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História Relíquia do Amor - Excesso de Informações


Escrita por: DaianeSales

Notas do Autor


Oláaa pessoal!

Eu gostaria de pedir desculpas por ter demorado tanto para postar. Tive problemas pessoais e mais um monte de problemas que me impediram de ter qualquer inspiração. Para piorar, no momento em que voltei a escrever o capitulo, meu celular quebrou sem chaces de concerto, levando com ele todos os resumos que eu já havia feito, até mesmo o ultimo capitulo que eu já havia escrito. Nem preciso dizer que chorei muito, não é?
Bem, já comprei um celular novo e finalmente consegui terminar o capitulo.

Vou deixar para falar mais nas notas finais kk

Agradeço aos comentários e favoritados!
Enfim....
Boa leitura!!

Capítulo 27 - Excesso de Informações


Fanfic / Fanfiction Relíquia do Amor - Excesso de Informações

 Pov Draco On

 

Eu não acredito! O que diabos Harry está fazendo aqui?!

 

Alguns dias antes

 

Desaparatei em frente aos portões da mansão, sentindo as lágrimas ainda em meus olhos. Eu mal havia pisado no chão e o choro de Mellisandre ecoou.

– Shh… Eu sei que essa sensação é ruim, filha, mas… Ah, droga! – reclamei enojado ao ver minhas roupas com leite vomitado.

Claro que ela vomitaria, até eu senti vontade de vomitar na primeira vez que aparatei, e ela é só uma recém-nascida. Peguei minha varinha e fiz um feitiço de limpeza rapidamente, depois deitei Mellisandre no meu peito, de modo com que a cabecinha dela ficasse no meu ombro e seu rostinho quase no meu pescoço. Não pude evitar de achar aquela cena adorável, afinal ela estava com a mãozinha fechada embaixo da bochecha, com os olhinhos verdes abrindo e fechando e com um biquinho choroso.

O vento da noite estava gelado. Harry me matará se eu deixar nossa filha adoecer, então puxei a capa preta que estou usando e a abri, ajeitei a manta e a parte aberta da minha capa sobre o corpo da minha filha e a fechei novamente, deixando somente uma parte pequena de seu rosto exposta. Quem nos visse de longe, provavelmente pensaria que estou com o ombro e a parte esquerda do meu peito um pouco inchado, mas certamente não afirmaria que estou com um bebê.

Respirei fundo e caminhei calmamente para a mansão. Os portões se abriram para que eu passasse e assim o fiz. Sei que eu deveria estar preocupado com a reação dos meus pais quando virem minha filha, especialmente por eu tê-la trazido até aqui quando a casa está sempre cheia de Comensais. Mas, obviamente, isso pouco me importa no momento. De uma coisa eu tenho certeza, se eu sentir que algo está nos ameaçando fugirei com ela sem pensar duas vezes.

Antes que eu adentrasse a sala de estar pude ouvir os gritos.

– EU JÁ FALEI PARA PRESTAR ATENÇÃO EM COMO FALA COMIGO DENTRO DA MINHA CASA! – berrou meu pai.

– Então diga onde o inútil do seu filho se meteu! – gritou Astoria em resposta, depois riu negando com a cabeça. – Aliás, não precisa nem dizer, tenho certeza que aquele idiota deve estar em algum lugar comendo Harry Potter. Ah, mas ele vai se arrepender de me desafiar…

– Estou aqui me perguntando… – falei, chamando a atenção de todos enquanto eu adentrava o cômodo. – se eu estivesse realmente em algum lugar comendo o Harry, o que você faria, Astoria? Iria continuar aqui atormentando meus pais, e chorando por eu estar comendo ele e não você?

A garota me fuzilou com os olhos. Minha mãe parecia aliviada e meu se acomodou em uma poltrona prestando a atenção na conversa.

– Onde você estava? – indagou a garota.

– Comendo Harry Potter. – respondi com irônico, apertando um pouco Mellisandre em meu peito.

– Você está muito engraçadinho, não é? Sou sua noiva e exijo respeito!

Não pude evitar, caí na gargalhada.

– Astoria, você só é a minha noiva nessa sua mente doentia.

– Estou falando sério, eu vou…

Mellisandre escolheu esse momento para resmungar e se mexer, chamando a atenção de todos para ela.

Muito bem querida, papai já está na forca, agora é só empurrar.

Suspirei, afinal não queria que Astoria visse minha filha. Ajeitei Mellisandre, deitando-a no meu colo, ainda por baixo da capa. Todos me encaravam com os olhos arregalados, meu pai até mesmo se levantou da poltrona.

– Mais o que…? – perguntou minha mãe olhando para o volume em minha capa e depois para mim repetidas vezes. – Draco, seu filho…?

Suspirei outra vez e assenti. Ela abriu um enorme sorriso e meu pai deu um passo para trás, como se estivesse assustado com algo.

– Mas, filho, Potter não estava de apenas sete meses de gravidez? O que houve quando você saiu daqui aquele dia? Estive tão preocupada. Você saiu desesperado dizendo que a faca de sua tia havia atingido Potter…

– A faca realmente o atingiu, e isso acabou rompendo o núcleo, por isso tivemos que realizar o parto o mais depressa que pudemos, mesmo estando fora de hora. – contei, andando disfarçadamente para mais perto da lareira, afastando Mellisandre de Astoria.

– Então… – disse Astoria antes que minha mãe pudesse dizer algo. – Você esteve mesmo com Harry Potter? Descumpriu nosso acordo.

– Acordo? Chama isso de acordo? Você está me chantageando, não fizemos acordo algum! – exclamei com raiva.

Ela cruzou os braços.

– Você fica longe de Potter e eu não conto ao Lorde das Trevas sobre a existência dessa criança, esse era o nosso acordo! – gritou ela. – Você descumpriu. A essa altura ele já deve saber que foi tudo uma chantagem, estou certa?

– Isso realmente importa? – indaguei cansado. – Mesmo longe ele ainda me amava e eu sentia o mesmo. Seu plano não funcionou, Astoria. Ele não me odiou apesar de tudo o que me obrigou a dizer.

– Isso não me interessa, você não deveria ter se aproximado dele novamente! – exclamou ela descontrolada. – Você preferiu arriscar a vida dele e do seu filhinho somente para transar?!

– Ele estava tendo minha filha, sua retardada, eu precisava estar lá! – berrei com raiva, e Mellisandre começou a chorar.

Filha? É uma menina, Draco? – perguntou minha mãe, se aproximando com os olhos lacrimejantes e afastando minha capa para ver a neta. – Oh, Merlim, como é linda!

– Uma menina? – perguntou meu pai se pronunciando pela primeira vez desde que cheguei. Sua voz estava calma e controlada, o que eu estranhei com toda certeza. – Não nasce uma Malfoy na família a décadas, tem certeza que é sua filha, Draco?

Antes que eu pudesse dar a minha resposta completamente “educada” e a altura, minha mãe disse:

– Ela é nossa neta, Lúcio. Veja, é a cara do Draco… e esses cabelos loirinhos… Como é fofa. Está tão assustada… deixe-me segurá-la, Draco?

Assenti e deixei que ela pegasse Mellisandre em seu colo, afinal não é bom segurar minha filha quando estou nervoso.

– Ele não prestou nem para te dar um herdeiro homem, que piada. - caçoou Astoria, puxei minha varinha das vestes disfarçadamente. – Eu deveria ir agora mesmo até o Lorde das Trevas para contar da existência dessa bastardinha noj… – se calou ao ver minha varinha apontada para seu peito. – Abaixa essa varinha, Draco…

– NÃO SE ATREVA A FALAR DA MINHA FILHA! FORA DA MINHA CASA, AGORA! – gritei, Mellisandre chorava assustada e minha mãe a ninava tentando acalmá-la. Astoria me olhava com os olhos arregalados.

– Você vai me pagar… – começou ela.

– FORA DA MINHA CASA! – berrei novamente.

– Eu vou. Mas é bom que saiba, você vai me pagar. Não contarei ao Lorde sobre essa fedelha agora, por que darei um tempo para que pense nas consequências de seus atos, mas, ainda assim, você me pagará. Me aguarde, Draco.

– ESTÁ SURDA?! EU MANDEI SAIR!

Ela olhou para Mellisandre uma última vez antes de virar as costas e sair. Abaixei a varinha e chutei a poltrona mais próxima, cego de ódio. Eu ainda mato essa vadia. Se ela fizer qualquer coisa para minha filha, eu a picarei em pedaços minúsculos. De algo tenho certeza, Mellisandre não se aproximará dela novamente.

Suspirei cansado e olhei para minha mãe, que continuava ninando a neta. Percebi que meu pai fitava as duas sem saber o que fazer.

– Astoria pode ser um problema. Temos que tomar cuidado com ela. – falei.

– Nós sabemos. Ela vem nos atormentando durante os três dias em que esteve fora. Não sabe o quanto nos esforçamos para não cruciá-la. – contou minha mãe, sorrindo para Mellisandre que havia parado de chorar e agora a fitava com a mãozinha na boca. – Draco, por que a trouxe para cá? Se algum Comensal descobre de quem ela é filha…

– Não é como se ela viesse com uma plaquinha com o nome dos pais, não é? – falei revirando os olhos.

– Draco, não vê que isso é sério? Será que não pode levar, pelo menos, uma coisa realmente a sério?! – exclamou meu pai de repente. – Se alguém desconfiar e contar ao Lorde, você e ela estarão mortos!

– E… você se importa? – questionei, olhando-o com seriedade e erguendo uma sobrancelha, realmente curioso.

Ele me encarou por alguns segundos, franziu o cenho parecendo travar uma batalha consigo mesmo, então abaixou a cabeça e se retirou do cômodo. Meu queixo ainda estava no chão, e minha mãe não estava diferente. Por Merlim, isso que eu acabo de ouvir é um sinal de preocupação? Ele, por um segundo, realmente pareceu… Não, com certeza não. Não posso ficar me iludindo com meu pai. Já cometi esse erro antes, o que só resultou em dores e decepções. Não posso me dar ao luxo de sentir isso agora, pois obviamente já tenho problemas o suficiente.

Respirei fundo e me sentei em uma poltrona, apoiando meus cotovelos nos joelhos e passando as mãos por meu rosto. Como posso já sentir tanta falta do Harry? Não faz nem meia hora que cheguei aqui e já tenho novas preocupações com a Astoria e agora, provavelmente com a sanidade do meu pai, ter Harry aqui agora tornaria as coisas mais… suportáveis.

– Filho, qual é o nome que vocês deram a ela? – indagou minha mãe, me tirando de meus devaneios.

– Mellisandre Áurea Malfoy Potter. – falei sorrindo.

– Malfoy Potter? Não deveria ser Potter Malfoy? – indagou minha mãe franzindo o cenho.

Rolei os olhos. Argh! Por que diabos todos perguntam a mesma coisa?!

– Deveria, mas… – suspirei. – Quando essa guerra acabar, e o Lorde perder, nosso sobrenome será julgado. Somos uma família de Comensais da Morte. Não quero que Mellisandre seja julgada por ser minha filha… Por isso quero que o sobrenome do Harry se destaque, assim ela não terá problemas.

Minha mãe me encarou em silêncio por alguns minutos, antes de assentir e suspirar.

– Você tem certeza que o Lorde perderá, não é?

– Sim, eu… – então me lembrei do fato que meu moreno provavelmente pode ser uma Horcrux, e que se for esse o caso nós perderemos a guerra, por que eu simplesmente não o deixarei morrer. – Bem, eu acho que Harry tem maiores chances de vencer. Eu acho.

Ela assentiu novamente, depois beijou a testa da neta.

– Por que a trouxe para cá, Draco? Seu pai tem razão, é muito arriscado. – perguntou.

– Harry não podia levá-la com ele. – passei as mãos pelo rosto novamente. – Ele pediu que eu a trouxesse, se alguém perguntar posso dizer que a tive com uma bruxa qualquer, e que ela não a quis. Não sei, só sei que Mellisandre terá que ficar aqui comigo por um tempo.

– E se algo acontecer, Draco? Sabe que há um livro no Ministério da Magia que diz o nome e sobrenome de todas as crianças bruxas, e se alguém decidir verificar esse livro?

– Tenho conhecimento desse livro, e não acho que ninguém perderá seu tempo indo ao ministério apenas para descobrir quem é a “mãe” da minha filha. Mas caso algo dê errado, fugirei com ela. Tia Andrômeda se ofereceu para me receber em sua casa, caso eu tenha que fugir daqui.

– Andrômeda? – perguntou minha mãe surpresa. – Você esteve com ela? Como ela está?

– Pensei que não gostasse dela. – comentei, estranhando sua pergunta.

– E não gosto. – se apressou a responder. – No momento em que ela se decidiu por se casar com aquele nascido trouxa, deixou de ser minha irmã, entretanto isso não quer dizer que eu não tenha curiosidade para saber como ela está. Soube que a filha dela, Ninfadora Tonks estava esperando um bebê daquele lobisomem.

– É verdade. A filha dela teve um bebê com o Lupin. – contei. – Acho que ela está bem. Não me encontrei com ela, no entanto o pessoal da Ordem me passou o recado que ela aprovou meu relacionamento com o Harry, e que ela ficará feliz em me receber em sua casa caso eu precise.

– Bella disse que na primeira oportunidade que tiver, matará Ninfadora e o lobisomem com quem ela se casou. Ela acha que tem que fazer isso, por que nossa família já teve desonras o bastante. – informou minha mãe.

Droga. Acho que Harry gostará de saber disso. Preciso avisá-los. Tonks e Lupin não podem entrar na batalha quando ela começar.

– É bom saber.

– Bella com toda certeza enfartaria se sequer desconfiasse que você tem um caso com Harry Potter. – ela deu uma pausa como se estivesse escolhendo cuidadosamente suas palavras. – Você e o Potter, o relacionamento de vocês… é realmente sério, não é? – indagou ela, sem olhar para mim.

Suspirei. Eu já esperava uma pergunta assim. Não vou negar a realidade.

– Sim, é realmente sério. – falei completamente sincero. – Tão sério que eu o pediria em casamento se não estivéssemos nessa maldita guerra.

Houve algum tempo de silêncio. Espero sinceramente que minha mãe possa entender o que sinto. Tenho plena consciência de que ela só está ao meu lado por causa da neta, caso o contrário, talvez ela estivesse reagindo como meu pai. Não sei. Mas fico feliz por, pelo menos, ela estar comigo.

– Nunca pensei que um dia você fosse amar alguém tanto assim. – comentou ela, balançando Melisandre de um lado para o outro e sorrindo para a mesma, ainda sem olhar para mim.

– Nem eu. – falei sinceramente.

Passamos mais algum tempo conversando. Mellisandre dormiu no colo da avó depois de mamar, e minha mãe continuou segurando-a e babando como uma idiota. Não que eu não a entenda, afinal eu mesmo continuo babão por minha filha.

 

– Tibbi? – chamei algumas horas mais tarde, e a elfa acompanhada de Dobby apareceu na minha frente. – Que é isso? Agora você segue minha elfa até na minha casa? Pensei que nos odiasse e que adorava ser um elfo livre.

– Dobby gosta, senhor Malfoy, mas Dobby quer ajudar Tibbi e ficar perto da filha de Harry Potter.

Eu bem gostaria de estuporar esse elfo atrevido, mas Harry ficaria muito irritado quando soubesse disso, tenho certeza. Droga, por que diabos tudo o que decido fazer de uns tempos para cá, é pensando no que Harry pensaria ou sentiria?

– Que seja, faça o que quiser, contanto que não atrapalhe minha elfa. – falei revirando os olhos, antes de olhar para a elfa a seu lado. – Tibbi, quero que você arrume o quarto ao lado do meu, e o transforme em um quarto digno de uma Malfoy para Mellisandre.

– Sim, meu senhor. – respondeu a elfa, antes de fazer uma reverência exagerada, dar a mão para Dobby e desaparecer.

– Alerte esse elfo para que ele não apareça aqui na frente de visitantes, o Lorde das Trevas sabe que ele ajudou Potter e os prisioneiros a fugirem. – falou minha mãe, olhando seriamente para o ponto em que Dobby e Tibbi haviam sumido.

– Avisarei Dobby. – “até por que Harry ficaria muito puto comigo se esse elfo idiota morresse por minha causa” acrescentei mentalmente. – Mas agora me conte, o que houve naquele dia depois que saí?

– Quando você e Severo saíram, eu modifiquei a memória de Bella e Greyback de modo que eles esqueceram completamente sua presença na mansão naquele dia – contou ela. –, depois, ordenei a Tibbi para que me petrificasse. Quando o Lorde das Trevas chegou e nos liberou do feitiço, ele pareceu enlouquecer; berrou conosco, torturou Bellatrix por ela ter sido suficientemente tola para deixar com que Potter fugisse com sua varinha, e então torturou a mim, pois como você havia levado minha varinha e eu estava usando a de seu pai, ele pensou que eles também a haviam levado. Por fim, depois de fazer pouco caso sobre a morte de Rabicho, ele simplesmente nos proibiu de sair da mansão e partiu.

Suspirei me sentindo culpado.

– Eu sinto muito, mãe, eu não deveria ter levado sua varinha. Harry só levou a minha para que ninguém suspeitasse. Ele a devolveu a mim, apesar dela não me obedecer tão bem quanto antes, então se quiser posso te devolver a sua…

– Eu entendo, Draco, mas é melhor mantê-la com você. Nunca se sabe quando precisaremos de uma varinha reserva, além do mais Lúcio me deu uma nova varinha. Depois que o Lorde tomou a varinha dele no início do ano, ele foi até a loja destruída de Olivaras e trouxe algumas varinhas para termos reservas, mas, obviamente, o Lorde não pode saber disso.

– Muito esperto da parte dele. – comentei. Meus olhos foram para minha filha, que dormia tranquilamente no colo da avó com a mãozinha na boca. – Acho que Tibbi já deve ter colocado o berço no quarto de Mellisandre, melhor a levarmos.

– Vai colocá-la para dormir no berço, e deixá-la no quarto sozinha? – indagou minha mãe franzindo o cenho.

– Mas é claro. Onde mais ela dormiria?

– Draco, ela é bem prematura ainda, talvez não seja prudente colocá-la para dormir em um quarto separado. – disse minha mãe. – Ela tomou alguma poção? O organismo dela funciona normalmente?

– Sim, ela tomou poções assim que nasceu para que o organismo dela funcione normalmente. Hermione comentou que essas poções duram em torno de uma semana, portanto estávamos dando a ela poção para envelhecer, assim quando as poções perderem o efeito o corpo dela cuidará de tudo sozinho.

– Eu imaginei, mas como pretende continuar dando a ela a poção para envelhecer sem ter Potter presente?

Revirei os olhos.

– Ela sugará a magia somente de mim. Obviamente terei que tomar algumas poções para repor minha magia depois, mas se Harry conseguiu passar por isso, também conseguirei. – contei demonstrando mais determinação do que realmente sentia, afinal eu ainda me lembro da sensação de ter minha magia sugada, era horrível.

Não queria ter que passar por isso novamente, mas se é para o bem de Mellisandre, então farei sem pestanejar.

Depois que minha mãe conjurou um berço pequeno aparentemente confortável, e o posicionou ao lado da minha cama, praticamente emendando os dois, ela me ajudou a banhar, trocar e amamentar Mellisandre e então se retirou para seus aposentos, ainda um pouco relutante. Como se temesse que eu fugisse com sua neta a qualquer instante.

Passei horas e mais horas acordado observando minha filha dormir tranquilamente deitada de bruços em meu peito, sem coragem para retirá-la dali e colocá-la no berço. Ela faz algumas expressões extremamente fofas e adoráveis enquanto dorme, o que me faz pensar em Harry. Eu já sinto tanta falta do meu moreno que chega a doer. Até mesmo o chamei, me lembrando logo em seguida que não temos mais a ligação mental. Me pergunto agora, como aguentarei essa saudade imensa que já estou sentindo, se não podemos mais conversar mentalmente?

Só então me toquei que estou tão tomado por esse amor, que não consigo mais me imaginar vivendo sem ele. Admito que isso me assusta.

Deslizei as pontas dos meus dedos pelos cabelos lisinhos e macios de Mellisandre, suspirando cansado.

Se Harry for mesmo uma Horcrux tudo desmoronará. Não o deixarei morrer. Simplesmente não posso deixar por mais egoísta que isso pareça. O que quer dizer que teremos que fugir com Mellisandre para sempre, mas acho que isso não se tornaria algo tão ruim assim tendo ele ao meu lado.

Não gosto de parecer dramático ou algo do tipo, mas isso é tão injusto. Se já não bastasse tudo que meu moreno teve que passar, ele ainda tinha que ser uma Horcrux? Quando será que essa merda de guerra acabará? Sinto medo. Tanto medo que meus olhos se encheram de lágrimas. Não medo da guerra e sim do final dela. Estou aqui, alegando que salvarei Harry a todo custo, mas será que ele se deixará ser salvo?

Conhecendo meu moreno como conheço, tenho absoluta certeza que não. Tenho notado pelo comportamento dele nos últimos dias que ele está se conformando com o destino. Com o fato de morrer para que todos sejam salvos. Bem típico dele essa atitude Grifinória.

Mas ainda assim não pretendo deixá-lo morrer.

Enxuguei as lágrimas que haviam escorrido por meu rosto, peguei Mellisandre delicadamente e a coloquei no berço a deitando de lado, pois segundo as instruções que minha mãe havia me passado, essa posição é mais segura para o caso dela engasgar enquanto dorme. Mellisandre fez uma careta ameaçando chorar, mas logo relaxou novamente. Suspirei aliviado, apanhei a manta e a cobri. Deitei novamente em minha cama, virado de frente para ela, e fiquei admirando as pequenas semelhanças de Harry que há em seu rostinho. E assim fiquei até adormecer.

 

Tomamos nosso café em silêncio, o clima está um pouco tenso. Mellisandre se encontra em um cesto flutuando ao meu lado, seus olhinhos verdes bem abertos. Quando terminei de comer meu mingau de aveia, conjurei sua mamadeira preparei o leite materno, peguei minha filha em meus braços com cuidado e comecei a alimentá-la. Meu pai continuou comendo em silêncio fingindo não ver, o que não me surpreendeu, afinal ele não me dirigiu nenhuma palavra desde o ocorrido da noite passada, possivelmente com medo de que eu possa questioná-lo sobre sua quase preocupação para comigo e minha filha. Fiquei um pouco decepcionado por conta da pouca esperança que me restava, entretanto minha mãe sorriu para mim me fazendo sentir uma pouco melhor.

– Irei até a casa de Severo essa tarde. – informei, dirigindo meu olhar somente a minha mãe. Se meu pai pretende me ignorar, também o farei. – Tenho que conseguir alguns frascos de poção para repor magia antes de dar a Mellisandre a poção para envelhecer.

– Se quiser posso cuidar da minha neta. – ofereceu minha mãe parecendo empolgada com a ideia.

– Não sei não… – falei pensativo. Tenho medo de me afastar de minha filha e algo acontecer.

– Draco, não precisa se preocupar, cuidarei bem da minha neta. E não é bom você sair perambulando com ela por aí – argumentou minha mãe. –, sabe que pode haver algum outro Comensal na casa de Severo, e é melhor evitar que conheçam Mellisandre, pelo menos por agora. Seria arriscado e tenho certeza que é um risco o qual você não quer se dar ao luxo de correr.

Suspirei derrotado.

– O Severo… ele está mesmo te ajudando em tudo isso? – perguntou meu pai de repente.

– Está. – respondi seco.

– Aquele traidor… se o Lorde das Trevas descobre…

– Ele só descobrirá se alguém contar. E sim, ele pode até ser um traidor por me ajudar, mas… pelo menos ele se importa. – falei o mais ácido possível. Ele abriu a boca parecendo pensar em dizer algo, mas logo mudou de ideia e voltou a comer. Suspirei cansado e voltei meu olhar para minha mãe. – Tudo bem, a senhora tomará conta de Mellisandre enquanto vou até Severo. Por favor, mãe, não deixe que nada aconteça a ela enquanto estou fora…

– Ora, assim está me ofendendo, Draco. É claro que não deixarei nada acontecer a ela!

– Está certo, desculpe. – ajeitei Mellisandre em meu peito e passei a dar tapinhas leves em suas costas.

– Deixa que eu a faço arrotar, vá logo, assim voltará o quanto antes. – disse minha mãe, se levantando e vindo até mim pegar minha filha.

Pensei em contestar, mas ela está certa. Quanto antes eu for mais depressa estarei de volta. Me levantei, beijei a cabeça de minha filha e saí.

 

 

Bati na porta pela quinta vez e novamente ninguém atendeu. Droga, ele deve estar em Hogwarts e com Rabicho morto não deve haver ninguém cuidando da casa. Eu preciso muito das poções, e sei que não vendem no Beco Diagonal. Talvez se eu entrar rapidamente, apanhar as poções e sair, Severo nem perceba.

Apanhei minha varinha e murmurei:

Alohomora.

Fiquei surpreso quando a porta destrancou. Eu tinha certeza que a casa estaria mais protegida, todavia isso facilita um pouco as coisas para mim. Aliviado por consegui entrar tão facilmente, caminhei até a sala de estar onde sei que Severo guarda os seus objetos e ingredientes de poções.

Abri seu armário e usei um feitiço para garantir que não perderia minha mão quando tocasse em seu Kit de poções. Mais uma vez estranhei o fato de não haver feitiços de proteção. Antes de abrir, li o aviso que havia escrito na etiqueta da maleta:

 

Não abra

Sem a expressa permissão de

Severo Snape

 

Engoli em seco. Bem, é por uma boa causa. Abri sua maleta rapidamente começando a procurar e não demorei para encontrar. Peguei três dos cinco frascos com a poção prateada e os guardei no bolso de minha capa, quando ia fechar a maleta, algo chamou minha atenção. Um pergaminho velho e amassado jazia no fundo da maleta.

Mordi o lábio inferior não resistindo ao impulso de apanhar o pergaminho.

Franzi o cenho quando comecei a ler.

 

Caro, Morcegão

 

Sei que não quer falar comigo, e fugiria se eu tentasse alguma aproximação pessoalmente, exatamente por isso decidi, por meio dessa carta, lhe explicar algumas coisas, cujas quais se encontram mal esclarecidas entre nós. Não espero que me entenda muito menos que me perdoe com as coisas que lhe contarei, mas preciso dizê-las. São coisas que talvez eu não tenha outra oportunidade de dizer.

Quando estivemos juntos pela última vez, eu menti. Menti quando disse que meus sentimentos por você nunca foram reais, e que não te queria mais por ter enjoado de você. Eu nunca enjoei de você. Eu tive medo. Sei o que deve estar pensando “como alguém da Grifinória pode ter sido tão covarde?”, acredite me pergunto isso todos os dias. O fato, Sev, é que eu tive medo do que meus amigos pensariam, não por vergonha de você, jamais seria vergonha, meu medo era pelo fato de que todos nós sabíamos os passos que você estava tomando. Muitas vezes eu tentei argumentar com você sobre suas companhias, mas você não me ouvia, e chegou a um ponto em que eu precisei desistir. Você não sabia que eu fazia parte da Ordem da Fênix, mas eu sabia que você pretendia se unir aos Comensais da Morte, e eu simplesmente não poderia lutar contra você, pois meus sentimentos eram fortes demais para que eu tivesse forças para isso. Sei que eu poderia simplesmente ter lhe dito, mas como eu disse, fui covarde. Eu sabia que você já estava envolvido demais com eles, e que se descobrissem sobre nós seria seu fim. Namorarmos seria arriscado demais, tanto para mim quanto para você. Então, depois de pensar muito, eu tomei a decisão mais difícil, e talvez a mais errada da minha vida. Decidi te deixar.

Não pense que em algum momento isso foi fácil para mim, por que não foi. Eu sofri noite e dia sem você, e me arrependi amargamente de minha decisão, porém já era tarde demais, você já havia se tornado um Comensal da Morte. Incontáveis vezes pensei em ir até você e me desculpar, contar a verdade, contudo, no dia em que eu decidi finalmente criar coragem e ir, o destino me contrariou novamente preferindo nos manter afastados. Eu descobri que teria um filho.

Não pense que em algum momento eu me arrependi de ter tido Harry, pois ele se tornou minha joia mais preciosa, no entanto, conhecendo você eu sabia que você jamais me perdoaria sabendo que tenho um filho com outra pessoa. Então eu desisti, mesmo sofrendo por dentro por ter deixado o amor da minha vida me odiar, entretanto era melhor que me odiasse, assim não sofreria como eu.

Não que eu não seja feliz com meu casamento, eu sou. Encontrei uma amizade verdadeira e fiel em alguém que nunca imaginei. Mas não tenho você.

Sei que durante todo esse tempo que estivemos afastados, você tem nutrido um ódio por mim, e por mais doloroso que isso seja, eu posso lhe compreender. Aos olhos de qualquer um eu devo parecer uma pessoa horrível e sem sentimentos por ter tomado tantas decisões erradas. Mas quero que saiba que tenho sim sentimentos, Sev. Meus erros me fizeram infeliz, mas também me trouxeram minha maior felicidade. Se não fosse por Harry não sei como aguentaria passar por tudo isso.

Voldemort está nos caçando para matar meu filho. Nós dois sabemos que é só uma questão de tempo até que ele nos ache. Por essa razão eu preciso que saiba: eu te amo, Sev. Sempre te amei, e a cada dia que passei longe de você eu me senti pela metade, como se um pedaço de mim estivesse com você.

Tenho consciência de que não o verei novamente. Sei que posso estar sendo egoísta lançando todas essas informações para você justamente agora, no entanto eu não poderia simplesmente morrer sem te deixar saber da verdade.

Eu te amo. Me perdoe se fui tão idiota para não ter lhe dito antes.

Não se preocupe, não estou

 

Exatamente nessa parte o pergaminho estava rasgado, curioso, procurei o restante da carta dentro da maleta, mas não encontrei. Bufei irritado.

Me sentei encostado no armário, ainda fitando a carta e tentando absorver o que tinha lido. Então, uma das paixões da vida de Severo, da qual ele havia comentado comigo a algum tempo, era Lilian Potter? Ou talvez, quem sabe Tiago Potter? Procurei na carta indícios para saber se a pessoa que escreveu era homem ou mulher, mas não encontrei. Não posso deixar de me senti chocado e incrédulo. Quero dizer, caramba, um dos pais do Harry havia sido a paixão da vida de Severo! Aquela pessoa pela qual ele havia sofrido, e que, segundo a carta, havia terminado com ele por razões razoáveis, mesmo ainda o amando e que só não voltou para ele por ter tido o Harry.

Nossa, como isso é bizarro. O que meu moreno diria se soubesse sobre essa parte da vida de um de seus pais? Pior, o que ele diria se soubesse que um de seus pais havia se casado por obrigação, somente por tê-lo concebido? Talvez Harry não deva ler essa carta. Não, ao contrário ele precisa ler. Não vou mais esconder coisas dele, e isso é algo que envolve os pais dele. Com toda certeza ele iria querer saber.

Passei as mãos por meu rosto nervosamente. Droga de curiosidade! Eu preciso saber qual dos pais do Harry escreveu a carta, e se possível, ler o resto da mesma. Mas, obviamente Severo não me mostrará, e é bem provável que me lance uma Azaração bem dolorosa quando souber que mexi em suas coisas sem sua permissão.

Levantei rapidamente, guardei o Kit de Poções e desatei a abrir as portas de sua estante procurando a continuação da carta. Algumas portas me deram choque no momento em que as toquei, e por mais feitiços que eu use elas não abrem, o que indica que Severo não é tão desprotegido assim…

Houve um barulho na lareira. Pensando o mais rápido possível, lancei sobre mim mesmo um feitiço de desilusão, estremecendo ao sentir como se meu corpo estivesse sendo banhado por água fria. Chamas verdes irromperam de repente e de lá surgiu um homem estranhamente familiar, com barbas cumpridas e olhos azuis. Tenho quase certeza que já o vi em algum lugar, mas não me lembro onde. Mas uma coisa posso afirmar com convicção, ele é extremamente parecido com Dumbledore. Se não fosse pelas vestes surradas, o nariz reto e a barba não tão platinada, eu teria acreditado estar vendo o próprio ex-diretor. Logo atrás do homem surgiu Severo, com um olhar sério e irritadiço.

Dei alguns passos para o lado, me certificando de ficar o mais longe possível dos recém-chegados, e me sentindo aliviado por ter sido rápido com o feitiço de desilusão.

O homem se virou para Severo com um olhar julgador.

– O que queria tratar comigo, ó grandioso diretor? – perguntou com a voz irônica.

– Há algo que eu gostaria de lhe pedir. – disse Severo, ignorando o sarcasmo do outro. – Presumo que saiba que os irmãos Carrow estão lecionando em Hogwarts, os alunos que desobedecem ou demonstram alguma compaixão são castigados de formas absurdas. Muitos não estão aguentando, mas não podem deixar a escola por conta das novas leis do Ministério da Magia, por tanto encontraram um lugar no castelo no qual podem permanecer sem serem encontrados. Suponho que já tenha ouvido falar da Sala Precisa, estou correto?

– Já ouvi. Aonde quer chegar com isso?

– A Sala Precisa é útil, mas por alguma razão não fornece alimentos. Eles não poderão continuar lá sem comida por muito tempo. Longbottom conseguiu contrabandear comida até lá até pouco tempo atrás, mas foi descuidado e os Carrow acabaram o apanhando. – contou Severo parecendo preocupado. – Depois de suas várias sessões de castigo, ele continuou rebelde e incontrolável, e isso irritou tanto alguns Comensais, que em uma tentativa de controlar o garoto foram atrás da avó do mesmo pretendendo levar a senhora para Azkaban. Resultado: A Sr. Longbottom está foragida depois de praticamente aleijar três Comensais da Morte, e o neto dela também desapareceu a uns dois dias. Tenho certeza que Neville Longbottom está na Sala Precisa com os outros, no entanto agora não há mais como ele fornecer alimentos.

Fiquei um pouco desnorteado com o que ouvi. Nunca imaginei que Longbottom fosse tão corajoso. Parece que meus pensamentos em relação a ele estão mudando definitivamente.

– E o que eu tenho a ver com isso? – questionou o outro de repente, me tirando dos meus devaneios.

– Há uma antiga passagem que liga seu bar a Sala Precisa. Só preciso que lhes dê comida e assistência, não é nada de grandioso e nem perigoso.

– Por que você não faz isso? Por que em vez de deixar os tais Carrow torturá-los, não os ajuda? Você não é o diretor? Faz tanta questão de fingir desprezo por essas crianças, e agir como se não se importasse?

– Isso não é da sua conta. Só faça o que estou mandando, Aberforth. – disse Severo, e imediatamente me lembrei aonde havia visto o tal Aberforth, ele é o senhor estranho e rabugento que trabalha no Cabeça de Javali em Hogsmeade. – Logo que eles reabrirem a passagem secreta que liga a Sala Precisa com seu bar, irão, com certeza, lhe procurar em busca de alimento, e espero que forneça a eles o que precisarem. Se eles saírem daquela sala em busca de comida os Carrow com certeza os entregarão.

Severo parece realmente preocupado com o pessoal escondido na Sala Precisa. Estranho, qualquer um ficaria furioso se descobrisse que a alunos se escondendo em um local inalcançável do castelo. Com certeza fariam o possível para os localizar e os entregar, mas nunca os ajudaria como Severo pretende fazer.

– Não tenho nada com isso. Não faço parte da Ordem da Fênix! E, aliás, nem você faz mais parte, não é. – disse Aberforth.

Comecei a caminhar para fora do cômodo, silenciosamente.

– Mas está do lado deles. – falou Severo aumentando o tom de voz. – Não seja covarde e os ajude!

– Isso é suicídio! Se me descobrirem estarei morto!

– A Ordem te protegerá caso isso aconteça!

– Como sabe? Não faz mais parte da ordem! Sabe que o Lorde das Trevas venceu essa guerra, e foi esperto o suficiente para se unir ao lado vencedor se tornando Comensal traindo e assassinando meu irmão. Um covarde, é isso o que você é! Então não ouse falar de mim, se você não se arrisca!

Assim que saí do cômodo, espiei pelo canto da porta e vi Severo o empurrar de encontro a parede.

– Meça suas palavras para falar de mim, Aberforth. Você não sabe nem a metade das coisas que faço e o quanto já corro riscos, e se o Lorde das Trevas descobrir ou sequer suspeitar de mim nesse momento, aí sim a guerra estará perdida. Tenho consciência de que posso não chegar ao final dessa guerra com vida, mas se eu morrer agora tudo estará perdido. – Severo falava com sua voz fria e um tanto assustadora. – Alvo não pensaria duas vezes em se arriscar, então deixe de ser um covarde e ajude aquelas crianças. Faça pelo menos algo que preste em vez de ficar escondido no seu bar esperando a guerra acabar como um animal amedrontado!

– Fala de Alvo como se o respeitasse. Assassino! – Aberforth gritou na cara de Severo. Este fechou os olhos por alguns instantes, como se estivesse se segurando para não estrangular o homem à sua frente.

– Não fale o que você não sabe, Aberforth. Agora fora. Volte para Hogsmeade, e ajude aquelas crianças que se escondem na Sala Precisa. – ordenou aproximando seus rostos de forma intimidadora. – Isso não é mais um pedido.

Aberforth afastou as mãos de severo de seu colarinho e o fuzilou com os olhos.

– Como queira, diretor. – disse friamente e um tanto pensativo.

– E lembre-se, eles tem que achar que toda a ajuda que dará será voluntária. Não quero que saibam do meu envolvimento. – acrescentou Severo.

Aberforth assentiu, e começou a se dirigir a lareira novamente, mas antes parou e olhou para severo por cima do ombro.

– Uma pena que não queira que ninguém veja o que tem de melhor, Severo.

– Desprezava tanto seu irmão, mas acaba de falar exatamente como ele.

– Alvo fez muitas coisas das quais não me orgulho. Mas há certas coisas que… concordávamos ao que parece. – disse por fim, antes se sumir entre as chamas da lareira.

Severo suspirou passando as mãos no rosto, e começou a se dirigir a lareira, no entanto parou de repente, olhou em volta e posso jurar que seus olhos focaram em mim por uma fração de segundo, e então ele entrou na lareira e desapareceu.

Soltei minha respiração que eu nem havia notado que tinha prendido, olhei para carta em minha mão logo a enfiando em meu bolso e saindo pela porta da frente.

Não sei em que pensar. São muitas informações para assimilar. Severo ordenando a Aberforth para que ele ajudasse as pessoas que se abrigam na Sala Precisa, falando sobre Dumbledore como se guardasse um grande segredo. E de fato guarda, ele foi apaixonado por um dos Potter, coisa que eu jamais imaginaria. Talvez seja por isso que ele odeia tanto Harry, afinal ele é o filho do amor de sua vida com outra pessoa, e foi por causa dele que esse amor não voltou para seus braços. Também deve ser esse o motivo dele prezar tanto pela vida de Harry, afinal meu moreno não deixa de ser filho de seu amor.

Minha mente se encontra em uma confusão infinita que só piorou quando adentrei a sala de estar da mansão Malfoy e ouvi a discussão que ali ocorria.

– Se já não bastasse nosso sangue ter sido misturado com o sangue imundo daquele lobisomem, agora temos mais essa desonra! – berrou minha tia Bellatrix. – Ter um filho solteiro! Um bastardo!

– Não ouse falar assim de minha neta, Bella! – retrucou minha mãe, ninando e tentando acalmar Mellisandre que chorava a plenos pulmões. – Apesar de tudo ela ainda é uma Malfoy!

– Uma Malfoy que deveria ter morrido antes mesmo de nascer para evitar mais uma desgraça a família! Quanto mais os Malfoy irão se rebaixar, Ciça?

Não aguentei mais escutar essa palhaçada. Caminhei até minha mãe pegando minha filha em meus braços, quase que imediatamente seu choro foi se acalmando. Olhei para minha tia com os olhos raivosos.

– Se orgulha do que fez, Draco? Desgraçou ainda mais o nome de sua família. – disse ela com sua voz extremamente irritante.

– Não me arrependo ter tido minha filha, se é o que quer saber. – ajeitei Mellisandre em meus braços. – Agora chega dessa gritaria, não vê que está a assustando?

– Não percebe a gravidade do que fez? Imagina quando o Lorde das Trevas souber? Nossa família afundará ainda mais!

– E o que espera que eu faça? – indaguei irritado. – Não vou sumir com minha filha!

– Case-se com a mãe da menina! Ela tem sangue puro, não tem?

– Óbvio. Acha que eu me envolveria com alguma sangue-ruim? – indaguei me fingindo de indignado.

A algum tempo que deixei de me importar com o sangue das pessoas.

– É claro que você não se envolveria, mas eu precisava perguntar. – falou ela. – Acho que a única forma de se resolver isso é você se casando com ela!

– Bella, Draco não é obrigado a nada! – discordou minha mãe.

– Silêncio, Ciça! Não vê que essa é a única forma de não arruinar ainda mais a honra da família?

– Infelizmente a mãe de minha filha não queria se casar nem queria a criança. Então se conforme, titia. – falei olhando no fundo de seus olhos.

– Como ela se atreve?! – indagou ela chocada. – Podemos usar a maldição Imperius!

– Não quero me casar com ninguém por obrigação. Essa conversa está encerrada. Quero você longe de Mellisandre. – falei por fim. – Com licença.

Saí do cômodo indo em direção ao meu quarto. Assim que cheguei, dei um banho em Mellisandre sozinho, feliz por finalmente ter aprendido, apesar de ainda ser um pouco desajeitado. Depois dei a ela uma dose da poção para envelhecer, vendo logo em seguida a fraca luz dourada a cercando. Deitei em minha cama colocando-a sobre minha barriga como na noite passada, nas primeiras duas horas continuei me sentindo normal, contudo, na terceira hora a tontura começou a me pegar, rapidamente apanhei um dos frascos de poção para repor magia e a tomei imediatamente, já começando a me sentir melhor. Passei a tarde deitado com minha filha, pensando em tudo que havia descoberto, passando a ponta do meu dedo indicador no lábio inferior de Mellisandre e rindo quando um biquinho fofo se formava, não pude deixar de imaginar como seria se Harry estivesse aqui.

No dia seguinte fiquei satisfeito em saber que Mellisandre havia crescido cinco centímetros por causa da poção. Segundo minha mãe seu corpinho, não mais tão pequeno, agora tinha o tamanho de um bebê de quase nove meses, o que me alegrou muito, mas, ainda assim, dei a poção para envelhecer a ela novamente, somente por precaução. Na manhã seguinte, minha mãe informou que ela havia crescido mais quatro centímetros, e que seu tamanho era, finalmente, de um bebê de nove meses. Queria tanto que Harry estivesse aqui para ver as pequenas mudanças. O modo como sua cabecinha agora se encontrava coberta por cabelos loiros um tom levemente mais escuro que os meus, ou como ela passou a mamar com mais vontade, e a acordar com mais frequência (o que não foi vantajoso à noite, já que ela me acordou três vezes seguidas).

E assim alguns dias se passaram e eu fui aprendendo a cuidar da minha filha sem precisar da ajuda continua de minha mãe. Meus únicos problemas mesmo era a falta de sono, com tantos problemas eu passava horas acordado antes de finalmente cair no sono, para logo em seguida acordar com o choro de minha filha. Bellatrix não voltou a nos incomodar, o que para mim é um alivio, pois já tenho problemas o suficiente. Uma semana havia se passado e agora que o organismo de Mellisandre funciona sozinho sem o auxílio de magia, pude finalmente levá-la para dormir em seu próprio quarto. Tibbi levou realmente ao pé da letra com o que eu disse sobre montar um quarto digno de uma Malfoy, pois o lugar havia ficado perfeito. Diferente dos outros cômodos os moveis e paredes do quarto eram brancos, havia um tapete grosso e felpudo no chão, uma mesinha e um armário com alguns utensílios, uma poltrona com um bicho de pelúcia marrom, cortinas claras e grandes, e o berço redondo cheio de babados e laços que havíamos usado no Chalé das Conchas, porém, desta vez ele não era sustentado por magia, e sim por algumas alças que estavam presas ao teto. Apesar de um pouco exagerado, eu gostei.

 

Já era o terceiro dia que Mellisandre estava dormindo em seu próprio quarto, então não fiquei nada surpreso quando acordei de madrugada ouvindo seu choro através do feitiço detector de sons que lancei em torno de seu berço. Levantei sonolento e caminhei até a porta de seu quarto, foi então que percebi que o choro havia parado. Meu queixo caiu imediatamente no momento em que ouvi a voz de meu pai no quarto da minha filha.

– Shh, querida, Draco está exausto. Que tal deixá-lo dormir ao menos essa noite, hum? – falou ele, com a voz calma. Espiei pela fresta da porta e pude perceber que ele mantinha uma mão dentro do berço, como se estivesse acariciando Mellisandre.

O que diabos está acontecendo aqui? Meu pai nem sequer olhar para ela, e agora levanta de madrugada para vir a seu quarto pedir para que ela me deixe dormir?!

Ouvi um barulho no final do corredor, voltei silenciosamente para meu quarto e vi minha mãe entrar no quarto de Mellisandre. Voltei até a porta e espiei novamente pela fresta da mesma.

– De novo aqui, Lúcio? – indagou minha mãe que havia parado ao lado de meu pai.

– Eu só queria vê-la. Ela estava chorando. – disse meu pai, sem tirar os olhos do berço.

– Por que não a pega no colo?

– Não sei se devo. – ele suspirou. – Eu sou horrível, não sou?

– Quando esconde seus verdadeiros sentimentos, sim, você é horrível. – falou minha mãe seriamente, encarando meu pai. – Pode pegá-la, Lúcio. Ela é nossa neta.

– Ela nunca vai gostar de mim. – disse ele de repente, e mais uma vez meu queixo foi ao chão.

– Não diga besteiras…

– Não é besteira. Eu… eu fui tão covarde que quis matá-la, Narcisa. Eu quis matar minha própria neta. Justamente eu, que sempre quis ser avô. Claro que eu não esperava que meu primeiro neto fosse filho de Harry Potter, mas… – ele se interrompeu e suspirou. – Eu não entendo o Draco. Como ele foi se apaixonar por Potter? Por que tinha que ser justamente o Potter?

Ele não parecia zangado, e sim magoado e intrigado. Franzi o cenho me concentrando na conversa.

– Você disse que a mataria, mas duvido que de fato o fizesse. Mesmo você escondendo isso do mundo eu posso ver que tem sentimentos, não teria coragem de matar sua neta. – Minha mãe colocou sua mão sobre o ombro do meu pai. – E sobre os sentimentos de Draco… talvez ele só não tenha tido escolha. Não podemos controlar nossos sentimentos, nem escolher por quem nos apaixonamos, Lúcio.

– Talvez seja por isso que você tenha se apaixonado por mim mesmo eu sendo esse monstro sem sentimentos. – ele riu.

Caramba, eu juro que não me lembro da última vez que vi meu pai rindo.

– Eu me apaixonei por você justamente por que fui a única pessoa que realmente viu seus sentimentos.

Eles ficaram em silêncio e Mellisandre começou a resmungar.

– Pegue-a no colo, Lúcio. Vou preparar uma mamadeira. – ela pegou sua varinha que estava no bolso de seu hobbie, e invocou a mamadeira que estava no armário do quarto.

Meu pai olhava para Mellisandre como se tentasse decidir se a pegava ou não em seu colo. Então ele respirou fundo esticou os braços e a pegou.

Foi então que vi uma sena que jamais pensei que veria um dia; meu pai sorria para minha filha.

– Ela é muito bonita, não é? – perguntou ele a minha mãe, que logo lhe entregou a mamadeira sorrindo. – E realmente é parecida com Draco. Lembra ele quando era um bebê.

– Sim. – concordou minha mãe. – Lúcio, por que não deixa Draco saber sobre seus verdadeiros sentimentos? Tenho certeza que ele mudará a opinião sobre o que pensa de você.

– Acho que é tarde demais para ter uma chance com Draco, Narcisa. Tenho que admitir, eu fracassei como pai por tomar decisões erradas, não espere me ouvir repetindo isso, mas talvez ele seja uma pessoa melhor do que eu fui ou sou. – ele fez uma pausa. – E sou muito orgulhoso para dizer a ele que eu estava errado. Prefiro que as coisas fiquem como estão. Até por que ele me odeia.

– Mais é claro que não, ele pode estar decepcionado com você, mas duvido que te odeie. Você é o pai dele.

– O pai que ele apagou a memória, e até mesmo ameaçou sem pensar duas vezes. Tudo bem que eu merecia, mas ele não parece sentir nada. Sem contar que ele me petrificou sem hesitar, no dia que Mellisandre nasceu.

– Por que você sempre toma as decisões erradas, Lúcio. – disse minha mãe. – Sem contar que naquele dia ele estava desesperado.

– Você pode ter razão. Mas não quer dizer que eu não tenha ficado magoado em ver meu próprio filho me odiando tanto. – falou meu pai, observando Mellisandre mamar. – Quem sabe um dia eu faça o que é certo, não é?

Não pude mais aguentar ouvir tudo isso. Silenciosamente retornei à meu quarto e me deitei. Talvez eu devesse ter entrado lá e dito que havia ouvido a conversa e que meu pai estava errado, que eu não o odeio, mas seria a verdade? Ele pareceu realmente arrependido pelas coisas que disse, e talvez aquela preocupação que posso jurar ter visto na semana passada não tenha sido coisa da minha mente esperançosa, mas isso é o suficiente para que eu o perdoe por tantas decepções e mágoas?

Não encontro respostas as minhas perguntas. Talvez com o tempo eu as consiga, pois as mágoas ainda são muito recentes para que eu possa simplesmente esquecê-las. Sem contar que a guerra está próxima, e tenho consciência de que ele não mudará de lado apesar de tudo.

Tenho muitas coisas para pensar, mas talvez minha mãe tenha razão, não odeio meu pai. Mas acho que ele não merece saber disso. Se ele não mudará, também não mudarei.


Notas Finais


Eu queria me desculpar mais uma vez. Prometo que não os deixarei mais na mão ^^
Já estou quase terminando o próximo capitulo e pretendo postá-lo domingo sem falta, maaaas se tiver bastante comentários postarei no sábado! Aí é com vocês ^^
Outra coisa que eu gostaria de dizer é que sinto falta de muitos de alguns de vocês que deixaram de comentar. Amo seus comentários, e espero que quem deixou de comentar não tenha parado por que minha fic desagradou de alguma forma.

AH! OUTRA COISA!
Aqui está o link da foto do quarto de Mellisandre. Esse é o quarto que imagino como o dela.
http://www.brandanidecore.com.br/wp-content/uploads/2016/04/img_3087.jpg

Enfim, obrigado por lerem!
Até a próxima <3


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