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História Relíquia do Amor - Os planos


Escrita por: DaianeSales

Notas do Autor


Oiii gente.
Então, eu queria pedir mil desculpas por ter demorado tanto tempo pra voltar a postar. Eu estava fazendo um trabalho, que me fazia ficar a noite toda acordada e dormir o dia todo, o que não me deixava tempo para escrever. Sem contar que estive empenhada em fazer um vídeo que eu postaria no youtube, dessa fanfic, e estava dando tudo certo, mas ocorreu um problema e não pude terminá-lo. Acreditem, eu chorei muito por isso.
Mas, enfim, eu quero agradecer aos que favoritaram e comentaram ^^
Eu acho que esse capitulo não ficou muito bom, mas espero que vocês gostem.

Aviso: acabei de terminar o capitulo, então ainda não está corrigido !

Boa leitura!

Capítulo 23 - Os planos


Passei a ponta de meus dedos pela bochecha rosada de Melli, que aos poucos se acalmou e voltou a dormir.

Suspirei, e com as lágrimas ainda escorrendo por meu rosto, voltei a cama. Meus ossos doloridos reclamavam a cada passo. Talvez Draco tenha razão, eu deveria ter me levantado somente amanhã, quando meus ossos estiverem completamente recuperados. Mas eu não podia deixar minha bebezinha chorando.

Me deitei e puxei o cobertor sobre minha cabeça. Meu coração está apertado. Odeio brigar com o Draco. Por que diabos ele tem que ser tão teimoso? Eu só não quero namorá-lo para que ele não sofra tanto quando eu… Poxa, quem está passando por todos esses problemas sozinho sou eu. Sou eu quem provavelmente morrerá. Só quero poupar-lhe.

Talvez eu esteja errado. Talvez o melhor seja contar a ele sobre a possibilidade deu não sobreviver quando essa guerra acabar. Mas como poderei fazer isso, se nem ao menos posso lhe contar sobre as Horcruxes? Não há jeito. Sei que há uma pequena possibilidade de que Hermione esteja enganada, e eu não seja realmente uma Horcrux, mas essa possibilidade é mínima, tenho que reconhecer e me conformar. O problema, é que eu gostaria de me conformar estando nos braços do Draco. Se sei que não tenho muito tempo com ele, quero aproveitar o máximo que posso. Mas ele não facilita as coisas e eu entendo seu lado, especialmente agora que descobriu sobre aquele maldito beijo. Eu também me sinto angustiado sempre que lembro do beijo que ele deu em Astoria, mas ele está certo, aquele beijo foi forçado, meu beijo com Rony, não. Se arrependimento matasse…

E para ajudar, Rony tinha que me contar tudo aquilo justo hoje?!

Se já não bastasse todos os problemas em minha cabeça, agora me vem esse. Estou me sentindo egoísta por pensar somente no meu lado, mas poxa, minha mente está tão cheia e atordoada que estou começando a me sentir sobrecarregado e cansado somente com o fato de tanto pensar. E ainda haverá a visita da Ordem amanhã, e tudo que eu mais temia vai se realizar. Desde o início da gravidez, meu maior medo, ou melhor, pavor, é ter que me explicar a eles. Explicar como eu, Harry Potter, passei a de repente amar um Comensal da Morte, e ainda por cima ter um bebê com ele. Já posso imaginar os olhares decepcionados sobre mim e é isso que me assusta. Mas não há escapatória dessa vez. Afinal Melli já nasceu, não é como uma gravidez que pode ser escondida, e também não é como se eu quisesse esconder minha filha.

Droga. Queria que Draco estivesse aqui me abraçando. Por que ele não pode aceitar deixar as coisas como estão? Por que diabos tudo tem que ser tão complicado?

Fechei meus olhos, me virei deitando de lado e deixei com que as lágrimas continuassem a lavar meu rosto.

É claro que minha maior vontade é namorar Draco, e viver com ele para sempre. Mas as coisas não são como eu quero, e já deveria ter me acostumado com isso, afinal minha vida toda foi assim. Nunca pude me dar ao luxo de ter o que quero por muito tempo, sempre algo acaba dando errado. Eu deveria estar feliz e suficientemente agradecido pelo fato milagroso de ter meus sentimentos correspondidos por ele. Basta saber que ele também me ama.

Droga, por que essa maldita angustia não passa?

Ouvi a porta do quarto se abrir e passos de alguém se aproximando, mas não abri meus olhos para ver quem é. Não quero que Draco se afaste novamente.

Senti a cama se afundar as minhas costas. Ouve um suspiro e então o cobertor que estava sobre minha cabeça foi afastado. Senti um carinho por meu rosto, secando minhas lágrimas.

– Tsc, por que eu tenho que gostar tanto de você, em? – Sussurrou Draco.

Tive que fazer um tremendo esforço para continuar parado e não denunciar que estou acordado, ao sentir seu hálito quente sobre meu rosto. Fui puxado e seu braço envolveu minha cintura. Suspirei, me virei e afundei meu rosto em seu pescoço, sentindo seu cheiro embriagante. Tão bom, que aos poucos, meu corpo relaxou e adormeci em seus braços.

 

O sol entrava pela janela, iluminando todo o aposento. Ainda com os olhos fechados me virei para abraçar Draco, mas seu lado da cama estava vazio. Me sentei rapidamente, quando comecei a me lembrar do que ocorreu na noite anterior. Será que Draco ainda está zangado comigo?

Suspirei, afastei as cobertas e me levantei. Caminhei até o berço e vi que Melli ainda dormia. Passei meus dedos por sua bochecha e ela fez uma careta. Não pude deixar de sorrir. Depois de fazer minha higiene, me certifiquei de deixar um feitiço sobre o quarto para o caso de Melli acordar, fui até a cômoda (onde Hermione havia guardado minhas roupas), e apanhei uma camiseta cinza e uma calça jeans. Me surpreendi quando arranquei a camisa que eu vestia e vi que minha barriga está exatamente como era antes da gravidez, exceto por uma finíssima e quase invisível cicatriz que agora há sobre meu ventre. Me senti aliviado, e mais uma vez, posso afirmar que adoro magia.

Depois de vestido, decidi ir até a cozinha comer algo, antes de pedir para Hermione me ajudar a trocar Melli. Ao adentrar o cômodo vi Gui, Fleur, Luna, Dino, Rony e Draco sentados à mesa. Avistei Hermione sentada em uma poltrona na sala, com um livro.

Quando me virão todos me cumprimentaram com um “bom dia”. Todos menos Draco. Ele nem sequer ergueu o olhar quando entrei no cômodo.

– Bom dia, Harry. Como está se sentindo? – perguntou Fleur, assim que me avistou.

– Estou ótimo. Obrigado pela poção Esquelesce.

– Não foi nada. Porque não se senta e come algo? Você não comeu nada ontem.

Assenti e me sentei na cadeira que havia na frente de Draco. O encarei por alguns segundos esperando que ele me dissesse algo, mas nada. Bufei frustrado. Vi Gui e Fleur se entreolharem.

Apanhei uma torrada e a mordisquei, ainda olhando para o loiro a minha frente. Na verdade eu não estou sentindo a menor fome.

– Você está bem, Harry? – indagou Luna, que eu não havia reparado estar sentada ao meu lado.

– Sim, estou ótimo. – afirmei novamente.

– Hum, não parece. Ei, sabe, eu vi a sua filha ontem. Ela é realmente adorável.

– Obrigado, Luna.

– Ei, Harry. – disse Dino, que se sentava ao lado de Draco. E por incrível que pareça, nem assim ele me olhou, continuou completamente concentrado em seus ovos mexidos. – Sabe, até ontem eu nem imaginava que homens podiam engravidar, eu não sabia que existiam poções que faziam isso, até por que eu nasci trouxa e isso nunca foi mencionado em Hogwarts. Sem querer ser intrometido ou inconveniente, mas, qual foi a sensação de estar grávido?

Parei para pensar um pouco sobre o assunto. Minha mente ainda está atordoada pela falta de atenção do Draco. Sacudi a cabeça tentando me focar.

– Eu… bem, não sei explicar direito. Foi estranho, no início me senti doente e cansado o tempo todo, sem contar o apetite que duplicou. Minhas emoções se tornaram uma bagunça, eu chorava por tudo. Mas depois, só tive que me acostumar com os chutes e com o fato de que estava ficando cada vez maior. – contei, ainda olhando para Draco. Já estou começando a me irritar. – Mas depois de tudo, valeu apena.

– Uau, deve ter sido difícil. – comentou Luna.

– Você não faz ideia, colega. – disse Rony, entrando na conversa, enquanto enchia a boca com mingau de aveia.

Olhei para ele e não pude deixar de corar ao me lembrar de tudo o que ele me falou. Voltei a olhar para Draco. Mas que droga, ontem ele disse que me ama e agora mal olha para mim!

– Draco? – chamei com a voz baixa.

Fui ignorado. Rony olhou para ele depois para mim, provavelmente se perguntando o que está havendo.

Senti um nó se formando em minha garganta.

– Draco? – chamei novamente.

Ele deu um gole em seu suco de abóbora e continuou a me ignorar. Vi Hermione erguer seu olhar do livro.

– Harry, aconteceu alguma coisa? – indagou ela.

Senti meus olhos se enchendo de lágrimas. Poxa, eu o amo tanto e ele me ignora assim por uma bobagem? Mas o que eu podia esperar de Draco Malfoy, a pessoa que quando quer, é a mais idiota e ignorante que já conheci.

– D-Draco… – chamei novamente, ignorando a pergunta de Hermione. De repente me senti enfurecido. – MAS QUE MERDA! OLHE PARA MIM! – berrei.

Todos os olhares do cômodo pararam sobre mim, inclusive o de Draco. Ele me encarou frio. Senti uma lágrima escorrer por meu rosto e a enxuguei rapidamente. Minha cicatriz ardeu como se estivesse em chamas. Por reflexo, levei minha mão até ela, mas quando vi o olhar de Hermione a abaixei.

Suspirei me sentindo triste. Que papel ridículo estou fazendo. Draco não quer falar comigo e estou aqui, praticamente implorando por sua atenção.

– Harry, está tudo bem mesmo? – perguntou Gui, olhando desconfiado para Draco.

– Eu… perdi o apetite. Com licença. – falei.

Me levantei e andei a passos firmes em direção a porta. Rony e Hermione se levantaram e me seguiram. Todos os olhos continuaram me seguindo quando passei pela porta da cozinha, em direção ao jardim, com Rony e Hermione em meus calcanhares. Avistei um monte de terra e caminhei para lá sentindo a dor da minha cicatriz se intensificando, ao mesmo tempo em que as lágrimas escorriam silenciosamente por meu rosto. Estava sendo um enorme esforço da minha parte manter minha mente no lugar e bloquear as visões que querem invadi-la. Durante o parto aconteceram várias vezes, inclusive pude ver Voldemort torturando os Malfoy junto com Bellatrix e Greyback. Mas agora está vindo com força total, mas sei que tenho que resistir um pouco mais. Logo eu cederei, porque preciso saber se minha teoria está certa. Só tenho que resistir mais um pouco para poder explicar tudo a Rony e Hermione.

– Que houve, Harry? Por que gritou na cozinha? Por que Draco está te ignorando? – indagou Rony, assim que parou ao meu lado.

– Draco e eu… brigamos. Está tudo bem, ele apenas está zangado por que não quero reatar o namoro e por que nos ouviu conversando ontem sobre o beijo. – falei rapidamente esfregando a cicatriz. Foi então que me lembrei da presença de Hermione e a olhei assustado. – M-Mione…

Ela não parecia surpresa.

– Está tudo bem, Harry. – disse ela suspirando. – Eu estava com ele… eu também ouvi sobre isso.

– Me desculpe! – falei um pouco desesperado. – Juro que foi algo impensado… eu estava triste, quebrado e Rony, bem… o núcleo… hum… De todo modo, Mione, juro que só vejo Rony como um irmão! Eu amo o Draco! Por Merlim, acredite em mim…

– Acalme-se, Harry. Acredito em você, e já sei tudo que aconteceu, Rony me explicou tudo ontem à noite. Está tudo bem, sei que o beijo foi apenas um impulso. Que você estava emocionalmente abalado. Não se preocupe, não estou zangada com você e tenho certeza que Draco também não está.

Senti como se um peso enorme saísse dos meus ombros, fui até ela e a abracei.

– Obrigado, Mione… Obrigado por entender e… – me afastei olhando para a garota e depois para o Rony. – Espera aí, você e Rony estiveram juntos ontem à noite?

Olhei para os dois, desconfiado. E minhas suspeitas foram confirmadas quando a garota corou e as orelhas do ruivo ficaram vermelhas como um tomate.

Não pude deixar de sorrir.

– Bem, sim. Nós… é… conversamos. – disse ela, totalmente sem jeito.

– Claro que “conversaram”. Acredito. – falei rindo, e minha cicatriz doeu com mais intensidade, me fazendo lembrar da conversa que eu deveria estar tendo com eles. – Bem, depois eu quero saber o que realmente houve entre vocês, mas agora… tem algo que vocês precisam saber.

Ouvi um barulho estranho na grama. Olhei em volta e não vi nada. Constatei ser apenas o vento.

– O que é? – perguntou Rony.

– É sobre… a Varinha das Varinhas. Lembram? Xenofílio Lovegood nos contou sobre ela, as Relíquias da Morte e o conto dos três irmãos.

– Harry, já conversamos sobre isso. Essa varinha não existe, é só um conto e…

– Ela existe, Hermione. – falei a interrompendo. Respirei fundo, me concentrando para manter minha mente no lugar.

Vi Voldemort em frente aos portões de Hogwarts.

Forcei minha mente a voltar.

– Foi por isso que pediu para que Gui mantesse o Sr. Olivaras aqui? Por que acha que a varinha existe e quer confirmar? – perguntou a menina.

– Eu sei que ela existe, Mione. E sei onde ela está.

– Você o que?! – perguntou Rony, ansiosamente. – Se ela existe e você sabe onde ela está, o que estamos esperando?!

– Harry, como pode ter certeza disso? – perguntou Mione, ainda não se convencendo.

– Muito tempo atrás, Gregorovitch teve em seu poder a Varinha das Varinhas. Vi Você-Sabe-Quem tentando encontrá-lo a qualquer custo nesses últimos meses. Quando conseguiu, soube que não estava mais com Gregorovitch: Grindelwald lhe roubara a varinha. Como Grindelwald descobriu que estava com Gregorovitch, eu não sei, mas se o fabricante de varinhas foi suficientemente burro de espalhar esse boato, não deve ter sido muito difícil.

Esfreguei a cicatriz, vendo Voldemort entrando pelos portões e falando com Snape.

– E Grindelwald usou a Varinha das Varinhas para se tornar poderoso. – continuei. – E, no seu auge do poder, quando Dumbledore percebeu que era o único que poderia derrotá-lo, travou um duelo com Grindelwald e tomou-lhe a Varinha das Varinhas.

Dumbledore tinha a Varinha das Varinhas? – admirou-se Rony. – Mas então… onde ela está agora?

– Em Hogwarts. – respondi, lutando para permanecer com a mente aqui.

– Mas então vamos! – disse Rony, com urgência. – Harry, vamos buscá-la antes que ele a consiga!

– É tarde demais para isso. – não consegui mais me conter. Levei minhas duas mãos até minha testa, tentando ajudar minha mente a resistir. – Você-Sabe-Quem sabe onde está. E está lá agora.

– A Horcrux é mais importante que a varinha, Harry. – disse Hermione.

– Harry! – exclamou Rony, furioso, ignorando o comentário da garota. – Há quanto tempo você sabe disso… por que estivemos perdendo tempo? Poderíamos ter ido… ainda podemos ir…

– Não… – falei caindo de joelhos no chão de capim. – Hermione tem razão. Dumbledore não queria que eu a possuísse. Não queria que a tomasse. Queria que eu encontrasse as Horcruxes.

– A varinha invencível, Harry! – gemeu Rony.

– Minha obrigação é… é encontrar as Horcruxes e cuidar da minha filha.

Foi então que não pude mais aguentar. Vi Voldemort indo até o túmulo de Dumbledore, em Hogwarts. O vi apanhar a varinha. Sim, agora posso dizer que estou ferrado de vez. Quero ver como vou escapar dessa…

– Horcruxes? Por que não pensei nisso antes? – disse uma voz, de repente.

Dei um pulo e me levantei, a dor da cicatriz se amenizando. Nós três exclamamos quando vimos Draco bem ao nosso lado, com a minha capa da invisibilidade na mão.

Droga. Quando eu penso que não dá para piorar.

– Draco, você não está aqui a muito tempo, está? – perguntei já sabendo a resposta.

– Sim estou. Cheguei quando você começou a contar a história sobre Gregorovitch. Então era isso? Horcruxes? Eu deveria ter imaginado. Li sobre elas uma vez, em um dos livros de magia negra na biblioteca da mansão. Já era de se imaginar que alguém tão perverso como Você-Sabe-Quem teria a alma tão destruída por dentro quanto o físico é por fora.

Pensei em desmentir, mas se ele ouviu, não há o que dizer. Droga.

– V-você não deveria ter descoberto! Dumbledore não queria isso… Ah, droga… – ralhei preocupado.

Bom, pelo menos ele falou comigo. Já é alguma coisa boa.

– Vocês tem que me contar tudo. Talvez eu possa ajudar! – falou Draco.

– Não, você não pode. – falei me sentindo nervoso.

– Por que não? Qual é o problema, Potter?!

– “Potter”? Voltamos aos sobrenomes? – questionei magoado.

Ele revirou os olhos.

– Argh, Harry. Eu quis dizer Harry. – falou ele impaciente. – Por que não quer a minha ajuda, Harry? Você mesmo disse que eu ainda não escolhi um lado. Pois bem, agora está bem obvio qual lado eu escolho. Agora deixa de ser idiota e aceite minha ajuda.

– Harry… talvez a ajuda dele possa ser útil. – comentou Hermione, a olhei chocado. Que traidora, será que ela não entende meu lado? – Não me olhe assim, só estou dizendo que é mais prudente aceitar. E veja bem, ele nos ouviu e descobriu sozinho, não foi você quem contou. Tecnicamente ainda está seguindo o que Dumbledore lhe pediu.

– Exatamente por essa razão é melhor que ele não nos ajude! Não é isso que Dumbledore queria!

– Mas talvez, com a ajuda dele seja mais fácil, cara. – disse Rony.

Fuzilei o ruivo com os olhos. Mas de que lado esse idiota está?! Comecei a sentir um certo desespero. Não posso deixar que Draco venha conosco, se algo acontecer a ele o que será de Melli? Não, definitivamente ele não pode vir conosco.

– Eu sei que ele ajudaria, mas será muito perigoso! – insisti.

– Argh, Harry, eu sei me cuidar. Deixe seu complexo de herói de lado, pelo menos uma vez. – disse Draco, impaciente. – Mas uma vez estou disposto a arriscar minha valiosíssima vida para te ajudar, será que você não pode, simplesmente calar essa boquinha linda e aceitar?!

– Se sua vida é tão valiosa, por que diabos quer arriscá-la assim?!

– Porque não posso ficar tranquilo vendo você se arriscar! Quero ajudar!

– Por que isso agora?!

– PORQUE ME IMPORTO COM VOCÊ, IMBECIL!

– SE IMPORTA TANTO, QUE MINUTOS ATRÁS NEM SEQUER ESTAVA FALANDO COMIGO!

– PORQUE EU QUERIA TE MOSTRAR O QUÃO RUIM É QUANDO TAMBÉM SOU INFANTIL COM VOCÊ, COMO VOCÊ FOI COMIGO ONTEM A NOITE! – berrou ele, passando as mãos pelos cabelos loiros de forma exasperada.

Respirei fundo tentando controlar minha voz.

– Não fui infantil. Só estava sendo realista.

– Realista?! – perguntou ele, com uma rizada sem graça. – Sabe o quanto você é hipócrita as vezes, Harry?

Vi Rony e Hermione se entreolharem.

– O quê? Eu não sou… – comecei.

– A não? – perguntou ele me cortando. – Primeiro você fica furioso comigo, por causa daquele maldito beijo que fui forçado a dar em Astoria, sendo que você também não se dignou a me contar que esteve beijando o Weasley durante esse tempo que estivemos afastados!

– O quê? – perguntei indignado. – Eu não “estive beijando” ninguém, Draco! Foi um beijo! Apenas um beijo em um momento de fraqueza meu e do Rony!

– Ah, claro – disse com sua voz repleta de sarcasmo. –, com certeza ele estava perdido em fraquezas enquanto enfiava a língua na sua boca!

Sem pensar, saquei minha varinha e a apontei para ele.

– Harry, acalme-se! – pediu Hermione, parecendo nervosa.

– É, cara, não queremos continuar presenciando a DR de vocês…

– Cale essa boca, Cabeça de Fósforo! Não sabe como me controlei para não te socar ontem, quando ouvi você se declarando para o Harry… só não o fiz por que estava com a minha filha no colo, e por que tivemos aquela conversinha na cozinha!

Rony corou novamente.

– Eu só estava contando a ele o que eu sentia, você sabe que ele tinha todo o direito de saber! – disse Rony, ainda corado. – Mas não precisa se preocupar, Malfoy, como eu disse ontem, depois do beijo as coisas mudaram! Estou aprendendo a ver o Harry da maneira correta! Até por que, acho que já estou gostando de outra pessoa…

Me senti aliviado por ouvir isso, e olhei para Hermione que estava corada novamente. Aí tem coisa.

– Ah, realmente emocionante e comovente, Weasley. – falou Draco, fingindo estar emocionado. Rony bufou o fuzilou com os olhos. Depois Draco suspirou e seus olhos se voltaram para mim novamente, dessa vez fitando a varinha que eu ainda lhe apontava. – Voltaremos aos velhos tempos, Harry? Quer me estuporar por ter dito a verdade sobre sua hipocrisia?

Me imaginar ferindo-o me machucou. Senti um aperto doloroso no coração. Abaixei a varinha sentindo as lágrimas caírem.

– E-eu não sou hipócrita… não contei do beijo por que tive medo de ferir a Mione. Você havia me deixado e quem me ajudou sempre foi ela… Eu me senti tão culpado e arrependido. Também não queria machucar você, mesmo antes de saber que o beijo que deu na Astoria foi forçado.

Ele me fitou por alguns segundos.

– Bem, que seja. Não queria nos ferir, mas feriu. – falou ele, parecendo impiedoso com a minha dor. Acho que mereço isso. – Mas a sua hipocrisia não acaba por aí: você me fez, praticamente, implorar seu perdão por não ter contado sobre a chantagem da Astoria, mas você também está me escondendo algo e não quer me dizer a verdadeira razão para não querer reatar o namoro comigo, por que eu sei que não é pelo Weasley já que eu o vi aos beijos com a Hermione na cozinha ontem à noite – Rony e Hermione tornaram a corar. Eu sabia que havia acontecido algo. –, eu sei que há uma razão, mas sei que vai se recusar a me contar. Não acha isso hipócrita? Você ficou bravo por eu ter escondido algo, mas você faz o mesmo. E não sei por que, mas pressinto que seu complexo de herói está envolvido!

Foi como um tapa em meu rosto. Ele está certíssimo. Como pude não notar? Ele não me contou sobre a chantagem e eu estou fazendo o mesmo com ele não contando que posso morrer, mas a situação aqui é outra. Se Draco souber que sou uma Horcrux, provavelmente tentará me proteger, ou me impedir quando chegar a hora. No entanto, talvez ele mereça saber, mesmo que isso signifique tornar as coisas ainda mais difíceis para nós. Afinal ele me ama. Talvez quando ele souber, consiga finalmente compreender a razão para minha decisão de não reatar o namoro.

Pensarei melhor sobre isso depois.

– Talvez você tenha razão. – murmurei. – Acho que sou um hipócrita. Mas isso não mudará minha decisão. Você não virá conosco, é muito perigoso.

Ele bufou.

– Como se eu não estivesse correndo perigo somente por estar aqui com você.

– Isso é diferente. Você precisa ficar seguro. Se manter vivo.

– Eu vou ficar bem.

– Não pode me garantir isso.

– Por Merlim, Harry, qual é o problema?! Por que não me deixa te ajudar?!

– O problema é que você pode morrer! – exclamei, apavorado com a possibilidade. – É muito perigoso! Você precisa se manter seguro. Melli precisa ter, pelo menos, um pai vivo!

Somente quando terminei a frase, que percebi a merda que havia acabado de dizer. Levei minhas duas mãos a boca, ao mesmo tempo em que Hermione arregalou os olhos e Rony somente me encarou confuso.

Draco franziu o cenho.

– Que idiotice é essa de que Melli precisa de pelo menos, um pai vivo? – indagou ele, me encarando de forma séria. – Ela precisa dos dois pais vivos. Nada vai acontecer a você. Eu não vou deixar.

Olhei para ele e suspirei pesadamente. Parece que o conheço bem, afinal eu já esperava que ele dissesse exatamente isso.

Senti o olhar de Hermione sobre mim, mas antes que eu pudesse dizer alguma coisa, minha varinha vibrou.

– Melli acordou. – falei por fim. – Mione, pode me ajudar?

– Claro…

Olhei para Draco, e sem dizer mais nada, retornei ao chalé, sendo prontamente seguido pela garota.

 

Peguei Melli nos braços a aninhando, assim que Hermione me ensinou basicamente como trocá-la.

– Obrigado, Mione. Eu nem sei como faria para trocá-la sem a sua aju…

– Você ouviu, não é? – ela me interrompeu, se sentando ao meu lado. A encarei sem entender. – Você ouviu o que eu te disse quando pensei que estava desacordado, não é?

Abaixei a cabeça, entendendo sua pergunta. Encarei Melli, que estava com a mãozinha na boca.

– Sim, Mione. Eu ouvi.

– É por isso que não reatou com Draco?

– Sim… é que eu… eu estou tão… Eu não quero que ele sofra também. – as lágrimas começaram a cair, e sem que eu percebesse comecei a soluçar.

Mione me abraçou de lado tentando me confortar. Mas não surtiu efeito.

– Shii, eu sei, Harry. Está tudo bem. Ainda é só uma hipótese. Talvez estejamos errados e você não seja uma Horcrux. – murmurou ela com vós chorosa, enquanto acariciava meu cabelo.

Peguei a mãozinha de Melli entre meus dedos...

– Você é inteligente, Mione. Sabe que a possibilidade de estarmos errados é mínima. – ela ficou quieta, o que indica que estou certo. Continuei olhando para Melli, e decidi mudar de assunto. – Ela precisa mamar.

– Ah, sim. As poções de amamentação estão com Draco. – disse Mione, parecendo aliviada pela mudança de assunto. – Depois que ela mamar, darei a ela a poção para envelhecer, e você e Draco terão que revezar, hora em hora, com ela no colo, para que a poção faça efeito.

– Tudo bem. – falei. Mione passou os dedos pelos cabelos lisos e loiros de Melli, sorrindo. – Mione, sobre o que Rony me disse ontem…

– Está tudo bem, Harry. – ela me interrompeu. – Não estou chateada com você, se é isso que está pensando. Rony conversou comigo ontem; me contou sobre o que sentiu por você todos esses anos, mas que agora está superando isso. Ele também contou sobre o beijo. Contou que foi ele quem te beijou, e que você retribuiu, mas que ele acha que você só fez isso por que estava carente. Não se preocupe, não estou com raiva nem chateada por você ter retribuído. – acrescentou ela, ao ver minha expressão. – Rony disse que desde o beijo, está te vendo de outra forma.

Continuei olhando para minha filha, enquanto absorvia a informação. Me senti grato e aliviado por Mione não estar chateada comigo. Mas ainda há uma coisa que está me deixando curioso…

– Mione, o que houve ontem à noite, entre você e Rony? Vocês realmente estavam se beijando?

Ela corou e sorriu de lado.

– Sim. Nós conversamos e então ele me beijou. É claro que depois tivemos que aturar as risadinhas de Draco, mas…

Revirei os olhos.

– Draco realmente não tem jeito. – comentei rindo um pouco.

Ela riu um pouco, depois me encarou.

– Sabe que precisa falar com ele, não é? – perguntou ela. – Isso de não reatar o namoro parece estar realmente o chateando.

– Eu sei. – falei preocupado. – Não sei bem o que fazer. Talvez eu deva realmente reatar o namoro com ele, não suporto vê-lo chateado comigo, mas, ainda assim, ele não poderá vir conosco na busca das Horcrux.

– E por que não? Harry, nós estaremos com um bebê recém-nascido procurando Horcrux, a ajuda de Draco pode ser muito útil para manter Mellisandre em segurança!

Suspirei, e levantei meu olhar para encará-la.

– Mione, a Melli não irá com a gente.

Ela franziu o cenho.

– Como assim, com quem ela ficará, então?

– Tenho outros planos para o Draco, e ela está incluída. – falei, já sentindo a dor do que está por vir. Respirei fundo e beijei a testa de minha filha, me deliciando com seu cheirinho doce de bebê.

– Harry, você não está pensando em… – começou Hermione, entendendo meus planos.

– Precisamos falar com o Grampo e com o sr. Olivaras. – falei a interrompendo.

Hermione me encarou por alguns segundos, antes de assentir e se levantar.

– Tudo bem. Vamos.

Saímos do quarto e encontramos todos os outros na sala de estar. Draco estava em um sofá com os braços cruzados, e assim que nos avistou, sorriu e veio até mim estendendo os braços para receber Mellisandre.

– Pode dar a mamadeira a ela? – perguntei a ele, enquanto a passava para seu colo.

– Eu tinha certeza que você iria querer fazer isso, mas tudo bem. Eu faço.

Ele acenou com a varinha, invocando a mamadeira de tampa branca, se acomodou no sofá, e repetiu o mesmo processo da noite passada.

Me virei para Gui.

– Preciso falar com Grampo e Olivaras. – informei, chamando a atenção de todos para mim.

– Não. – respondeu Fleur. – Você terá que esperar, Harry. Os dois estão muito ruins, precisam descansar…

– Lamento – falei, sem me exasperar. –, mas não posso esperar. Preciso falar com eles agora. Em particular, e separadamente. É importante.

– Isso tem haver com a tal missão? – perguntou Gui. – Não acha que já está na hora de você nos contar o que estão fazendo Harry? Você tem um bebê agora. Como pretendem completar essa missão com um bebê?

Vi Draco (que estava concentrando em amamentar Melli enquanto Luna acariciava os cabelos da mesma) erguer a cabeça para prestar a atenção na conversa.

– Não podemos lhe contar o que estamos fazendo – falei taxativamente. – você pertence à Ordem, Gui, sabe que Dumbledore nos confiou uma missão. Não podemos discuti-la com mais ninguém, independente das circunstancias.

Fleur deu um muxoxo de impaciência, mas Gui não; ele simplesmente me encarou. Seu rosto coberto por cicatrizes estava impenetrável. Por fim disse:

– Tudo bem. Com quem quer falar primeiro?

Hesitei por um segundo antes de responder.

– O duende.

– Aqui em cima, então. – disse Gui, começando a subir as escadas.

Eu já havia subido vários degraus, quando parei e olhei para trás.

– Preciso de vocês dois também! – gritei para Rony e Hermione, que pareciam esperar que eu os chamasse.

– Ei, eu também quero ir. – informou Draco, se levantando, sem deixar de amamentar Melli.

– Draco, eu não acho uma boa ideia… – comecei.

– Mas eu acho. Vou junto com vocês. – disse ele, já subindo as escadas e nos alcançando.

– Espere um instante, o Malfoy sabe da missão de vocês? – perguntou Gui, que nos aguardava no último degrau da escada.

– Sim, ele sabe. E antes que diga alguma coisa – falei ao vê-lo começar a abrir a boca indignado. –, já vou avisando que não fomos nós quem contamos. Ele que foi um intrometido e ouviu nossa conversa. – Fiz questão de dar ênfase a palavra intrometido.

Pelo canto do olho, vi Draco dar um sorriso presunçoso, afinal, ele não pertence a Ordem da Fênix e sabe qual nossa missão. Obviamente, não era meu desejo que ele descobrisse, mas agora que sabe, o jeito é aceitar. E tenho plena consciência de que mais tarde serei interrogado por ele sobre essa questão. Excelente, não é? Mal me livrei dos interrogatórios de Mione, e agora aparece alguém para tomar o lugar dela.

Decidi aceitar que ele nos seguiria, afinal não tem jeito, nunca vi alguém tão teimoso. Gui bufou, e continuou nos guiando.

– O que estamos fazendo agora, Harry? – perguntou Rony.

– Vocês verão. – falei e então me virei para Draco, que havia se livrado da mamadeira de Melli, e agora dava leves tapinhas nas costas da mesma enquanto nos seguia. Chacoalhei a cabeça, tentando me concentrar no que estava prestes a fazer e não na visão adorável de vê-lo cuidando dela, e me forcei a olhá-lo de forma séria. – Não quero nenhum palpite sobre o que vamos falar aqui, Draco. Não importa o quanto o assunto não lhe agrade.

Eu sei que ele não concordará com os planos que tenho, por isso é melhor avisar. Ele me fitou por alguns segundos.

– Tudo bem. – respondeu por fim.

Pude ver em seus olhos que ele ainda está chateado comigo, mas isso resolverei depois.

Caminhamos por um corredor. Nele tinha quatro portas, Gui parou na frente de uma.

– Aqui. – disse ele, abrindo a porta do quarto dele e de Fleur. O cômodo parece confortável e tem vista para o mar. Caminhei até a janela, enquanto Draco se acomodou na poltrona ajeitando Melli nos braços, e Hermione e Rony sentaram sobre os braços do estofado.

A porta do quarto tornou a se abrir, e Gui reapareceu, trazendo com sigo o pequeno duende, que ele acomodou na cama. Grampo resmungou um agradecimento, e Gui saiu, fechando a porta e nos isolando.

– Lamento por fazê-lo se levantar. – falei. – Como estão suas pernas?

– Doloridas. – respondeu o duende. – Mas se recuperando.

Ele ainda se agarrava a espada de Gryffindor, (me pergunto se ele dormiu agarrado a ela) e tinha um ar meio estranho: meio truculento, meio intrigado. Seus olhos negros passavam de mim, a Draco e, especialmente a Mellisandre. Pude ver que Draco também percebeu seu olhar, e apertou um pouco os braços em torno de Melli.

– Você provavelmente não lembra… – comecei.

– … que fui o duende que o levou ao seu cofre, na primeira vez que foi ao Gringotes? – completou Grampo. – Lembro, Harry Potter. Mesmo entre os duendes, você é muito famoso.

Nos encaramos por alguns segundos, um avaliando o outro. Eu quero acabar depressa com essa conversa com Grampo, para poder me resolver logo com Draco, mas tenho medo de fazer qualquer movimento em falso. Enquanto eu tentava decidir a melhor maneira de abordá-lo e fazer meu pedido, o duende quebrou o silêncio.

– Você teve um bebê. – disse ele, em um tom inesperadamente rancoroso. Olhando para Melli. – Observei-o da janela do quarto ao lado e pude ouvir seus gritos.

– Sim, eu tive um bebê. – falei, afinal mentir para ele agora, pode me causar problemas com meu pedido.

Grampo me encarou por alguns segundos.

– Você é um bruxo incomum, Harry Potter.

– Como assim? – perguntei.

– Você teve um filho com um Comensal da Morte.

Ele apontou para Draco.

– E?

Grampo não respondeu. Ignorei seu comentário e me preparei para o ataque. Merlim ajude que ele aceite me ajudar.

– Grampo, eu preciso lhe perguntar…

– Você também salvou um duende. – me interrompeu ele.

– Quê?

– Você me trouxe para cá. Me salvou.

– Bem, espero que não esteja se lamentando. – falei, meio impaciente.

– Não, Harry Potter. – disse ele, e com um dedo torceu a barbicha rala do queixo. –, mas você é um bruxo estranho. Procriar com alguém que quer te matar, e salvar duende.

Ele falava tudo um pouco incrédulo. E devo reconhecer que isso deve ser realmente estranho ao ponto de vista dos outros. Mas não é sobre minha vida pessoal que vim tratar com ele.

– Certo. Bem, preciso de ajuda, Grampo, e você pode dá-la.

O duende não fez nenhum gesto de encorajamento, mas continuou franzindo a testa para mim, como se nunca tivesse visto nada parecido.

Bem, é agora ou nunca.

– Eu preciso arrombar um cofre no Gringotes.

Eu não pretendia ser tão inepto, mas as palavras haviam me escapado sem que eu percebesse. Agora já era. Draco se engasgou subitamente, e Hermione pegou Melli de seu colo, entregando-a para Rony, (que a segurava assustado como se a menina fosse feita de vidro) para então acudir o loiro, lhe dando palmadas nas costas. Quando a tosse de Draco diminuiu, todos olharam para mim como se eu tivesse enlouquecido.

– Arrombar o Gringotes, Harry? Sério? – perguntou Draco, parecendo um tanto chocado. – Quando começo a pensar que você não fará mais loucuras, você me vem com essa?

– Eu disse “sem palpites”, Draco. – o lembrei e ele revirou os olhos.

– Harry… – disse Hermione, mas foi interrompida por Grampo.

– Arrombar um cofre no Gringotes? – repetiu o duende fazendo uma careta e mudando sua posição na cama. – É impossível.

– Não, não é. – contradisse Rony, enquanto ninava desajeitadamente Melli. – Já foi feito uma vez.

– É. – falei. – No mesmo dia em que te conheci, Grampo. No meu aniversário, faz sete anos.

– Na época, o cofre em questão estava vazio. – retrucou o duende, e compreendi que embora ele estivesse saído do Gringotes, a ideia de que as defesas do banco terem sido vazadas o ofendia. – Tinha uma proteção mínima.

– Bem, o cofre que precisamos entrar não estará vazio. E imagino que deve contar com fortíssima proteção. Pertence aos Lestrange.

Vi Rony e Hermione se entreolharem, abismados. E Draco se mantinha quieto e pensativo. Sei que estão curiosos, mas haverá bastante tempo para explicações depois que Grampo der sua resposta.

– Sem chances. – respondeu ele com firmeza. – Não há a menor chance. Lembra-se da mensagem escrita na entrada do Gringotes? “Se procuram sobre o nosso chão um tesouro que nunca enterraram…”

– “… ladrão cuidado, você foi avisado, cuidado…” é, eu sei, lembro bem. Mas não estou tentando roubar um tesouro para mim, não estou tentando apanhar nada para meu lucro pessoal. Você consegue acreditar?

Grampo me encarou por mais alguns segundos.

– Se houvesse um bruxo em que fosse possível crer que não visa lucro pessoal – disse ele, finalmente. – esse seria você, Harry Potter. Duendes e elfos não estão acostumados à proteção e respeito que você demonstrou essa noite. Não de porta-varinhas.

– Vocês são capazes de usar magia sem precisar de varinhas. – disse Rony.

– Isso não vem ao caso. Os bruxos sempre se recusaram a dividir seus conhecimentos de magia com os outros seres mágicos. Nos negam a chance de ampliar nossos poderes…

– Bem, os duendes também não dividem seus conhecimentos de magia… – começou Rony, ninando Melli um pouco mais rápido.

– Não importa. – os interrompi, vendo que se deixasse essa discussão continuaria. – A questão aqui não são os bruxos ou os duendes, ou qualquer outra criatura mágica.

– Mas a questão é exatamente essa. À medida que o Lorde das Trevas se torna mais forte, sua raça se põe ainda mais à frente da minha. Logo o Gringotes será controlado por bruxos, os elfo domésticos serão massacrados, e quem protestará?

– Nós protestamos. – disse Hermione. – Eu sou tratada do mesmo modo que um elfo ou um duende, Grampo. Eu sou uma sangue-ruim. Mas sou com orgulho. Sob a nova ordem, eu tenho a mesma posição que você, Grampo. Fui eu quem escolheram para torturar lá na mansão. – A garota ergueu a manga da roupa que usava revelando o corte fino que Bellatrix fizera. Vi Draco abaixar a cabeça, se recusando a olhar. – Você sabia que foi Harry quem libertou Dobby? – continuou ela. – Você sabia que a anos quero que os elfos sejam livres? Você não pode desejar a derrota de Você-Sabe-Quem mais do que desejamos, Grampo.

O duende olhou para Mione com a mesma curiosidade que me encarava.

– Que procuram no cofre dos Lestrange? – perguntou-nos, de repente. – A espada que está lá é falsa. Esta é a verdadeira. Acho que sabem disso. Você me pediu para mentir lá no porão.

Ouvi o choro de Melli, e olhei para Rony, que sacudia a bebê, ninando-a ainda mais rápido de uma forma um tanto quanto desengonçada.

– Rony! – exclamei, indo até ele e pegando minha filha.

– Desculpe, cara… é que ela é tão leve que até me esqueci que estava com ela no colo. – disse ele, sem graça.

– Idiota. – disse Draco.

Revirei os olhos e voltei a olhar para o duende.

– Sabemos que a espada que está no cofre é falsa, mas ela não é o único objeto que está lá, é? – perguntei, ajeitando o corpinho de Melli em meu colo. – Talvez você tenha visto outras coisas lá dentro, não?

– É contra nossa ética dizer o que há dentro de um cofre. – disse ele, acariciando a espada, enquanto seus olhos negros iam para cada um de nós. – Tão jovens – comentou. – para lutarem contra tantos.

– Você nos ajudará? – perguntei por fim. – Não temos a menor chance, de entrar e sair do Gringotes sem a ajuda de um duende. Você é nossa única chance.

– Vou… pensar no pedido.

– Mas… – começou Rony, parecendo irritado.

– Muito obrigado. – o interrompi.

– Eu posso permitir que Harry pegue o que quiser do cofre. – disse Draco, de repente, se dirigindo ao duende. – Se o que te incomoda é o “roubo”, não se preocupe. Eu sou sobrinho dos Lestrange, posso pegar o que quiser.

Grampo o encarou por alguns segundos antes de sorrir de lado.

– Você não é um Lestrange, Malfoy. – disse ele. – Ser sobrinho deles, não o torna dono nem no direito de pegar nada do cofre, por tanto, sua permissão não vale de nada.

Draco estreitou os olhos.

– Veja bem como fala comigo, duende. – disse ele, esnobe. – Sei bem que a sua decisão já está tomada. Diga logo ao Harry o que você vai querer em troca do favor. Sei que vai querer algo.

– Acha que duendes são gananciosos como vocês bruxos, Malfoy?

– Não acho, tenho plena certeza.

Droga, se Draco continuar ofendendo Grampo, meus planos irão por água abaixo.

O duende fez uma cara de indignação.

– Draco Malfoy, o garoto que se acha melhor que todos, e nunca teve que batalhar por nada na vida, pois sempre teve tudo o que queria por conta dos subornos do seu pai. Ainda acha que sou eu o ganancioso, Malfoy? Eu só quero o que pertence aos duendes por direito.

Draco fechou as mãos em punhos e se levantou. Rony e Hermione se entreolharam, assustados.

– Quem você pensa que é?! – exclamou Draco.

– Grampo, você disse que quer o que “pertence aos duendes por direito” – falou Hermione, antes que Draco dissesse mais alguma coisa. –, e o que seria?

O duende encarou a todos e voltou a acariciar a espada.

– A espada. – respondeu por fim. – É isso que quero em troca da minha ajuda.

Merda. Suspirei.

– Não posso entregar a espada. Sinto muito. – falei, nervoso.

– Então, temos um problema. – disse ele.

– Te daremos qualquer outra coisa. – disse Rony. – No cofre dos Lestrange deve ter muito ouro…

Rony falou, obviamente a coisa errada. Grampo começou a ficar vermelho.

– Não sou um ladrão, moleque! Não quero nada que não me pertença.

– Tenho ouro. Muito ouro e joias de família, valiosíssimas. – disse Draco.

– Ter um objeto da sua família e algo roubado, é quase a mesma coisa, Malfoy.

– Ora, seu…

– Draco. – chamei e ele se calou. Para o alívio de todos. Voltei-me para o duende. – Não há qualquer outra coisa que você queira?

– Não. É a espada, ou nada.

Suspirei pensando. Não posso entregar a ele a espada a ele, por que precisamos dela para as Horcruxes. Mas eu preciso fazer algo. Meu orgulho Grifinório não me permite mentir para que ele nos ajudasse e depois não entregar a espada. Talvez eu possa entregar a espada… depois que eu terminar de usá-la.

– T-tudo bem. Você terá a espada.

– Como é que é? – exclamou Rony.

– Harry, você não pode… – disse Hermione.

– Não temos escolha! – falei quase gritando. Melli abriu os olhinhos assustada.

– Eu tenho a sua palavra, Harry Potter, de que me dará a espada? – perguntou Grampo.

– Tem.

Trocamos um aperto de mãos.

– Então, temos um acordo. – disse ele.

– Depois diz que não é ganancioso. – comenta Draco, bufando.

Grampo olhou para Draco e voltou a olhar para mim.

– Concordo em fazer isso, Harry Potter, contando que Malfoy não participe.

– Por que Draco não pode participar? – perguntou Hermione.

– Por que obviamente vocês estão sendo enganados por ele. Ele claramente só está ao seu lado, Harry Potter, para saber de seus planos e ajudar o Lorde das Trevas!

Me levantei rapidamente, assim que vi a mão de Draco se movimentar até sua varinha.

– Muito obrigado, Grampo. Deixarei você descansar, voltaremos outra hora para começarmos a planejar. – falei.

Usei um braço para segurar Melli, e com o outro eu peguei o pulso de Draco e o arrastei para fora do aposento.

– Mas o que você estava fazendo? – perguntei a ele, o empurrando na parede ao lado da porta. – Quer arruinar meus planos?!

– Não quero arruinar nada, Harry, mas é bom que saiba: duendes não são confiáveis. – disse ele. – Você viu o modo como ele estava agarrado a espada. Eles pensam que tudo o que eles fabricam pertencem a eles. Não concordam com a forma com que os bruxos costumam passar os objetos de pai para filho, em gerações. As joias da família Malfoy são, em grande maioria, fabricadas pelos duendes, mas elas não foram devolvidas aos duendes quando meus antepassados que as compraram morreram, elas passaram aos familiares, por isso para Grampo, elas são consideradas roubadas. Então cuidado ao prometer algo a ele Harry.

Engoli em seco com as informações.

– Obrigado por avisar. Tomarei cuidado.

Depois de uma pequena discussão com Rony e Hermione, por eu ter decidido entregar a espada sem falar com eles, Gui nos levou até o quarto de Olivaras, afirmando que sairia para buscar o pessoal da Ordem. Olivaras identificou as varinhas que eu havia afanado das pessoas na mansão. A primeira pertencia a Bellatrix Lestrange, a segunda à Draco e a terceira e a quarta pertenciam a Pedro Pettigrew e Greyback.

Draco ficou bem zangado quando Olivaras disse que a varinha não seria mais fiel a ele, já que eu a havia tirado dele. Rony ficou com a varinha de Rabicho e Hermione, relutante, ficou com a de Bellatrix.

 

– Eu vou pegar a primeira dose da poção para envelhecer para dar a Melli. Colocarei em uma mamadeira misturado com leite. – disse Hermione, assim que chegamos a sala de estar.

Draco conjurou um cesto acolchoado, para que eu colocasse Melli, que havia cochilado.

– O.k., Mione. – falei, enquanto tentava colocar minha filha no cesto, sem acordá-la.

– Eu vou com você. Quem sabe você precise de alguma ajuda. – disse Rony, indo com a garota apanhar a poção.

Revirei os olhos quando os dois saíram. Tomara que eles se acertem logo. E por falar em se acertar… percebi que Draco e eu ficamos sozinhos na sala de estar. Luna e Dino estavam no jardim com Fleur.

Tossi limpando a garganta.

– Draco, ainda está chateado comigo? – perguntei calmamente.

– Estou. – respondeu ele, brincando com a mãozinha de Melli.

Suspirei triste.

– Draco, eu… amor, não faz isso. – ele olhou para mim com uma sobrancelha erguida. Senti meu rosto esquentar, mas ignorei a vergonha e me aproximei dele, puxando-o para que se levantasse. Coloquei meus braços em seu pescoço. – Eu… eu amo tanto você. Não quero que fiquemos brigados por uma bobagem.

Ele revirou os olhos e colocou as mãos em minha cintura, me puxando para que nossos corpos ficassem colados.

– Então volta para mim. Namore comigo. – disse ele, roçando seu nariz no meu.

– E-eu não quero. Tenho meus motivos. Mas podemos continuar assim.

– Eu sei quais são seus motivos. – disse ele suspirando. – Você pensa que vai morrer, não é?

Me afastei dele subitamente, arregalando os olhos.

– C-como s-sabe disso? – gaguejei.

Ele se aproximou me envolvendo novamente em seus braços e cheirando meu pescoço.

– Você é bem previsível as vezes, Harry. Mas não se preocupe, você não vai morrer.

– Não há garantias disso.

– Eu não vou deixar nada te acontecer.

– Não poderá impedir se tiver que acontecer.

Ele tirou o rosto do meu pescoço e me encarou sério.

– Eu daria a minha vida por você, Harry. Nada vai te acontecer enquanto eu estiver por perto. – disse ele com convicção.

Engoli em seco, sentindo algo novo. Meu coração disparava sem parar, eu sentia como se borboletas estivessem voando em minha barriga. Por Merlim, será que é possível se apaixonar ainda mais por alguém? Nunca em mil anos eu imaginei ouvir tais palavras. Muito menos vindas de Draco. O garoto que sempre foi frio, orgulhoso, esnobe, que nunca se importava com ninguém além de si mesmo e que jamais conseguia dizer seus sentimentos, embora eu conseguisse lê-los em seus olhos.

Passei a mão por seu rosto, sentindo meus olhos arderem. Meu peito quase doí de tão forte que meu coração está batendo. Minha maior vontade nesse momento, é pegar Draco e Melli e fugir, para o mais longe que eu puder.

– Eu nunca pensei que te ouviria dizer algo assim. É algo tão Grifinório. – falei rindo sem humor.

Ele revirou os olhos.

– Vou levar isso como um elogio. – ele olhou para minha testa, e contornou minha cicatriz com o dedo indicador. Sua pele gelada aliviou um pouco a queimação do local.

– O que houve com você, Draco? Você… está diferente, sabe? Pelo menos comigo. Menos grosseiro, quase não me xinga mais…

– Não vai me dizer que está sentindo falta das minhas grosserias? Não seja por isso, eu posso…

– Não! – falei rapidamente. – Eu gosto de você assim, também. O que quero dizer é que, antes você não se importava com ninguém além de você. Agora você diz que daria sua vida por mim…

– E estou falando a verdade. Eu só gosto tanto de você, que acho que não consigo mais me ver sem você por perto…

Senti uma lágrima escorrer por meu rosto. Não esperei que ele terminasse de falar, segurei seus cabelos em sua nuca e o puxei de encontro a minha boca, iniciando um beijo afoito e urgente. Eu necessito sentir seu gosto, sua língua, seu calor… tudo parece impregnar minha mente, me impedindo de ser coerente, mesmo que eu tente. Nossas línguas travaram uma batalha, explorando a boca um do outro. Ele eniou as mãos por baixo de minha camiseta e as subiu por minhas costas e então foi descendo lentamente, até pará-las em meu quadril, que ele apertou com força, e prensou ainda mais nossos corpos. Um gemido baixo me escapou em meio ao beijo. Minha mente já está completamente em branco, o fato de estar beijando-o no meio da sala de estar da casa do Gui e da Fleur, já não me importa. Só consigo pensar no gosto de Draco, e nas reações que meu corpo tem por estar tão perto dele, depois de tanto tempo.

Desci minhas mãos por seus braços fortes, sentindo-o chupar minha língua de uma forma maravilhosa. Meu baixo-ventre se apertava, e sem pensar levei minhas mãos aos botões de sua camisa branca e comecei a soltá-los. Draco sorriu em meus lábios, e desceu suas mãos parando em minhas nádegas e as apertando com força. Gemi novamente…

– Se continuarmos assim, vamos acabar transando. – disse ele, ofegando, então mordeu e chupou meu lábio inferior, me fazendo gemer novamente.

– Eu… eu quero. Quero transar com você. Agora.

Passei minhas mãos por seu peito quando terminei de abrir sua camisa.

– Que tentação… – ele parou de me beijar, e me encarou. – Não sabe o quanto você fica uma delícia quando me olha assim…

– Eu quero transar com você. Agora. – falei impaciente, tentando beijá-lo novamente e descendo minhas mãos até o cós de sua calça.

– Quer é? – ele mordeu meu lábio, outra vez. Houve alguns estalos altos no quintal, mas os ignorei. Só consigo pensar em Draco, e no quão sexy ele está. Ele começou a beijar meu pescoço, me arrancando um suspiro. – Talvez eu te deixe tirar a minha virgindade…

Não pude deixar de rir, enquanto fechava meus olhos para apreciar a sensação dos seus lábios no meu pescoço. Sua mão subiu por minha arriga e começou a brincar com meu mamilo.

– “Virgindade”, Draco? Isso é algo que você não tem faz tempo… hum…

– É sério, Harry. Eu quero que tire minha virgindade. – disse ele, chupando o lóbulo da minha orelha.

– Mas você não é virgem…

– Harry, estou falando da outra virgindade… pense um pouco.

Ele beija e chupa meu pescoço, e quer que eu pense direito?

– Não estou entendendo, Draco…

Ele parou de maltratar meu pescoço subitamente, e encostou a tenta na minha me encarando.

– Por Merlim, Harry, você é burro ou se faz? Estou falando da minha bunda, droga! Eu quero dar a minha bunda para você!

Arregalei meus olhos, no mesmo momento em que um barulho alto de vidro se quebrando, nos assustou.

Separamos nossas testas e olhamos para onde veio o barulho. Me senti gelar. Havia cacos da mamadeira de Melli espalhados pelo chão, enquanto uma Hermione chocada e um Rony quase roxo de vergonha nos encaravam. E quem dera isso fosse o pior, mas como eu tenho sorte, obvio que não era. Atrás dos dois se encontravam: o Sr. e Sra. Weasley, Lupin, Kingsley, Fred e Jorge, Dino, Luna e Gui e Fleur.

 

Fred e Jorge nos lançava um olhar malicioso, enquanto os outros pareciam extremamente chocados. Foi então que percebi que ainda estou com as mãos no cós da calça de Draco, e que ele ainda está segurando meu mamilo. Me afastei o mais rápido que pude, quase tropeçando. Então Melli começou a chorar.

 

Ótimo. Definitivamente, perfeito. Eles terem nos pego quase transando, com certeza não foi uma forma muito perfeita de fazê-los descobrir que tenho uma filha com um Comensal da Morte.

Estou pensando seriamente em perguntar a Mione se ela conhece algum feitiço que me ajude a cavar um buraco bem fundo, para que eu me enfie nele.

 

Pov Harry Off


Notas Finais


Espero que tenham gostado.
Se deixarem bastante comentários, eu postarei mais cedo para compensar tanto tempo sem postar ^^
Beijinhos <3


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