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História Relíquia do Amor - Penseira


Escrita por: DaianeSales

Notas do Autor


Oláaa! Voltei!

Sim, sei que vocês desejam me matar por demorar tanto, mas tive meus motivos. Comecei nesse mês um curso super difícil e que ocupa todo meu tempo. Estou com um resfriado forte, e mesmo assim me forcei a escrever para não deixar que vocês esperassem mais. Juro que vou tentar não demorar mais. Só espero que me compreendam.

Para compeçar eu fiz o capitulo um pouco maior que o normal.... E esse capitulo revelará muitas coisas ^^

Eu quero agradecer os comentários calorosos e positivos referente a segunda temporada *w*
Agradeço também aqueles que favoritaram !

Enfim...
Boa Leitura!!!!!!!!!

Capítulo 33 - Penseira


Fanfic / Fanfiction Relíquia do Amor - Penseira

 Houve um minuto de silêncio.

Eu podia sentir os tremores do corpo de Draco e sentir suas lágrimas molharem minha mão que ainda cobre sua boca.

– Harry… – sussurrou Hermione às minhas costas, mas não a respondi. Soltei Draco deixando que seus soluços se tornassem audíveis, e com minha varinha retirei o caixote que se encontrava em nosso caminho e me esgueirei para dentro o mais silenciosamente que pude.

Não sei por que estou fazendo isso. Não sei por que estou me aproximando do homem que tanto odiei, cujo os olhos se arregalaram ao me ver surgir após retirar a Capa da Invisibilidade. Ele arquejou tentando falar, os dedos sujos com o próprio sangue tentavam inutilmente estancar o sangramento sobre seu pescoço.

Draco correu para seu lado.

– Severo, acalme-se! Hermione, por Merlim, me diga que tem alguma poção! Qualquer coisa para fazer isso parar! – disse ele desesperado, colocando a mão por cima da do padrinho, tentando impedir o sangue de espirrar.

A garota o olhou desolada.

– Eu não… Draco, eu não tenho nada além de Essência de Ditamno, mas não acho que…

– Por favor! – implorou Draco. – E-ele está morrendo! Me ajude!

Meu coração se apertou dolorosamente ao ver o desespero dele, afinal eu o compreendo.
Eu perdi Sirius e sei quão avassaladora é essa dor.

Me aproximei, e Snape agarrou a frente das minhas vestes me puxando para perto.

– Leve… isso… Leve… para… a… Penseira… – arquejou ele horrivelmente.

Notei que algo além de sangue escorria dele. Algo prateado, nem gás nem liquido, saia de seus olhos. Percebi o que era, mas não soube bem o que fazer.

Um frasco materializou-se no ar e foi empurrado em minhas mãos por Hermione. Rapidamente recolhi a substância prateada com a varinha e a coloquei no frasco. Assim que o fiz, a mão que prendia minhas vestes afrouxou o aperto.

– Me ajudem… – soluçou Draco. – Padrinho, v-você não pode morrer… Não… – Snape deu um sorriso dolorido e apertou a mão do afilhado. Não sei por que, mas tive a impressão de que era a primeira vez que Draco o chamava de padrinho. – T-tenho que fazer algo…

Snape negou lentamente com a cabeça, deixando claro para Draco que ele sabia que não havia solução.
E então seus olhos negros lacrimejados pararam em meu rosto.

Abaixei a cabeça sentindo minha visão embaçar.

– Olhe… para… mim… – sussurrou o bruxo.

Nossos olhos se encontraram. Ele ergueu sua mão trêmula e ensanguentada que segurava minhas vestes e a levou a meu rosto o acariciando desajeitadamente, sem desviar o olhar do meu, mas em um segundo, alguma coisa nos olhos dele pareceu sumir, deixando-os fixos, inexpressivos e vazios. A mão que acariciava minha bochecha tombou no chão e não se mexeu mais.

– Não…! Não… – lamentou Draco. O puxei para meus braços deixando-o chorar, sem deixar de fitar os olhos negros que nunca mais me olhariam com rancor.

E então uma voz fria e aguda falou. Tão perto como se estivesse a nosso lado, me coloquei de pé em um solto, vendo Draco fazer o mesmo.

A voz de Voldemort ressoou pelo chão e nas paredes, percebi que ele não estava apenas se dirigindo a Hogwarts, como também a área vizinha.

“Vocês lutaram bravamente”, – disse a voz, – “valorosamente. Lord Voldemort sabe valorizar a bravura.

“Vocês sofreram perdas baixas. Se continuarem a resistir todos morrerão. Não desejo que isso aconteça. Cada gota de sangue mágico derramado é um terrível desperdício.

“Sou misericordioso. Ordeno que minhas forças se retirem imediatamente.

“Vocês tem uma hora. Deem um destino digno a seus mortos. Cuidem de seus feridos.

“Harry Potter, falo agora diretamente com você. Você permitiu que seus amigos morressem por você em lugar de me enfrentar pessoalmente. Esperarei uma hora na Floresta Proibida. Se não vier a mim para poupar aqueles que você utiliza como escudo, talvez queira vir para salvar uma certa pessoa especial. Pensou realmente que a esconderia para sempre? Se no fim deste prazo não vier ao meu encontro, a luta recomeçará. E desta vez eu participarei, e o encontrarei, Harry Potter, e matarei até o último homem, mulher e criança, que tentou escondê-lo de mim. Não antes, é claro, de matar essa pobre criatura que tenho em meu colo. Não será interessante se ela morrer no mesmo local em que foi concebida? Você tem uma hora.”

Rony e Hermione sacudiram suas cabeças e olharam para mim. Meus joelhos vacilaram e Draco me segurou antes que eu desmoronasse.

– Harry, não o ouça! Daremos um jeito de resgatar a Melli, mas por favor não o ouça! – disse Draco me apertando.

– Draco tem razão. Não dê ouvidos a ele, vamos conseguir salvá-la. – acrescentou Rony. Ignorei a surpresa de vê-lo chamar Draco pelo primeiro nome.

– Tudo dará certo. – disse Hermione, me olhando com olhos tristes. Então suspirou. – Vamos voltar para o castelo. Se ele está na floresta, temos tempo para pensar em um plano.

Assenti vendo-a lançar um olhar a Snape antes de virar-se e voltar para o túnel, sendo logo seguida por Rony. Apanhei a Capa da Invisibilidade lançando também um último olhar para Snape. Não sei o que sentir, exceto choque pela maneira como foi morto, e a razão…

Draco fungou ao meu lado. Entrelacei nossos dedos e o puxei para o túnel.

Voltamos em silêncio. Me pergunto se Rony, Hermione e Draco ainda conseguem ouvir o eco da voz de Voldemort em suas mentes, como eu.

“Você permitiu que seus amigos morressem por você em lugar de me enfrentar pessoalmente… Esperarei uma hora na Floresta Proibida… talvez queira vir para salvar uma certa pessoa especial… Não será interessante se ela morrer no mesmo lugar em que foi concebida? Você tem uma hora…”

Draco estava a meu lado. Seu olhar permanecia um pouco desfocado, definitivamente me doí vê-lo desta forma. Desde o início da noite só o que sinto é desespero e medo, muito medo de ver pessoas que amo mortas. Não somente Draco e Melli, mas também todos os outros… Isso tudo precisa acabar logo.

 

Havia pilhas de entulhos onde antes eram os jardins de Hogwarts.
Sei que deve faltar pouco mais de uma hora para amanhecer, mas o céu continua um breu. Caminhamos rapidamente em direção aos degraus da entrada.

O castelo se encontra anormalmente silencioso. Sem gritaria, estampidos ou clarões. Senti um arrepio ao ver as lajes do saguão de entrada com manchas de sangue. Lascas de madeira e pedaços de mármore estão espalhados pelo chão.

– Onde estão todos? – perguntou Hermione.

Rony seguiu na frente para o Salão Principal seguido por Hermione. Draco e eu paramos na porta.

As mesas das casas haviam sido retiradas e o salão estava lotado.
Os sobreviventes se encontravam em grupos, alguns ajudando Madame Pomfrey com os feridos, outros abraçando uns aos outros e chorando.

Os mortos se encontravam enfileirados no chão. Senti meu coração falhar uma batida e o medo me tomar. Os Weasleys rodeavam alguém, eu mal pude vê-lo, mas reconheci as vestes um tanto pomposas de Percy Weasley. Fred e Jorge se encontravam abaixados perto da cabeça do irmão, enquanto a Sra. Weasley chorava sobre seu peito junto ao marido.

Rony correu para junto da família sendo amparado por Gui que puxou o irmão para seus abraços, enquanto Fleur acariciava seus cabelos com o rosto lavado de lágrimas. Vi Hermione ir até Gina, puxando-a para um abraço, depois se aproximando junto a garota do resto da família. Foi então que pude ver os corpos que se encontravam ao lado de Percy; Luna jazia, pálida e imóvel, tendo Dino e Neville ao seu lado, ambos com olhos úmidos e extremamente arrasados, ao lado dela Lupin se encontrava, Tonks chorava compulsivamente curvada sobre ele, segurando firmemente seu bebê, sendo amparada pela professora Minerva e por Kingsley.

De repente Draco soltou minha mão e andou até um dos corpos que reconheci ser o de Theodore Nott, que se encontrava tão pálido e imóvel quanto Colin Creevey ao seu lado. Dafne, Pansy e Blaise já se encontravam ali, fitando o colega com olhares sem emoção.

O salão pareceu diminuir. Não consegui respirar. Recuei tonto, não aguentando mais ver os corpos das pessoas que morreram por mim. Não quero mais saber quem se foi… Não quero e não suporto mais a visão de corpos. Não consigo suportar a ideia de me juntar aos Weasleys, não poderia olhá-los nos olhos, sabendo que tudo isso poderia ter sido impedido, pois se eu tivesse ido até Voldemort desde o começo e me sacrificado, talvez Percy e todos os outros estivessem vivos.

Recuei e subi. Corri o mais rápido que minhas pernas aguentavam escada acima. Os rostos de Percy, Luna, Lupin, Colin e Theo apareciam em minha mente me atormentando. Me escorei em uma parede socando-a, sentindo meu interior gritar… Soquei a parede novamente e senti algo duro sobre minha palma, foi então que percebi que estou apertando o frasco de cristal com a substância prateada desde que saí da Casa dos Gritos.

Respirei fundo buscando controle. Não é o momento para chorar… ainda não. Minha filha ainda precisa de mim e ainda tenho chance de salvar a todos.

Meio desnorteado e com as pernas bambas, me forcei a andar na direção da sala que tanto estive no sexto ano. Tudo está tão silencioso… não há ninguém nas molduras, nem fantasmas, todos devem estar no Salão Principal.

Talvez seja melhor assim…

Parei em frente a gárgula que leva ao gabinete do diretor.

“Senha”

– Dumbledore! – falei sem pensar e, para minha surpresa, as escadas começaram a surgir.

Assim que entrei na sala, a encontrei um tanto mudada. Os quadros dos antigos diretores se encontravam vazios, talvez eles tenham saído para tentar descobrir o que andou ocorrendo.

Olhei um tanto desesperado para a moldura de Dumbledore, mas esta também está vazia. Caminhei até o armário apanhando a bacia de pedra e a levando até a mesa do diretor. Despejei o líquido prateado, respirei fundo e mergulhei meu rosto.

 

Senti meus pés tocarem um chão morno. Era final de tarde. Vi um garoto bizarramente vestido, com aparência um tanto maltratada, que supus ser Severo Snape quando criança. Ele se encontrava escondido atrás de um arbusto observando uma garota de cabelos compridos de cor acaju balançar mais alto que sua irmã no balanço do parquinho, e então saltar, dar uma pirueta e pousar calmamente sobre a grama, gargalhando.

– Lilian, você sabe que não pode fazer isso! – gritou a outra menina parando de balançar. – A mamãe disse que não podia!

– Mas eu estou ótima. – disse Lilian sorrindo. – Túnia, está tudo bem. Veja o que sei fazer.

Arregalei os olhos ao perceber que essas duas garotas são minha mãe e minha tia Petúnia.

Vi Lilian apanhar uma flor murcha no chão, pousá-la sobre a palma de sua mão e logo a flor começou a abrir e a fechar as pétalas. Petúnia desaprovou a atitude da irmã, então de repente Snape apareceu dizendo a elas que Lilian é uma bruxa, o que não pareceu agradar nenhuma das duas, principalmente quando Snape disse que Petúnia é uma trouxa. As garotas foram embora deixando o garoto ali claramente desapontado.

Então a memória mudou…

Logo mostrou Snape e Lilian conversando. O garoto contava a ela coisas sobre o mundo bruxo, então Petúnia apareceu sendo pega espionando os dois, e Snape fez com que um galho caísse sobre o ombro da menina. Lílian foi atrás da irmã deixando o garoto novamente sozinho.

A memória tornou a mudar e eles se encontravam em uma estação de trem. Petúnia brigava com a irmã por ela ter lido a resposta de Dumbledore a carta que ela havia mandado implorando que a aceitasse em Hogwarts também, e Snape assistia discussão de longe. Lilian entrou no trem magoada, pois a irmã a havia chamado de aberração, e logo o garoto se sentou em frente a ela na cabine.

– É melhor você entrar para Sonserina. – disse Snape empolgado, tentando animar a garota.

– Sonserina?

Um dos garotos que dividia o compartimento com eles, que até aquele momento não havia mostrado o menor interesse nos dois, olhou para o lado ao ouvir aquele nome. Minha atenção até agora era somente em Snape e Lilian, então arregalei os olhos, surpreso ao ver ali um garoto que reconheci ser meu pai.

– Sonserina? – riu Tiago. – Acho que eu desistiria da escola, você não? – questionou olhando para o garoto ao seu lado que imediatamente reconheci ser Sirius. Mas Sirius não riu.

– Toda minha família foi da Sonserina.

– Caramba – replicou Tiago. –, e eu pensei que você fosse legal!

Sirius riu.

– Talvez eu possa mudar essa tradição. Para qual casa você iria se pudesse?

Tiago ergueu uma espada invisível.

– “Grifinória, a casa dos destemidos”. Igual ao meu pai.

Snape, que até então apenas fitava o garoto com intensidade, deu um muxoxo de descaso.

– Algum problema?

– Não. – retrucou Snape com um sorriso de deboche. – Se você prefere músculos do que cérebro…

– E para onde você vai já que não possui nenhum dos dois? – interpôs Sirius.

Tiago gargalhou, Snape abaixou a cabeça parecendo chateado.

– Sabe, você não precisa me tratar assim. Não nos conhecemos e eu não me lembro de ter feito nada a vocês. – disse Snape ainda de cabeça baixa. – Você poderia tentar fazer amizade conosco, em vez de fazer brincadeiras estúpidas.

– Fazer amizade com possíveis futuros Sonserinos? Dispenso. – respondeu Tiago com a voz debochada.

Snape corou claramente raivoso, e Lilian se levantou irritada.

– Vamos, Severo. Vamos procurar outro compartimento.

– Oooooo…

Sirius e Tiago caçoaram; Tiago tentou fazer Snape tropeçar quando ele passou.

– Nos vemos em breve, Ranhoso.

A cena se dissipou, logo mostrando Lilian sendo selecionada para Grifinória, enquanto Snape era selecionado para Sonserina e se sentando ao lado de Lúcio Malfoy.

A cena mudou novamente…

Ambos pareciam ter crescido, e discutiam abertamente no corredor do castelo. Lilian criticava Snape por andar com garotos de sua casa que praticam magia das travas, e ele por ela defender Tiago Potter. Logo a discussão se acabou, com Lilian ofendendo Potter e Snape parecendo aliviado por isso.

A sena se dissolveu…

Snape parecia mais velho, e se esgueirava espiando por uma janela que dava para o campo de quadribol, onde Thiago treinava sozinho, apanhando o pomo de ouro várias vezes. A cada vez que ele conseguia, um sorriso pequeno surgia nos lábios de Snape, que parecia impressionado.

– O que faz ai, Ranhoso? – perguntou Sirius surgindo bem ao lado de Snape. Lupin que estava ao lado do recém-chegado, o olhou com olhos um tanto avaliativos.

Snape se sobressaltou e se afastou da janela rapidamente.

– Não é da sua conta, Black.

– Estava espiando o treino do Tiago? – indagou Sirius sorrindo em deboche.

Snape não respondeu, só se virou e começou a caminhar.

– O Tiago vai gostar de saber que tem mais alguém afim dele no castelo…

Snape serrou os punhos e apressou os passos.

– Deixa ele ir, Sirius. A gente tem que ir logo para o salão comunal, você precisa estudar… – disse Lupin.

– Aish…

A cena tornou a mudar…

E eu me vi mais uma vez na memória que vi alguns anos atrás quando Snape me ensinava Oclumência. Meu pai caçoando de Snape nos jardins da escola, Lilian tentando defender o Sonserino e ele a chamando de sangue-ruim.

Logo a cena mudou e mostrou Snape na porta da sala comunal da Grifinória praticamente implorando o perdão de Lilian, mas esta não o perdoou, alegando que ele escolhera seu caminho andando com os futuros Comensais da Morte, e ela escolhera o dela.

Snape saiu dali e caminhou olhando para o chão até um corredor escuro, onde ele se sentou no chão abraçando seus joelhos e começando a chorar.

– Confesso que nunca imaginei que te veria chorando um dia. – disse Tiago surgindo ao lado do garoto, que pulou assustado, pois Tiago viera coberto pela Capa da Invisibilidade.

– Você! O que quer?! Me deixe em paz!

– Ei, eu vim em missão de paz! – disse Tiago erguendo as mãos. – Eu queria me desculpar… Sabe, eu não devia ter pegado tão pesado mais cedo.

– Como é? Isso é o que, algum tipo de truque?! Foi a Lilian que pediu para você fazer isso?

– Não. Não é um truque e também não foi a Lilian, eu sei reconhecer quando pego pesado em uma brincadeira, não sou o monstro que você pensa que sou.

– Brincadeira?! Você chama agredir e humilhar alguém que está quieto, de brincadeira?! – Snape bufou. – Depois dizem que os Sonserinos são os maus…

– Ei, não me ofenda. Não me compare aos tenebrosos nojentos da sua casa! – exclamou Tiago o olhando indignado. – Sim, aquilo foi uma brincadeira, eu só queria te irritar, você fica uma gracinha quando está com raiva…

– Vai se ferrar, Potter!

– Olha, eu vim me desculpar por que fiquei com a consciência pesada, agora se você aceita as desculpas ou não, isso é problema seu! Eu já fiz minha parte!

– Acha que é fácil assim? Humilha as pessoas depois se desculpa, e então tudo fica bem?

– E o que você esperava? Que eu implorasse seu perdão? Poupe-me, já fiz muito vindo até aqui!

– Eu não preciso das suas desculpas, Potter! Vá atrás de alguém que queira sua tão fabulosa e ilustre presença e me deixe em paz! – Snape se virou e foi embora quase correndo pelo corredor.

A sena mudou novamente…

Era fim de tarde, o céu estava alaranjado e Snape se encontrava à beira do lago conversando com Tiago.

– Viu só? Nós podemos ter uma conversa civilizada… sem gritos, feitiços… enfermaria… – falou Tiago.

– Todas as brigas foram iniciadas por você, e óbvio que tive que ceder essa conversa, você me persegue a semanas, sua consciência estava tão pesada assim?

– É… estava. Como eu disse, não sou um monstro como você pensa. Mas, então, isso quer dizer que você finalmente aceitou minhas desculpas?

– Eu não disse isso. – discordou Snape jogando uma pedrinha no lago. – Se quer o perdão, conquiste-o. Como posso te perdoar se amanhã você fará as mesmas brincadeiras?

Houve um tempo de silêncio.

– E se eu não as fizer?

– O quê?

– As brincadeiras… Eu não as farei mais, e então você vai poder me perdoar, não é?

– Bem… Se realmente parar com elas, talvez eu perdoe…

Tiago sorriu dando um empurrão fraco no ombro do outro com seu próprio.

– Viu, Ranhoso? Não é tão difícil…

– Não me chame assim.

– Oh… Então te chamarei como?

– Pelo meu nome. Não sei se você sabe, mas eu tenho um.

– Ah, mas nomes são chatos. Tem que ser um apelido…

– Apelido? Não tenho apelidos, você tem?

– Sim! Pode me chamar de Pontas.

– “Pontas”? Sério? Que bizarro.

– Ei! Não se critica o apelido das pessoas! Temos que criar um para você…

– Por que preciso de um?

– Por que sim, ué.

– Então crie um… que não seja ofensivo, por favor.

– Certo. – Tiago pensou por alguns minutos antes de exclamar. – Já sei! Morcego! Seus cabelos são pretos, você praticamente só veste roupas pretas, então “Morcego” é perfeito!

– Fico impressionado com o quão você é criativo. – falou Snape com claro sarcasmo. – Para que eu usarei esse apelido?

– Podemos contar segredos e mandar corujas usando esses nomes, e ninguém saberia que somos nós!

– Sabe, seu cabelo é completamente despenteado, e aponta para todos os lados…

– Já vai começar a me ofender? Pois saiba que todos acham meus cabelos bagunçados um charme.

– Não foi isso que eu quis dizer. Só acho que é relativamente fácil concluir que Pontas é você… assim como dá para saber que sou o “Morcego”. – Snape falou fazendo aspas com os dedos.

– Claro que não. É completamente impossível alguém descobrir.

– Mas…

– É impossível e pronto. – teimou Tiago.

Snape deu de ombros.

– O.k., então. De qualquer forma, não precisamos dos apelidos, não é como se fossemos compartilhar segredos.

– É. Tem razão.

A sena mudou… Agora os dois rapazes se encontravam num corredor deserto.

– Sev, você sabe que eu ainda tenho que fazer algumas brincadeiras, se não as pessoas estranharão! E você sabe que temos que manter nossa amizade em segredo!

– Você poderia ter me avisado! Eu… Droga, eu odeio quando você faz isso! – Snape passou as mãos sobre o rosto exasperado.

– Me perdoe, o.k.? É só que o Sirius tem estranhado meu modo de agir!

– Aish, tudo bem! – Snape sentou-se sobre o muro de pedra e Tiago logo foi para seu lado.

Eles permaneceram assim por alguns minutos.

– Está tudo bem como você, Sev? A dias que você parece meio chateado…

– É a Lilian… Ela se recusa a me perdoar e não fala comigo a meses.

– Você gosta dela?

– Como amiga. Mas e você, gosta dela?

– Não sei. Ela é linda, mas… não sei. – disse Tiago. Snape assentiu fitando as próprias mãos. – Sabe, ela é uma garota legal, vai acabar te perdoando logo, você vai ver.

– Assim espero. – Snape sorriu.

– Oh, Merlim! – exclamou Tiago.

– O que foi? – perguntou Snape parecendo assustado com a exclamação repentina do outro.

– Você sorriu!

– E qual o problema disso? Você é retardado?

– Não, não sou retardado! Nós conversamos a meses e eu juro que nunca te vi sorrir assim! – disse Tiago, então de repente segurou o rosto de Snape entre suas mãos. – Você fica muito mais bonito sorrindo, sabia?

Snape arregalou os olhos corando violentamente, e se afastou das mãos do outro.

– E-eu tenho que ir… a biblioteca. – falou ele nervosamente, deixando claro sua mentira. – Nos vemos depois. – então se virou e se apressou a sair dali.

A sena se dissolveu novamente. Havia neve sobre os jardins de Hogwarts. Snape estava bem agasalhado, com cachecol da Sonserina enrolado em torno de seu pescoço de um modo que sua boca se encontrava quase escondida, e caminhava tranquilamente pela neve.

– Sev, espera! – gritou Tiago que vinha correndo, também agasalhado, porém mais despojadamente. Snape apertou os passos quando o viu, mas foi seguido por Tiago que logo o alcançou. – Por que não me esperou?

– Eu não te ouvi…

– Ouviu sim! Por que tem me evitado?

– Não sei do que está falando…

– Sabe sim! – Tiago o forçou a ficar de frente para si. Snape abaixou a cabeça, como se evitasse olhá-lo nos olhos. – O que está havendo, Sev? Isso é por causa daquele beijo? Olha, você não era obrigado a retribuir… Eu não sei o que deu em mim, o.k.? Sei que você não é uma garota e… Eu sinto muito! Por favor, me perdoe, nunca mais tocarei em você se não quiser… – Tiago soltou Snape, como se quisesse comprovar que realmente não o tocaria. – Não quero que nossa amizade acabe por culpa da minha impulsividade.

– Eu não estou… com raiva. É só que… eu não consigo parar de p-pensar naquele beijo, eu… – Snape suspirou deixando claro que estava se esforçando para dizer aquilo. – Acho que estou enlouquecendo, eu…

Foi interrompido quando Tiago subitamente o puxou pela cintura e o beijou.

Não pude deixar de arregalar os olhos. Meu pai está mesmo beijando Severo Snape?! Eu jamais em hipótese alguma imaginei que meu pai já teve algo com ele. Eles não se odiavam?

O beijo durou alguns minutos, então Tiago o rompeu e fitou Snape sorrindo.

– Acho que agora temos motivos para usar apelidos, já que compartilhamos esse segredo. Não é, Morcegão?

Ambos riram e tornaram a se beijar…

E a sena tornou a mudar…

Olhei em volta e vi que estou parado em frente a parede da Sala Precisa. Então, de repente Snape e Tiago saíram de baixo da Capa da Invisibilidade.

– O que estamos fazendo aqui, Pontas? Não íamos escondido para Hogsmeade?

– E vamos. – disse Tiago fechando os olhos em frente a parede.

– Então por que estamos aqui? Pensei que entraríamos pela passagem da estátua da Bruxa de um olho só.

– Hoje não, Morcegão. Vamos entrar por outra passagem…

– Mas não está no mapa do maroto… – disse Snape puxando o mapa do maroto do bolso de suas vestes.

– É claro que não está no mapa. Somos espertos, deixamos uma das passagens fora do mapa, caso alguém o apanhe um dia e descubra como usá-lo. – contou Tiago, e então a porta surgiu e Snape arregalou os olhos boquiaberto. – Essa é a Sala Precisa, ela está completamente fora do mapa. Quem entra aqui desaparece dele e somente os Marotos conhecem esse lugar, e agora o estou mostrando a você.

– Oh… Realmente inteligente. E minha nossa, que incrível! – elogiou Snape olhando em volta. – Mas, por que a sala parece um quarto de casal?

Realmente a sala parece um quarto de casal. Há uma cama enorme no centro e algumas velas flutuando.

– Por que a Sala Precisa sempre toma a forma daquilo que mais precisamos. – respondeu Tiago parecendo conter um sorriso.

– Aquilo que mais precisamos? Então por que tomou a forma de um quar… Oh! – ele corou fortemente ao perceber o significado daquilo.

Tiago gargalhou fechando a porta e abraçando Snape por trás.

– Relaxa, amor… Não usaremos a cama. Pelo menos não ainda. Estávamos indo a Hogsmeade, lembra? – ele beijou o pescoço de Snape que pareceu se arrepiar. – Estamos comemorando cinco meses de namoro, precisamos comemorar um pouco no três vassouras antes de pensarmos em utilizar a cama…

Meu queixo caiu e senti minhas bochechas esquentarem. Eu definitivamente não queria estar assistindo isso.

– E quem disse que não usaremos a cama? – perguntou Snape sorrindo e erguendo uma sobrancelha.

– Você não resiste ao meu charme… Então é bem provável que a usaremos.

– Veremos se você vai merecer mais tarde. Agora onde fica a tal passagem?

Tiago apontou para a parede onde um quadro do tamanho de uma porta surgiu. Assim que ele a abriu percebi que a passagem à qual ele se refere é a mesma que usamos para entrar em Hogwarts. A passagem que leva ao bar Cabeça de Javali.

A sena mudou novamente…

Snape encarava Tiago completamente irritado.

– Não fale assim dos meus amigos! – dizia ele. – Eu sempre faço o possível para não ofender aquele biltre arrogante do Sirius Black quando estou com você, então é justo que faça o mesmo sobre meus amigos!

– Amigos? Aqueles são os que você realmente considera seus amigos?! Sev, eles utilizaram Magia das Trevas em crianças!

– Eles estavam brincando…

– Brincando? – perguntou Tiago com uma expressão incrédula. – Parece que a ideia que Avery e Mulciber fazem do que seja brincadeira é completamente maligna, não é?!

– Não muito diferente do que você e seus amiguinhos fazem!

– Podemos passar dos limites as vezes, mas nunca utilizaríamos Magia Negra! – rebateu Tiago. Então suspirou e se aproximou de Severo. – Amor, por favor, se afaste deles. Não gosto de pensar que você anda com pessoas assim.

– São apenas meus amigos, e eu não vou me afastar deles, Pontas. Eles são legais, só passam do limite as vezes também…

Tiago suspirou e assentiu, sem parecer convencido.

– Tudo bem… faça como quiser. – suspirou novamente. – Acho melhor eu voltar para torre da Grifinória, Sirius já está desconfiando que estou namorando alguém, e ele não está nada contente por eu esconder quem é a pessoa…

Snape abraçou Tiago pela cintura enterrando o rosto em seu pescoço.

– Então… por que não contamos a ele? – perguntou Snape. – Quero dizer… ele é seu melhor amigo, vai saber manter o segredo.

– Não. Definitivamente não.

Snape se afastou franzindo o cenho.

– Por que não? Eu sei que ele não vai com a minha cara, que nenhum dos seus amigos gostam de mim, mas acho que se você disser que me ama ele vai entender…

Tiago se afastou.

– Eu já disse que não, Sev. Não insista.

– Mas por quê? – insistiu Snape claramente frustrado. – Estamos juntos a um ano e meio, uma hora ele vai descobrir. Não poderemos esconder de todos para sempre, Pontas.

– Não. Ninguém vai descobrir, muito menos meus amigos! As pessoas não entenderiam, Morcegão… Não podemos contar a ninguém.

– Mas não há razão para esconder isso para sempre. Nós nos gostamos e as pessoas vão ter que entender… Então por que não quer contar? O que você teme exatamente? Por um acaso… você tem vergonha que as pessoas saibam que seu namorado sou eu?

Tiago arregalou os olhos.

– Não! Claro que não, meu amor! Eu nunca me envergonharia de você! – ele segurou o rosto de Snape e o beijou brevemente. – Só não quero que eles saibam agora. E seus “amigos” também não vão gostar de saber, por isso acho que não é o momento certo. E também há outro motivos que… bem, não são importantes. – ele se afastou rapidamente. – Preciso ir. Nos vemos amanhã.

Então ele se virou e saiu antes que Snape abrisse a boca para argumentar.

Tudo mudou novamente… O dia estava nublado e agora Snape estava sentado embaixo da árvore em frente ao lago observando Tiago, Sirius, Lupin e Pedro rirem de algo que conversavam.

Franzi o cenho ao perceber que as expressões de Snape eram tristes.

Ele se levantou e se aproximou do grupo de amigos, que assim que o viram pararam de rir.

– Pon… digo, Potter, posso… falar com você um instante? – perguntou hesitante, mordendo o lábio inferior assim que terminou de falar.

– O que você quer com ele, Ranhoso? – perguntou Sirius. – Está com saudades das nossas brincadeirinhas e veio perguntar por que temos deixado você e suas cuecas sujas em paz?

Snape corou fortemente, fuzilando Sirius com os olhos.

– Não é da sua maldita conta o que vim falar, Black. Por que não para de rosnar para as pessoas como um cão sarnento, e não deixa seu dono falar por si próprio?

Sirius rosnou irritado já enfiando a mão nas vestes para puxar a varinha, quando Tiago o segurou pelo braço.

– Tudo bem, Almofadinhas, vou ver o que o Ranhoso quer. – disse ele, soltando Sirius e começando a caminhar na direção da Floresta Proibida, sendo seguido por Snape.

Corri para alcançá-los e quando me aproximei os dois se encaravam.

– Por que você tem me evitado? – perguntou Snape olhando para o chão.

– Estive estudando, não tive tempo para ir te ver.

– Poderíamos ter estudado juntos.

– Eu estudei com meus amigos.

– Eu senti sua falta, Pontas. – falou Snape parecendo chateado.

– Eu também…

– Não parece…

Tiago suspirou.

– Tem razão, Sev. Eu prefiro não mentir para você… Eu realmente estive te evitando.

Snape arregalou os olhos.

– Por quê?! O que eu fiz?!

– Você não fez nada, o problema sou eu. – Tiago se apressou a dizer, sem se atrever a fitar Snape nos olhos. – Eu acho… que quero terminar.

– O quê?! Você está brincando, não é? – perguntou Snape nervosamente.

– Não. Eu não estou. – respondeu Tiago, com as expressões sérias.

Snape deu um passo para trás com os olhos arregalados.

– Por quê? – perguntou depois de alguns minutos.

– Por que eu… enjoei desse namoro. Se tornou tudo muito monótono, e não vejo mais razões para continuarmos. Estamos no meio do sétimo ano, logo nos formaremos e cada um seguirá seu caminho. Então achei melhor terminar logo, afinal não é como se fossemos nos casar e constituir família quando saímos de Hogwarts. – disse Tiago ainda evitando os olhos de Snape.

Snape se apoiou em uma árvore, os olhos claramente úmidos pareciam se esforçar para manter as lágrimas ali. Suas expressões demonstravam choque, incredulidade e uma dor tão profunda que causa angustia em quem olhar.

Então a memória de Draco terminando comigo me veio em mente… Bem, Draco foi chantageado, já meu pai não parece ter sido. Como ele pode ter feito algo assim?

Não pode evitar de sentir uma pena imensa se Severo Snape.

– Eu… pensei… pensei que… – gaguejou ele com a voz fraca.

– Pensou que, o quê? Fossemos nos casar e viver felizes para sempre quando nos formássemos? Não posso acreditar que tenha se iludido tanto, Morcegão.

– Você disse que me amava.

– Bem, eu realmente pensei que amava, mas acho que me enganei. Meus sentimentos não devem ter sido reais, já que sumiram.

Snape ofegou passando a mão no rosto num ato claro de desespero.

– Então tudo foi uma m-mentira?

– Não seja dramático, Morcegão. Nós realmente nos divertimos juntos, isso é fato, mas era óbvio que não poderíamos ficar juntos para sempre.

– Você… – Snape respirou fundo. – é um desgraçado! Maldito! Biltre dos infernos! – berrou com fúria.

Tiago deu alguns passos para trás erguendo as mãos em forma de rendição.

– Ei, Morcegão, acalme-se. Nós nos demos bem e fomos amigos antes disso tudo acontecer, podemos terminar e continuar amigos como antes…

– CALE ESSA MALDITA BOCA! E NÃO SE ATREVA, NÃO OUSE ME CHAMAR DE MORCEGÃO! – berrou Snape puxando a varinha e a apontando para Tiago. E então suas expressões se tornaram frias. Agora sim ele se parece com o Severo Snape que eu conhecia. – Eu deveria ter adivinhado. Um Grifinório arrogante, nojento, que se acha o maioral e que pensa que tem todos aos seus pés, não deveria saber o que é o amor. Você é um imundo! Me usou como se eu não fosse nada, e pensa que vou te perdoar?! Nunca! Eu deveria te matar agora, seu desgraçado, por ter ousado fazer o que fez. – a expressão dele se contorceram de dor. – Você poderia ter continuado me humilhando para se exibir para as pessoas… ou até mesmo realizado brincadeiras idiotas comigo, eu juro que eu poderia suportar… Mas isso? Como pode ser tão cruel?

– Eu não te forcei a nada, Snape.

– EU ME ENTREGUEI DE CORPO E ALMA PARA VOCÊ POR QUE PENSEI QUE VOCÊ ME AMAVA! – berrou Snape e sua varinha soltou faíscas. E então ele riu forçadamente, como se estivesse totalmente incrédulo. – E as pessoas ainda dizem que os Sonserinos são maus. Pode até ser verdade, mas eles ao menos são sinceros.

– Para que todo esse drama, Snape? Realmente pensou que eu ficaria com você para sempre? A culpa não é minha se você tirou conclusões precipitadas.

– Cale a boca! – gritou Snape. – Você me dá nojo. Eu te odeio, Tiago Potter! Não se atreva a se aproximar de mim novamente, ou eu juro que te matarei.

Então Snape se virou e correu em direção ao castelo. Permaneci ali e franzi o cenho quando vi Tiago socar a árvore várias vezes seguidas até seu pulso sangrar. Soluços escaparam por seus lábios e notei que ele chorava.

– Me perdoe, meu amor… – soluçou ele. – Não podemos ficar juntos. Vai ser melhor assim.

Então vi que Snape estava longe e não havia ouvido nem visto nada disso.

A sena mudou e Snape estava sentado em uma sala de aula vazia. Ele se encontrava no chão abraçando as próprias pernas e chorando compulsivamente.

Me senti penalizado novamente.

Então a porta da sala em que ele estava se abriu e Dumbledore entrou. Snape se levantou assustado, tentando limpar os vestígios de lágrimas em seu rosto, o que foi um ato inútil já que o mesmo já se encontrava vermelho e inchado.

– O que faz aqui?!

– Sabe quanto tempo está aqui, Severo? Já passou do horário de ir para cama, sabe bem que os alunos não possuem permissão de andar pelos corredores a essa hora da noite.

– Eu não percebi a hora…

– Presumi que não, então decidi vir pessoalmente ver o que está havendo, e agora já vi.

– Eu quero ficar sozinho.

– Sei que quer. Sei o que está sentindo, Severo. – disse Dumbledore com um olhar bondoso.

– Não, você não sabe.

– Sim, eu sei. Essa dor, esse vazio, a decepção, acredite, eu entendo como é.

– Não, você não entende! Pare de tentar entender, você nem sabe o que aconteceu comigo para que eu me sinta assim!

– Sabe, como o bom diretor que eu me arrisco em afirmar que sei quase tudo que ocorre dentro deste castelo, isso inclui seu relacionamento amoroso com o sr. Potter. – contou Dumbledore.

– Como é? Tem nos espionado?! – Snape arregalou os olhos e então corou violentamente.

– Oh, não. Eu jamais me atreveria a fazer algo assim. Prezo a privacidade dos meus estudantes. Mas isso não quer dizer que eu não tenha conhecimento sobre o que acontece. Os quadros costumam ser observadores, sabe?

Snape o encarou por alguns segundos antes de dar de ombros.

– Que seja. – falou secando as lágrimas que tornaram a escorrer.

– Sinto muito por seu sofrimento, Severo. Ficar longe da pessoa que amamos é realmente doloroso e…

– Eu não o amo! – Snape o interrompeu. – Eu não o amo mais! Eu o odeio! Estou chorando por ter me deixado ser tão estúpido. Por ter acreditado nele e acreditado em suas mentiras.

– Mentir para si mesmo não o ajudará, Severo.

– Não estou mentindo para mim mesmo! Você não sabe de nada! Por que não vai embora e me deixa sozinho?!

– Seria completamente insensato da minha parte se eu deixasse um aluno sozinho em uma sala de aula durante a noite. – respondeu Dumbledore calmamente. – E talvez, o sr. Potter tenha motivos para romper com você. Já pensou nessa possibilidade?

– Ele é um imbecil, esse é o motivo! Mas é claro que o senhor presumiria que ele tem um motivo, afinal, ele é um Grifinório, não? Tem sempre que ser o bonzinho. Quer saber? Não quero mais falar sobre isso. Vai me dar uma detenção por estar aqui a essa hora? Se for, faça logo.

Dumbledore negou com a cabeça.

– Eu jamais acreditaria que um aluno não é capaz de maldades, Severo, independente de qual seja sua casa. Só acho que você e o sr. Potter tenham passado tempo suficiente juntos, para que os sentimentos estejam claros. Um romance falso não duraria um ano e meio, não acha? – ele deu uma pausa avaliando as expressões de Snape. – Venha, o levarei até sua Sala Comunal. Não lhe darei uma detenção desta vez, por que acredito quando disse que não percebeu as horas, mas espero que não volte a andar pelo castelo durante a noite.

– Certo… vamos logo.

Então a cena mudou…

Snape estava deitado sobre as pernas de Lilian enquanto a mesma acariciava seus cabelos. Ambos se encontravam sentados em frente ao lago nos jardins de Hogwarts.

– Então foi isso? Você e Tiago Potter estiveram namorando durante todo esse tempo? – perguntou ela.

– Sim. E ele me feriu.

– Você me dizia que ele não prestava e que eu deveria ficar longe dele.

– Eu deveria ter seguido meus próprios conselhos.

– Não se martirize tanto, Sev. Você só estava apaixonado, não poderia imaginar que ele faria algo assim tão cruel.

– Parecia tudo tão real, Lily… Ele me olhava nos olhos e dizia o quanto me amava, e o quanto se sentia feliz em me ter ao lado dele. Os beijos eram tão ternos… tão doces. Eu me sentia tão bem… Meu coração batia tão rápido.

– Por Merlim, você ainda o ama! – exclamou Lilian.

– O quê? Não, claro que não! Eu amo outra pessoa agora… – disse Severo antes de olhar para a garota e sorrir. – Obrigado por voltar a falar comigo.

– Eu senti a sua falta.

A sena do lago se dissolveu, e a sena seguinte demorou um pouquinho para se formar. Tive a impressão de estar sobrevoando formas e cores mutantes até que o cenário se solidificou, e me vi parado no escuro, no cume de um morro, abandonado e frio, o vento assoviando nos galhos de algumas poucas árvores desfolhadas. Um Snape adulto se encontrava ali, arfando, virando-se no mesmo lugar, a mão apertando a varinha com força, esperando alguma coisa ou alguém… Seu medo me contagiou, embora eu saiba que não posso ser atingido. Então olhei por cima do ombro, procurando ver o que Snape está esperando.

Então, de repente um feixe de luz branca cortou o ar: de início pensei ser um raio, mas então Snape caiu de joelhos e sua varinha voou de sua mão.

– Não me mate!

– Não era a minha intenção.

Qualquer som de aparatação de Dumbledore fora abafado pelo ruído do vento batendo sobre os galhos. Ele surgiu diante de Snape o encarando friamente.

– Então, Severo? Qual a mensagem de Lord Voldemort para mim?

– Não… nenhuma mensagem, estou aqui por conta própria!

Snape torcia as mãos; parecia desesperado.

– Eu… eu venho com um alerta… não, um pedido… por favor…

– Que pedido um Comensal da Morte poderia fazer a mim?

– A… a profecia… o vaticínio… Trelawney…

– Ah, sim. Quanto daquilo você relatou a Lord Voldemort?

– Tudo… tudo o que ouvi! – respondeu Snape. – É por isso… é por esta razão que ele julga que se refere a Lilian Evans e Tiago Potter!

– A profecia não se referia a uma mulher e a um homem. Mencionava um menino nascido no fim de julho…

– O senhor sabe o que quero dizer! Ele acha que é o filho deles! Vai matá-los… matar a todos…

– Se eles significam tanto para você – disse Dumbledore –, certamente Lord Voldemort irá poupá-los, não? Você não pode pedir para que ele tenha misericórdia para os pais em troca do filho?

– Pedi… eu pedi a ele…

– Você me dá nojo. – disse Dumbledore com um desprezo na voz, de uma forma que eu nunca havia ouvido. Snape se encolheu. – Me decepciona saber que você não é mais o garoto que encontrei em prantos em uma sala de aula chorando por amor. Não se importa, então, com a morte do filho deles? Ele pode morrer, desde que você tenha o que quer?

Snape não disse nada, apenas ergueu os olhos para Dumbledore.

– Esconda-os todos, então. – falou rouco. – Mantenha-os… todos eles… em segurança. Por favor.

– E o que me dará em troca, Severo?

– Em… troca? – Snape ficou boquiaberto com Dumbledore. Mas logo engoliu em seco, pensando por um longo momento. – Qualquer coisa.

O cume do morro desapareceu e me vi no gabinete de Dumbledore, e Snape se encontrava dobrado para frente, chorando audivelmente em uma cadeira, Dumbledore o contemplava do alto, com um ar inflexível. Depois de alguns minutos assim Snape ergueu o rosto completaente vermelho.

– Eu… pensei… que o senhor fosse… mantê-los seguros…

– Tiago e Lilian depositaram sua fé na pessoa errada. – disse Dumbledore. – Muito semelhante a você. Você não esperava que Lord Voldemort fosse poupá-los, Severo?

A respiração de Snape parecia ansiosa.

– O filho deles sobreviveu. – disse Dumbledore. Snape fez um aceno brusco com a cabeça como se quisesse espantar uma mosca irritante. – Ele se parece muito com ele… com Tiago. E tem os olhos dela, exatamente os mesmos. Você certamente se lembra do rosto de Tiago, certo? E da forma e cor dos olhos da Lilian?

– NÃO! – berrou Snape. – Se foram… Morreram…

– Isso é remorso, Severo?

– Eu gostaria… gostaria que eu é quem estivesse morto…

– E que utilidade isso teria para alguém? – perguntou Dumbledore, friamente. – Se você amou Tiago Potter e Lilian Evans, se os amou verdadeiramente, então seu caminho futuro é cristalino.

– C-como assim?

– Você sabe como e por que eles morreram. Empenhe-se para que não tenha sido em vão. Ajude-me a proteger o filho deles.

– Ele não precisa de proteção… O Lorde das Trevas se foi…

– O Lorde das Trevas retornará, e Harry correrá um grande perigo quando isso ocorrer.

Houve um momento de silêncio.

– Muito bem. Muito bem. Mas jamais, jamais revele isso a ninguém, Dumbledore! Isso deve ficar entre nós! Não posso suportar… se as pessoas souberem do que sinto por Potter… Quero sua palavra!

– Dou minha palavra, Severo, de que jamais revelarei o que você tem de melhor. – Dumbledore suspirou olhando para o rosto angustiado de Snape. – Se você insiste…

O gabinete desapareceu e reapareceu instantaneamente. Snape andava de um lado para o outro.

– … medíocre, arrogante, encantado pela fama, exibido, impertinente…

– Você vê apenas o que espera ver, Severo. – disse Dumbledore. – Outros professores me informaram que o garoto é modesto, amável e tem algum talento. Engraçado você descrever todos esses defeitos, pois me lembro bem que eram exatamente os mesmos que Tiago Potter possuía, e você não deixou de admirá-lo por isso, não?

Snape rosnou irritado.

– Vigie Quirrell, por favor. – disse Dumbledore por fim.

Então a sena mudou novamente e agora Snape falava para Dumbledore sobre a marca negra dele e de Karkaroff que estava escurecendo, e que Karkaroff pensava em fugir.

– É mesmo? – perguntou Dumbledore em voz baixa, o baile de inverno ocorria a suas costas. – E você pretende se juntar a ele?

– Não. – respondeu Snape acompanhando os alunos que apareciam com seus pares no jardim. – Não sou tão covarde.

– Não. – concordou Dumbledore. – Você é muito mais corajoso que ele. Sabe, as vezes acho que fazemos a Seleção cedo demais…

Dumbledore se afastou, deixando um Snape chocado para trás.

A cena mudou e Snape estava novamente no gabinete de Dumbledore.
Desta vez examinando sua mão que se encontrava escura. Ele dizia que Dumbledore não teria muito tempo, pois aquele anel (que agora se encontrava destruído) estava amaldiçoado.

– … Bem, realmente isso torna as coisas mais objetivas. – disse Dumbledore por fim. Snape sentou-se na cadeira em frente à sua escrivaninha. – Estou me referindo ao plano que o Lord Voldemort está tecendo a meu respeito. O plano de mandar o coitado do menino Malfoy me liquidar.

– O Lorde não espera que Draco consiga. Isto é apenas um castigo pelo recente plano fracassado de Lúcio e pela profecia quebrada. Uma tortura lenta para os pais de Draco, que o observam fracassar e pagar por isso.

– Em suma, o menino está tão sentenciado a morte quanto eu. Agora eu diria que o sucessor natural desse serviço, se Draco não obtiver sucesso, será você, não?

– Acredito que esse seja o plano do Lorde.

– Lord Voldemort prevê um futuro próximo em que não precisará mais de um espião em Hogwarts?

– Ele acredita que a escola estará nas mãos dele.

– E se realmente isso acontecer – Dumbledore fez uma pausa –, tenho a sua palavra de que fará tudo em seu alcance para proteger os estudantes?

– Sim.

– Ótimo. Agora sua prioridade é Draco. Tente descobrir o que ele está planejando, ele te contará, ele gosta de você…

– Ele anda meio distante. Mal fala comigo ou com Lúcio.

– Ainda assim, tente. Estou mais preocupado com as vítimas acidentais dos planos desse rapaz, do que comigo. Em última hipótese, é claro, há apenas uma coisa a fazer se você quiser salvá-lo da ira de Lord Voldemort.

Snape ergueu uma sobrancelha.

– Vai deixar que Draco te mate?!

– Certamente que não. Você deverá me matar.

– Quer que eu faça agora? Ou gostaria de alguns momentos para compor um epitáfio? – perguntou Snape com a voz repleta de ironia.

– Ah, ainda não. – respondeu Dumbledore sorrindo. – Acho que a oportunidade se apresentará com o tempo. Provavelmente dentro de um ano.

– Se não se importa em morrer, por que não deixa Draco fazer isso?

– A alma daquele garoto ainda não está completamente comprometida. – contestou Dumbledore. – Eu não permitiria que se rompesse por minha causa.

– E eu? E a minha alma, Dumbledore?

– Somente você é capaz de saber se prejudicará sua alma ajudar a um velho a evitar a dor e a humilhação. – explicou Dumbledore. – Confesso que prefiro uma saída rápida e indolor, não quero que Bellatrix ou Greyback o faça, tenho certeza que seria algo sangrento, pois ambos gostam de brincar com suas vítimas.

Houve algum tempo de silêncio, antes que Snape assentisse.

– Obrigado, Severo…

A sena mudou e Snape estava novamente no gabinete, indignado por Dumbledore não lhe contar quais informações passava a mim durante nossos encontros. Ele parecia irritado. Perguntava se Dumbledore não confiava nele e insistia que gostaria de saber, e então Dumbledore mudou completamente o rumo da conversa.

– Sabe, Severo, em uma dessas noites em que Harry esteve aqui, ele parecia um tanto… Ansioso. Insistia que Draco estava escondendo algo e que ele é o culpado pelos últimos acontecimentos.

– Então Potter não é tão burro, afinal.

– Não o ofenda na minha frente, por favor. Enfim, notei que ele anda um tanto obcecado, talvez com uma pequena paixonite pelo menino Malfoy.

Snape bufou.

– Essa magia negra da sua mão deve ter afetado seu cérebro, Dumbledore. Potter com uma “paixonite” por Draco? Impossível.

– Também pensei que fosse, então estive investigando. Descobri que ele anda seguindo o garoto Malfoy por Hogwarts…

– Isso pode atrapalhar nossos planos, se ele descobrir algo…

– Poderia atrapalhar, mas não vai. Malfoy tem se esgueirado bem de sua espionagem amadora. – disse Dumbledore. – O fato, é que Harry realmente parece pensar mais em Malfoy do que qualquer outra coisa…

– Já parou para pensar que esse garoto pode simplesmente ser um pirado? Onde já se viu, ficar seguindo Draco pela escola?

– Não sei, Severo, me lembro de um rapaz que vivia escondido atrás de uma janela, espiando o treino de quadribol de Tiago Potter… – Snape desviou o olhar parecendo irritado. – Bem, como eu ia dizendo, acho que Harry pode conter sentimentos fortes por Draco Malfoy, mas não acho que ele tenha consciência disso.

– Acho que está vendo coisas onde não existe. É impossível ele sentir algo além de ódio pelo Draco.

– Bem, podemos comprovar se isso é ou não possível. Quero que faça um favor para mim.

– Mais um? – perguntou Snape.

– Uma poção. – disse Dumbledore ignorando o comentário do outro.

– Qual poção?

Dumbledore estendeu um livro que se encontrava sobre sua escrivaninha e o abriu na página marcada; Poção Gestante.

Snape ergueu a cabeça chocado.

– Você só pode estar brincando…

– Não estou. Severo acho que Harry Potter tem passado por muitas coisas em sua vida, sempre focando em Voldemort, e sua luta para sobreviver. Ele não teve chance de ter uma família, amar alguém verdadeiramente, pensar em um futuro em que ele possa ficar vivo e feliz.

Snape o encarou por alguns segundos.

– Não parou para pensar que esse garoto já tem problemas o suficiente? E essa poção não é aperfeiçoada, ele pode morrer!

– Se ele realmente engravidar, você poderá ajudá-lo.

– Isso é loucura! Não vou compactuar com isso! Supondo que esse absurdo dê certo, já pensou em uma criança nas mãos daquele desmiolado em plena guerra?! – disse Snape nervosamente. – E Draco? Já pensou em Draco? Ele já tem uma vida suficientemente arriscada, para você querer colocá-lo em um dos seus planos para o “bem” de Potter. Sem contar que isso jamais funcionaria com ele! Ele odeia Potter!

– Bem, se você está certo de que não funcionará, por que está tão preocupado? Faça a poção e descubra…

– Não vai funcionar! Draco não suporta Harry Potter, isso é loucura! Sem contar que ele não é homossexual!

– Bem, o sexo de ambos é irrelevante, e você e Tiago Potter também não suportavam um ao outro, e isso não impediu que se apaixonassem.

– Somente eu me apaixonei, ele apenas me enganou!

– Ele com certeza tinha seus motivos para romper com você, Severo.

– Você não pode saber!

Dumbledore suspirou.

– Faça a poção. Se não funcionar veremos que você tem razão, caso funcione ajude Harry e Draco… Eles vão precisar.

– Por que essa poção? Se quer tanto uni-los, por que não tenta de outra maneira?

– Por que já pensei em diversas maneiras, mas a única que pode realmente uni-los é esta. Ambos são orgulhosos, mesmo com todo o amor do mundo, não confessariam um ao outro se não houver um estímulo.

– Um filho? Essa é sua forma de unir duas pessoas? Eles ainda nem completaram a maioridade!

– Como eu disse, foi a única forma que pensei. Sem contar que um filho pode realmente uni-los, funcionou com Lilian e Tiago, por que não funcionaria com eles?

– Lilian e Tiago? O que quer dizer?

– Nada… Então, preciso de uma resposta, vai fazer a poção?

– Vou. Mas só para provar que dessa vez você está errado.

O gabinete sumiu e ressurgiu, mostrando outro dia.

– Aqui está. – disse Snape estendendo o frasco com a poção. – Deu mais trabalho do que imaginei, especialmente para conseguir o núcleo de Veela pura.

– Imagino que tenha sido complexa. Obrigado por prepará-la, Severo.

– Ainda acho isso tudo um absurdo.

Alguém bateu na porta do gabinete.

– Entre. – disse Dumbledore e logo a porta se abriu. – Ah, professor Horácio.

– Mandou me chamar, diretor?

– Sim, eu gostaria de pedir-lhe um favor. – começou Dumbledore. – Quero que entregue essa poção a Harry Potter.

Ele estendeu a poção ao professor que a apanhou franzindo o cenho.

– Mas… Mas isto é… Fabuloso! Nunca preparei esta poção, os ingredientes são difíceis de conseguir. Pode ser vendida por trinta galeões, ou até cinquenta se souber negociar… – fitou o frasco por mais alguns segundos antes de franzir o cenho. – Dá-la para Harry? Tem certeza? Sabe o que isso faz?

– Oh, sim. Tenho total consciência do que isso faz. E sim, quero que entregue para o Harry, contudo, você só deverá fazer isso caso algo aconteça a mim e o professor Snape não esteja por perto, fui claro?

– Mas, Dumbledore, não acho que seja prudente fazer algo assim. Harry já tem tantos problemas, tem certeza que quer isso?

– Sim, tenho certeza.

Horácio fitou a poção em sua mão.

– Certo. Se você sabe o que está fazendo…

– Muito obrigado, Horácio, agora pode se retirar…

Snape suspirou assim que o outro professor deixou a sala.

– Para que fazer isso? Para quê?

Dumbledore sorriu levemente.

– Por que eu sei o que é deixar um sentimento lindo como o amor escapar, Severo, e você também sabe. Se Harry Potter e Draco Malfoy realmente sentirem isso como presumo que sintam, quero ajudá-los a ter a chance que não tive.

A cena mudou… Dumbledore encarava Snape seriamente.

– Você acha que não confio em você só por que não te conto o que converso com o Harry, não?

– Eu só acho injusto! Sou eu quem realizo todos os favores que você pede, e não o Potter!

– Bem, há algo que quero compartilhar com você, mas você não deve contar a ninguém… ao menos não até o momento certo. – começou Dumbledore. – Virá um tempo, após a minha morte, em que Lord Voldemort temerá pela vida de sua cobra.

– De Nagini? – Snape pareceu surpreso.

– Sim. E nessa nesse momento, quando Voldemort mantiver a cobra a seu lado, sobre proteção mágica, acho que não haverá perigo em contar a Harry.

– Contar o quê?

– Contar-lhe que na noite em que Lord Voldemort tentou matá-lo, quando Lilian se colocou à sua frente, a maldição ricocheteou em Voldemort, e um fragmento da alma se irrompeu e se prendeu ao único sobrevivente naquela casa. Parte de Voldemort vive dentro de Harry, e é esta parte que lhe dá tanto a capacidade de falar com as cobras, quanto a ligação direta com a mente de Voldemort que ele nunca entendeu. E enquanto esse fragmento de alma viver em Harry, Voldemort jamais poderá morrer.

– Então o garoto… O garoto deve… morrer? – perguntou Snape.

– E Voldemort deve matá-lo. Isso é essencial.

– Eu pensei que… todos esses anos… que nós o protegeríamos por causa deles. Tiago e Lilian.

– O protegíamos por que era essencial que ele fosse criado, ensinado e que pudesse experimentar da própria força. – explicou Dumbledore com os olhos fechados. – Nesse tempo em que foi crescendo, a ligação entre Harry e Voldemort foi crescendo também. Às vezes penso que Harry suspeita disso. Se bem o conheço, tenho certeza que, quando ele souber a verdade e for de encontro com a morte, isso representará o fim de Voldemort.

– Você o criou para que morresse na hora certa! Tem certeza que gosta do Potter, Dumbledore? Primeiro quer engravidá-lo, agora isso! Me diga, e o que haverá com a criança, caso esse absurdo funcione?! E Draco? Pensou no sofrimento dele, caso ele se apaixone por Potter e o veja morrer? O que restará a ele?!

– Um filho. Um filho da pessoa que ele ama e que, será parte dessa pessoa. A chance de ter amado, e uma criança que terá a magia de Harry correndo em seu corpo, é isso que restará a Draco.

– Que seja! Você me usou!

– Em que sentido?

– Espionei por você, menti por você, corri risco mortal por você. Supostamente para manter o filho de Tiago Potter e Lilian Potter vivo. Agora você me diz que o criou como um porco para o abate!

– Ora, comovente. Se afeiçoou ao menino, afinal.

– A ele?! – gritou Snape.

– Lilian? – perguntou Dumbledore.

– Expecto Patronum! – um veado prateado irrompeu de sua varinha e saiu galopando pelo gabinete.

– Mesmo depois de tudo que pensa que ele fez… – começou Dumbledore incrédulo. – Ainda ama Tiago?

Snape olhou para o chão de pedra. Pude ver uma lágrima escorrer por seu rosto.

– Depois de todo esse tempo?

– Sempre.

A sena mudou e agora Snape falava com Dumbledore em sua moldura sobre a noite da minha transferência. Ele amaldiçoou Mundungo para que ele sugerisse a ideia dos sete Harry’s.
Ele voava junto aos outros Comensais e quando viu que um deles mataria Lupin e Jorge, apontou sua varinha para a mão do Comensal, mas errou o alvo atingindo a orelha de Jorge… Voou mais rápido se afastando, mas parou chocado ao ver mais à frente, há alguns metros acima do solo, Harry Potter na vassoura de um Comensal. Ofegou ainda mais surpreso quando me viu erguer o capuz de Draco e o beijar, para logo depois saltar e desaparecer.

A sena tornou a mudar e ele se encontrava no antigo quarto de Sirius, no Largo Grimmauld, lendo uma carta com atenção.

Arregalei os olhos quando comecei a ler. Meu pai estava explicando seus motivos para tê-lo deixado. Snape caiu de joelhos em prantos.

… Não que eu não seja feliz com meu casamento, eu sou. Encontrei uma amizade verdadeira e fiel em alguém que nunca imaginei. Mas não tenho você.

Sei que durante todo esse tempo que estivemos afastados, você tem nutrido um ódio por mim, e por mais doloroso que isso seja, eu posso lhe compreender. Aos olhos de qualquer um eu devo parecer uma pessoa horrível e sem sentimentos por ter tomado tantas decisões erradas. Mas quero que saiba que tenho sim sentimentos, Sev. Meus erros me fizeram infeliz, mas também me trouxeram minha maior felicidade. Se não fosse por Harry não sei como aguentaria passar por tudo isso.

Voldemort está nos caçando para matar meu filho. Nós dois sabemos que é só uma questão de tempo até que ele nos ache. Por essa razão eu preciso que saiba: eu te amo, Sev. Sempre te amei, e a cada dia que passei longe de você eu me senti pela metade, como se um pedaço de mim estivesse com você.

Tenho consciência de que não o verei novamente. Sei que posso estar sendo egoísta lançando todas essas informações para você justamente agora, no entanto eu não poderia simplesmente morrer sem te deixar saber da verdade.

Eu te amo. Me perdoe se fui tão idiota para não ter lhe dito antes.

Não se preocupe, não estou traindo a Lilian escrevendo esta carta, até por que ela está ao meu lado, me ajudando. Ela se sente culpada por nossa dor. Ela sente que traiu você. Talvez você não queria saber, mas vou contar assim mesmo. Na noite em que Lilian engravidou, ela havia vindo até mim me contar que você ainda me amava, e que talvez houvessem chances para nós se eu te procurasse e contasse logo a verdade. Mas em meio a minhas lágrimas, e as tentativas de consolo de Lilian, acabamos nos embebedando com uísque de fogo e quando acordamos da manhã seguinte nos vimos na minha cama. Lilian passou o dia chorando, e confesso que eu também. O resto da história você já sabe. Lilian não queria casar-se comigo, mas não haveria solução, por mais amor que eu sinta por você eu não poderia deixá-la sozinha. E sei que você me odiaria ainda mais se eu fizesse isso.

Até hoje não consumamos o casamento. A única vez que nos tocamos intimamente foi quando o Harry foi concebido. E apesar de não te ter ao meu lado, e não ter sido algo planejado, estamos felizes por ele ter nascido.

Só espero que um dia você possa me perdoar agora que sabe a verdade. Mesmo não estando presente aqui comigo, você está no meu coração.

Eu te amo. E a Lily também, afinal você é o melhor amigo dela.

Espero que seja feliz.

Atenciosamente

 

Tiago Potter.

Snape abraçava a carta e chorava. Assim que parou de chorar, ele rasgou a carta, guardou uma das metades, a maior, dentro de sua maleta, e a outra, que continha a assinatura do meu pai, ele colocou no bolso de suas vestes. Havia ali também uma foto, onde meus pais sorriam e eu voava sobre uma vassourinha de brinquedo.

A cena se dissolveu e o gabinete do diretor tornou a aparecer.

– … então peça ao menino Malfoy que a entregue. Ele tem tido contato com eles, deve saber onde estão.

– Pedirei. Vai continuar a não me contar para que servirá a espada?

– Vou.

Snape bufou e saiu da sala.

Retirei meu rosto da Penseira. Me sinto leve e minha cabeça latejava por excesso de informações.

 


Notas Finais


Espero que esse capitulo tenha sido bem esclarecedor ^^
Mais uma vez desculpem por demorar...
Deixem seus comentários e digam sua opiniões ok?
Beijinhos <3


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