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História Remember (Jihope) - Capítulo único •°•°•°•°•


Escrita por: bangtanbae

Notas do Autor


Olaaaaaaaa. essa é minha primeira OS e estou muito feliz de estar postando ela. Espero que gostem da história porque fiz com amor sz

Capítulo 1 - Capítulo único •°•°•°•°•


—Jimin? Meu amor, que bom que acordou, estava preocupado—. Seus pequeninos olhos se abriram lentamente e eu me sentia aliviado por vê-lo finalmente acordando. 


—Onde estou? E por que me chamou de “meu amor”? Onde estão meus pais?—. As palavras saiam baixas e roucas mas me acertaram com tal impacto. 


—Me diga seu nome completo—. Disse examinando seus reflexos com a pequena lanterna. Ele piscou algumas vezes e então me respondeu. 


—Jimin, Park Jimin—. 


—Se lembra do seu endereço e telefone?—. Perguntei apressado. 


—Condomínio Village, casa trinta e oito. Meu telefone é...Eu não me lembro Doutor, por favor, meus pais estão aqui? Preciso vê-los—.

 Jimin se sentou na cama mas logo sentiu o corpo pesar e voltou a se deitar. 


—Não se lembra de mim?—. Perguntei preocupado e até um pouco assustado. 


—Não, pelo jaleco branco deduzi ser um médico ou coisa do tipo, agora se for possível, posso ver meus pais?—. 


Saí do quarto o mais rápido possível deixando-o sozinho. 


—Quarto quinze, paciente com sintomas de perda de memórias. Preciso que avise ao Dr.Jin que ele acordou—. Disse para a enfermeira que passava por ali, sendo um pouco rude. 

Uma lágrima desceu pelas minhas bochechas e pela expressão da mulher em minha frente, estava claro que eu estava em pânico. 


“Não deixe as emoções tomarem conta do seu trabalho, não deixe as emoções tomarem conta” repetia para mim mesmo enquanto sentava no sofá da sala de espera, que por sorte estava vazio nesse andar. 


Sou Jung Hoseok e meu noivo foi diagnosticado com amnésia após um acidente.

                       ∆∆

—Sou Park Jimin—. 


—Sou Jung Hoseok e acho que somos colegas de quarto a partir de hoje—. 

O garoto de cabelos ruivos sorriu para mim e eu o ajudei com as malas. 


—Bem vindo a faculdade, você cursa o que?—. Perguntei voltando a me ajeitar na cama enquanto o outro arrumava seu lado do quarto. 


—Dança, e você?—. 

Ele tirou de uma pasta alguns desenhos e começou a coloca-los na parede em cima de sua cama, eram incríveis e eu pensei em perguntar se ele mesmo os fez mas me dei conta de que já estava enchendo o garoto de perguntas. 


—Eu faço medicina, engraçado como eles fazem essa mistura nos dormitórios, não que eu esteja reclamando, mas você não acha incrível como pessoas que cursam coisas completamente diferentes se encontram assim?—. Ele sorri novamente e então termina de colar seus desenhos. 


—A medicina é uma dança, um passo errado e tudo que você batalhou até agora é destruído sem misericórdia—. 

Balancei a cabeça concordando com suas palavras e então voltei a estudar com meus livros. 

Um silêncio tomou conta do quarto, até que meu novo colega de quarto começa a cantar. Olho para ele por cima dos livros e ele para no mesmo momento. 


—Me desculpe, esqueci que agora não posso mais ser tão barulhento—. 


—Não, tudo bem, eu gosto da sua voz—. Ele sorri envergonhado e volta a cantar, mais baixo e mais doce dessa vez. 


—Você faz dança, desenha muito bem e canta perfeitamente, por favor comece a mostrar logo seus defeitos antes que eu me apaixone—. Disse assim que ele terminou a música. 


—É uma pena minha família não pensar assim também. Tive que dançar muito para chegar aqui—. Ele me olhou enquanto eu deixava o livro de lado e voltava minha atenção a ele. 


—Desculpe por isso também, você não quer ouvir sobre minha família. Vou deixar que estude em paz—. Jimin abriu a porta decidido a sair mas eu o parei. 


—Hey, eu não me importo, posso estudar mais amanhã, fique e me conte tudo, fiquei curioso—. Dei um sorriso leve e ele se sentou novamente. 

Contou-me sobre sua família. Seus pais odiavam a ideia de que seu filho mais velho seguiria a carreira de artista, em uma família onde todos haviam feito direito, Jimin foi o único a seguir fielmente seus sonhos. Saiu de casa e foi morar em um abrigo, treinava duro todos os dias para conseguir a bolsa e se sujeitou a trabalhar em um bar de quinta só para conseguir algum dinheiro. 

Era uma história que eu teria orgulho de contar para os meus filhos, mas já a minha, não tinha muito o que se orgulhar. Meus pais sempre me deram de tudo, nunca lutei por nada e nunca fui grato pelo tanto que se esforçavam por mim. Só lhes dei reconhecimento após a morte dos dois.

 A partir desse dia, decidi fazer medicina, eu queria deixar de pensar só em mim, queria deixar de ser tão orgulhoso, queria ser para alguém o que nunca fui para meus pais, alguém brilhante e esforçado.

                      ∆∆∆∆

Em uma noite quente, acordo  repentinamente e procuro por Jimin que não estava em sua cama.

 Sempre que perde o sono, o mais novo diz que em vez de apenas tentar dormir novamente ele se sente melhor indo treinar. 

Saí do quarto indo em direção ao prédio onde provavelmente Jimin estaria dando duro sozinho, e ao me aproximar da porta de correr pude ouvir o som alto vindo de uma das salas e corri até lá. Jimin dançava uma música agitada e seus passos eram extremamente sexys, me concentrei em não observar cada parte de seu corpo que se movimentava com a música, mas era quase impossível, Jimin era extremamente bom em todos os sentidos. 

Ele me olhou entrando na sala pelo reflexo no espelho mas continuou com os passos. 


—São duas da manhã, o que pensa que está fazendo aqui? — Disse quase em um grito para que ele pudesse me ouvir sobre o som alto. 


—Perdi o sono novamente essa noite, e você, o que está fazendo aqui?—. Perguntou dando seu máximo em frente ao espelho completamente marcado e sujo que ele mesmo deveria ter sujado. 


—Perdi o sono e vim levar meu colega de quarto de volta—. Ele sorriu passando a mão sobre a testa suada. 

Assim que me encostei na parede, veio dançando em minha direção. 


—Vem dançar comigo!—. Disse me estendendo as mãos. 


—Ah não, eu não danço desde o segundo grau. Seria humilhante pra mim—. Ele continuou dançando enquanto estendia os braços em minha direção e assim que cedi, deu um largo sorriso.

 Jimin estava extremamente suado, os fios de seu cabelo ruivo grudavam na testa, atrapalhando sua visão. Levei os dedos sobre sua pele molhada e toquei em sua testa, afastando os fios que cobriam seus olhos. 


—O que está fazendo? Mexa o corpo, se solta—. Ele disse colocando as mãos sobre minha cintura e me fazendo mexer o quadril.

 Naquela noite nós dançamos juntos, dançamos até o dia clarear, dançamos até a exaustão completa e em seguida nos jogamos no chão, procurando por ar puro. 


—Obrigado—. Disse o ruivo enquanto tentava controlar a respiração pesada.  


—Por que está agradecendo? Nós apenas dançamos—. Falei me sentando. 


—Normalmente eu prefiro treinar sozinho mas essa noite, me fez querer ter você aqui sempre, obrigado por ficar comigo—. 

Jimin e eu éramos bons amigos mas vê-lo dizer essas coisas fazia meu coração vibrar, eu não entendia tal sentimento, não conciliava uma coisa com a outra, mas estava grato a mim mesmo por ter vindo até aqui essa noite. 

Jimin se levantou e me analisou por um instante. 


—O que foi?—. Perguntei confuso e ele sorriu.

 
—Eu posso te beijar?—. 

Senti meu coração derreter, eu estava feliz por isso mas também estava confuso. Quer dizer, era a primeira vez em que via Jimin como algo além de meu melhor amigo. Ele segurou em meu queixo, me trazendo para mais próximo de sua boca, eu não conseguia parar de olha-la. 


—Eu posso te beijar agora?—. Perguntou novamente e eu selei nossos lábios rapidamente, ele por sua vez enroscou os dedos nos fios de meu cabelo e sugou meu lábio inferior, e logo depois de provar de seu gosto doce eu me deliciei com seus toques delicados pelo meu corpo. 

Jimin e eu parecíamos peças de um quebra cabeça se encaixando perfeitamente, era como se vivêssemos até aqui para ter um ao outro, eu sentia isso conforme os beijos ficavam mais intensos.

                    ∆
Depois de trocarmos beijos na sala de treino, as coisas não ficaram estranhas como eu imaginava. Ainda éramos amigos, amigos que dormiam na mesma cama quase todas as noites, mas isso não soava tão estranho como parece. 


—O que acha de sairmos essa noite?—. Jimin perguntou assim que abriu a porta do quarto, jogou a bolsa em um canto e se sentou em cima da pequena mesa onde eu estudava.  


—Seria bom, estou precisando esfriar a cabeça um pouco—. Repousei uma das mãos em sua perna e a acariciei por um instante. 


—Vou me arrumar—. Disse o ruivo levantando todo alegre enquanto passava a mão pelo meu cabelo. 


—Hoje é um dia importante—. Ouvi ele dizer de dentro do banheiro e em seguida abrindo o chuveiro. Fui até a porta mas não a abri. 


—Importante por que?—. Perguntei.


—Meus pais estão vindo me ver, concordaram em passar aqui para jantarmos todos juntos—.

 Por mais que Jimin tenha sofrido por causa dos pais ele ainda consegue se referir a eles com paixão e sem remorso algum, Jimin é tão puro que eu sinto medo as vezes. 


Assim que terminamos de nos arrumar fomos direto a um restaurante, não tínhamos  carro então pegamos um táxi, Jimin estava bem vestido enquanto eu havia pego qualquer roupa boa que vi no armário.

 Os pais de Jimin já haviam pego uma mesa e sorriram de leve quando nos viram, Jimin foi na frente, os abraçando com um enorme sorriso e logo depois me apresentou. 


—Esse é Jung Hoseok, meu colega de quarto—. Eu estendi a mão para seu pai mas ele recusou e então eu apenas me fingi de desentendido e me sentei ao lado do ruivo. 


—Jimin meu amor, o que fez com seu cabelo? Está parecendo que cultiva abóboras em cima da cabeça—. A mãe falou debochando e eu vi Jimin envergonhado. 


—Eu gosto dessa cor, acho que combina bem comigo—. Disse passando a mão sobre os fios alaranjados e sorriu tímido. 

O pai de Jimin continuou sério desde o momento em que entramos, algumas palavras saíam de sua boca em um tom irônico mas nós demos de ombro. 


—Então, o que seu colega de quarto faz? E não venha me dizer que é mais um artista vagabundo—. Seu pai disse juntando as mãos sobre a mesa e lançando olhares para o menor, eu mesmo estava me sentindo diminuído naquela mesa. 


—Eu faço medicina, mas...—. Antes mesmo de terminar a frase, o homem sentado em minha frente bateu na mesa e sorriu pela primeira vez na noite. 


—Isso sim que é dar orgulho aos pais, os seus devem ser os mais orgulhosos dessa cidade, diferente de outros que tem de assistir seus filhos desgraçando suas vidas com sonhos pequenos e tolos—. 

Jimin abaixou a cabeça, se eu me sentia mal nesse momento, ele se sentia pior. Por de baixo da mesa, eu segurei em sua mão e a acariciei por alguns segundos, dizendo que estava tudo bem. 


—Na verdade—. Comecei a falar certo de que seus pais deveriam ouvir algumas verdades.
—Jimin da mais duro do que eu, sempre se esforça ao máximo e eu creio que ele consiga ser alguém mais respeitado do que a mim. Meus pais morreram antes que eu pudesse lhes dar orgulho, eu não fiz por merecer. Jimin não precisa ser um Doutor para ter o reconhecimento de vocês, por que sendo um artista vagabundo eu já o reconheço muito bem e tenho orgulho por ele escolher o que gosta e não o que querem que ele faça como metade dos jovens do mundo, eu me orgulho por ele ser quem é e o amo dessa forma, agora se nos dão licença, nós vamos nos retirar—. 

Me levantei e ainda segurando em sua mão, o puxei para me seguir e então saímos correndo de lá.

 Enquanto observávamos a cidade de cima, as lágrimas escorriam nas bochechas cheias do menor. Passei os dedos em seu rosto, enxugando as lágrimas quentes e ele se virou escondendo o rosto. 


—Jimin não chore, acabou, agora está tudo bem—. Tentei o abraçar mas ele se afastou. 


—Eu me sinto terrível, meus pais me odeiam, eu deveria desistir—.  


—Desistir? Você está louco? Jimin! Olhe para mim e prometa, jure por todo e qualquer Deus dessa terra que não desistirá por nada nesse mundo, está me ouvindo?—. Disse segurando em seu queixo para que ele me olhasse. Seus olhos estavam vermelhos e já inchados, eu queria que ele ficasse bem. 


—Eles não gostam de mim, Hobe, eu queria que ficassem felizes mas só trago desgosto a toda a linhagem da família—. 

Por um momento Jimin havia esquecido que sua felicidade é o que conta agora, ele queria seus pais felizes por ele e estava disposto a sacrificar a sua própria. 


—Eu realmente fico feliz por você, tudo que faz é incrível e eu consigo sentir inveja as vezes. Sei que nada supera o orgulho dos pais mas você não pode se contentar com o orgulho de seu colega de quarto por enquanto? —. Eu o abracei novamente e dessa vez ele não se afastou. 


—Você disse que me ama na frente deles, tem noção do que é isso? Irão me odiar ainda mais se desconfiarem que sou gay—. 

Me aproximei de seu pescoço e depositei um beijo rápido ali. 


—Por que se importa tanto com o ódio deles? Meu amor por você não basta também? —. Ele sorriu tímido e se virou colocando o rosto em meu peito. 


—Eu te trouxe aqui por que sabia que seria mais fácil encara-los se estivesse por perto, eu me sinto seguro entende? Acho que é esse tal amor que você tanto fala—. 

Meu coração pulou para fora, ficar próximo a Jimin me deixava nervoso mas ao mesmo tempo, animado, acho que nunca amei ninguém na mesma intensidade, e era amor, eu tinha certeza disso.

                             °•°•°•

—Então, o que vamos fazer no resto da noite?—. Perguntei assim que voltamos ao quarto.

 Tirei minha camisa e a joguei no armário já procurando por outra, olhei para trás e Jimin me analisava de sua cama. 


—Talvez um filme—. Ele disse e eu acompanhei seus olhos passeando pelo meu corpo. 


—Um filme né? —. Ri da expressão perdida do ruivo e então ele riu ao perceber o quão direto estava sendo. 

Me agachei procurando por um filme entre a bagunça que estava no armário e então peguei qualquer um sabendo que não o assistiria de qualquer forma. Coloquei em nosso DVD e ele começou a rodar, transmitindo o filme em nossa pequena TV. Desliguei a luz e corri para a cama de Jimin. 


—Que filme é esse?—. Perguntou parecendo interessado. 


—Por que fala como se estivesse mesmo querendo saber?—. Perguntei antes de puxa-lo para um beijo profundo. 

Em poucos minutos já estava em cima de seu corpo, o atrito entre nossos membros fazia Jimin suspirar alto e morder o canto da boca, por diversas vezes me aproximei de seu rosto provando mais de seu gosto. 

Enquanto levava minha mão em direção ao zíper de sua calça, Jimin fazia o mesmo com a minha e logo já estávamos sem roupa. Me deitei ao seu lado e enquanto deixava pequenas marcas em sua clavícula comecei a estimular seu membro. Jimin gemia com meus toques e eu sentia todo meu corpo estremecer de prazer. 

Levei dois de meus dedos em direção a sua boca e ele começou a chupa-los fazendo movimentos circulares com a língua molhada, eu com certeza estava no céu. 

Jimin se virou ficando de costas para mim e ergueu o quadril em minha direção e então eu o penetrei com meus dedos, fazia movimentos circulares em sua  extremidade e ele arfava conforme eu o alargava devagar. 


—Eu posso?—. Perguntei depois de alguns minutos a ele que concordou com a cabeça. 

Fiquei de joelhos em sua direção e o penetrei com meu membro segurando seu quadril com firmeza. Demorei para continuar a penetrar e então ele foi para trás com rapidez, seus suspiros me davam arrepios e eu logo comecei a estocar dentro dele. 

Minha boca percorria suas costas o que o fazia sorrir em meio aos gemidos roucos que soltava.

 Não eram apenas transas, era ficar com Jimin e ficar com ele era tão, mas tão bom, que eu desejava nunca mais ter de deixa-lo. 


—Algum dia você acha que pode se esquecer de nós? Porque eu tenho certeza de que ficará em minha mente eternamente, mesmo se seguimos caminhos distantes—. Disse enquanto seu corpo, em cima do meu, me trazia conforto. 


—Eu nunca seria capaz de esquecer alguém que me faz tão bem—.

                        ∆

Alguns anos se passaram e após terminarmos a faculdade compramos um apartamento, o dinheiro que recebia no estagio e o dinheiro que Jimin recebia no grupo de dança, nos proporcionaram um pequeno apartamento de dois quartos mas era como um segundo sonho se realizando.

 Jimin havia entrado em uma das melhores companhias de dança da cidade, eles se apresentavam pelo mundo, a mais recente foi em Viena e eu vi Jimin treinar dia e noite para que nada desse errado. 


—Você vai viajar novamente?—. Perguntei para o outro que arrumava suas malas. 


—Sim, temos um espetáculo em Tokyo daqui três semanas e Finn me convidou para treinar em sua casa durante esse tempo—. Eu me sentei na beirada da cama e alisei o edredom que estava enrugado. 


—De novo com esse cara? Você passa mais tempo com ele do que comigo que sou seu noivo—. 

Não que eu realmente ligasse tanto assim para Finn e Jimin juntos, confio o suficiente em Jimin, mas eu sinto falta dele e queria tê-lo mais. 


—Você sabe que ele é meu parceiro nessa apresentação e nós precisamos treinar sempre e aqui em casa não tem espaço, o quarto mal dá para mim—. Ele soltou um suspiro e continuou. —Da mesma forma que você passa vinte e quatro horas naquele hospital, eu passo vinte e quatro horas na sala de treino. Esses eram os nossos sonhos, se lembra? Você me fez desistir dos meus pais por ele—. 


—O que quis dizer com isso? Não está satisfeito com tudo que conseguiu? Preferiria estar em uma sala pequena lendo livros enormes de direito? Eu jurava que era grato por eu ter te incentivado das inúmeras vezes que tentou desistir, e não só pelos seus pais—. 

Jimin terminou a mala jogando o resto da roupa dentro e a fechou com pressa. 


—Eu não estou aqui por você se é isso que está falando, estou por mim, fui eu quem batalhou dia e noite por isso e estou muito bem fazendo o que faço, e se você não está mais feliz assim é só ir embora—. 

Eu o ouvia falar mas não acreditava nas palavras pesadas que pronunciava. 

Jimin colocou a mala no chão e seguiu para fora do quarto. 


—Se quer tanto jogar nosso relacionamento fora por que não fala de uma vez que não me quer? Desde que entrou para esse grupo só enxerga o próprio umbigo, talvez esse seja o mal das pessoas, talvez seja por isso que nem todos tem o que querem. Basta uma coisinha boa acontecer para cegar todo mundo, você não passa de um egoísta agora, Park Jimin—.  


—Eu te amava , te amava muito Hoseok, mas agora não tenho mais certeza disso—. 

Ele se virou e saiu batendo a porta. 

Eu queria correr dali, correr até esquecer que isso havia acabado de acontecer, mas precisava voltar ao trabalho.

 Uma discussão tão idiota, por uma coisa ainda mais idiota. 


Algumas intermináveis horas dentro do hospital me fizeram esquecer de tudo por alguns instantes, o trabalho mantinha minha mente ocupada mas meu coração continuava apertado. 

Estava trabalhando na área da emergência e sempre havia algo para tomar meus poucos minutos na sala do café. 


—Ocorreu um acidente de trânsito, um carro capotou e duas pessoas ficaram feridas—. Jin, meu supervisor, passou correndo ao meu lado enquanto terminava o seu café também. 

O inacreditável havia acontecido, Jimin estava lá, desacordado em cima da maca e completamente ensanguentado. 

Eu corri ainda mais vendo os cabelos, agora loiros, indo para o quarto de emergência. Os médicos superiores cuidavam de Jimin enquanto só o que eu conseguia fazer era assistir a tudo aquilo sem reação, meu corpo todo tremia, eu sentia que poderia morrer naquele momento. 

Assim que colocaram todos os aparelhos e conseguimos ouvir seu coração eu me estabilizei, mesmo que sejam batimentos fracos, ele não está morto. 


—Você o conhece?—. Jin perguntou após limpar o sangue da testa do menor e começar a fechar o corte profundo dali. 


—Ele é meu noivo, está tão na cara assim?—. 


—Quando o viu, pensei que teria de tratar de você também. Ele vai ficar bem, vamos cuidar juntos dele, agora saía, volte para a sala do café e tente voltar a cor normal—. 

E foi o que eu fiz, deixei Jimin em suas mãos, aliás qualquer um estava mais apto a cuidar dele do que eu. 

Mais algumas intermináveis horas se passaram e enquanto eu terminava mais uma de minhas rápidas pausas Jin me chamou no corredor. 


—Hoseok, você tem um minuto?—. 

Se eu tenho um minuto? Não, mas se o assunto for Jimin, então sim, eu tinha um, dois, três minutos ou quantos forem necessários. 


—Seu noivo está bem, bom, melhor do que quando chegou aqui. Ele reagiu bem aos medicamentos mas ainda não acordou. A pancada na cabeça foi extremamente forte e ele poderia ter morrido facilmente, isso afetou uma parte de seu cérebro e ele tem risco de perda total da memória—. 

Me encostei na parede e naquele momento não me importei com o local onde estava, não me importei que Jin fosse meu supervisor e estivesse me vendo agir assim sendo que ter um bom psicológico é de extrema importância. Meus olhos embaçaram e eu baixei a cabeça quando as lágrimas vieram a tona, me agachei ao chão e desabei em lágrimas salgadas. 

Jimin se esqueceria de tudo, se antes restavam dúvidas sobre seu amor por mim, agora ele não mais existiria. 

                     ∆∆∆

Após ver Jimin acordado, liguei para seus pais e avisei sobre o ocorrido. Nós não conversávamos desde muito tempo, talvez desde quando saímos da faculdade e decidimos morar juntos. Jimin insistiu em ligar para os pais e contar que estava formado e que moraria comigo. Eles não pareceram empolgados ou felizes, apenas o parabenizaram por isso e nunca mais ligaram ou deram sinal de vida. 

Antes dos pais chegarem, voltei ao quarto de Jimin, dessa vez mais estruturado, se ele havia perdido a memória e se esquecido de mim eu deveria me apresentar novamente. 


—Posso entrar?—. Disse já entrando e ele me olhou como se pensasse “agora que já entrou pode ficar”. 


—Você não se lembra de mim então acho que preciso me apresentar. Sou Jung Hoseok, nós moramos juntos desde a faculdade, prazer—.

 Ele ficou em silêncio e então deu um leve sorriso. 


—Park Jimin, mas disso você já deve saber. Você é residente aqui?—. Ele perguntou se referindo ao hospital. 

Ver sua expressão perdida de quando conhece alguém pela primeira vez e tenta lê-la me deixava um pouco incomodado, nós nos conhecíamos muito bem, mas agora isso só vinha da minha parte. 


—Sou estagiário a nove meses—. Respondi, me aproximando dele. 


—Você disse que éramos colegas de quarto mas não me lembro de você nem da faculdade, porém sinto algo estranho quando te olho—. 

Antes que eu pudesse responde-lo, os pais de Jimin entraram e eu me afastei da cama. 


—Jimin, você está bem?  Querido, fiquei tão preocupada quando soube—. Sua mãe disse correndo para segurar suas mãos. Eu certamente nunca havia visto ela se comportar assim. 


—Mãe eu senti tanto sua falta, por algum motivo sinto que não te vejo a anos—. 

Deve ser por que faz mesmo anos que eles não se veem.

 Seu pai estava encostado na parede ao seu lado sem direcionar nenhuma palavra a Jimin, até que me viu enquanto fingia não prestar atenção na conversa deles. 


—Você, o que faz aqui?—. Perguntou em um tom arrogante que só ele sabe. 


—Bom, eu trabalho aqui e Jimin é meu paciente—. Disse analisando a ficha de Jimin. 


—Então eu o mudarei de hospital, ele merece um lugar melhor com profissionais melhores. E quando ficar bem voltará para a casa conosco, não é querida? —. 

A mulher concordou com a cabeça ainda concentrada no menor que estava sentado na cama. 


—Vocês não podem, Jimin voltará para a nossa casa. Não o tratem como uma criança como se ele não tivesse outra escolha a não ser fazer o que querem—. 

Os dois me olharam fixamente como se a qualquer momento fossem me atacar, mas eu dei de ombros. 


—Boa tarde, como vão?—. Jin entrou na sala com alguns outros papéis e me entregou. —Não querendo me intrometer no assunto de vocês mas já me intrometendo. Acho que a princípio Jimin deveria voltar para casa com Hoseok, ir até lá e rever suas coisas talvez seja um bom exercício para sua mente—. 

Ele sorriu, um sorriso largo, e me olhou de canto e eu agradeci mentalmente. 


—Isso é um absurdo...—. A mulher começou a falar mas foi interrompida pelo marido. 


—Tudo bem—. Disse rapidamente e deu alguns passos em direção a porta, ficando próximo a mim. 


—Espero que aproveite agora por que de qualquer forma ele voltará a morar comigo, você querendo ou não—. Falou quase em um sussurro e saiu, a mulher beijou as mãos de Jimin e correu atrás do marido. 



  Quando Jimin recebeu alta eu o levei para nosso pequeno apartamento no centro da cidade. Seus olhos pareciam perdidos durante todo o caminho dentro do táxi e ainda mais perdidos assim que entramos. 


—Por que eu moro aqui em vez de morar sozinho ou com meus pais? —. Perguntou indo até a alta janela da sala e analisando todo o local. 


—Nós decidimos morar juntos quando nos formamos, você disse que seria chato viver sozinho sem seu colega de quarto—. Soltei um sorriso sem perceber, lembrar desses momentos me fazia vibrar por dentro. 


—Nós somos namorados ou coisa do tipo? Por que meus pais não voltaram a me visitar? E por que parecia que vocês não tem uma boa relação?—.

 Ele estava curioso e queria entender tudo que estava acontecendo e eu me sentia mal por ter que lhe contar como seus pais o trataram nesses últimos anos. 


—Eu te explico, mas antes preciso que veja algo—.

 Estendi minha mão na esperança que ele a segurasse mas fui recusado, apenas concordei e segui para o outro cômodo sendo seguido pelo outro. 


—O que exatamente é isso?—. Ele perguntou quando entramos no quarto onde a algumas semanas atrás o mesmo dava duro treinando em frente ao grande espelho. 


—Essa é a sua sala de treino, você vinha aqui todos os dias quando estava em casa, acordava cedo e só parava quando eu te puxava para a cama—.

 Jimin observou cada canto do lugar e então riu alto 


—O que eu treinava? Dança?—. E riu ainda mais. 


—Você cursou dança na faculdade e sempre deu duro para conseguir tudo que tem hoje—. Expliquei sem reação. 


—Dança? Tem certeza que era eu? Eu nunca quis fazer dança, nem mesmo sei dançar—. 

Eu o olhei sem entender nada. Dançar sempre esteve na alma de Jimin, como ele pode esquecer disso? Sinto meu coração apertado novamente, eu queria que nada disso estivesse acontecendo, queria voltar naquela discussão idiota e impedir que Jimin saísse de casa naquele dia. 

Fui até o rádio e liguei-o fazendo uma música alta tocar, eu não esperava que Jimin se lembrasse da dança com isso mas esperava que ele se recordasse do sentimento forte que tinha quando a ouvia. 


—Por que isso está tão alto?—. Ele disse quase em um grito para que eu conseguisse o escutar. 


—Era assim que você gostava, as vezes enquanto eu estudava, vinha até a porta e gritava para que abaixasse o som mas sempre dava de ombros e eu tive que aprender a lidar com isso—. 

Jimin colocou as mãos sobre os ouvidos e fechou os olhos. 


—Por favor você pode desligar isso? Minha cabeça dói—. Ele gritou antes de correr para a porta e sair do cômodo. 

Eu desliguei o som e corri atrás dele que estava encostado na parede ainda com as mãos nos ouvidos. 


—Olha, eu sei que quer me ajudar e me sinto mal por não me lembrar de nada disso, a música, esse apartamento, você, eu realmente não me lembro, sinto muito por isso—.  Ele suspirou fundo olhando para o chão. —Por favor, não me force a lembrar de nada—. 

Pensar que alguém que eu amo não se lembra de nossa história juntos faz com que eu me sinta totalmente sem rumo. Toda a nossa história juntos, os nossos planos, tudo foi por água a baixo. 


—Nós começamos a namorar no segundo ano da faculdade. Quando te conheci você me contou sobre seu amor pela dança e sobre o desprezo com o qual seus pais te trataram quando souberam do seu sonho de ser artista. É engraçado como você se esqueceu disso sendo que a dança era a sua vida. –Fechei os olhos e masageei as têmporas. —E você não pode voltar para a casa de seus pais, Jimin, você não se lembra mas eu me lembro bem de todas as coisas ruins que fizeram com você. Eu não espero que sua memória volte assim que amanhecer, mas espero poder te ajudar com tudo isso—. 

Eu saí deixando-o encostado na parede, estava angustiado, ansioso e principalmente sem esperança alguma nesse momento. 


Quando o dia amanheceu, acordei com o cheiro de ovos mexidos e café fresco. Me levantei e fui até a cozinha  onde Jimin preparava a comida. 

O mais novo nunca preparava o café por ficar ate altas horas treinando e acordar mais tarde, então eu sempre era o responsável por isso. 

Fui até ele e o abracei por trás depositando um beijo em sua nuca, o que fez o mesmo se afastar rapidamente me deixando sem reação alguma. 


—Me desculpa, eu...—. Disse ainda se afastando de mim. 


—Tudo bem, eu esqueci que sou um completo estranho agora—. Forcei um sorriso mas Jimin percebeu. 


—Sabe, eu andei pensando na madrugada anterior que quero sim me lembrar de tudo, estou decidido a fazer esse esforço por você—. Disse se sentando no pequeno balcão que dividia a pequena cozinha da sala. 


—Está fazendo isso por mim e não por nós?—.

 Se Jimin faria isso por mim significa que ele tem dó e não quer me machucar, mas do que adianta não se esforçar por nós ou por ele mesmo? Voltaremos na estaca “estou com você mas não sei porque”?. 


—Hoseok, eu vou tentar ok? Por enquanto apenas tome seu café—. Ele sorriu de leve e eu voltei a admirar toda aquela comida que parecia extremamente saborosa. 

Antes de sair para o trabalho dei para Jimin nossos álbuns de fotos, talvez o ajudasse a se lembrar de algo, em seguida saí enquanto o outro já folheava o primeiro dos quatro álbuns. 

Normalmente ele era quem tirava as fotos, sempre me pegava de surpresa e por isso há várias delas em que estou fazendo careta, eu insisti para que ele não revelasse essas mas ele negou dizendo que eu estava extremamente engraçado, e o que sempre foi prioridade para mim foi o sorriso dele, por isso não me importava quando no meio de meus estudos ele aparecia com alguma foto rindo sem parar. 



Enquanto atendia um paciente que precisou receber três pontos na perna, meu celular vibra e assim que termino corro para atender. 


—Jimin? Aconteceu alguma coisa?—. Perguntei sem hesitar e o ouvi respirando do outro lado. 


—Eu saí de casa e enquanto andava acabei me perdendo, não tenho ideia de onde estou, por favor me ajude—. Ele disse com a voz trêmula e ofegante como se estivesse correndo esse tempo todo. 


—Mande-me sua localização e fique ai, daqui alguns minutos estarei com você—. 

Não poderia sair do hospital em hipótese alguma, mas Jimin estava perdido e eu precisava acha-lo a todo custo. 


—Jin, precisarei sair por algum tempo, Jimin está perdido e precisarei ir atrás dele—. Falei para o mais velho enquanto corria em direção a porta mas antes que eu conseguisse sair ele me segurou pelo braço. 


—Você sabe que não pode sair, a emergência está lotada hoje—. 

A expressão dele não era das melhores, mas então ele me estendeu as chaves de seu carro e me soltou. 


—Traga-o em segurança, ele ainda é seu paciente e você é totalmente responsável por tudo que o acontecer —. Assenti com a cabeça e voltei a correr, mas dessa vez,  em direção ao estacionamento. 

O celular vibra novamente e abro a mensagem onde Jimin mostra sua localização, jogo o celular no banco ao meu lado e saio em disparada com o carro. 

Há uma tempestade se formando e no meio do caminho a chuva engrossa me fazendo perder completamente a visão da pista. Jimin não estava tão longe, mas com essa chuva seria quase impossível acha-lo rapidamente. Parei o carro no acostamento e peguei o celular já ligando para Jimin, o celular tocou algumas vezes mas ninguém atendia, eu estava preocupado de mais para pensar em algo relativamente útil então apenas sai do carro e corri pela chuva intensa, a localização que Jimin havia mandado para mim era a dessa rodovia e ele devia estar por aqui ainda. 

Completamente tomado pela chuva, peguei o celular ensopado no bolso e voltei a ligar para o loiro, mas antes que ele pudesse atender, o celular apagou completamente. 


—Droga!—. Gritei sozinho, estava desesperado. 


—Hoseok?—. Ouvi uma voz gritando e então olhei ao redor avistando apenas a pista vazia e molhada.

 Uma silhueta familiar se aproximou, eu não tinha visão de quem era por causa da chuva mas tinha certeza de que era Jimin. Corri ao seu encontro e só pude ver seu rosto quando finalmente o apertei em meus braços.


—Jimin, que bom que está bem, estava preocupado—. Ele passou uma das mãos sobre a testa, afastando os fios molhados dos olhos e deixando a vista os pontos que havia levado por conta do acidente e então se afundou em meu peito.

 Corremos até o carro e assim que entramos procurei por algo que ajudasse Jimin a se secar, e, por sorte Jin levava sua bolsa de academia no banco de trás, puxei uma toalha e uma blusa de frio de dentro da bolsa e entreguei a Jimin. 


—Tire sua camisa e vista essa blusa, vai ajudar a te manter quente e livre de um resfriado—. Ele me olhou por alguns segundos e então fez o que eu pedi. 


—Eu sinto muito, estava tedioso dentro de casa e eu resolvi sair. Sinto muito por ter de sair correndo do hospital, se precisar eu mesmo posso conversar com seu chefe e explicar tudo e ...—. Sua voz falhou e logo algumas lágrimas desceram por suas bochechas rosadas de frio. 


—Jimin, está tudo bem, vamos voltar para a casa agora e depois de um banho quente conversamos sobre isso—. Ele enxugou o rosto com as mangas da blusa que era três vezes maior que seu corpo e assentiu com a cabeça. 

 Após chegar em casa liguei imediatamente para Jin e expliquei o ocorrido enquanto Jimin ia para o banheiro, por ter saído no meio do dia teria que repor algumas horas no fim de semana mas ele concordou em me deixar ficar com Jimin o resto do dia. 


Sentado no sofá enquanto secava seu cabelo com uma toalha, Jimin permanecia de cabeça baixa o tempo todo e sempre que o olhava ele voltava a desviar o olhar. 


—Você deu uma olhada nas fotos? —. Perguntei, me sentando alguns centímetros afastado do outro. 


—Sim, são bem bonitas—. Ele disse indiferente. 


—E então? Se lembrou de algo?—. Ele sorriu mas logo voltou com a expressão vazia que tinha antes. 


—Isso tudo parece uma grande brincadeira. Como acha que eu poderia me lembrar de algo apenas olhando fotografias? Elas até mesmo me assustam, a impressão que tenho é a de que aquele não era eu, isso que vivi com você não foi real, em minha mente tudo parece desordenado e nenhuma dessas fotografias se encaixam. É como se você, nós, não existíssemos—.

 As palavras de Jimin me acertavam como lâminas bem afiadas, ele nem ao menos pensava antes de me acertar e eu tinha certeza de que não resistiria a mais ataques destes. 


—Eu não quero ficar aqui, preciso ir para minha casa, minha verdadeira casa—. 

Se levantou falando e eu o acompanhei com os olhos até entrar no quarto, batendo a porta. Era terrível ouvir isso de Jimin, ele nem ao menos se esforçou como disse que faria, eu estava exausto, meu cérebro pedia descanso então eu simplesmente me deitei no sofá e permaneci ali até o por do sol. 

Naquela noite eu me levantei determinado a esquecer, abri a geladeira e peguei algumas bebidas alcoólicas, eu precisava esquecer, enquanto meu coração ardia minha garganta queimava com as bebidas quentes que desciam. Sentado no chão da cozinha, sem esperança alguma de tê-lo de volta, eu era um homem sem seus ideais e me sentia um fracassado. 

Após ter bebido metade da garrafa de três litros, já estava completamente embriagado, sempre fui fraco para bebidas e ainda mais para Park Jimin, me levantei com dificuldade e fui caminhando lentamente até o quarto silencioso, minha visão estava borrada e meus reflexos pareciam inativos, aos tropeços abri a porta e dei de cara com o quarto vazio. 


—J...Jimin? — A voz saiu como a de um verdadeiro bêbado.

 Ele não estava no quarto, em que momento saiu sem que eu o visse? Me perguntei isso várias vezes até cair sobre a cama. O cheiro de Jimin ainda estava nos travesseiros e isso me fez sorrir antes de apagar completamente.

                           ∆

Foram dias cheios e noites vazias, um ano se passou desde que Jimin voltou a morar com seus pais. Eu ainda o queria de volta, o amava mais do que qualquer outra coisa, mas nada disso dependia só de mim para dar certo. 

Fui um dos quatro estagiários a conseguir um cargo no hospital, estava realmente satisfeito com isso e sentia que finalmente estava fazendo a coisa certa, exceto por Jimin. 

As fotos que ele publicava em suas redes sociais deixavam claro que ele não se importava com sua vida que foi esquecida, ele apenas vivia uma outra que lhe ofereceram. 

Até que um dia, vasculhando seu perfil enquanto comia um pedaço de pizza fria, abri sem querer os comentários de sua foto com uma garota da faculdade de direito. Meu olhos se encheram ao ler. 


Vocês realmente fazem um belo casal” 

uma garota disse e outra comentou logo em baixo. 


Nada mais justo do que se casarem de uma vez, fico extremamente feliz em vê-los juntos todos os dias”. 


Jimin se casando com uma garota? A faculdade eu até consegui engolir mas esse casamento me deu uma bela indigestão. 

Enquanto terminava o pedaço frio de pizza, decidi entrar no perfil da garota, não era de hoje que via suas fotos juntos, mas casamento era algo sério de mais. 

A garota compartilhava fotos de vestidos extravagantes e caros e sempre marcava Jimin, que apenas curtia os posts, ele não queria se casar com ela, eu entendo que não se lembrava de mim, nem da dança que era seu maior sonho, mas sua sexualidade nunca poderia ser esquecida assim e eu já estava perturbado o bastante com toda essa história para pegar as chaves de meu carro e ir ate a casa de seus pais. Eu não sabia o que estava fazendo, nem o que falar quando chegasse lá, mas precisava abrir seus olhos de alguma forma antes que fosse tarde para voltar atrás. 


Estacionei em frente a garagem da grande casa e tomei coragem para apertar a campainha, demorou alguns segundos para que abrissem a porta, mas então Jimin apareceu em minha frente. 


—H..Hoseok?—. Sua voz doce dizendo meu nome fez meu corpo todo vibrar por dentro. Seus cabelos estavam ruivos novamente e ele usava uma lente azul nos olhos. 


—Eu posso entrar?—. Perguntei sendo direto e ele sorriu de leve. 


—Ah, me desculpe, entre—. Ele abriu mais a porta me dando passagem e eu entrei rapidamente. 

A casa era até grande de mais para apenas três pessoas e eu me perguntava o preço de cada um desses móveis de couro e tapetes de pele animal. 


—Por que veio até aqui?—. Ele perguntou sem ser rude. 


—Precisava te ver—. Olhei fixamente em seus olhos e ele desviou olhando para o chão ainda sorrindo, isso era um bom sinal, não?. 


—Tem sorte por meus pais não estarem aqui, eles não gostam nem um pouco de você, todo esse tempo tentei me comunicar mas eles não me deixavam. Me perdoa por isso—. 

Caminhei em sua direção me aproximando o bastante para pegar em suas mãos pequenas e delicadas, ele não recuou. 


—Eu vim para pedir que não se case com aquela garota—.

—Eu não quero me casar, mas estou sendo obrigado já que a garota é filha de um dos presidentes da faculdade, meus pais estão fazendo da minha vida um inferno—.

 Por alguns segundos me lembrei das coisas que Jimin havia me contado sobre os pais, o jeito que o tratavam, sempre o obrigando a fazer coisas sem sentido, controlando sua vida sem nenhum pudor. 

—Por favor, não se case—.

—E que outra opção eu tenho, Hoseok?—.

 Ele apertou suas mãos nas minhas e antes que eu percebesse nossos corpos já estavam colados um no outro. 


—Eu não sei, mas podemos dar um jeito. Talvez se você voltasse para a casa...—. 

Jimin virou o rosto, estava claro que ele não voltaria para  o nosso, meu, pequeno apartamento. 

Ele voltou a me analisar e suas mãos repousaram sobre meu rosto. 


—Pela primeira vez desde que acordei naquele hospital, eu me sinto familiarizado com você—. 

Ele se aproximou ainda mais, agora eu conseguia sentir sua respiração. 

Jimin era como o meu ponto fraco, e ele mesmo estava o cutucando agora. 

Nossos lábios se encontraram e se perderam um no outro, era como na primeira vez e eu podia sentir meu coração pular. Meus dedos afundaram em sua cintura e percorreram seu corpo quente, eu o sentia completamente. Estávamos entregues e eu sabia que isso não duraria muito, mas que poderia aproveitar ao máximo nesse momento. 


—Eu te amo Park Jimin, eu te amo tanto que não cabe em mim—. Disse entre um beijo e outro e logo as lágrimas encharcaram os olhos de ambos. 


—Eu não posso Hoseok, eu não posso—. Disse afundando o rosto em meu pescoço e depositando beijos calmos na região. 


—Você sabe que se eu sair por essa porta nunca mais voltarei, não é? Sabe que se casar com aquela garota não terá volta. Mas se escolher voltar para a casa, nosso apartamento no centro da cidade estará de portas abertas assim como meu coração—. 

Jimin depositou um selar rápido em meus lábios.


—Eu sinto muito—.  Falou em meio ao choro.

 Me afastei e sai pela porta ainda o observando, seus olhos avermelhados e tristes me acompanharam até que eu finalmente estivesse fora da casa. 


—Eu também sinto, Jimin—. Falei para mim mesmo dentro do carro enquanto voltava para a casa. 

Eu não queria desistir de Jimin mas ele se casaria e eu não poderia ficar remoendo esse amor para sempre. Algumas pessoas nascem para ficar juntas e outras apenas se encontram por acaso, mas há outras que simplesmente passam um tempo juntas.

 A impressão que tenho é que Jimin não me amava da mesma forma que eu o amava e sua perda de memória foi apenas mais um motivo para que ele me deixasse. 

A verdade é que, somos apenas mais um dos milhares de casais que não deram certo por algum motivo e que agora são obrigados a seguir a vida como estranhos de uma grande cidade. 


Notas Finais


Ah, vocês não sabem o quanto eu chorei escrevendo isso.
Enfim, espero que alguém goste e obrigado por ler <33333

(Sim eu voltei pra revisar e mudei muito a formação que estava precária kekeke

Também vou deixar meu twitter para sermos amiguinhos
(@sweetyoonnie): https://twitter.com/sweetyoonnie?s=09

Bjin )


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