. – falou Hermione, e antes que eu pudesse argumentar, acrescentou: – Nós precisamos falar com você.

– Sobre o que?

– Sobre o Draco.

– Hermione, não...

– Sim, Harry, você precisa saber de algumas coisas. – me interrompeu.

– Mas eu não...

– Calado. – me cortou severa. – Ouça-me. No dia em que o Draco... terminou com você eu fui atrás dele, se lembra? – perguntou ela.

Suspirei desistindo e concordei com a cabeça, me sentindo irritado.

– Eu o encontrei apoiado numa árvore, com a expressão de dor – contou ela e eu franzi o cenho. –, eu perguntei o que estava havendo, e ele disse que não podia contar, mas pelo que pude entender, Harry, ele foi chantageado. Ele estava sofrendo e não queria ter feito aquilo, eu sei. – pisquei várias vezes um pouco atordoado. – Ele não queria que eu te contasse, mas depois de ver o quanto você está destruído, eu não pude evitar, você precisa saber. – ela suspirou. – Mas de todo modo, estou fazendo o que ele pediu, já que ele pediu para que eu cuidasse de você... e esse foi a única forma que eu encontrei.

Precisei de alguns segundos para absorver suas palavras.

– Hermione... – respirei fundo tentando conter meu coração, que depois de quase um mês começou a dar sinal de vida com esperança. – Isso é sério?

– Mais sério impossível. Se eu tivesse uma Penseira eu te provaria...

– Mas Hermione, você ouviu o que ele disse... Ele não sente nada por mim. – as palavras de Draco ecoaram na minha mente.

– Eu ouvi o que ele disse, Harry, mas por Merlim, como pode acreditar nele tão facilmente? Era óbvio que tudo aquilo era mentira! No momento em que eu vi a briga de vocês, eu soube que tinha algo errado. – falou a menina, um pouco ansiosa. – Para começar ele mal olhava em seus olhos, a expressão estava rígida como uma estátua. E Harry, já era de se esperar que você soubesse reconhecer quando Draco briga com você de verdade, afinal foram anos de experiência brigando com ele, não? Quando o Malfoy brigava com você, ele demonstrava a zombaria e a raiva em cada expressão, olhando bem no fundo de seus olhos, como um desafio... Poxa, Harry, pensa um pouco, era mais que óbvio que tudo aquilo era uma encenação! Ele não tinha expressão alguma!

Olhei para Rony, ele desviou o olhar parecendo desgostoso com o que ia dizer.

– Se vai me perguntar o que eu acho, minha resposta é: acho que ela tem razão. – ele pegou seu desiluminador e começou abrir e fechá-lo. – Eu odeio admitir, mas o Malfoy parecia gostar de você... Ele te salvou várias vezes, traindo Você-Sabe-Quem, e cara, que tipo de Sonserino arriscaria a própria vida por alguém além de si mesmo? – ele suspirou e então me encarou com os olhos tristes. – Ele parecia realmente preocupado quando você pulou na água congelada... e, bem, estava escuro naquela noite, mas eu podia jurar que os olhos dele estavam vermelhos e inchados como se ele tivesse...chorado.

Senti uma onda de alegria, esperança e alívio me invadirem. Agora que eles me falaram, tudo parece fazer sentido. Mas por mais que eu tente, eu ainda não consigo acreditar nisso totalmente. Talvez eu tenha sofrido tanto que agora tenho medo de me iludir.

– E, Harry, está mais do que obvio que o Patrono em forma de veado era dele! – disse a menina. – Ele estava triste por ter terminado com você, o que pode ter mexido com o emocional dele e ter ocasionado a mudança na forma do Patrono...

Faz sentido. Lembro-me que o Patrono de Tonks também havia mudado, quando ela se sentia triste por Remo que a rejeitava por ser lobisomem.

– Mas... se isso tudo que vocês disseram é verdade... quer dizer que ele estava com a espada, então por que ele simplesmente não a entregou a mim? – perguntei.

– Harry, é a espada de Gryffindor, você tem que conquistá-la com um ato de coragem. – falou a menina como se fosse obvio.

– Faz sentido. Você é mesmo um gênio, Mione, e parece ter pensado muito no assunto. – falei e ela sorriu. – O que me admira é o Draco saber que eu precisaria conquistá-la num ato de coragem, e por Merlim, por que ele a colocou num lago congelado se ia ficar preocupado quando eu mergulhei para apanhá-la? Como será que ele a conseguiu, ela não estava em Hogwarts? E como ele sabia que eu precisava dela?

– Eu não sei responder nada disso, Harry, sou inteligente e não adivinha.

– Até por que você era péssima em Adivinhação. – comentou Rony, mas quando viu a garota o fuzilando com os olhos se apressou a dizer: – O.k., desculpe. Foi um comentário desnecessário.

Comecei a ficar mais animado com a possibilidade de que Draco realmente tenha sido obrigado a fazer tudo aquilo. Cada vez que penso mais no assunto, mais parece fazer sentido, afinal eu poda sentir o quanto ele gostava de mim. Talvez ele nunca tenha me amado mesmo, mas pelo menos ele gostava de mim e se importava comigo. Estar sem ele é como um vazio na minha vida, mas pelo menos agora me sinto mais reconfortado.

Mas quem será que o chantageou? E por que diabos ele não me contou? Eu poderia tê-lo ajudado.

Hermione abriu um livro e começou a ler, enquanto Rony continuou brincando com o desiluminador.

Meu pequeno Scorp me chutou e eu acariciei o lugar imaginando como ele deve ser: loiro como o pai ou moreno como eu? Com olhos azuis acinzentados ou verdes como os meus? Eu particularmente, gostaria que ele fosse exatamente como o pai. Belíssimo e encantador.

Só falta um mês para que eu descubra o que ele é, o que me fez pensar em algo.

– Mione?

– Hum?

– Eu estive pensando... eu passei a gravidez inteira preocupado com o fato de estar grávido, mas eu não pensei nenhuma vez em como será o parto...

Ela fechou o livro e se virou para mim.

– O que quer saber? – perguntou.

– Bem... Para começar, eu queria saber como vai ser?

– Bem, Harry, eu ainda não sei direito... – arregalei os olhos, alarmado. – Calma, você não entendeu. Acontece que partos masculinos são muito complicados. Eu pesquisei em alguns livros e, basicamente, terei que abrir a sua barriga, quebrar o núcleo, tirar o bebê e voltar a fechar.

Tudo bem, eu já esperava pela parte de abrir a barriga, mas, ainda assim, é assustador imaginar.

Engoli em seco.

– Tudo bem. E quem vai fazer isso serão você e o Rony? – perguntei.

– Bem... esse é um dos problemas. – falou ela séria. – Acontece que quando abrirmos sua barriga o núcleo ficará exposto e, como você mesmo viu, ele afeta Rony fortemente. Não podemos nos arriscar em ter o Rony descontrolado durante o parto, isso pode ser muito perigoso para você e para o bebê. Então, bem, acho que terei que fazer o que puder sozinha. – arregalei meus olhos, assustado. – Não se preocupe, eu acho que posso me sair bem. Como eu disse, eu andei pesquisando, descobri poções anestésicas, repositora de sangue e anti-inflamatórias, feitiços muito eficientes para abrir e fechar o corte... é claro que precisarei usar um pouco de Essência de Ditamno, para garantir que feche completamente... e não sei se conseguirei fazer com que a cicatriz suma, mas farei o melhor possível.

– Ela tem razão, colega. É melhor não arriscarmos. – disse Rony.

– Então, você fará tudo isso sozinha? Você vai conseguir, Mione?

– Não podemos ser pessimistas. Claro que vou conseguir. Eu já tenho os ingredientes para as poções, e daqui alguns dias vou começar a prepará-las, não são muito complicadas. E para garantir que tudo dará certo, podemos planejar o parto alguns dias antes que você complete nove meses de gestação. – então ela fez uma expressão preocupada. – O único problema que estou tendo, é em achar algo nos livros que informe como se quebra o núcleo... Mas não se preocupe, continuarei pesquisando.

Respirei fundo, me sentindo amedrontado. E se algo der errado no parto? Eu confio na Hermione, mas ainda assim, saber que ela fará tudo sozinha é aterrorizante.

– Harry? – chamou a menina. – Eu estava lendo esse livro, e eu vi um nome de menina que eu achei muito bonito...

– Hermione, não deveria ser eu a pensar em nomes? – questionei.

– Sim, deveria, mas você não pensou em nenhum nome de menina. Mesmo que na família Malfoy não nassa meninas, você deveria ter pelo menos um em mente caso aconteça de...

– Tudo bem. – a interrompi revirando os olhos. – Fale logo qual é o nome.

Ela sorriu animada.

– É Melisandre. – contou. – Ela é uma das personagens desse livro que eu estava lendo. Achei esse nome perfeito por causa do significado, veja: Melisandre é uma sacerdotisa de R'hllor, o Senhor da Luz, sendo também uma feiticeira capaz de utilizar sombras para cumprir a sua vontade. Ela veio de Asshai para se juntar a Stannis Baratheon, o qual ela crê que é Azor Ahai renascido, um herói destinado a derrotar o Grande Outro. – ela terminou de ler e me olhou esperando que dissesse algo. Ah, vamos, Harry, esse nome é bem mais bonito que Scorpius e se encaixa um pouco na sua história: “um herói destinado a derrotar o Grande Outro”

Revirei os olhos rindo.

– Não vejo bem aonde se encaixa minha história aí, mas até que o nome é bonitinho.

– Também achei melhor que Scorpius... – disse Rony.

– Por Merlim, vocês implicaram mesmo com esse nome. – os dois riram, mas eu fiquei sério e suspirei. – Não vejo a hora do bebê nascer, assim Voldemort não saberá...

 

– Droga, Harry o nome está tabu! – berrou Rony.

 

Mas já era tarde demais. Ouvimos os estalidos do lado de fora da barraca. Droga!

Hermione sacou a varinha, a apontou para meu rosto e então senti o feitiço me atingir. Meu rosto começou a doer sem parar e meus óculos cairão.

Foi nesse momento que a barraca foi invadida por Sequestradores. Estamos perdidos...

 

Pov Harry Off


Notas Finais


Espero que tenham gostado!
Não surtem pelo beijo do Harry e do Rony ,lembrem-se Harry está emocionalmente fraco.
Deixem seus comentários ^^
Beijinhos <3


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